Discurso durante a 127ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre a crise no Senado Federal. Registro da visita que fará à cidade de Assunção, no Paraguai, a convite do Presidente Fernando Lugo.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. SENADO. POLITICA EXTERNA.:
  • Considerações sobre a crise no Senado Federal. Registro da visita que fará à cidade de Assunção, no Paraguai, a convite do Presidente Fernando Lugo.
Publicação
Publicação no DSF de 11/08/2009 - Página 35227
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. SENADO. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • AGRADECIMENTO, MÃO SANTA, SENADOR, EXERCICIO, PRESIDENCIA, EXTENSÃO, HORARIO, SESSÃO, OPORTUNIDADE, MANIFESTAÇÃO, ORADOR, JUSTIFICAÇÃO, ATRASO, COMPROMISSO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
  • GRAVIDADE, EVOLUÇÃO, CRISE, SENADO, PERDA, QUALIDADE, DEBATE, ATRASO, TRABALHO, VOTAÇÃO, INTERESSE NACIONAL, COMENTARIO, DISCURSO, JOSE SARNEY, PRESIDENTE, AUSENCIA, ESCLARECIMENTOS, DENUNCIA, REITERAÇÃO, OPINIÃO, ORADOR, NECESSIDADE, LICENCIAMENTO, PERIODO, INVESTIGAÇÃO, DIVERGENCIA, POSIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OPOSIÇÃO, POSSE, VICE-PRESIDENTE, MESA DIRETORA, MOTIVO, MANIPULAÇÃO, POLITICA PARTIDARIA.
  • REQUERIMENTO, AUTORIZAÇÃO, VIAGEM, PAIS ESTRANGEIRO, PARAGUAI, REPRESENTAÇÃO, SENADO, SEMINARIO, AMBITO INTERNACIONAL, DEBATE, GOVERNO, DESENVOLVIMENTO, INICIATIVA, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, BANCO MUNDIAL, AUSENCIA, ONUS, TESOURO NACIONAL, ANUNCIO, CONFERENCIA, ASSUNTO, INCLUSÃO, NATUREZA SOCIAL, RENDA MINIMA, CIDADANIA, DETALHAMENTO, PRESENÇA, AUTORIDADE.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Prezado Presidente, Senador Mão Santa, é muito importante a família de cada um. Sei o quanto V. Exª tem dedicação à sua senhora e aos seus filhos. Para mim também é muito importante a família.

            Quando o Senador Paulo Paim, na Presidência do Senado, na manhã de sexta-feira, ao final da manhã, leu um bonito poema que ele próprio havia escrito em homenagem ao Dia dos Pais, eu estava como que me preparando para atender a uma homenagem que os meus filhos gostariam de prestar a mim - eles haviam me convidado para estar no programa Brothers, que eles apresentam no sábado, das 18 às 19 horas, na Rede TV. Como eles haviam me convidado para cantar essa bonita música de Cat Stevens, “Pai e filho”, “Father and son”, então, eu aqui cantei uma breve estrofe.

            Aconteceu uma dificuldade, porque, como eu estava no ato em que a Ministra Dilma Rousseff se encontrou com mais de cinco mil, talvez dez mil simpatizantes e filiados do Partido dos Trabalhadores, lá na Rua Tabatinguera, Quadra do Bancários, no sábado, à tarde, eu acabei saindo apressado e fui guiando o meu carro. Quando cheguei, na hora de entrar na Avenida Kennedy, onde está a Rede TV!, acabei indo pela Castelo Branco e só pude fazer o retorno no quilômetro 24, o que me levou, infelizmente, a causar tristeza em meus dois filhos - o Eduardo, que é o Supla, e o João -, porque, quando cheguei, havia terminado. Cheguei na hora em que terminou.

            Eles, então, fizeram uma gravação, e eu me propus a tentar compensar: no sábado que vem, estarei lá com eles novamente. Desta vez, vou chegar antes das seis, para estar assistindo no auditório, mesmo que seja para ficar quietinho, e vou levar meu outro filho André e meus netos que estejam em São Paulo, porque uma das coisas mais importantes para qualquer ser humano, inclusive para nós Senadores, é estarmos nas horas certas apoiando os nossos filhos e, para quem tem filha, as filhas. Eu tenho duas netas e três netos.

            Então, o que V. Exª comentou me permitiu dar essa explicação. Sei que V. Exª tem paciência, dedicação ao Senado e a disposição de permanecer aqui quando Senadores, como aconteceu comigo hoje, chegam mais no final da tarde. Tive compromissos na Assembléia Legislativa de São Paulo e na representação da Presidência do Banco do Brasil. De manhã, participei de um simpósio importante sobre crise e oportunidade, que o Professor Ladislau Dowbor coordenou e eis que posso aqui falar graças à disposição e à generosidade de V. Exª, mas que tem sua senhora, seus familiares a aguardá-lo em casa. V. Exª se dedica tanto ao Senado e avalio que sua família compreende os momentos em que V. Exª avalia que o interesse público maior é estar aqui, inclusive ouvindo Senadores de quaisquer Estados mais este Senador de São Paulo. Mais uma vez, agradeço a V. Exª a generosidade e a paciência, Senador Mão Santa.

            Primeiro quero falar sobre o tornado que estremece o Senado. Um violento tornado passa sobre o Senado Federal. Desmandos de diversas naturezas vieram a público, representações foram apresentadas ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar contra o Presidente José Sarney e outros Senadores. As discussões no plenário, na semana passada, se caracterizaram por ofensas pessoais que pouco contribuem para o esclarecimento das denúncias publicadas. Pior, os debates e as votações de grande relevância para a Nação estão sendo postergados

            Com o apoio de significativo grupo de Senadores, sugeri ao Senador José Sarney que se licenciasse do cargo de Presidente com o objetivo de apresentar esclarecimentos sobre os fatos que lhe foram imputados. Avaliamos que essa seria uma atitude que engrandeceria o cargo de Presidente, demonstraria sua vontade de proceder com isenção, pois não estaria utilizando-se do poder presidencial para realizar a sua defesa.

            Em 5 de agosto, o Presidente José Sarney fez um discurso com um tom que parecia ser o de querer esclarecer todos os fatos, mas as explicações deixaram margem a muitas dúvidas. Por exemplo, no que diz respeito à sua influência como fundador e instituidor da Fundação José Sarney, mesmo que delegando a administração a terceiros; a nomeação de pessoas da sua família e a ela relacionadas em postos do Senado Federal; além do fato de ter feito outras afirmações que foram contestadas em sua veracidade. Essas dúvidas é que fundamentam os recursos apresentados ao Conselho de Ética contra a decisão do Presidente Senador Paulo Duque de arquivar as representações. Avalio que tais recursos deverão ser aprovados.

            Naquele pronunciamento, o Senador José Sarney ressaltou a forma como tem sido um aliado do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aliás, uma das preocupações do Presidente Lula é sobre o que pode acontecer no Senado caso Sarney se licencie.

            Será que o Vice-Presidente Marconi Perillo, do PSDB, ao assumir interinamente a Presidência, não a utilizará para prejudicar o Governo? Garantiu-me o Senador que, nessa excepcional circunstância, agiria de forma republicana e isenta.

            Ainda que o Presidente Lula tenha me dito: “Eduardo, você acredita em Papai Noel?”, minha resposta é que, nas atuais circunstâncias, a licença do Presidente Sarney é o caminho que os brasileiros esperam de seus representantes, assim como a investigação de todas as denúncias, não apenas as relativas ao Senador José Sarney, mas a todos os 81 Senadores que, porventura, cometeram qualquer desvio de procedimento que possa ser objeto de representação no Conselho de Ética.

            Sr. Presidente, requeiro, nos termos do art. 40, § 1º, inciso I do Regimento Interno, a necessária autorização para desempenhar missão no exterior por indicação dessa Presidência - refiro-me ao Presidente do Senado, José Sarney - para participar, como representante do Senado Federal, no Seminário Internacional sobre Governança e Desenvolvimento: Construindo a Agenda País, a convite do Senhor Presidente do Paraguai, Fernando Lugo, do Congresso Nacional e da Srª Rossana Polastry, Administradora do Banco Mundial no Paraguai, que ocorrerá na cidade de Assunção, no Paraguai, no dia 12, depois de amanhã. O convite e a agenda do evento encontram-se anexos.

            Na oportunidade, comunico a V. Exª, em cumprimento ao disposto no art. 39, inciso I do Regimento Interno, que me ausentarei do País nos dias 11, amanhã no final da tarde, e 12 de agosto, para o desempenho dessa missão. Cabe ressaltar que não haverá ônus para o Senado Federal. Conforme o convite anexo, o Banco Mundial irá financiar ou se responsabilizar pelas despesas de viagem e de estadia, que será só na noite de amanhã.

            E essa conferência internacional sobre governabilidade e desenvolvimento do Paraguai, construindo a Agenda País, terá abertura na quarta-feira, às 8 horas, pelo Presidente da República Fernando Lugo, o Presidente Miguel Carrizosa, do Congresso Nacional da República do Paraguai; Enrique Salyn Buzarquis, Presidente da Câmara de Deputados da República do Paraguai; Federico Franco, Vice-Presidente da República do Paraguai.

            Haverá uma conferência mestre do Sr. Alejandro Foxley, ex-Ministro da Fazenda e de Relações Exteriores e ex-Senador da República do Chile, de 1990 a 2009, com a moderação do Dionisio Borda, Ministro da Fazenda do Paraguai.

            Às 9h35min se iniciará o debate sobre a Inclusão Social e Oportunidades, e o primeiro orador será este Senador que lhes fala. E, justamente, falarei sobre a proposta da Renda Básica de Cidadania. E, na mesma mesa, estarão Jaime Saavedra, Gerente do Grupo Redução da Pobreza para a América Latina e Caribe, do Banco Mundial, com moderação de Miguel Ángel Lópes Perito, Ministro Secretário Geral e Chefe do Gabinete Civil da República do Paraguai, e comentários da Deputada Desiree Massi e do Senador Silvio Ovelar. Haverá mais uma mesa sobre a Concertação Orçamentária e Objetiva do Desenvolvimento.

            Quero dizer que, quando o Presidente Fernando Lugo visitou o Senado Federal e também quando o Presidente do Senado do Paraguai aqui esteve com ele, eu me dispus a participar de debates no Congresso e perante o Governo do Paraguai. E agora me senti muito honrado com este convite do Presidente do Paraguai, do Congresso do Paraguai, do Banco Mundial.

            Por isso, aceitei o convite com muita honra. Mas falta... V. Exª sabe que agora nós, Senadores, só podemos sair mediante autorização da Comissão de Relações Exteriores e da Mesa Diretora. Já conversei com o Presidente Eduardo Azeredo, para que, excepcionalmente, tendo em vista que o convite chegou no final da semana passada, de quinta para sexta-feira, e só agora pude apresentar o requerimento, a Comissão de Relações Exteriores, excepcionalmente - repito -, possa apressar o exame deste requerimento.

            Muito obrigado, Senador Mão Santa.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/08/2009 - Página 35227