Discurso durante a 127ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Elogios ao desempenho do Senado Federal e desqualificação de críticas veiculadas na imprensa, que decorreriam de uma "insidiosa campanha" contra a Instituição. Críticas ao desempenho do Governo Federal, com base em dado de que a maior parte de obras de estradas no Estado não está concluída.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Elogios ao desempenho do Senado Federal e desqualificação de críticas veiculadas na imprensa, que decorreriam de uma "insidiosa campanha" contra a Instituição. Críticas ao desempenho do Governo Federal, com base em dado de que a maior parte de obras de estradas no Estado não está concluída.
Publicação
Publicação no DSF de 11/08/2009 - Página 35187
Assunto
Outros > SENADO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • ELOGIO, SENADO, ATUAÇÃO, DEFESA, DEMOCRACIA, INTERESSE NACIONAL, QUESTIONAMENTO, NOTICIARIO, IMPRENSA, ALEGAÇÕES, PERDA, REPUTAÇÃO, REGISTRO, RECEBIMENTO, ORADOR, APOIO, OPINIÃO PUBLICA, COMENTARIO, PRISÃO, CRIMINOSO, ESTADO DO CEARA (CE), HOMICIDIO, ESTUDANTE, ESTADO DO PIAUI (PI), POSTERIORIDADE, PRONUNCIAMENTO, SENADOR.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, COMENTARIO, DADOS, ESTADO DO PIAUI (PI), INFERIORIDADE, EXECUÇÃO, OBRAS, RODOVIA.
  • PROTESTO, PRECARIEDADE, SEGURANÇA PUBLICA, ESTADO DO PIAUI (PI), TENTATIVA, GOVERNADOR, OCULTAÇÃO, CRIME, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA.
  • CRITICA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO PIAUI (PI), FALTA, PROTEÇÃO, SERVIDOR, TRANSFERENCIA, RECEBIMENTO, SALARIO, BANCO ESTADUAL, BANCO DO BRASIL, PAGAMENTO, SUPERIORIDADE, TARIFAS BANCARIAS.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senador Papaléo Paes, que preside esta sessão de segunda-feira, eu parodiava o Presidente Luiz Inácio: nunca antes o Senado da República reuniu-se às segundas-feiras. Façam uma reflexão! Parlamentares presentes, brasileiros e brasileiras que aqui nos assistem e que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado, o Senado é... Essa conversa aí não adianta. Ele é tão forte, que eu nunca vi - olha que tenho muito conhecimento da história universal - uma campanha tão insidiosa contra uma instituição! Nunca vi. Não tem isso na história, nunca. Não atinge nada. Esse negócio de dizer... Não, não. Sou é filho da rua. Sou filho do povo. Sou Senador da República. Não estou nesta conversa, não! Eu ando na rua e sou aplaudido. Dou autógrafos. Tiro retratos. Não tem nada... O povo é sábio. O povo é soberano. O povo... Somos filho do povo, do voto e da democracia.

            Isso é este momento. O Senado da República foi e é a única instituição que garantiu a liberdade democrática. Todas foram cooptadas. Todas! Aqui, não! Então, este País não é Cuba, ô Presidente Collor! Não é a Venezuela de Chávez; não é o Equador do Correa; não é a Bolívia do Morales; o Paraguai do Padre reprodutor; a Nicarágua e Honduras. Só por nós! Todos se curvaram. Todas as instituições. Aqui, não passa. As intenções, o desejo é grande. Não passa!

            A CPMF foi um teste. Quiseram nos corromper. A CPMF foi um teste. Não passou! Eu disse que não passava. Conheço aqui. Eu convenço, Alvaro Dias. Lutamos juntos. Aquilo foi um teste. Eu disse: trinta e cinco, como aqueles trezentos que seguraram Atenas, que seguraram Esparta. Há o filme, assistam! E eles sabem. Eles precisariam de dois terços para que houvesse um continuísmo, para que isso fosse igual a Cuba, igual à Venezuela de Chávez, igual ao Equador de Correa, o Morales, que já conseguiu na Bolívia, o Padre do Paraguai, a Nicarágua, Honduras. Por aqui.

            Eu, há um tempo, fiz um pronunciamento em que... Mesmo o Presidente Sarney não iria votar um negócio desse. E ele tem uma liderança aqui, todo mundo sabe, de Senador do Amapá, do Maranhão.

            Então, era mais da metade. E ele sabe os que queriam a continuação, os que queriam o terceiro mandato. E são muitos. Tem sessenta mil aloprados com DAS aí. O DAS-6, Presidente Collor, talvez V. Exª não se recorde, nem o Alvaro Dias... O Alvaro Dias foi Governador e o Governo só tem um DAS-4, como eu... O DAS-6 ganha R$10.548,00! Sem um concurso, sem uma noite indormida. Com uma assinatura, estão aí! Isso é um exército, um exército a tentar o próprio Presidente Luiz Inácio com essa tentativa... A tentar! E ele sabe que aqui não passa. Seriam necessários dois terços. Aqui, jamais! Ele sabe disso. Então, daí essa campanha. Ele não tem nem maioria simples para isso. Mas o Senado... é isso que somos aqui.

            Presidente Collor, isso é tão forte! Ô Dornelles, V. Exª sabe, porque foi em Minas. Ô Presidente Dornelles, Presidente do PP... Ele está atento ali, querendo falar. Na última visita de Getúlio Vargas a Juscelino Kubitschek, ele o recebeu e o homenageou. E tinha o DIP, Departamento de Informação Pública, a imprensa... Nada, não houve. Não houve o atentado da Rua Tonelero, não houve a morte do Major Vaz. E daqui, daqui, daqui, Afonso Arinos bradou: “Será mentira o órfão? Será mentira a viúva? Será mentira o mar de lama?”. E Getúlio, bondoso, não pactuava com aquilo. Mas existia, existia o Gregório. Existiu e tomou aquela atitude naquele momento, que não coincidia com a sua dedicação a este País. Tantos anos! Foi um discurso daqui.

            Isso é tão forte, Presidente Collor! Quero lhe dizer o seguinte: no Piauí, houve um crime que já estava lá há quase meio ano. Um playboyzinho pegou uma moça linda que foi comprar um xampu, Papaléo, no carro dela. Um playboyzinho rico, do Ceará, pegou o carro, drogado... Uma estudante de medicina, linda, Tallyne Teles, no quarto ano de medicina... Esse playboyzinho rico do Ceará, drogado, pegou-a no carro dela, Papaléo, levou-a para o Norte do Piauí, perto da minha cidade, e deu dois tiros na sua cabeça. Voltou... e estava no Ceará, no bem-bom.

            A família era importante, Feitosa, com coronel. E nada! A mãe me fez uma carta, e eu a li daqui, na semana passada, contando a indignação. O playboyzinho, rico, de família tradicional e poderosa, fugiu para o Ceará. Alegou aquele negócio de estar doente. Está ouvindo, Papaléo? Apresentou atestado, está no hospital quase há meio ano. Peguei a carta da mãe e a li. De repente, Inácio Arruda, constrangidos com a imoralidade e com a indignidade, Tasso Jereissati e Flávio Brito pegaram a carta, e, no dia seguinte, estava lá o Governador Cid Gomes.

            Todo mundo sabe que é difícil prender os ricos; o que se prende é pobre mesmo. Essa é a verdade. E estava lá - esse é um deles - apadrinhado, coronelato, há quase meio ano. A família, a mãe, o pai, o médico... Era uma jovem linda a Tallyne. Está aqui: no Ceará, o Governador se mobilizou, foi ligeiro. Está aqui o preso. É só uma leitura daqui!

            São dois séculos de moral, de grandeza, de Rui Barbosa a nós. Esta é a Casa da moral; se nela estou eu, tem... Mas olha que somos fruto do voto do povo. Aqui, temos mais voto do que Luiz Inácio. Já somei: aqui, temos oitenta milhões de votos. Com todo o respeito, Luiz Inácio teve sessenta milhões de votos. Esta Casa é que é o sustentáculo da democracia. Não se resiste! Ninguém resistiria a uma mídia dessa que tem interesses outros, só o Senado da República.

            Ó, Mozarildo, sou povo! Ando na rua, aclamado, aplaudido, fotografado. Dou autógrafo. Crianças gritam: “É o Mão Santa, do Piauí”. Agora, lá em Campo Maior, no aniversário, os velhos, os idosos diziam: “Que negócio é esse?!”. O Senado é amado, é querido. O Senado é o povo. Nós somos o povo! Somos o sustentáculo da democracia. Há o bem, o mal. E há quantas leis! E o salário mínimo? Era de US$70,00. Olhem os velhinhos aposentados aqui, hoje! Olhem os mototáxis! Olhem os Vereadores! Olhem os idosos! Olhem a pedofilia! Nós é que a enfrentamos.

            Para a mãe, sofrida e injustiçada, fez-se justiça: “Acusado de matar estudante chega nesta semana”. Está vendo, Papaléo? Era mais um rico. Só que não aguenta!

            Esta é a tribuna. Aqui, somos povo, somos a verdade. Falo como Cícero, que simboliza o Senado romano. Houve crise: um Governador doido lá, Calígula, colocou um cavalo como Senador, Incitatus. Acabaram? Não acabaram não! Está lá a democracia, está o Senado. Lá viveram uma crise, e a história e a civilização preservam o Senado romano. É isso.

            O Senadinho - ô Alvaro Dias - de Cristo era pequenininho: eram somente treze, escolhidos por Ele, o filho de Deus, iluminado. Rolou dinheiro, renderam o homem. Não foram acabar com a Igreja de Cristo, não! Não acabou, não.

         Temos problema, mas o melhor é que há ali um, basta um: Francisco Dornelles. Tancredo Neves, que se imolou pela democracia, entregou a chave do cofre àquele homem. Está aqui como Senador da República e foi Ministro do Trabalho por duas vezes. É respeitado aqui? Não, ele é respeitado no mundo. Eu o vi, Papaléo, em Genebra, representando este País, e também na França. Somos o Senado da República. Esse negócio daí é uma campanha só.

            Ô Alvaro, V. Exª foi Vereador de Londrina, e peço à Câmara de Vereadores da minha cidade - que hoje o PT domina, e eu sou contra - que faça uma CPI. Sr. Prefeito, convoque uma CPI para investigar sobre a minha vida. Ao Governo do Estado do Piauí, que está na mão do PT, peço que os aloprados façam lá uma CPI da minha vida. E, aqui, os senhores conhecem o dia a dia. Então, somos este Senado da República. Essa campanha insidiosa não pega.

            Mas quero agradecer ao Senador Inácio Arruda, que foi fabuloso e que fez um discurso. Comoveu-se também pela perda da jovem o nosso Senador Jayme Campos, bem como o Senador Tasso Jereissati, Flávio Britto e o Governador Cid Gomes. Olha que, em pouco tempo, o homem foi preso - já ia fazer seis meses. Era de família poderosa, com coronel. Só houve um pronunciamento aqui, e é lógico que teve a sensibilidade dos homens de bem do Ceará. Agradeço a S. Exª, o Governador Cid Gomes. Entreguei o e-mail ao nosso Senador Arruda, que o levou ao Governador do Estado. Este é o Senado. Isso é credibilidade. Aqui, está a carta da mãe que recebemos.

            Eu queria dizer o seguinte: isto é para isso mesmo. Não acredito nesse entusiasmo do Governo. Aqui, há o Diário: “Piauí tem 54% de obras de estradas não concluídas”. E está terminando o Governo, o segundo. Quer dizer, só há propaganda. É o jornal que diz isso. São 54%! Já está no fim. Acabou. Lá há vários candidatos. Cinquenta e quatro por cento! É só mídia. Está aqui o jornal. Não sou eu, Senador, que diz isso, não. É aquele negócio: uma mentira repetida se torna verdade. Dizem que está no programa, pá, pá, pá, mas nem começaram. São obras eleitoreiras, todas! Aqui, estão várias obras que nem iniciadas foram: Marcos Parente a Jerumenha; Pedro Laurentinho, entroncamento com a BR-020; Sigefredo Pacheco, entroncamento com a PI-115; Palmeirais/Amarante; Teresina/Palmerais; Simplício Mendes/Colônia do Piauí/Oeiras; Simplício Mendes/Conceição/Jacobina; Teresina/José de Freitas/Cabeceiras; Barras/Batalha, Curralinhos/Entroncamento com a BR-316; Piracuruca/Entroncamento com a BR-222 (Alto Alegre); Porto/Miguel Alves; Picos/Aroeira do Itaim; Domingos Mourão. Quer dizer, nem iniciaram essas obras, só estão cacarejando. Já está terminando o segundo Governo. Acabou.

            Segurança? A pior possível. Crimes? Olha, Papaléo, fui a uma farmácia, e o farmacêutico me disse: “São seis assaltos por mês. Ele não divulga senão não vai mais ninguém... Mas são seis assaltos”. O que está salvando é o pedido telefônico, Mozarildo. No Piauí, com sua característica cristã, ô Dornelles, quando morria uma pessoa, havia aquele negócio de velório, de sentinela. Outro dia, fui com a Adalgisinha a um velório: “Não, Adalgisa, vamos de noite”. Cheguei lá, e disseram: “Nós já o enterramos”. “Mas ele não morreu às cinco horas?” “Enterramos às cinco e meia.” “Por que?” “Porque o vizinho ficou no velório, tiraram as joias deles, assaltaram tudo.”

            A melhor empresa de fotografia, do Irineu, tinha umas seis lojas, mas já fecharam três, a de trás, a cem metros do Karnak, a matriz. Olha aí como esses bichos mentem e roubam. Já estão até, como em São Paulo, querendo matar no Piauí. Até já pegaram a Polícia Federal. Está quase igual. Olha essa, Senador! Assaltaram o Irineu, botaram o revólver na cara dele, não sei o quê - ele é um empresário corajoso -, a cem metros do Palácio do Governo. A manchete dos jornais dizia: “Prendemos os assaltantes”. Aí o Irineu foi lá, mas não eram os assaltantes, não havia nenhum ali. Ele disse: “Mas como? O cara passou três horas com o revólver na minha cabeça, e eu não ia reconhecer?”. Mas, só para fazerem mídia e para dizerem que estavam trabalhando, falaram que tinham prendido o assaltante. E o Irineu fechou três lojas, e a mais importante era a de fotografia.

            Na cidade do interior de São Miguel do Tapuio, o Banco do Brasil está fechando. Essa é a verdade. Os crimes estão aí. As estradas estão aqui. E a mentira é pior. Vou terminar, Papaléo. É o seguinte: os bichos pensam que governar é mentir.

            “Banco do Brasil vai cobrar taxa de servidores estaduais.” Olha a vergonha, o que é o Governo do PT, ô Mozarildo! O Banco do Brasil acabou comprando o Banco do Estado. São noventa mil funcionários do Estado que recebiam dinheiro no Banco do Estado. Era assim quando eu governava. Eles prometeram. Aqui, é dito: “Empréstimo do BB vai sair do bolso do funcionalismo”. E, agora, o Banco do Brasil, para pagar, cobra taxa dos homens, R$16,00. Comprometeram-se que não ia haver prejuízo. Então, os funcionários que já ganham muito pouco, que não têm mais o Iapep de saúde, têm agora de pagar uma taxa que, ao longo da história do Piauí, era paga pelo Banco do Estado. Agora, R$16,00 são descontados de cada pagamento pelo Banco do Brasil.

            Olha a mentira! Regina Sousa é do PT e é uma espécie de Dilma de lá. Aqui, diz-se o seguinte:

Regina Sousa cita que o servidor não terá prejuízo porque continuará recebendo do mesmo local, pois o banco fez convênio com os correspondentes bancários. A única mudança é que os servidores podem ser clientes do Banco do Brasil. Regina Sousa ressaltou que não haveria encargo para o servidor, ou seja, continuaria sendo conta-salário. ‘O banco não vai cobrar nada. Será do mesmo jeito que tem conta do BEP (...)’

Mas o Banco do Brasil informou que o cliente proveniente do BEP ficará isento só 30 dias. Após este prazo, estará sujeito a cobrança de tarifas BB.”

            Então, o servidor, que é lascado, que já ganha pouco - acabaram com o sistema de saúde -, agora, tem de pagar mais essa taxa de R$16,00, que, para quem ganha pouquinho, é muito. Essa é a história. Então, Papaléo, esse é o Governo do PT no Piauí.

            Mas estamos aqui garantindo a democracia. Ernest Hemingway, nascido nos Estados Unidos e morto em Cuba, disse que a maior estupidez é perder a esperança. Estamos aqui com essa esperança porque garantimos a democracia, em que há alternância no poder.

            Alvaro Dias, comunique lá! Alvaro dias, preste atenção! V. Exª é tucano? Comunique que vi umas pesquisas em que José Serra tem 60% dos votos no Piauí, e a Dilma, 20%. Eu mesmo fiquei chateado, Mozarildo. Passei sem dormir. Como ele poderia ter mais votos do que eu? Ora, tenho uma vida lá, fui médico, fiz tudo lá. Aí entendi que todo mundo está se juntando. O Heráclito e o Prefeito de Teresina, que é do PSDB, muito forte, estão se somando. Então, essa é a realidade. Essa alternância do povo no poder é a esperança do povo do Piauí.


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