Discurso durante a 132ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Aguardo de avanços para solucionar a questão dos aposentados em todo o país. Operação Arco de Fogo, no oeste do Pará, realizada na cidade de Santarém. Intenção de convocar o Ministro Carlos Minc para prestar esclarecimentos no Senado Federal.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Aguardo de avanços para solucionar a questão dos aposentados em todo o país. Operação Arco de Fogo, no oeste do Pará, realizada na cidade de Santarém. Intenção de convocar o Ministro Carlos Minc para prestar esclarecimentos no Senado Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 15/08/2009 - Página 36204
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • PROTESTO, RETROCESSÃO, NEGOCIAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, APOSENTADO, PENSIONISTA, NEGAÇÃO, ORADOR, PARTICIPAÇÃO, PROPOSTA, INFERIORIDADE, REAJUSTE, FALTA, RESPONSABILIDADE, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL (MPS).
  • DENUNCIA, INCOMPETENCIA, MINISTERIO, ESPECIFICAÇÃO, MINISTERIO DA CULTURA (MINC), OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, FECHAMENTO, EMPRESA, REGULARIDADE, EXPLORAÇÃO, MADEIRA, MUNICIPIO, SANTAREM (PA), ESTADO DO PARA (PA), SUPERIORIDADE, DESEMPREGADO, NEGLIGENCIA, GOVERNADOR, DESTRUIÇÃO, ECONOMIA, AMBITO ESTADUAL, ANUNCIO, CONVOCAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, ESCLARECIMENTOS, PLENARIO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente e Senador Alvaro Dias, venho a esta tribuna, na manhã desta sexta-feira, inicialmente, para falar aos aposentados do meu País; em seguida, falarei sobre um grave acontecimento no meu Estado, no oeste do meu Estado, na cidade de Santarém, sobre a operação Arco de Fogo.

            Presidente, sei eu que, nesta semana, que está se findando, houve várias reuniões com o Governo, em função de tentarmos avançar para uma solução no caso dos sofridos aposentados deste País.

            Olhe, V. Exª sabe, assim como o Senador Alvaro Dias, que é um defensor dessa causa e a da Aeros também, que envolvem todos os aposentados e pensionistas deste País, e nós pensávamos que estávamos chegando a uma solução definitiva para acabar, ou pelo menos amenizar, o sofrimento dos aposentados deste País. Mas como é difícil, como é terrível sentar para negociar com este Governo!

            Acabou V. Exª de dizer que não se pode ter consistência na palavra deste Governo; a maioria delas é mentirosa. V. Exª tem absoluta razão! Absoluta razão! No curso das discussões com o Líder Henrique Fontana, a quem elogiei na semana passada, na sexta-feira passada, desta tribuna, o rapaz, o jovem rapaz, estava consciente que os aposentados realmente sofrem muito neste País. E que o Presidente da República - e eu já disse isso por várias e várias vezes aqui -, Presidente Lula, criticou os governos anteriores dizendo que ele, quando fosse Presidente da República, iria resolver esse grave problema, tanto o do maldito fator previdenciário como o do percentual de aumento, o ganho dos aposentados deste País. Parece até que, aqui, estamos questionando algo que não envolva homens e mulheres, filhos deste País. Parece até que estamos tentando resolver uma situação dramática de estrangeiros - aliás, questões relativas a estrangeiros são resolvidas com mais facilidade do que a dos brasileiros; é só perceberem o quanto o Brasil já emprestou para outros países. Já mostrei aqui como é terrível a gente perceber que o Presidente Lula vê, por exemplo, a situação da pobreza do Brasil - observou o sentimento do Fernando Henrique Cardoso - e aumentou o Programa Bolsa-Família. Está certo que é muito pouco para o povo brasileiro. Está certo que - sei disso, Senador Geraldo Mesquita - o que dão para essas famílias pobres do Brasil são as migalhas que caem da mesa farta do Governo.

            É a sobra, é a migalha que cai da mesa farta do Governo Federal, e aí abandonam totalmente esses seres humanos, homens e mulheres, que são os aposentados deste País. Por que, Presidente Lula? Já lhe perguntei várias vezes. Eu não entendo. Explique-me. Mande o seu Ministro incompetente me explicar. Era isto que eu queria falar: estávamos chegando a um entendimento, Senador Geraldo Mesquita, quando este peste, chamado Pimentel, entrou no assunto - e eu não me sento mais à mesa com este Ministro; me nego a participar das reuniões, me nego a participar de reuniões em que este Ministro sentar. Ele foi lá e destruiu toda aquela parte inicial que já estava sendo contornada. Um homem mal. Ó cearenses! Ó cearenses! Pelo amor de Deus! Por Nossa Senhora de Nazaré, como é que me elegem um homem desse para Deputado Federal desse Estado querido e honrado como é o Ceará? Um homem que não tem a menor sensibilidade, Senador Geraldo Mesquita! Sentou à mesa de reunião e destruiu tudo. Acabou tudo. Não se chegou mais a canto nenhum. Derrubou todo o tempo em que estivemos, ordeiramente, tentando resolver a questão.

            O que acho, Senador, é que, sinceramente, agora, dificilmente este Senador sentará mais com o Governo. Eu me nego a isso. Daqui para frente, vou levar essa questão ao conhecimento do meu grande coordenador, o honrado e respeitado Senador Paulo Paim. Não consigo mais conversar com este Governo. Este Governo, na realidade, não está interessado em resolver o problema.

            Não é o Líder da Câmara o Fontana, é o Ministro, é a incompetência, é a maldade, é a irresponsabilidade desse Ministro. Ele ganha bem. Hoje, ele deve estar no Ceará, na casa dele, na mansão dele, geladeira farta, remédios, carro na porta - se não é um, são dois, são três -, salário expressivo... E aqueles que estão lá sofrendo a fome, a falta de remédio, de hospitais, de uma geladeira farta, vendo às vezes o neto, o filho sofrer? E aqueles que trabalharam tanto na sua vida, que dedicaram sua vida inteira a este País e que pensavam que, no final da sua vida, teriam uma vida tranquila, meu Deus, e agora estão a sofrer?

            Senador Geraldo Mesquita, sinceramente, eu acho que esta semana vou sentar com o Senador Paim e vou oferecer o meu suor, nessa luta, ao Senador e aos aposentados do Brasil. Mas o meu suor de ir para as ruas, o meu suor de ir para a rampa do Planalto... Se esse Planalto em que o Presidente Lula está despachando não tem rampa, nós vamos para a porta. Nós vamos para a porta com os aposentados.

            Nós temos que mostrar ao Presidente Lula que basta! Chega de enganação, chega de tortura, Presidente! Não torture mais esses homens e essas mulheres deste País! Isso é uma tortura, Presidente!

            Geraldo Mesquita, querem dar um por cento de ganho, Geraldo Mesquita. Um por cento de ganho! Isso é uma estupidez, isso é uma irresponsabilidade, isso é brincar com o sentimento humano, isso é brincar com a família, isso é brincar com os filhos, isso é brincar com a dignidade, isso é brincar com alguém que dedicou a sua vida inteira a este País, a este Brasil querido!

            Vou conversar, Geraldo Mesquita, vou tentar esta semana convencer os Senadores a nos reunirmos e dar um basta nessa conversa com esse incompetente, desastroso... Aliás, o Governo tem um time de Ministros que são exemplo de incompetência neste País. Aquele Carlos Minc, minha Nossa Senhora de Nazaré! Onde foram buscar aquele homem? Como é que me tiram uma Marina para colocar um Carlos Minc, meu Deus do Céu!? Carlos Minc está mais para Tio Patinhas do que para Ministro, com aquele suspensório e aquele bico que faz para se exibir na frente das câmeras de televisão. Ele adora uma câmera de televisão. Mostra um foco para ele! Ele puxa o suspensório, põe aquele bico a aí se exibe à vontade. Ô Ministro irresponsável e incompetente! É uma turma, uma meia-dúzia de Ministros que o Lula selecionou para brincar com o povo do Pará e com o povo do Brasil. Este, ontem, mandou novamente a operação Arco de Fogo fechar as empresas de Santarém. Santarém é uma cidade pacata, maravilhosa, de uma população trabalhadora, de uma população ordeira. Chegou lá a Polícia Federal. Nada aqui contra a Polícia Federal.

            Lógico que a Polícia Federal recebe ordem. E recebeu ordem para fechar as empresas de Santarém, como se não bastasse a quantidade de empresas produtoras regulares, regulares, que foram fechadas no sul e sudeste do Pará: Tailândia (no oeste), Altamira, Paragominas. Como se não bastasse isso, agora, o Ministro, com a sua irresponsabilidade... Aliás, vamos até mais longe, sinceramente, olho para aquele Ministro, veja as suas entrevistas na televisão, olho para suas atitudes na televisão, e ele me parece um louco, ele me parece um maluco. Um Ministro que diz que foi ao movimento pró-maconha, o que ele é? Que exemplo ele está dando à Nação brasileira, que exemplo está dando aos jovens brasileiros? É um louco. Como é que o Lula pode ter em seu Ministério um louco.

            Ontem fecharam indústrias em Santarém com mais de 28 anos de funcionamento, mais de 28 anos, mais de cem empregados. Já estamos na faixa de Santarém com mais de mil empregados demitidos. Se não bastassem as enchentes, se não bastasse a crise econômica, vai o louco do Minc e manda a Polícia Federal destruir a economia de Santarém. Parece que é contra o meu Estado. Não vejo em outros Estados, eu só vejo no Pará. A agressão é a meu Estado. Onde está a Governadora Ana Júlia Carepa? Onde está a nossa Governadora Ana Júlia Carepa, que foi muito bem votada na cidade de Santarém? Onde está ela? Eu sei onde está. Não vou dizer, senão vão crivar-me de denúncias.

            Governadora, vá lá, Governadora, e impeça isso. Mostre o seu pulso, mostre o seu amor a seu Estado, Governadora. Mostre a eles que não é fechar para depois conversar; é o inverso, Governadora: conversar para depois fechar.

            Eles não querem saber quem está regular ou irregular, chegam lá fechando tudo, destruindo tudo, prendendo os empresários. Um empresário, em Altamira, foi preso duas vezes num dia só. E o doido, o maluco do Carlos Minc não quer nem saber. Dói, dói ver aquilo que se criou durante um tempo, aquilo que se construiu no meu Estado durante um tempo ser destruído com o aceite, com o “concordo” da Governadora.

            Presidente, nesses momentos é que eu tenho inveja desse cargo. Se eu estivesse à frente de um Poder de um Estado como o Pará e me acontecesse isso, Senador Cristovam, eu faria o maior barulho desta Nação. Eu estaria à frente, eu quereria ver fecharem as empresas regulares do meu Estado. Se se sentassem para conversar, se se sentassem para fiscalizar e verificassem que estava errado, eu aplaudiria; mas, na marra, fechar tudo, regulares e irregulares, colocar tudo dentro do mesmo saco, propositalmente, para acabar com a economia do Estado, porque Santarém é a maior cidade do Estado do Pará e uma das que mais produzem, uma das que mais crescem no meu Estado... Proposital! Direcionado! E a nossa Governadora cruza os braços.

            É por isso que eu venho aqui a todo momento, é por isso que eu luto, é por isso que eu falo, é por isso que eu mostro à Nação, é por isso que eu mostro ao meu Estado o meu dever, a minha obrigação de estar aqui defendendo esse Estado querido, porque eu estou vendo a desgraça que está acontecendo com o meu Estado a cada dia. Ninguém respeita mais o Estado do Pará. E o Estado morre lentamente, Senador Cristovam Buarque, na sua economia.

            Senador como eu, que nasci, me criei e aprendi a amar e a respeitar o meu Estado, poderia ficar calado? Como querem que eu me cale, Senador? Como querem que eu me cale? Como querem que esta voz não venha a esta tribuna denunciar, falar, e não só falar, mas tomar providências?

            Na segunda-feira, vou entrar com um ofício, junto à Mesa Diretora, pedindo a presença do Carlos Minc. Quero olhar na cara dele aqui no Senado! Eu quero olhar! Eu quero dizer-lhe algumas boas! Eu vou lhe dizer, na sua cara, Ministro! Espere o momento!

            Vou trazer o Ministro aqui e quero falar a ele da desgraça que ele está fazendo contra o meu Estado. Falei! E eu gostaria de que o povo do meu Estado estivesse nessa reunião. Vou dizer aqui o dia, vou dizer aqui o momento, vou dizer aqui a hora. Vocês verão o que eu vou dizer ao Carlos Minc.

            Na segunda-feira, Sr. Presidente, entrarei com um ofício junto à Mesa Diretora pedindo a presença do Carlos Minc aqui neste plenário, não em comissão. É muito sério, é muito grave. Ele está destruindo um Estado, ele está transformando um Estado num mundo de desempregados, ele está transformando um Estado num mundo de violência porque o desemprego gera violência.

            Eu quero perguntar ao Ministro porque ele apoia os fumadores de maconha. Eu quero perguntar ao Ministro o que ele tem contra o meu Estado. Eu quero perguntar para o Ministro qual é o acordo que a Governadora tem com ele para a destruição do meu Estado. Eu quero perguntar a ele.

            Quero que V. Exª comunique ao Presidente Sarney a minha providência de trazer o Ministro ao plenário, não à comissão, para ser arguido pelos Senadores e quero ter a oportunidade de questionar o Ministro Carlos Minc porque o Ministro só mete o bedelho no meu Estado, porque o Ministro tem ódio mortal do meu Estado e porque a minha Governadora não toma nenhuma providência.

            Meu Pará, meu Estado querido, pode ter certeza de que eu sei que o meu debate, que as minhas críticas aqui nesta tribuna me custam caro, me custam perseguição, mas jamais me arredarei dos meus direitos e dos direitos do paraense. Jamais! Custe-me o que me custar, jamais me arredarei.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


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