Discurso durante a 129ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Falta de economicidade do programa de biodiesel, o que tem acarretado o aparecimento do trabalho infantil.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA. POLITICA AGRICOLA.:
  • Falta de economicidade do programa de biodiesel, o que tem acarretado o aparecimento do trabalho infantil.
Publicação
Publicação no DSF de 12/08/2009 - Página 35308
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA. POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • COMENTARIO, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, EPOCA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), INSUCESSO, PROJETO, GOVERNO FEDERAL, INCENTIVO, PEQUENO PRODUTOR RURAL, CULTIVO, MAMONA, PRODUÇÃO, Biodiesel, REGISTRO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), FECHAMENTO, FABRICA, AGRAVAÇÃO, MISERIA, PRODUTOR RURAL, DENUNCIA, EXPLORAÇÃO, TRABALHO, INFANCIA, AUXILIO, FAMILIA.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, FALTA, EMPENHO, REALIZAÇÃO, PESQUISA, ANALISE, CUSTO, CULTIVO, MAMONA, REGISTRO, REDUÇÃO, DESPESA, PRODUÇÃO, Biodiesel, PLANTIO, SOJA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senador Antonio Carlos Valadares, que preside esta Casa, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema comunicação.

            Senador Osmar Dias, ô, Senador Osmar Dias, V. Exª é muito importante para tudo e para este tema. Este Senado aqui, ô, Jarbas, é bom! Quem está errado é o Presidente Luiz Inácio.

            Pedro, Pedro II, preparado, governou este País 49 anos. Ele ficava na antessala. Não era aqui; era no Rio de Janeiro. Deixava sua coroa e cetro e vinha nos ouvir, os Senadores, Pais da Pátria.

            Senador Jarbas Vasconcelos! Senador Jarbas Vasconcelos! Atentai bem, aqui. Olha aqui a Época. Há quatro anos, ou cinco anos, um Senador dos mais inteligentes que já passaram aqui nesses dois séculos, José Agripino, fazia um pronunciamento ali. Atentai bem! Quem está errado não somos nós, não. Nós somos os bons. Nós somos preparados.

            José Agripino, dali, dizia. Atentai bem, Jarbas! José Agripino. Nosso. Engenheiro, prefeitinho, ex-Governador. Quando começaram a falar de mamona: “Mamona; mamona é o petróleo verde! Mamona. Biocombustível”. Atentai! José Agripino, competente engenheiro, pai da Pátria, Senador da República, subiu ali e só disse o seguinte, bradava dali: “Isto não dá certo. Não tem economicidade.

            A gente crê. Nós somos bons. Nós somos. Este é um dos melhores do Senado. Pode ter joio, trigo, mas nós somos bons. Atentai bem!

            Eu, cirurgião, sou prático. Ô, Papaléo, eu me lembrei de Henry Ford, empresário, a quem perguntaram: “E, se tocarem fogo na sua fábrica, você não tem medo de ficar pobre?” Ele disse: “Não. Eu vou ver uma necessidade da comunidade e vou produzi-la, maior quantidade, menor tempo e menor custo”.

            Isso é economicidade. E José Agripino bradava dali: “Não dá. Não tem economicidade”. E ele transmite fé. Ele nos simboliza. Nós somos preparados. Nós somos! Eu tenho 66 anos. E o que me trouxe para cá foi uma perna do estudo e outra do trabalho, trabalhando e estudando, e estudando.

            E José Agripino me chamou a atenção: “Não dá certo!”

            Jarbas, cinco anos depois, olha aí. Ó a esparrela. E eu me interessei, porque a demagogia era no Piauí também. Fizeram lá três. E eu aí fiquei atento. Com a minha experiência - nós somos preparados; nós somos os pais da Pátria -, como médico, comecei a raciocinar sobre os produtos médicos - economicidade. Até óleo de rícino. Quando a gente era menino, tomava purgante.

            Está chegando o Presidente Sarney.

            Então, eu comecei a fazer uma reflexão, Jarbas, de que todo produto vegetal é caro. São produtos pequenininhos. E calculamos eu e José Agripino aqui. Que dá energia nós sabemos. Lavoisier já dissera: “Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Nós sabíamos. Mas eu e José Agripino começamos a calcular, há cinco anos: “Esse vai sair a cinco reais o litro”. Atentai bem! Este Senado é que é bom! O Executivo é que é fraco. Não estudaram. A ignorância é audaciosa. Olha aqui, cinco anos depois! Fizeram no Piauí. Festa. Farra. Inauguração. Propaganda. Olha aqui a Época: “O fiasco do petróleo verde”. Olha a palhaçada, olha a ignorância. O Executivo é que tinha que estar aqui e aprender conosco. Está aqui, Presidente Sarney! Nós somos bons. Há cinco anos, José Agripino bradava: “Não tem economicidade”. Pode olhar nas contas. Cadê a imprensa? Vamos contar isso para a ignorância vir aqui e aprender. Há cinco anos. Olha a desgraceira, a falta de vergonha. Acabaram com o Piauí.

            Quando eu digo, Mário Couto, que jamais você vai conseguir que a sua Governadora seja pior do que o meu... E ambos são do PT.

            Olha aqui a Época. Foi muita demagogia, foi muita farra, foi muita inauguração, e eles batendo palmas - a imprensa. O bioverde, o não-sei-quê, olha aqui. Olha a desgraceira!

            Quer dizer, eles, o Partido do Presidente, tinham que estar aqui para ver e aprender. Agripino bradava ali - podem buscar nos Anais -: “Não tem economicidade!” E nós aqui somos bons. A ignorância é audaciosa. Olha a desgraceira aqui. Vamos ler. Ô, Jarbas, lá no seu Estado, teve essas usinas? No Piauí, três. Eu dizia: “Faça uma refinaria de petróleo em Paulistana, equidistante de todas as capitais”. “Mas é no interior”.

            Brasília também era no interior. Sai mais caro, mas olha o resultado. E o Governador míope, analfabeto, energúmeno fez só farra. Botaram três dessas indústrias. E o Luiz Inácio cantando, bradando, bradando, bradando: “O petróleo verde”. É, foi muita palhaçada; foram cinco anos de palhaçada. Se eles tivessem ouvido aqui o José Agripino... Eu aderi logo. Deus me deu essa capacidade de ver onde está a verdade. Então, está aqui: “Pequenos agricultores que apostaram na mamona estão na miséria. A empresa-símbolo do biodiesel quase faliu. E Lula deixou de insistir tanto no assunto.” Agora! Mas olha o quanto gastaram!

            O Senado é que é bom; nós é que somos bons, que somos preparados. Estudo não é assim, não! Eu passei 66 anos estudando, entendendo, jamais viria para cá para não ser um pai desta Pátria. Isso aqui eu nunca fui, nunca me viram. E vamos ler aqui a Época, olha aqui - só o que eu grifei:

O nosso petróleo, o petróleo verde da mamona, nunca acaba. Porque acaba um pé, a gente planta outro. Acaba outro, a gente planta outro”, disse o presidente, ao discursar para agricultores pobres, empresários e políticos locais. Naquela tarde, Lula não economizou nas promessas: “A mamona pode ser uma das possibilidades para o povo pobre deste país melhorar de vida.

            No meu Piauí! A ignorância é audaciosa! Aqui, José Agripino - olhai! Pesquisai -, daquela tribuna, bravejou, provou, e eu aderi logo, na minha praticidade de prefeitinho, de governador, de médico, que isso não ia dar certo. E fizeram muita festa. Foi muita confusão! Foi muita badalação!

            Jarbas, três fábricas no Piauí. Três! Três irresponsáveis! Olha aí, está aqui o gráfico. “A mamona não vingou. A matéria-prima mais usada na produção do biodiesel é a soja, quase toda comprada de grandes produtores”. Dá mais do que a mamona. São abestalhados. O nome é esse - não tira não. A soja dá de dez. Estão aqui os gráficos. Olha a vergonha aqui! A soja é 71%; o sebo animal, 25%; outros... Nem cita! Vão ser ignorantes, irresponsáveis e incompetentes! Curvem-se ao Senado! Se tivessem ouvido o José Agripino... Suplicy, V. Exª não é engenheiro, mas devia ter levado isso...

            Interessante é o gráfico. Eles ainda botaram um homem pobre aqui com a camisa do Vasco, dizendo que está lascado, pobre.

            E aqui há umas bolas dos discursos do Lula. Era um bolão e foi diminuindo quando viu a desgraceira, saindo de fininho. Enganou o povo.

            “‘O que era apresentado como um pioneiro projeto econômico e de inclusão virou um grande problema social’ - diz Dionísio Carvalho, da Rede Ambiental do Governo do Piauí...” É a entidade que está dizendo. Não sou eu, não. “Alguns dizem que chegam a passar fome.” Ouviu, Jarbas? É lá na sede. Essas farras assentaram um bocado de gente, centenas, milhares:

Alguns dizem que chegam a passar fome. Antônio Alves da Costa, conhecido como Neguinho, é um deles. “Uma vez por mês, saio nesse mato para caçar paca ou tatu”, diz, ao lado de um pé seco de mamona. “O rapaz do Ibama já disse que é errado, que não pode. Eu respondi que errado é ver criança passando fome dentro de casa.

            São os moradores que eles enganaram. E vai mais: “A renda familiar per capita inferior a R$0,70 [atentai, Jarbas!] por dia coloca o grupo abaixo da linha da indigência.” Isso é que é escândalo. Aqui não tem isso, não! Aqui estão os pais da Pátria. Aqui é a casa da sabedoria. Não é besteira. Não pega nada isso aqui, porque nós temos história. Temos voto. Aqui, são 80 milhões de votos - mais do que Luiz Inácio, que tem R$60 milhões.

            “O aspecto mais visível da miséria é o trabalho infantil.” O Padre Antônio Vieira, que V. Exª cultua, no Maranhão, diz: “Todo bem vem acompanhado de outro bem”. Mas eu digo: toda desgraça, Jarbas, é acompanhada de outra. Aí o trabalho infantil. Quem detectar aqui, isso é que é imoralidade, isso é que é indecência, isso é que é indignidade!

            E nós, há cinco anos, denunciamos, porque somos preparados. Foi José Agripino. Não vou chamar para mim não. Eu fiz a reconstituição. Então, olhem aqui:

O aspecto mais visível da miséria é o trabalho infantil. Há três semanas, Época flagrou crianças com enxada na mão tapando buracos na danificada e empoeirada estrada que dá acesso ao local. Trabalham sob o sol, sem nenhum tipo de proteção, em troca de esmolas jogadas pelos caminhoneiros. “Tem dia que dá para ver mais de 30 crianças aqui”, diz o agricultor José Costa Amorim, para quem o assentamento “está falido.

            Então, as crianças vão para as estradas jogar piçarras, Jarbas, para ganhar um trocado. Os assentados: “A gente não gosta, né? Mas, se não tapar buraco, não come”. Estão ganhando dinheiro com as crianças tapando buracos. Isso é que é indignidade, isso é que ignomínia, isso é que é vergonha!

A explicação dos assentados, do governo e das empresas para todos esses problemas é a mesma: o até agora retumbante fracasso da mamona como matéria-prima para a produção de biodiesel. (...) Fazer biodiesel com mamona sai muito caro.”

            Foi o que nós dissemos aqui.

            E tem mais - só o que está grifado: “É mais rentável produzir biodiesel com soja e revender a mamona à indústria química” [para outra coisa]. “Segundo o governo, 71% do biocombustível é produzido a partir da soja. O restante, a partir de algodão e de sebo animal”.

            Cadê a pesquisa? Para que existe universidade? A ignorância é audaciosa! Eu acredito em pesquisa. É isso que nós denunciamos. Ô, Mozarildo, como faz esses gastos sem pesquisar, sem testes? Isso é irresponsabilidade! Ruim é o Governo; não é o Senado, não. Só essa advertência...

            “Além de visitar o assentamento Santa Clara, no Piauí, Lula participou de quatro inaugurações de usinas da Brasil Ecodiesel pelo país.” No Piauí, há três misérias dessas.

            Ô, meu amigo Mário Couto: “O tamanho do tombo da Brasil Ecodiesel pode ser medido pela variação do preço de suas ações desde o lançamento. No fim de 2006, cada ação era oferecida por R$ 12”. Sabe quanto está hoje? Oitenta centavos de real. Lascou-se! E o Piauí - ô, Mário Couto, viu como o meu é pior do que o seu!? - vai trazer... Das três indústrias que levaram foi essa aqui. A ação era R$12, Suplicy; hoje é R$0,80. Está todo mundo morrendo, matando e comendo tatu. As crianças tapando buraco. É um governo... A ignorância é audaciosa!

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Só para terminar, Sr. Presidente. E terminar bradando a Deus a democracia porque - aí está o Sarney, que gosta de literatura - disse Ernest Hemingway: “A maior estupidez é perder a esperança.” No Brasil e no Piauí, temos a esperança que a democracia nos dá: alternância do poder, porque nós estamos cansados de cegos dirigirem o povo do Piauí e do Brasil.

            Atentai bem para terminar: “Em 2005, Lula citou a palavra ‘mamona’ 92 vezes.” Um repórter foi perguntar: “E a mamona, Presidente?” E o Piauí? Miséria! Caíram todos os índices: 26%.

            Então, é isto: Ó, Deus! Ó, Deus, iluminai o povo brasileiro e dai bênçãos à Democracia, que permite a alternância do poder, dai também humildade ao Governo para vir aqui aprender conosco, os pais da Pátria.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/08/2009 - Página 35308