Discurso durante a 129ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Explicação sobre os acontecimentos ocorridos no plenário desta Casa, durante a sessão da última quinta-feira. Indignação com o clima de ameaças e intimidação por que passa o Senado Federal.

Autor
Tasso Jereissati (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Tasso Ribeiro Jereissati
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Explicação sobre os acontecimentos ocorridos no plenário desta Casa, durante a sessão da última quinta-feira. Indignação com o clima de ameaças e intimidação por que passa o Senado Federal.
Aparteantes
Aloizio Mercadante, Alvaro Dias, Antonio Carlos Júnior, Antonio Carlos Valadares, Cristovam Buarque, Demóstenes Torres, Eduardo Azeredo, Efraim Morais, Eliseu Resende, Flexa Ribeiro, Flávio Arns, Flávio Torres, Francisco Dornelles, Garibaldi Alves Filho, Inácio Arruda, Jarbas Vasconcelos, Jefferson Praia, José Agripino, José Nery, Kátia Abreu, Lúcia Vânia, Marconi Perillo, Marisa Serrano, Mário Couto, Osmar Dias, Renato Casagrande, Romeu Tuma, Sergio Guerra.
Publicação
Publicação no DSF de 12/08/2009 - Página 35337
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • FRUSTRAÇÃO, ANTERIORIDADE, CONDUTA, ORADOR, DISCUSSÃO, RENAN CALHEIROS, SENADOR, REPUDIO, SITUAÇÃO, SENADO, EXCESSO, FAVORECIMENTO, NATUREZA POLITICA, NECESSIDADE, EMPENHO, CONGRESSISTA, BUSCA, ESCLARECIMENTOS, DENUNCIA, PRIORIDADE, REALIZAÇÃO, REFORMA ADMINISTRATIVA, REFORMA POLITICA, REFORMULAÇÃO, SISTEMA ELEITORAL, REITERAÇÃO, LUTA, COMBATE, MANUTENÇÃO, PRIVILEGIO, RECUPERAÇÃO, REPUTAÇÃO, LEGISLATIVO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, venho à tribuna na tarde de hoje para dar uma explicação aos meus Pares, aos meus eleitores e à opinião pública brasileira em geral sobre os acontecimentos da última quinta-feira. Realmente, foi um acontecimento deplorável, Senador Cristovam.

            Eu queria, publicamente, aqui, dizer da minha insatisfação comigo mesmo, lamentar profundamente e pedir desculpas aos meus Pares, aos Senadores e à população brasileira por me ter comportado de maneira que, de forma alguma, seria considerada elegante, educada e, portanto, adequada a um Senador e, mesmo naquele momento, ao Senado Federal, à história e às tradições deste Senado Federal. É bem verdade que, neste Senado, outros incidentes muito mais graves já aconteceram, mas, neste País, a cada dia que passa, estamos evoluindo na nossa democracia, fortalecendo nossas instituições. Tenho como obrigação, como Senador pelo Estado do Ceará, ao respeitar meus eleitores, com meu comportamento e com minhas atitudes, fortalecer as instituições brasileiras.

            Eu queria dizer que isso não faz parte, inclusive, da minha natureza. Fui Governador do Ceará por doze anos, já fui Senador por mais de sete anos, fui Presidente do PSDB por duas vezes, inclusive durante duas eleições presidenciais, e, na minha história, não há qualquer atitude que represente violência, falta de educação ou qualquer tipo, inclusive, de denuncismo. Senadores, nunca vi sequer um dossiê na minha frente. Quando alguém fala em dossiê, já me assusto. Não sei fazer isso, não sei como fazem e não gosto de tratar de política dessa maneira. Minhas preocupações são outras. No entanto, também não posso deixar de lamentar o clima que está acontecendo dentro desta Casa, dentro do Senado Federal. Quero lamentar profundamente e dizer que existe o sentimento da minha parte de profunda reflexão sobre os assuntos de quinta-feira, que me trouxeram a firme convicção - comigo mesmo e perante meus colegas - de que não devemos mais, aqui, aceitar provocações de qualquer tipo e reagir da mesma maneira a esse tipo de provocação.

            Lamento que este Senado Federal tenha assumido este clima que existe hoje. Lamento pela história de todos que aqui estão e pela existência dessa grande “guerra” de dossiês, de troca de informações, de troca de denúncias, de esquemas montados para infiltrar notícias nos jornais, de esquemas montados para vazar informações dentro desta Casa, prejudicando todos, toda a Casa, toda a instituição. Mas não posso deixar também de ter direito à indignação diante de certos acontecimentos. E essa indignação, penso, tem de existir sempre no político sério e no político que tem um pouco de sensibilidade ainda diante daquilo que chamamos de “comportamento Político”, com “P” maiúsculo. Tenho, sim, um sentimento de profunda indignação. Não posso aceitar que esta Casa, que frequento há sete anos e que é detentora de histórias e de batalhas retóricas memoráveis, viva sob esse clima de ameaças e de intimidação.

            Senadora Marisa e Senador Sérgio Guerra, a existência nesta Casa de uma tropa de choque, por si só, para mim, define todo o clima que existe aqui neste momento, dentro deste plenário e nos demais recintos desta Casa, que deveria ser tão respeitada. Sr. Presidente, essa tropa de choque está pronta para agir a qualquer momento. Procurei, desde o primeiro instante, entender o que significava a tropa de choque, quem fazia parte da tropa de choque, até identificar cada um dos que compõem essa tropa de choque como pessoas que, no momento, como eu, são Senadores, mas que, mesmo sendo Senadores ou estando Senadores, nada têm a perder, não têm uma história a respeitar, não têm compromisso com os próprios eleitores, não têm compromisso com a própria realidade da opinião pública e não têm a menor preocupação quanto à política. Estão dispostos, seja a que custo for, principalmente de imagem pessoal ou de imagem coletiva, a prestarem o papel que for necessário para defender determinadas posições e determinadas situações. Isso não é digno desta Casa. Isso não é coerente com a história desta Casa. E, com isso, com certeza, havendo pacificação ou não, persistindo ainda a ideia de que os Senadores se dividem entre aqueles que têm alguma coisa a perder e alguma preocupação com a imagem pública e aqueles que nada têm a perder, nós, realmente, estaremos sujeitos a levar esta Casa mais fundo ainda do que está acontecendo hoje.

            Existe aqui um sistema - não podemos negar - em que a verdade não é o grande objetivo de todos os Senadores, em que não se procuram os esclarecimentos de uma série de escândalos que aconteceram nesta Casa durante os últimos anos, não só na gestão do Presidente, ou principalmente antes da Presidência do atual Presidente Sarney. Eram escândalos que envolviam - e se sabia que eles aconteciam - irregularidades diante de um esquema que foi montado aqui dentro, devido, principalmente, ao tempo em que essa situação permaneceu aqui, virando esta Casa uma corriola de poucas pessoas, em que havia chefes que deviam favores a determinados Senadores e Senadores que deviam favores a determinados funcionários. E se criou, aqui, um verdadeiro emaranhado de prestação e de contraprestação de favores, passando por todos os regimentos internos e passando por cima de toda a consideração ética e do espírito público, principalmente.

            Precisamos nos unir para tentar dar um esclarecimento definitivo a isso, para propor uma reforma de profundidade dentro do sistema de administração que se faz nesta Casa, para propor, inclusive, ao longo disso uma reforma política e uma reforma eleitoral. Evidentemente, há a pulverização partidária, há aqueles partidos que nada representam e que nada dizem, há aqueles Senadores que se acham, em função da legislação eleitoral, em condições de sentar nesta Casa, mesmo sem ter sequer um voto. Não estou generalizando, porque reconheço Senadores aqui que não têm votos, mas que têm altíssimo espírito público, como também há Senadores que têm voto, mas que não têm espírito público. Esse conceito precisa ser modificado. O conceito partidário precisa ser modificado. Hoje, essa divisão de partidos que nada representam e que nada dizem ao País faz com que até a interferência do Executivo nesta Casa seja realidade, faz com que esta Casa seja subjugada e humilhada diante dos desejos do Presidente da República.

            Portanto, quero dizer que, da minha parte, vou fazer o possível, Senador Azeredo, para que não se repita o que aconteceu. Não acho, de maneira alguma, dignificante o que aconteceu na quinta-feira. Mas também vou continuar, com uma firmeza muito maior do que antes, a lutar contra essa indignidade de existência de tropas de choque, de posições menores, de luta não por causas, mas luta por manter determinados poderes, luta por manter pequenos favores, luta por manter pequenos privilégios, fazendo com que esta Casa tenha, hoje, essa imagem que tem diante de toda a opinião pública brasileira.

            Gostaria de dar um aparte ao Senador Cristovam Buarque.

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Jereissati, fico satisfeito de ouvir uma voz razoável na tribuna, chamando a atenção para o destino que nos reserva esse tipo de conflito que foi criado entre nós, ao mesmo tempo sem diminuir a força, como denuncia a tropa de choque e a ocupação que hoje o Senado vive - a meu ver, hoje, o Senado está ocupado. Creio que a gente tem de procurar uma saída. O que me preocupa é que, diante da brutalidade, a paz é sinônimo de covardia. Usaram a brutalidade de tal forma, que, hoje, está difícil pacificarmos sem dar a aparência de medo, de temor, de rabo preso, de tudo isso. Há um clima de insinuações, há um clima de subchantagens, que faz com que seja difícil recuar sem parecer covardia ou medo, sem parecer que se tem algo a esconder. Fico satisfeito com sua palavra de que a gente tem de moderar na palavra que usa, mas sem abrir nem um pouquinho de brecha na firmeza que a gente tem. A firmeza tem de continuar. O senhor diz que vai continuar firme, e não tenho a menor dúvida disso. E tenho a certeza de que também sua intenção é de que a gente modere na linguagem. Ontem, fui visitar uma escola de ensino fundamental na cidade do Gama, no Distrito Federal, e, por onde eu andava, pelo caminho, junto aos meninos, o que eles diziam era: “Cristovam, quando é que vai acabar aquela bagunça?”. V. Exª vê: nós é que deveríamos ser exemplo para as crianças, mas, hoje, elas é que nos estão dando lição e cobrando de nós que paremos a bagunça. Mas devemos parar essa bagunça não por temor - o senhor mesmo disse que não é por temor -, não para abrir mão das bandeiras que temos. Devemos moderar a palavra que usamos - com isso, estou de acordo -, mas sem abrirmos brechas nos conceitos e na firmeza que temos. Parabenizo por ver alguém, com sua respeitabilidade, vir aqui, inclusive, pedir desculpas pelos termos que usou. E o senhor não foi dos que usaram palavras duras, não, nem fulas muito menos. O senhor apenas o chamou de “cangaceiro”, que podia não ser a palavra melhor para chamá-lo - não vou discutir qual seria -, mas outros usaram palavras de baixo calão aqui dentro. Ontem, um Senador chegou a dizer que “obrava sobre a cabeça de um jornalista”. E obrava no sentido mesmo que se pode imaginar no linguajar mais fulo. Isso está desmoralizando esta Casa, isso está espantando daqui pessoas que têm o mínimo de seriedade. Espero que sua palavra repercuta e que a gente encontre um caminho de até poder pacificar a Casa sem titubeio de nenhum daqueles que decidiram trazer uma mudança no funcionamento do Senado.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado pela sua palavra sempre firme e equilibrada, Senador Cristovam.

            Senador Sérgio Guerra, ouço V. Exª.

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - Peço aos Srs. Senadores que vão apartear que sejam breves, porque o tempo do orador já está bastante avançado.

            O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Senador Tasso Jereissati, V. Exª já deu muitas demonstrações ao Senado do seu valor de homem público, como as deu a vida inteira ao povo do Ceará, ao povo do Nordeste e ao povo brasileiro. Hoje, mais uma vez, sua atitude o engrandece. A gente conhece V. Exª, sabe da sua fibra, da sua capacidade de indignação, coisa rara neste País, e da sua total e absoluta determinação e coragem. O fato de vir aqui para dizer o que diz hoje engrandece o Senado num momento em que muitos o diminuem. Quero dizer que, ao longo desse período como Senador, aprendi, mais uma vez, a admirar certos Senadores aqui, certos homens públicos brasileiros, e eles estão em todos os Partidos. Neste Senado - é bom que todos saibam -, há muita gente de qualidade, há muita gente que honra seu mandato, que cumpre seu papel. Penso que, nos últimos tempos, nós nos desviamos. Quando tudo isso começou, procurei o Presidente Sarney e lhe disse, com toda a vontade de colaborar, que o Presidente deveria fazer uma drástica reforma no Senado - já falei isso antes - e que, se essa reforma fosse feita de forma transparente, acompanhada pela opinião pública e pela imprensa, com a colaboração de Senadores, se ela mudasse o modelo do Senado, a crise do Senado não seria compreendida como a crise dos gabinetes ou a crise das pessoas, de um ou de outro Senador. Infelizmente, houve iniciativas positivas, mas elas foram muito menores do que toda a conturbação que foi depois reproduzida. Nos últimos tempos, nós nos desviamos, de forma drástica, até um ponto de saturação, que é o de hoje, sobre o qual devemos refletir com a calma, com a inteligência, com a lucidez e com a experiência que também o senhor sustenta e faz prevalecer na sua atividade pública. Há cerca de um mês, procuraram-me, pois havia uma denúncia contra mim de origem fiscal. Dei a quem me procurou os esclarecimentos devidos, informações fiscais, e a denúncia não prosperou. Dez dias depois, fui procurado outra vez com outra denúncia, já no âmbito da Justiça, que me envolvia também. Juntei os documentos, reuni os papéis que tinha e desfiz a nova denúncia. Nesta semana, fui denunciado outra vez. Meus amigos, meus companheiros, meus assessores me disseram que eu não deveria voltar a falar nisso, porque isso tinha ido embora ao longo do dia de ontem. Pode ter ido embora para muita gente, mas, para mim, não. Faz um tempo, adoeci seriamente. Fiz consultas no Brasil, e não havia diagnóstico confirmado. Eu estava provavelmente com câncer, e era preciso que eu fosse a um centro nos Estados Unidos que seria capaz de esclarecer isso. Fiz um ofício - minha secretária o fez - à Mesa do Senado, e foi autorizada a minha viagem e a da minha filha, que me acompanharia. Minha filha trabalha em uma empresa privada, não tem nenhum emprego público. Eu nunca empreguei, em nenhum gabinete meu, a vida inteira, sequer um parente, nem em gabinete de parlamentar - e já tenho muitos anos de parlamentar -, nem em gabinete de Executivo. Já fui Secretário três vezes, de três governos em Pernambuco, e nunca nomeei uma única pessoa que tivesse parentesco comigo. Mas, enfim, levei minha filha, porque, naquele momento crítico - não sou casado, sou separado -, não havia rigorosamente ninguém que pudesse me acompanhar. Eu tinha planos de saúde que me poderiam ter levado lá e que pagavam também o acompanhante. Eu estava ouvindo agora de um Senador amigo meu, do PT, também médico, que até o Sistema Único de Saúde (SUS) é capaz de financiar acompanhantes para viagens em situações como a que enfrentei. De repente, isso virou uma denúncia, e tive de esclarecê-la. Na verdade, em nenhum momento, alguém me disse que havia qualquer irregularidade nisso. Nunca recebi uma comunicação, um telefonema, uma carta ou um ofício reclamando do que houve, das diárias pagas à minha filha para me acompanhar, em uma situação de completa e drástica dramaticidade. E fui obrigado a esclarecer isso ao longo do dia de ontem. A partir de ontem, fiquei envolvido nas questões do Senado ou na crise do Senado, porque estava doente e viajei com minha filha. Foram pagas a ela quatro diárias pela viagem que ela fez comigo, para fazer o que eu não podia fazer, porque não tinha saúde. Quero dizer que isso, pessoalmente, não deve ter me atingido muito; politicamente, acho que não. No meu Estado, não houve quase nenhuma repercussão. Os jornais hoje também foram muito discretos, a televisão também. Mas, para mim, esse foi um recado muito sério. Primeiro, foi um recado dramático, porque eu, pessoalmente, nunca agredi ninguém, sou contra agressão, não sou de estar atrás das pessoas, de perseguir ninguém. Acredito na harmonia, na conciliação. Esse é meu gesto político a vida toda, não de agora. Fui executivo por sete anos de governos estaduais, e não há contra mim uma única medida judicial, de nenhum tipo. Nunca recebi uma acusação enquanto fui gestor público e tenho amigos na Câmara e no Senado em todos os partidos - e, no Senado, de maneira especial, tenho muitos amigos. No entanto, não sei por que cargas d’água alguém foi procurar, no meio de um papel ou de vários papéis, um determinado papel em que um assessor dizia que aquele tipo de colaboração não era legal e em que um diretor dizia que era legal. Mas estou citado, fui envolvido na crise do Senado. Então, chegamos ao limite, não porque fui atingido - pouco valho nisso -, mas porque está claro que qualquer um pode ser atingido. Todos podem ser atingidos aqui. Todos, de qualquer partido, podem ser atingidos se contrariarem determinado interesse. Certo grupo que domina o Senado pode atingir qualquer Senador aqui, levantar um documento contra ele e, depois, dizer: “Olha, vocês estão ameaçados”. Avisaram no jornal: “Há um dossiê contra você”. Qualquer um, do PMDB, do PT, do PSDB, de qualquer partido, está ameaçado por esse gesto. Não podemos deixar que isso prevaleça. Não estou sendo injusto com ninguém. Se dependesse de mim, não haveria crise alguma com relação ao Presidente José Sarney, que mandaria e faria o que tem de fazer aqui. As coisas não se resolvem aqui por que ele está profundamente atingido, porque esse é um quadro de presidencialismo. Eu disse - não estou inventando isso agora - ao próprio Presidente Sarney que ele deveria ter chamado para si a responsabilidade de todas as críticas, assumindo a liderança do Senado e comandando ampla reforma aqui, para contrariar todos. Todos aqui têm de ser, de uma forma ou de outra, contrariados, porque o Senado como existe não serve mais. Deve haver uma profunda mudança, independentemente das pessoas, dos partidos, do Presidente ou de quem quer que seja. Mas este é o ambiente em que vivemos. Para mim, há duas alternativas. Precisamos ter suficiente valor, por cima dos Partidos, para resolver a questão do Senado com tranquilidade, o que implica ampla e profunda reforma, o que implica investigação de responsabilidades que são muito maiores do que essa referente a uma, duas, três ou quatro diárias, se fossem elas rigorosamente ilegais ou se pudessem ser denominadas de irregularidades. Outras irregularidades devem ser examinadas, não por mim, não pelo Senador Tasso, mas por uma auditoria. Uma auditoria externa, de qualidade, que levantasse as coisas e apurasse verdadeiramente por onde as irregularidades tramitam.

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - Senador Sérgio, eu pediria a V. Exª que...

            O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Vou terminar, Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - ...encerrasse o seu aparte, mas para dizer a V. Exª que toda a Casa conhece, admira e sabe a respeitabilidade de V. Exª.

            O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Agradeço a V. Exª.

            O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - Sr. Presidente, eu peço a palavra para uma questão de ordem.

            O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Eu vou terminar a minha palavra. Então, Presidente, eu acho que, neste instante, Senador Tasso Jereissati, temos que cessar o exagero, ponderar nossas palavras, evitar os adjetivos, não porque haja medo ou coragem, de um lado ou do outro, mas porque, mantido este cenário de confrontação, vamos afundar no plural, a instituição afunda no plural. Temos que sair dessa com inteligência, lucidez e coragem. E eu tenho certeza de que não faltará aqui, nos partidos, valor nem homens públicos que possam liderar um processo desse. E, se houver aqui dois, três, quatro, cinco Senadores que possam tomar essa providência e colaborar com ela, nenhum vai ser tão competente, tão sério e tão dedicado quanto o Senador Tasso Jereissati. Então, eu queria dar essa palavra ao Senador e dizer que, para mim, já basta. Eu não sou Senador... não fui eleito para viver este clima que estou vivendo aqui. Se este clima prevalecer, eu não sou candidato a mais nada. E, tenho certeza também, o povo não vota em mais nenhum de nós. E com toda razão. Então, eu quero fazer a minha homenagem ao Senador Tasso, pela sua coragem, o seu valor e o seu imenso espírito público.

 

            O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - Sr. Presidente, eu pedi a V. Exª a palavra para uma questão de ordem.

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - O Senador está com a palavra. Só se ele consentir a V. Exª que V. Exª levante uma questão de ordem.

            O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - Sr. Presidente, não é o que diz o art. 18, inciso II. O Senador pode ser interrompido por outro Senador quando este pedir a palavra para uma questão de ordem ou para uma reclamação. Diz o art. 18, inciso II, letra “b”: “Independentemente de seu consentimento, para formular à Presidência reclamação quanto à observância do Regimento”.

            É nessa condição que eu peço a palavra a V. Exª,

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - V. Exª tem a palavra.

            O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE. Para uma questão de ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o art. 14 do capítulo V do Regimento Interno estabelece as formas e os prazos para uso da palavra. Nesta fase, o Regimento assegura o prazo de vinte minutos ao orador que faz uso da tribuna. V. Exª já prorrogou esse prazo por duas vezes, cada uma delas por cinco minutos. O art. 15 diz, expressamente: “Os prazos previstos no art. 14 são improrrogáveis, não sendo lícito ao Senador utilizar-se do tempo destinado a outro (...)”.

            Esta é a reclamação que eu faço a V. Exª. Eu me encontro inscrito e entendo que devo ter assegurado o meu direito de falar em tempo oportuno, com o respeito ao Senador que faz uso da palavra, pelo tempo que ele tem direito. Nota-se no plenário a manifestação de inúmeros Senadores para fazer uso da palavra em apartes. E V. Exª acabou de ouvir um aparte que, na verdade, parte dele foi aparte e parte dele foi usado, o tempo, para um pronunciamento. Nada contra o pronunciamento, muito menos ao mérito. Acho até que a matéria que saiu na imprensa contra o Senador é imprópria, mais uma daquelas impróprias, descabidas, desajeitadas, mas não é esse o mérito a que quero me referir...

(Interrupção do som.)

            O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - É ao direito que todos nós temos, e V. Exª já recebeu reclamação hoje, nesse sentido, do Senador Osmar Dias. Quero reiterar também a minha reclamação pelo direito que tenho de fazer uso da palavra no tempo adequado para o qual me inscrevi, Sr. Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - A V. Exª a Mesa assegurará o mesmo tempo que está assegurando ao Senador Tasso Jereissati. Apenas prorrogou porque o Senador Tasso Jereissati está fazendo um discurso que se destina a encerrar um episódio nesta Casa que todos nós desejamos que seja encerrado. E, assim, justifica que a Mesa tenha uma certa tolerância nos prazos do seu discurso.

 

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Presidente.

            Eu gostaria apenas de ouvir mais alguns apartes importantes para esta situação que o Senado vive hoje.

            Senador Jarbas.

            O Sr. Jarbas Vasconcelos (PMDB - PE) -

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APARTE PROFERIDO PELO SR. SENADOR JARBAS VASCONCELOS NA SESSÃO DO DIA 11 DE AGOSTO DE 2009, QUE, RETIRADO PARA REVISÃO PELO APARTEANTE SERÁ PUBLICADO POSTERIORMENTE.

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            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Jarbas.

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - Reitero aos Senadores que forem apartear que sejam breves, de modo que possamos cumprir o Regimento e que os outros oradores possam ocupar a tribuna para suas inscrições.

            Muito obrigado, Senador Jereissati.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Por sua integridade moral, sua solidariedade é de uma importância fundamental para o meu sentimento hoje e para o meu próprio conforto pessoal e político.

            Senador Jefferson Praia.

            O Sr. Jefferson Praia (PDT - AM) - Senador Tasso Jereissati, a sair da normalidade, todos nós estamos suscetíveis. Agora, a pedir desculpas ao povo, somente alguns. V. Exª dá um grande exemplo ao povo brasileiro. Era o que tinha a dizer.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador. V. Exª entrou recentemente nesta Casa, mas o seu comportamento tem sido notado por todos nós que aqui trabalhamos e que somos seus pares.

            O Senador Mercadante deseja falar?

            O Sr. Aloizio Mercadante (Bloco/PT - SP) - Senador Tasso Jereissati, naquela quinta-feira, talvez pela primeira vez, não senti condições, motivação de vir ao plenário. Achei a sessão toda uma página que não precisaríamos ter vivido. Ainda que entenda as razões humanas que nos levam, às vezes, a transbordar as emoções - isso acontece -, hoje, sua atitude de pedir desculpas, de abrir um diálogo, com a qualidade da intervenção que V. Exª trouxe a este plenário, acho que é um gesto muito importante para a Casa. Espero que todos estejam prestando atenção e dispostos a restabelecer um nível de discussão, de convivência e de disputa de ideias, de projetos, de valores, mas que preservem a dignidade, a integridade das pessoas. E que o nosso rigor, que tem de existir para reformar o Senado, para mudar o Senado, não se confunda com atitudes que só apequenam o Senado. Por isso, acho muito importante esse pronunciamento, essa atitude. Espero, sinceramente, que seja um marco para que nós reconstruamos as condições do diálogo, da discussão e da disputa fraterna - às vezes, dura nas idéias - que deve prevalecer no âmbito do Senado Federal. E acho que a desculpa, na realidade, o Senado deve ao Brasil por todos os erros que foram cometidos nesta Casa. E essa atitude de hoje, seguramente, ajuda a construir um caminho para que encontremos uma solução política para essa grave crise que vive a instituição. Queria parabenizá-lo pela atitude e fiz questão de vir participar desta tarde.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Senador Mercadante, muito obrigado por sua palavra. V. Exª mesmo é testemunha de que nós dois já tivemos embates duríssimos aqui. Às vezes, envolvidos pela paixão das nossas diferentes convicções, fomos até muito duros um com o outro. Mas isso nunca nos impediu de que mantivéssemos o respeito e, acrescento até, a amizade e o diálogo constantes.

            Eu queria passar a palavra ao Senador Eduardo Azeredo.

            O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador Tasso Jereissati, como seu companheiro de longa data, já no PSDB e aqui no Senado, quero também cumprimentá-lo pela sua disposição de humildade de vir aqui para colocar uma explicação sobre os acontecimentos lamentáveis da última quinta-feira. E é importante que as pessoas entendam bem o que aconteceu. Não quero recordar novamente, porque é desagradável. Eu não estava aqui, estava com um grupo de Senadores, com o Presidente da Colômbia, Uribe, mas cheguei aqui a tempo de estar com V. Exª. Mas é importante lembrar o seguinte: há aqui o plenário; em cima, uma galeria de visitantes; ali, a área dedicada à imprensa; e aqui, a área da tribuna de honra. O Regimento diz que quem está na tribuna de honra não pode se manifestar. E o que aconteceu foi uma provocação. Houve uma provocação, o que levou V. Exª a pedir que houvesse uma providência. E uma resposta difícil de entender: por que agressividade naquele momento em que se pedia simplesmente uma providência. Mas o importante é que possamos avançar no processo. Não estou entre aqueles que desacreditam o Poder Legislativo. Eu continuo acreditando no Poder Legislativo. Acredito que são momentos, que há solução, que é possível, sim, colocarmos o funcionamento normal; temas importantes estão aguardando nosso posicionamento. Falei aqui, no início dessa crise, em busca da serenidade, que precisava haver um pouco mais de serenidade. E estamos assistindo, meu caro companheiro, colega e amigo Tasso Jereissati, a uma pessoa, com a sua formação, com a sua experiência, ser agredida de uma maneira que realmente não tem o menor sentido. Com essa aliança de “denuncismo” com represália, não se vai chegar a nenhum lugar. “Denuncismo”, por um lado, aliança espúria com setores realmente que não têm a visão correta da importância e da grandeza; represália por pessoas que não têm estatura moral para fazer as agressões que fazem. Não é por aí que vamos chegar a uma solução. Portanto, quero repetir o que disse: é preciso serenidade. A serenidade, por exemplo, que precisamos manifestar em relação também ao Senador Sérgio Guerra, que, de uma maneira, diria, até cruel, é agredido. Aqui, não se está respeitando mais nem mesmo doença de parente e do próprio Senador. Nada se está respeitando aqui. Isso não é possível. Quer dizer, há que se ter realmente um respeito mínimo pelas pessoas, e isso não está acontecendo. Mais uma vez, portanto, aproveito para cumprimentar não só V. Exª, mas também o Senador Sérgio Guerra pela sua vida pública, que é uma vida que merece o respeito de todos nós.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Sr. Presidente, tenho mais quatro pedidos. Posso dar continuidade?

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - Pediria aos oradores que fossem breves, a fim de cumprimos o Regimento e evitarmos que colegas aqui se considerem preteridos.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Senadora Marisa.

            A Srª Marisa Serrano (PSDB - MS) - Muito obrigado, Senador Tasso, e ao Senador José Sarney, pela oportunidade que nos dá de falar um pouquinho mais sobre aquilo que estamos sentindo. Porque acredito que hoje, num momento de distensão, todos estão colocando aquela angústia que cada um está sentindo, pelo momento que estamos vivendo nesta Casa. Mas, quando vim para cá, Senador Tasso, eu o fiz pensando na Casa do diálogo, na Casa de homens e mulheres que, com mais experiência, pudessem ajudar esta Nação. A Casa do debate e do equilíbrio. E não é isso que tenho visto nesses dois anos e meio em que estou aqui. Acho que chegou o momento mesmo de darmos uma virada na concepção e na forma de fazer política nesta Casa. Acho que estamos no caminho e, talvez, como disse esses dias, na hora da turbulência, em que pensamos que nada mais vai sobrar, é aí que a fênix pode renascer. Quem sabe possamos fazer uma Casa de forma que o povo brasileiro possa se orgulhar dos seus Senadores e Senadoras, uma Casa que dê o respaldo que a sociedade merece!

            Mas eu quero dizer que V. Exª hoje deu um exemplo de firmeza, de competência e principalmente de compromisso com o cargo para o qual foi eleito. Eu tenho certeza de que o povo cearense hoje está, assim, de alma lavada. Nós aqui, seus amigos, estamos felizes também por saber que, com tudo que passou desde quinta-feira, não deve ter sido fácil para V. Exª guardar no coração mágoa. E é bom externar isso, o que V. Exª está fazendo isso aqui. Mas eu quero dizer uma coisa que acredito tenha passado por todos. Esta Casa tem que ser a Casa da sobriedade, tem que ser a Casa do diálogo, como eu disse, da competência. Não pode ser a Casa do denuncismo, não pode ser a Casa da chantagem, não pode ser a Casa do bate-boca, não pode ser a Casa da intimidação. Não é possível uma coisa dessas! Eu nunca imaginei que poderia haver isso aqui. Isso não é e também não pode ser, Senador Tasso, um Conselho de Ética - infelizmente ou felizmente eu tenho ficado algum tempo nesse Conselho de Ética, não é de hoje - em que os partidos decidam o que o parlamentar, no Conselho de Ética, tem que fazer. Ali não pode ter partido, não pode ser situação e oposição. Ali tem que ser a consciência de cada um, e que cada Senador e Senadora vote em cima do que é correto, do que é decente, em cima da sua própria formação e que possa fazê-lo com toda a seriedade que a Nação exige. Então, Senador, eu fico feliz. Isso não quer dizer - quero deixar aqui bem claro, para finalizar -, e a sociedade pode estar tranquila, conhecendo V. Exª., conhecendo os oradores que falaram até agora, pode ficar tranquila que isso não quer dizer rendição, não quer dizer medo, recuo, não quer dizer apequenamento, como foi dito aqui. Nada disso. A sociedade pode estar certa de que nós vamos continuar trabalhando e lutando por aquilo em que acreditamos. Em nenhum momento vamos ter o mínimo deslize e mínimo recuo naquilo que acreditamos que é verdade e que é o melhor para o País. Vamos continuar na luta. Muito obrigada.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senadora Marisa, por sua palavra sempre sensata e tão equilibrada.

            Senador Alvaro.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Tasso, o meu objetivo não é repetir conceitos sobre a crise que assalta o Senado Federal. O meu objetivo é o da solidariedade. E V. Exª sabe que a atitude humana é filha das circunstâncias. Um homem cordial, respeitador dos seus oponentes como V. Exª, que tem um itinerário na vida pública de dignidade, só pode se revoltar diante de injustiças. E o tamanho da revolta é o tamanho da injustiça sofrida. V. Exª pediu desculpas. Eu creio que todos nós devemos pedir desculpas ao povo brasileiro. Não é esse espetáculo que temos oferecido à Nação que se deseja de todos nós. Todos nós devemos assumir a responsabilidade, sim, e pedir desculpas ao povo brasileiro. A minha solidariedade a V. Exª.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Alvaro Dias.

            Senador Osmar Dias.

            O Sr. Osmar Dias (PDT - PR) - Senador Tasso Jereissati, eu sempre respeitei V. Exª, sempre o admirei, mas hoje cresceu o respeito e cresceu também a admiração, porque V. Exª toma uma atitude humilde, mas de grandeza. Eu até esperava essa atitude quando conversei com V. Exª hoje, na Comissão de Assuntos Econômicos. Senti que V. Exª não estava num dia normal, estava refletindo sobre o que aconteceu. E o que aconteceu não pode acontecer evidentemente, mas, talvez, se estivesse em seu lugar, tivesse agido da mesma forma, porque o temperamento que temos exige que se reaja. Não quero entrar no mérito da discussão, do debate, porque, nesse caso, estaremos voltando tudo atrás. O que V. Exª está fazendo é abrindo um caminho para que este Senado possa, daqui para frente, caminhar com debates que coloquem claramente sobre a mesa tudo o que está sendo discutido aqui e na sociedade, não jogando nada para debaixo do tapete, mas fazendo de uma forma que mereça o nome de Senado Federal. Acredito que V. Exª tem autoridade para fazer o que está fazendo, abrindo aqui um novo capítulo para que a gente possa seguir uma nova história no Senado daqui para frente, sem aquilo que ocorreu até agora, nesses dias após o recesso, quando não votamos nada, e precisamos votar aquilo que interessa ao País. Creio que atitudes como a que V. Exª está tomando podem colocar ordem naquilo que estava virando uma desordem. Parabéns a V. Exª.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Osmar Dias. V. Exª sabe muito bem que esse respeito é recíproco e que considero V. Exª, sem dúvida, um dos grandes Senadores desta Casa.

            Senador Mário Couto.

            O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Aplausos hoje à tarde para o Senador Tasso Jereissati. É isso que V. Exª merece de cada um de nós. Foi à tribuna com a sua humildade, que é característica, falar à Nação, mostrar à Nação que V. Exª é instigado sem ceder um pouco. Eu estava atrás de V. Exª. E lhe confesso que pensei que V. Exª iria explodir muito antes, porque usaram uma tática antiga, uma tática que aprendi e que vi, muitas vezes, ser usada em assembléias legislativas. Muitas vezes assisti a isto: “olha, ponha um cara atrás de fulano, para ficar instigando o fulano, até ele perder o equilíbrio”. E aí é triste ver uma pessoa, ali sentada, ofendendo a um Senador da República. Várias ofensas; várias vezes. E quem tem que aguentar isto? O Senador Tasso Jereissati? O Senador Sérgio Guerra? E não queriam tirar! Se o Presidente Sarney não manda tirar, não queriam tirar. “Não, não é para tirar o cara, e tal, ele merece estar aí”! Tática velha, antiga. Então, Senador, quero parabenizá-lo pela sua postura digna, de estadista, reconhecido nacionalmente pela sua capacidade política, demonstrada na prática, ao longo da sua vida. Tem que se respeitar isso, Senador. Tem que se respeitar, queiram ou não queiram. Limpa, limpa, cristalina a sua vida pública! Três vezes Governador do Ceará. Se quiser, será quatro, cinco, seis vezes. Vida pública limpinha, cristalina, Senador Tasso Jereissati. E aí, de qualquer forma, querem ofender, querem colocar alguma coisa dentro desta vida limpa. Senador Sérgio Guerra, sinceramente, se eu fosse V. Exª eu nem comentaria esta acusação. Nenhuma substância, Senador José Agripino. Procurem outras coisas, coisas com mais substância, se querem envolver a todos. O caminho, Senador, é este que V. Exª. está tomando nesta tarde. Não é outro. É este. Se quiserem resolver o problema deste Senado têm que se dizer assim: “Vamos acabar com as ofensas, vamos procurar a realidade e vamos fazer uma grande reforma neste Senado Federal”. Com ofensas, querendo calar na marra, não vai adiantar, porque isto aqui vai explodir, vai explodir. V. Exª é um exemplo singular, V. Exª talvez seja uma porque vem à tribuna pedir desculpas ao País. Não sei se outros o farão. Não sei, Senador. E não sei se outros vão aguentar o que lhe foi dito. Não sei. Falou o Senador Jarbas em tiro. Sei lá. Ponho em dúvida tudo isso. Eu acho que está na hora de mostrar à população brasileira que este Senado merece respeito de todo o povo brasileiro. Está na hora de nós começarmos a trabalhar. Está na hora de mostrarmos ao povo brasileiro o trabalho deste Senado. Paramos! Estamos de braços cruzados a nos defender. Está na hora de se votarem as reformas que o Brasil pede. Está na hora de se derrubar o voto secreto, isto sim, mostrar a moralidade nesta Casa, Senador, e não ofender as pessoas. E não ofender as pessoas. Parabéns por sua postura e, nem que seja só eu - olhe para mim -, quero aplaudir V. Exª Parabéns. Parabéns, Senador.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Mário Couto. V. Exª é um guerreiro de formação e, geneticamente, um grande guerreiro e um homem de um caráter muito forte, muito leal. Muito obrigado por essa palavra forte.

            Senador Perillo.

            O Sr. Marconi Perillo (PSDB - GO) - Senador Tasso Jereissati, V. Exª influenciou toda a minha geração. A mim, particularmente, Senador Tasso Jereissati, sua influência foi muito grande, primeiro porque V. Exª teve uma participação vigorosa, uma participação muito importante na vida empresarial do seu Estado, ainda muito jovem; depois, por ter tido a coragem de enfrentar os coronéis políticos do Ceará, candidatando-se ao governo daquele Estado e realizando uma gestão de altíssima qualidade, de altíssimo nível, inserindo qualitativamente o Ceará em nível nacional e internacional, modernizando todas as estruturas cearenses, com ênfase na educação, na inclusão social, na inclusão de centenas de milhares de cearenses que não eram alfabetizados. Enfim, com um choque de gestão e com a coragem inclusive de reduzir a máquina pública cearense, inchada àquela época, V. Exª foi dando demonstrações inequívocas ao Brasil, de que lá no Nordeste, lá no Ceará, nascia uma liderança forte, uma liderança corajosa, uma liderança competente, com conteúdo, com dedicação, com espírito público. Foi acompanhando a trajetória exitosa de V. Exª que tomei a decisão de me candidatar ao Governo de Goiás em 1998. V. Exª foi dos pouquíssimos líderes da época a apoiar aquela minha pretensão, mais uma vez demonstrando o seu caráter, a sua solidariedade partidária, o seu companheirismo. E, ao longo do tempo, quer como Governador do seu Estado por três vezes, quer como Presidente nacional do meu Partido, do nosso Partido, o PSDB, V. Exª demonstrou sempre lisura, espírito público, companheirismo, competência, conteúdo, coragem para enfrentar os desafios e muita coragem, sobretudo, para expressar suas opiniões. Às vezes, Senador Tasso Jereissati, V. Exª acaba sendo incompreendido, porque V. Exª é verdadeiro. V. Exª não tergiversa: V. Exª não pensa em algo e fala outro. V. Exª é coerente. Por essas e outras razões, por todo o conjunto de suas virtudes, por toda sua riquíssima e vastíssima biografia é que nós estamos aqui - todos os seus colegas - para, mais uma vez, nos solidarizarmos a V. Exª e aplaudi-lo por esse gesto. V. Exª foi provocado. Como ser humano, acabou reagindo, mas vem aqui com humildade, hoje, para pedir desculpas, escusas ao Plenário e ao Brasil pelo fato de ter aqui se exaltado. Nada mais bonito, nada mais simpático, nada mais elegante, nada mais virtuoso, nada mais importante nesta hora difícil que atravessa o Senado do que esse gesto de V. Exª. Que todos nós imitemos o gesto de V. Exª, tenhamos desprendimento em relação a algumas impetuosidades nossas e sigamos esse exemplo de coragem cívica de um homem com a sua história, para que o Senado possa voltar à normalidade, votar as medidas e as matérias que são de interesse do Brasil e passar a limpo todos os problemas que afligem esta Casa de Rui Barbosa.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O Sr. Marconi Perillo (PSDB - GO) - Senador Tasso Jereissati, a minha vida pública se inspirou e se inspira muito na sua trajetória. Eu tenho orgulho de ser seu companheiro. Não quero nem ficar me solidarizando; eu apenas quero reiterar o meu orgulho de ser seu colega e, principalmente, a minha confiança em continuar seguindo os seus passos. Muito obrigado pelo aparte.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Obrigado, Senador Perillo. V. Exª me deixa realmente até constrangido com a generosidade de suas palavras. Gostaria de dizer que fico realmente muito feliz de ter um companheiro como V. Exª, que - hoje já é uma realidade, foi duas vezes Governador já de Goiás e vai ser outras vezes - é uma das lideranças também mais promissoras do nosso Partido e do nosso País. Fico profundamente orgulhoso por, de alguma maneira, ter servido de alguma referência ao seu excelente trabalho.

            Senador Flávio Torres.

            A Srª Kátia Abreu (DEM - TO) - Senador.

            O SR. FLÁVIO TORRES (PDT - CE) - Senador Tasso Jereissati, o senhor sabe que eu cheguei a este Senado há pouco mais de uma semana, eu que mal sei apertar esse botãozinho do microfone. Todo dia eu me programo, quando venho para cá, para não falar - eu estou com o meu discurso de apresentação guardado no bolso há uma semana - e, neste momento, eu não poderia deixar de saudar o seu gesto, porque eu vejo nesse gesto, quem sabe, um gesto que vai fazer com que, na próxima semana ou, quem sabe amanhã, eu possa ler o meu discurso. A minha solidariedade, Senador. Muito obrigado.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Flávio Torres, que acaba de assumir o Senado na vacância, na ausência, da Senadora Patrícia. Já fiz a sua saudação, mas fico muito feliz de ser a sua primeira intervenção ligada diretamente à nossa participação. Muito obrigado, seja bem-vindo e que essas participações sejam cada vez mais frequentes.

            Senador José Agripino.

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - E aprendeu rapidamente o Regimento: aparte curto.

            O Sr. José Agripino (DEM - RN) - Senador Tasso Jereissati, eu quero aqui fazer uma inconfidência e voltar três anos no tempo. Eu acho que V. Exª se lembra, ali atrás. Nós tivemos, no começo desta Legislatura, um leve desentendimento. Estávamos eu, V. Exª e acho que Arthur Virgílio. V. Exª, que tem um temperamento forte, foi ríspido na hora - foi ríspido - e eu me afastei. Eu tenho um temperamento brando. Completei as minhas tarefas no plenário, não passei recibo e fui para o meu gabinete. Uma hora depois, estava V. Exª no meu gabinete, num gesto de extrema humildade, para me pedir desculpas. V. Exª é isto: é um homem de temperamento duro, difícil, mas é um homem justo, correto e de boa paz e que sabe construir momentos com muita habilidade. Eu e V. Exª estávamos assistindo indignados ao libelo que o Líder do PMDB lia dessa tribuna contra o nosso querido amigo, estimado companheiro de lutas, Arthur Virgílio. V. Exª tem um temperamento diferente do meu. A sua capacidade de indignação situa-se num patamar maior, e eu consigo conter a minha indignação. E V. Exª teve um momento muito tenso com o Líder do PMDB, tenso, que transmitiu tensão a este Plenário inteiro, mas que nem por isso o desmerece como homem público, até porque o diálogo foi ríspido, mas não compromete a dignidade, nem o seu passado como ex-Governador, como Senador nesta Legislatura, como presidente de partido político, como condutor de união de forças políticas no plano nacional, como quase Ministro da Fazenda. V. Exª tem uma história. Todo mundo tem erros e virtudes. Todo mundo tem. Eu tenho, V. Exª tem, e nós temos a capacidade de indignação e temos também a capacidade de renúncia e de chegar, como V. Exª chega, para pedir desculpas a este Plenário, porque o que V. Exª quer, como eu quero, é que a gente siga em frente, é que a gente continue a trabalhar em paz neste plenário pelas causas do povo brasileiro. O que V. Exª pede não são desculpas por algo irrecuperável, mas desculpas por um momento, por uma circunstância da qual todos nós participamos e da qual todos queremos nos recuperar, que é, na verdade, a capacidade de o Senado servir ao Brasil. Quero, portanto, cumprimentar V. Exª pelo gesto, mas, mais do que pelo gesto, pela sua capacidade de exercer com dignidade e com competência o seu mandato de Senador.

            Tenho certeza de que aquele episódio está superado e que nós vamos construir, com coragem, com dignidade e com capacidade política, a recuperação do diálogo nesta Casa em benefício das causas do povo brasileiro. Cumprimentos a V. Exª.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador José Agripino, uma das mais importantes, sempre ponderada e equilibrada, mesmo diante de circunstâncias difíceis, lideranças desta Casa. Realmente, procuro sempre observar o seu comportamento. Mas quero dizer que, se meu pavio é curto - e ele realmente é curto -, se é rápido para acender, é mais rápido ainda para apagar. Não faz parte, como eu disse, em nenhum momento da minha vida, nenhum tipo de atitude que não seja a de extrema tolerância em todas as circunstâncias.

            Senadora Lúcia Vânia.

            A Srª Lúcia Vânia (PSDB - GO) - Senador Tasso Jereissati, tenho certeza que todos aqueles que o acompanham, inclusive o povo brasileiro que assistiu pela televisão aquele lamentável episódio de quinta-feira, esperava de V. Exª uma atitude como essa que toma nesta tarde. V. Exª tem sido, aqui, um dos mais aplicados Parlamentares, competente, persistente, oferecendo ao povo brasileiro momentos muito importantes para que pudéssemos atravessar esta crise. V. Exª é responsável, juntamente com o Senador Francisco Dornelles, por um dos trabalhos mais importantes que o Senado da República produziu este ano, oferecendo alternativas ao Governo brasileiro no sentido de superar o grave momento que vivemos neste País. Portanto, quero dizer que só o homem que tem a sua história se sente responsável para ir à tribuna e, com humildade e muita dignidade, pedir desculpas ao povo brasileiro. V. Exª é um exemplo, é um orgulho do nosso Partido. Sem dúvida nenhuma, o gesto de V. Exª será referência para essa nova juventude que espera desta Casa momentos de grandeza, momentos de superação. V. Exª dá o primeiro passo. Minha solidariedade!

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senadora Lúcia Vânia pela amizade e pelo carinho de sempre. Com certeza, essa generosidade que V. Exª tem tido sempre comigo é devida a essa amizade que temos e pela admiração também que V. Exª sabe que tenho por sua aplicação. V. Exª, sim, é uma Senadora enormemente aplicada ao seu trabalho.

            Senador José Nery, depois lá e aqui. São os dois últimos.

            O Sr. José Nery (PSOL - PA) - Senador Tasso Jereissati, meus cumprimentos a V. Exª pela atitude. Mas também queria ressaltar o que pude perceber da sua mensagem, do seu pronunciamento, bem como de todos que fizeram aparte a V. Exª: embora haja o pedido de desculpas, a cordialidade, o debate para tratar das questões que interessam ao País, especialmente a ética e o enfrentamento da crise que vive o Senado Federal, a mensagem deve ser, de fato, muito clara, como está sendo. Significa que, todos nós aqui, sobretudo os que se pronunciaram, não vamos dar um passo atrás na exigência e na luta para que possamos enfrentar com determinação, com coragem e ousadia a busca da verdade e, principalmente, o esclarecimento de todos os fatos deploráveis em que o Senado está envolvido nos últimos meses. Portanto, a mensagem que V. Exª transmite e todos que aqui se pronunciaram é a de que o combate à corrupção...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O Sr. José Nery (PSOL - PA) - ... o combate à transgressão da ética vai continuar firme e decidido, porém sem agressões, sem violência, sem truculência, sem perseguição, sem qualquer outra forma que diminua a importância da atividade política e da atuação de cada um de nós e, por consequência, do Senado da República. Portanto, meus cumprimentos. Tenha certeza de que esta luta continua para o bem do Senado, mas, especialmente, e o que é mais importante, para o bem do povo brasileiro, que acredita na justiça, na verdade e na luta por uma nova ética ou, de fato, por uma ética que seja motivo da busca correta e justa de todos aqueles que querem um Brasil melhor. Meus cumprimentos a V. Exª.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Sem dúvida.

            Muito obrigado, Senador José Nery, cearense do Pará, pelas palavras fortes e sempre exigentes em relação às questões éticas, de comportamento. Com certeza, é esta a nossa linha de comportamento e de ação.

            Temos mais dois apartes.

            O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - Senador Tasso Jereissati, estou aqui atrás aguardando.

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - Pediria aos Senadores que fossem breves. O Senador Tasso Jereissati já está ocupando a tribuna há uma hora e dez minutos. De maneira que S. Exª já está cansado.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Senadora Kátia Abreu, com licença. Há ainda o Senador Antonio Carlos Júnior e o Senador Antonio Carlos Valadares.

            A Srª Kátia Abreu (DEM - TO) - Gostaria de dar as boas-vindas ao Senador Flávio Arns, que veio do Ceará. Mas também quero reconhecer, Senador Tasso Jereissati, que V. Exª é um Senador bastante aplicado, um homem honesto, um Governador desenvolvimentista, que industrializou o seu Estado. É um homem bem-sucedido do ponto de vista pessoal e bastante exemplar em seu comportamento aqui nesta Casa. V. Exª é um homem eloquente, enfático. E quero reconhecer o comportamento de humildade que V. Exª tem aqui hoje. Acho que é isto que o Brasil espera de nós: comportamentos exemplares. Nós precisamos - tanto V. Exª quanto eu - todos os dias lutar para que nossos instintos, às vezes nossas emoções, não sejam demonstrados e exteriorizados a ponto de dar um exemplo que não seja correto para a sociedade. Nós todos estamos lutando todos os dias para isso. Quero dizer que seu comportamento demonstra essa intenção de mostrar ao Brasil que o Senado Federal pretende ser exemplar, pretende ter um comportamento exemplar. Precisamos trabalhar. O Brasil não suporta mais essa paralisia. Está difícil andar pelo Brasil. As pessoas nos cobram os projetos de lei, as votações, a paralisia em que o Senado se encontra e a tristeza das pessoas. Eu sinto uma profunda tristeza porque o Senado sempre foi motivo de muita admiração por todo o País. Foi sempre um local admirado como se fosse um santuário. Então, as pessoas estão entristecidas por estar diante dessas circunstâncias e dessas situações. Eu tenho certeza de que encontraremos um caminho para retornar o Senado da República no coração e na cabeça das pessoas como sempre foi no passado. Então, parabéns pela sua atitude. E quero fazer dessa sua atitude a minha também no momento em que eu me equivocar nos meus comportamentos. Muito obrigada e parabéns.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senadora Kátia Abreu pela palavra, V. Exª que também é uma Senadora bastante, muito atuante e muito apaixonada pelas causas que defende, pela compreensão do momento e pela palavra de estímulo.

            Ouço o aparte do Senador ACM Júnior.

            O Sr. Antonio Carlos Júnior (DEM - BA) - Senador Tasso Jereissati, V. Exª merece nossos cumprimentos, nossos parabéns, porque, com humildade, porém com altivez, comparece a essa tribuna e se posiciona em relação ao episódio da quinta-feira passada de uma forma extremamente serena, altiva. Isso, com certeza, pode contribuir com o distensionamento da situação da Casa para, assim, podermos começar a traçar um caminho de retomada das nossas atividades, porque precisamos voltar a trabalhar efetivamente. A atitude de V. Exª, que é um dos melhores Senadores da Casa, um empresário de sucesso, um Governador do Ceará que revolucionou o Estado, tem todas as condições.é um político de nome nacional, no momento em que comparece a essa tribuna e toma essa atitude, realmente engrandece a Casa e pode marcar um caminho de retorno à nossa atividade, porque nós precisamos disso. Então, eu quero parabenizar V. Exª pela atitude, e tenho certeza de que isso poderá contribuir muito para que nós possamos retomar as atividades e voltar a tentar construir um Senado forte e melhor.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador ACM Júnior, que também é o Senador que, cada dia que passa, mais se impõe pelo seu trabalho aqui nessa Casa. Com certeza, meu saudoso amigo, seu saudoso pai estaria orgulhoso do seu trabalho aqui nesta Casa.

            Como último aparte, ouço o Senador Valadares.

            O Sr. Flávio Arns (Bloco/PT - PR) - Senador, se for possível, depois do Senador Valadares.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Claro.

            O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - Senador Tasso Jereissati, o Senado Federal, ao longo da sua história, sempre se sobressaiu como uma instituição onde prevaleceram os debates das grandes questões nacionais, a começar por essa figura imortal, que é patrimônio do nosso Senado Federal, o Senador Rui Barbosa. Senado é sinônimo de equilíbrio, de moderação, de trabalho em favor da democracia, desde os primórdios de sua criação em Roma. E V. Exª, ao adotar esse gesto de humildade, sem dúvida alguma reverencia o Senado Federal, reverencia a figura de Rui Barbosa, reconhece que as grandes questões, os grandes debates devem ser travados dentro de um ambiente de respeito, dentro de um ambiente para fortalecer o nosso Senado e a nossa democracia e que os trabalhados aqui realizados têm a finalidade e o objetivo de servir à população brasileira, que precisa de nós. Portanto, a minha palavra é de incentivo, é de estímulo para que V. Exª continue nessa trilha de reverenciar a instituição que significa, antes de tudo, o fortalecimento e a grandiosidade do sistema democrático brasIleiro.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Valadares. Sabe V. Exª que era o meu candidato, e lamento que não esteja lá na Presidência do Conselho de Ética desta Casa.

            Senador Flávio Arns e, em seguida, o Senador Inácio Arruda.

            O Sr. Flávio Arns (Bloco/PT - PR) - Senador Tasso Jereissati, eu penso, inclusive, que V. Exª não deveria estar pedindo desculpas. Eu acho que V. Exª tomou uma atitude adequada, correta, dura, como devia ser tomada naquele momento, porque as suas expressões foram utilizadas dentro de um contexto específico, que se seguiu a um conjunto de explicações inadequadas e indevidas. V. Exª, na verdade, defendendo o posicionamento de um companheiro de partido, se posicionou duramente. E muitas pessoas da população gostariam de se posicionar muito mais duramente ainda, porque não aguentam mais isso que está acontecendo aqui dentro do Senado Federal. Então, eu quero dizer que V. Exª tomou uma atitude correta, adequada, de defesa de um companheiro e, inclusive, de defesa de uma instituição. Como é que nós podemos ficar aceitando que tantos posicionamentos inadequados sejam colocados, sem se tomar uma atitude mais enérgica, mais dura, apontando realmente os problemas que vêm acontecendo e os posicionamentos equivocados que vêm acontecendo? Então, eu quero dizer que V. Exª, no meu ponto de vista e no ponto de vista de muitas pessoas da sociedade, teve uma atitude, dentro daquele contexto, correta, adequada e boa. Se nós formos pensar em termos de Senado Federal, no propósito da Instituição, na transparência que se busca, na construção de um novo Senado, é claro que nós temos que pensar no diálogo, no entendimento, na transparência, no esclarecimento, na investigação. E nós temos muitas dúvidas se isso de fato está acontecendo aqui dentro da Instituição. Então, eu quero colocar a minha admiração por V. Exª, pelo posicionamento de V. Exª naquele contexto específico. E tenho certeza de que V. Exª, como muitos outros, pode contribuir para a reconstrução desta Casa, desde que esses princípios de transparência, de correção, de investigação, de sintonia com a sociedade sejam levados a sério. Parabéns por sua atitude no outro dia.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Arns. V. Exª, que é, sem dúvida nenhuma, aqui dentro desta Casa, um dos homens de temperamento e de caráter mais generoso, mais manso, mais cordial, mais atencioso e conhecido pelas ações que, na sua vida pessoal, na sua vida privada, desenvolve com aqueles que são não tão afortunados na vida, com essa sua palavra forte, realmente, me dá um conforto todo especial em relação aos acontecimentos de quinta-feira. Realmente, fiquei bastante sensibilizado com essas palavras.

            Muito obrigado, Senador Arns.

            Senador Arruda.

            O Sr. Inácio Arruda (Bloco/PCdoB - CE) - Senador Tasso Jereissati, V. Exª muda, na verdade, o tom do debate no Senado. Eu acho que, embora possa parecer, e alguns ficam sempre olhando e achando: “mas o Senador mudou o tom?” Que significado tem isso? Tem o significado de que nós podemos ter a nossa posição, podemos ter a nossa opinião, mas podemos fazer isso de forma elevada. E é isto que V. Exª faz: coloca as questões de forma elevada. Acho que esse é o espírito correto, é o espírito positivo, sem abrir mão. Não é preciso abrir mão de nada, de nenhuma opinião, de nenhuma posição, mas V. Exª o faz num tom muito especial, num tom elevado, que ajuda o Senado a compreender melhor os seus problemas. Porque V. Exª levantou, no início, que era um grande desejo de V. Exª uma reforma profunda no Senado da República. Lembro que, lá atrás, na Constituinte de 1988, nós chegamos até a pedir o fim do Senado da República, que não precisaria de Senado, mas, examinando a realidade de hoje, muitos dizem: não; o Senado é uma necessidade para a Federação. E o Senado da República pode fazer um debate em tom elevado. V. Exª está demonstrando exatamente isso. O debate pode ser feito elevando a figura de cada Senador do Senado da República, sem que um Senador abra mão da sua opinião, da sua posição sobre qualquer tema que se apresente no debate. Acho que V. Exª dá essa demonstração. Acho que V. Exª contribui, sim, para que a gente possa tratar as questões na qualidade que exige o povo brasileiro. Por isso, faço este aparte a V. Exª e tenho certeza de que V. Exª abre uma nova perspectiva para o Senado da República a partir desta data. Obrigado.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Inácio Arruda, tradicional adversário no Estado do Ceará, mas com quem sempre mantive, apesar das disputas, uma relação...

            O Sr. Inácio Arruda (Bloco/PCdoB - CE) - Tradicional aliado; depois, tradicional adversário.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Perfeito. Lembro-me das bandeiras vermelhas tremulando na minha campanha de 1986.

            Senador Flexa, que chegou agora, e mais o Senador Demóstenes, se a Presidência permitir.

            O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Senador Tasso...

            O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Presidente Sarney, eu pediria a V. Exª que não limitasse o tempo, para que todos os Senadores pudessem apartear o pronunciamento do Senador Tasso Jereissati. Isso é importante, Senador Tasso Jereissati, num momento como este, de tanto conflito e de tão mal-estar no Senado brasileiro. Eu venho de uma caminhada pelo interior do meu Estado, e é lamentável o que se conversa, no interior do Pará e em todo o Brasil, com relação à situação do Senado Federal. V. Exª dá agora, aqui, um exemplo a todos nós. Todos já conhecemos a formação de V. Exª. V. Exª é mais do que um Senador pelo Estado do Ceará; V. Exª é um homem público nacionalmente reconhecido pela sua honradez, pela sua competência e é, sem sombra de dúvida, uma das reservas morais deste País. V. Exª, da forma como vem à tribuna hoje, eu não diria pedir desculpas, porque não há motivos para desculpas... V. Exª se colocou num momento em que um companheiro seu, nosso, companheiro também da maior importância para a política nacional, o Senador Arthur Virgílio, estava sendo agredido. E V. Exª, então, não se conteve na sua posição não só de companheiro, também de ex-presidente do nosso Partido e talvez, como V. Exª tem dito várias vezes, por ter um pavio muito curto, tenha ultrapassado, e hoje reconhece isso, de forma altiva e se justifica. Não se desculpa, se justifica. Porque é importante, Senador Tasso Jereissati. V. Exª deu ao Brasil um exemplo quando governou o Estado do Ceará e fez um choque de gestão, na década de 80, quando nem se pensava isso na política brasileira. Não quero cometer injustiça, mas, pela minha memória, V. Exª foi o primeiro político, o primeiro gestor, em nível nacional, que imprimiu uma mudança e fez até aquilo que, como na época foi dito, significou acabar com a era dos coronéis no Ceará e colocou o Ceará na vanguarda nacional. Hoje, está aí o resultado, um Estado industrializado. Na sua vida pública, V. Exª também é um exemplo à Nação, como pai de família, como empresário competente, honrado, honesto, sempre tendo o retorno do seu trabalho, de forma diuturna. Conheço V. Exª há décadas e o admiro há décadas. V. Exª é um exemplo não só para mim, mas um exemplo, tenho certeza, para muitos brasileiros que conhecem a jornada de V. Exª na política e na ação empresarial no Estado do Ceará. Fique certo de que V. Exª orgulhece o PSDB. Eu sinto muito orgulho de ter V. Exª como companheiro de partido e, como disse, um exemplo a ser seguido. Parabéns, continue nessa luta! O Brasil está com V. Exª. É isso que se ouve nas ruas. O Brasil está com V. Exª. Parabéns pelo trabalho que tem desenvolvido em benefício do Ceará e do Brasil!

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Flexa, grande companheiro, grande amigo e homem de uma capacidade de trabalho extraordinária, que me dá essa força neste momento.

            Senador Garibaldi Alves.

            O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Senador Tasso Jereissati, eu acho que todos aqui podem avaliar o que aconteceu neste fim de semana no meu Estado: um clima de protesto, de desagrado com relação ao Senado Federal. E isso me levou a uma reflexão de que nós temos, de qualquer maneira, que procurar evitar cenas como aquelas que nós vimos na semana passada. Tenho certeza de que V. Exª dará a sua contribuição, mesmo que provocado, mesmo que desafiado. Não se trata de fazer como Jesus Cristo: oferecer a outra face. V. Exª, tenho certeza que vai, realmente, como sempre fez, contribuir...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - (...) para que o Senado possa realmente sair dessa crise. E não é apenas uma crise administrativa, como todos nós sabemos, mas uma crise de natureza política. Eu tenho certeza de que V. Exª, com sua experiência, com sua capacidade, vai encontrar essa saída, e é por isso que eu saúdo o discurso de V. Exª na tarde de hoje.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Garibaldi Alves. V. Exª, hoje, é reconhecido como um grande Presidente desta Casa, que honrou a Presidência desta Casa, abrindo uma série de caminhos, o que, sem dúvida nenhuma, fez com que esta Casa tenha seu nome respeitado na época do seu trabalho, colocando em questão, inclusive, uma das matérias mais delicadas e, a meu ver, que mais desmoralizam esta Casa, as medidas provisórias. V. Exª teve uma coragem extraordinária, como Presidente desta Casa, ao rejeitar uma medida provisória absolutamente fora do Regimento e fora da legislação à época.

            Senador Demóstenes, Senador Casagrande, Senador Tuma e Senador Efraim, com a permissão do Presidente Mão Santa.

            O Sr. Demóstenes Torres (DEM - GO) - Sr. Presidente; Sr. Senador Tasso Jereissati, V. Exª fez um discurso grandioso, um pronunciamento correto, em que admite que houve um excesso verbal. Isso é importante. Políticos grandes, como V. Exª, e todos nós, também erram, também se excedem, também passam do limite. E V. Exª está sendo lembrado nesta Casa - e sempre será lembrado - como o homem que modernizou o Ceará. Como Senador da República, eu tive o prazer de relatar diversas propostas de V. Exª: o marco regulatório das agências reguladoras - e V. Exª bem sabe o que existia antes e o que existe depois do que V. Exª propôs -; a questão das polícias no Brasil, a desconstitucionalização, que é um tema que ainda está aí, nós não tivemos a coragem suficiente para votá-lo; as questões de segurança pública, quando, homem ligado à área social, pioneiramente assume a possibilidade de reduzir a maioridade penal; nas questões de reforma do Código de Ética. Em todas as grandes discussões desta Casa, em relação às medidas provisórias, na derrubada da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF), que agora querem ressuscitar, V. Exª é um homem grande. É um homem de envergadura moral invejável e teve e tem um papel preponderante nesta Casa. Lembro-me de quando V. Exª chegou aqui, em 2003 - e eu também cheguei -, e eu brincava com V. Exª, mas era uma brincadeira séria. Por quê? Eu desejava que o Brasil tivesse um Presidente da República com a competência e com a honradez de V. Exª. Eu até tinha um slogan, chamava-o de “Presidentasso”, porque é isso que eu considero V. Exª: uma grande figura, um grande homem público, uma pessoa de caráter extraordinário, companheiro, que muito bem fez a esta Casa e vai continuar fazendo. Quando V. Exª vem aqui e pede desculpas à Nação por um momento infeliz, isso só faz colocá-lo ainda mais no pódio. Isso o coloca como um dos homens mais ranqueados do nosso País. Um empresário honrado, um homem que poderia estar cuidando das suas empresas, dedicou-se à vida pública, fez uma revolução no seu Estado e ajuda a melhorar o Brasil. Parabéns a V. Exª por tudo o que é e pela sua prática cotidiana de homem de bem.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senador Tasso, desculpe-me interrompê-lo, mas às 18h30min terminaria a sessão. Prorrogamos por mais uma hora para que todos possam usar da palavra. Comunico, ainda, que está aberto o livro para novas inscrições.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Sr. Presidente, muito obrigado...

(Interrupção do som.)

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - (...) pela generosidade. V. Exª sabe que é meu guru jurídico aqui, nesta Casa. Como V. Exª bem disse, desde o primeiro dia em que chegamos a esta Casa - eu, de um Estado; V. Exª, de outro; eu, de um partido; V. Exª, de outro -, acho que nasceu uma afinidade de ideias e de objetivos imediatos que prezo muito até hoje.

            Muito obrigado.

            Senador Casagrande.

            O Sr. Renato Casagrande (Bloco/PSB - CE) - Muito obrigado, Senador Tasso Jereissati. Quero parabenizá-lo pelo pronunciamento. Eu não estava presente na sessão de quinta-feira à tarde, mas me pronunciei, ontem, sobre o fato de quinta-feira, bem como sobre o fato de segunda-feira passada. E a ida de V. Exª à tribuna desta Casa é uma manifestação importante para aquilo que desejamos para o Senado em termos de retorno de parte da credibilidade e da normalidade dos trabalhos. Estamos cientes de que há possibilidade de Senadores aqui defenderem a posição e a permanência do Presidente Sarney e há possibilidade de Senadores, como eu e V. Exª, defenderem o afastamento do Presidente Sarney. Todavia, essas posições políticas podem e precisam ser respeitadas aqui, dentro do plenário. Agora, tenho a convicção, Senador Tasso, de que, além da normalidade que deve haver dentro do plenário do Senado, não podemos nos afastar um milímetro da nossa decisão de fazer com que os processos tramitem no Conselho de Ética e no Plenário desta Casa, para que seja feito o trabalho de investigação. A elegância política, o entendimento político, o comportamento político não podem ser confundidos com qualquer outra postura, porque nossa postura tem de ser a postura de fazer com que o Conselho de Ética funcione efetivamente. O Conselho tem de funcionar, e, se for o caso, recorrer ao Plenário do Senado para que haja, de fato, uma posição clara de todos os Senadores com relação a essas representações e a essas denúncias. Então, que possamos manter a educação na relação entre nós, a elegância na relação entre nós, mas que possamos manter a elegância na relação com a sociedade brasileira, que quer o Senado efetivamente funcionando e fazendo as investigações das denúncias que foram feitas aqui nesta Casa. Parabenizo V. Exª, mas reafirmo, efetivamente, minha posição; a posição de muitos aqui que querem fazer com que esta instituição funcione, dando respostas à sociedade e mostrando de fato o que deseja. Se a maioria tiver o desejo de continuar com o Presidente Sarney à frente dos trabalhos, isso será decisão da maioria. Se não for essa a decisão, que seja a decisão do afastamento do Presidente Sarney. Porém, temos de conduzir firmemente nossa posição até o fim desse processo. Muito obrigado, Senador Tasso.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Casagrande. V. Exª é aquele com quem tive um contato mais recentemente, mas, sem dúvida, V. Exª tem dado aqui exemplo - senão uma referência - dessa independência de opiniões próprias muito firmes, mas sempre com muita “elegância política”, repetindo o termo que V. Exª usou.

            Senador Efraim; em segundo, o Senador Tuma e, depois, o Senador Dornelles.

            O Sr. Efraim Morais (DEM - PB) - Senador Tasso Jereissati, eu diria que o pronunciamento de V. Exª não é só um pronunciamento; é um gesto. Eu diria não um gesto, um grande gesto, porque tenho certeza, Senador, que, para os momentos difíceis que passamos e que estamos passando, é preciso um gesto dessa natureza, partindo de um grande Líder, de uma pessoa que merece o respeito de todos nós, do seu Ceará e do nosso Brasil, de forma geral. E V. Exª, quando vem à tribuna com esse gesto de humildade, um gesto de quem realmente sabe que esta Casa está acima de qualquer questiúncula, pode ter certeza de que, a partir deste momento, é possível que possamos recolocar o Senado Federal no seu devido lugar. Como? Voltando a fazer aquilo que a sociedade espera de todos nós, dos 81 Senadores e Senadoras. Então, tenho certeza absoluta de que precisava de um gesto dessa natureza para que pudéssemos voltar a pensar na instituição Senado Federal; para que pudéssemos, daqui para frente, pensar o quanto é importante darmos continuidade às votações que se fazem necessárias nesta Casa, pensando no Brasil. Por isso, Senador Tasso Jereissati, parabenizo V. Exª por este gesto; repito: por esse grande gesto e tenho certeza de que, a partir de hoje, estamos dando o primeiro passo para a normalidade do Senado Federal. Parabéns a V. Exª!

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Efraim, um homem que conhece profundamente o Parlamento brasileiro, de uma longa experiência no Parlamento brasileiro e que sabe a importância de determinadas posturas diante das circunstâncias.

            Senador Tuma, com muito prazer.

            O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Senador Tasso Jereissati, desde o início desses debates, tenho me proposto a não usar da palavra em razão de ter sido eleito Corregedor desta Casa. Então, tenho que acompanhar de perto a evolução de todos os acontecimentos para, na hora em que houver necessidade de intervenção, estar isento para tomar as providências que digam respeito àquilo que a Casa deseja e que tenham fundamento de prosseguimento ou não das acusações. E tenho acompanhado de perto todos os atos fora do plenário, quer da Justiça, no Ministério Público, na Polícia, quer do Judiciário, a quem pedi audiência para ver se, nesta semana, ainda falo com o juiz titular da causa. Sabemos que, no Direito Penal, há o direito de retorção, quando uma pessoa, por indignação, sente-se ofendida e, na hora, pode ter uma reação à altura da ofensa que recebeu. Então, nesse final de semana, Senador, eu estava muito preocupado com o noticiário permanente sobre a ocorrência, com a repetição, noticiários de jornal, televisão, rádio. Comecei a raciocinar em como proceder como Corregedor, no sentido de baixar alguma norma indicativa de comportamento que deve haver não só do Plenário, mas também da Presidência, no controle do andamento da sessão, para que ela não ultrapasse aquela linha de conduta correta, como V. Exª descreve agora, ao longo do seu discurso. Fiz a nota. Se houver oportunidade, usarei da palavra para lê-la e para distribuí-la aos companheiros. Não digo que fiquei surpreso com a atitude de V. Exª. Conheço-o há mais de vinte anos. Foram momentos em que aprendi com V. Exª essa elegância, o tratamento cordial. V. Exª, como Governador do Ceará, e eu, como Chefe da Polícia Federal, sempre recebi de V. Exª conselhos e, principalmente, Senador Marconi Perillo, a amizade e o carinho de alguém que sabia ser um bom gestor, como V. Exª descreveu, e que recebeu como grande exemplo. Talvez, eu não pudesse ter o exemplo, porque sou mais velho, mas sei o que representa a figura do Senador Tasso Jereissati no contexto da política nacional. Então, o gesto de V. Exª de vir à tribuna e pedir desculpas à população, que se indignou com as atitudes e o que aconteceu durante a quarta-feira e quinta-feira, é uma atitude exemplar. De repente, achei que talvez não devesse baixar essa recomendação, mas fui aconselhado por alguns Parlamentares que aqui se encontram no sentido de que deveria fazê-lo. Vou depender do Presidente Mão Santa; se S. Exª me der oportunidade de usar a tribuna, por cinco minutos, como Líder, lerei essa resolução. Cumprimento V. Exª pela coragem, pela dignidade e pelo respeito que têm aos cidadãos não só do Ceará, mas do Brasil inteiro.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Senador Romeu Tuma, muito obrigado, mais uma vez, por sua palavra, por sua amizade, que realmente é antiga. Em determinados momentos, no passado, V. Exª demonstrou o seu caráter e a sua coragem, que eu admiro e respeito.

            Se o Senador Dornelles.... Senador Dornelles, em seguida, V. Exª, com o maior prazer, porque já tinha pedido o Senador Eliseu.

            O Sr. Francisco Dornelles (PP - RJ) - Senador Tasso Jereissati, quero cumprimentá-lo pelo seu pronunciamento, que tive a oportunidade de escutar da Presidência do Partido. Na política, a busca do consenso é sempre um grande objetivo. Quando esse consenso não pode ser alcançado, é importante que a gente tenha regras muito claras para administrar o dissenso. Esse foi o sentido do discurso do pronunciamento de V. Exª. Tive o privilégio de conviver com V. Exª na Comissão de Reforma Tributária, em que V. Exª foi Presidente, e na Comissão de Administração da Crise. O relatório de V. Exª sobre o spread, sobre os problemas financeiros é, hoje, um marco; um marco para todos aqueles que querem estudar a matéria. De modo que sou testemunha da sua competência, da sua capacidade de trabalho, do seu espírito público. Quero apenas reiterar, neste momento, a minha maior admiração pela sua pessoa e cumprimentá-lo, mais uma vez, pelo seu belíssimo pronunciamento. Muito obrigado.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Dornelles, que é um poço de conhecimento e de sabedoria nesta Casa. Realmente, eu tive o privilégio de trabalhar sob as suas luzes na Comissão de Reforma Tributária e na Comissão de Administração da Crise. Foi uma das grandes oportunidades que tive na minha vida. Foi até uma demonstração, não por mim, mas muito mais pelo comando de V. Exª e pela equipe que tínhamos, pela qualidade dos trabalhos, que podem e que devem ser feitos nesta Casa. Muito obrigado pela oportunidade que tive em trabalhar com V. Exª e pelo seu abraço agora.

            Ouço o aparte do Senador Eliseu Resende.

            O Sr. Eliseu Resende (DEM - MG) - Senador Tasso Jereissati, raramente eu ocupo a tribuna deste Senado. Homem público de mais de 40 anos de atividade, pautei a minha vida pública em torno de uma ação contributiva, construtiva, em favor da sociedade brasileira e do progresso do Brasil. Não posso deixar de usar da palavra, no entanto, nessa hora difícil que atravessa o Senado, particularmente, depois de ouvir as palavras de V. Exª, especificamente para saudá-lo e, como um dos membros deste Senado, também para agradecê-lo. Acho que precisamos de ações equilibradas, desprendidas, como a sua, no seu pronunciamento de hoje, para que nós possamos mudar os horizontes sombrios desta Casa, que representa o Senado brasileiro. Parabéns a V. Exª. Que Deus ilumine a todos os Senadores aqui presentes. Que as soluções se encontrem nas mentes de cada um dos Senadores, para que, com confluência de ideias e de princípios, nós possamos fazer com que esses dias difíceis que estamos atravessando desapareçam da nossa frente, para que o Senado possa continuar cumprindo a sua missão, e para que homens públicos que têm história, como V. Exª - também me incluo entre eles - possam sentir-se honrados de representar a sociedade brasileira no Senado da República. Meus parabéns, Senador.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador. V. Exª é um daqueles homens que têm uma vida inteira dedicada a este País, ocupando praticamente todos os cargos de relevância no Executivo, no Legislativo, e figura daquilo que se imagina que seja o Senador da República brasileira: aquele homem ilustre, aquele homem íntegro, que tem uma história e que, por isso, tem que ser respeitado, como deveria ser todo Senador brasileiro.

            Muito obrigado pelo seu aparte, ao final do meu pronunciamento.

            Senador Mão Santa, eu queria agradecer e dizer que, realmente, saio muito aliviado desta Casa, porque me encontrava constrangido diante da população, do meu eleitor cearense e dos meus Pares. Quero dizer que - entendam bem - que essas palavras de desculpas destinam-se à população, aos meus Pares e ao meu eleitor. Essa palavra de desculpa não significa arredar um centímetro, um milímetro sequer dos meus posicionamentos, das minhas convicções, e não poderá significar, e nem deverá ser entendido, em nenhum momento, como omissão, porque, aí sim, as minhas desculpas, se eu vier a ficar omisso, seriam desculpas que não serão aceitas pelo meu eleitor, o povo do Ceará.

            Muito obrigado a V. Exª pela generosidade do tempo.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/08/2009 - Página 35337