Discurso durante a 134ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem a memória de Euclides da Cunha.

Autor
Flávio Arns (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Flávio José Arns
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ENSINO SUPERIOR. HOMENAGEM.:
  • Homenagem a memória de Euclides da Cunha.
Publicação
Publicação no DSF de 19/08/2009 - Página 36641
Assunto
Outros > ENSINO SUPERIOR. HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PRESENÇA, REITOR, PROFESSOR, PRESIDENTE, FUNDAÇÃO, APOIO, UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANA (UFPR), ELOGIO, QUALIDADE, ENSINO, QUADRO DE PESSOAL.
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, EUCLIDES DA CUNHA (BA), ESCRITOR, LIVRO, DESCRIÇÃO, LUTA, SUBSISTENCIA, POVO, REGIÃO NORDESTE, GUERRA, MUNICIPIO, CANUDOS (BA), ESTADO DA BAHIA (BA), REGISTRO, RECONHECIMENTO, OBRA INTELECTUAL, CONVITE, PARTICIPAÇÃO, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (ABL), IMPORTANCIA, CONTRIBUIÇÃO, DEFESA, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, COMBATE, EXPLORAÇÃO, TRABALHO, SERINGUEIRO, NECESSIDADE, GARANTIA, DIREITOS, PRESO POLITICO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero também, em primeiro lugar, homenagear V. Exª pela iniciativa, assim como a de outras Srsª Senadoras e outros Srs Senadores nesta justa homenagem a Euclides da Cunha.

            Antes de falar sobre esse assunto, quero saudar aqui também o Reitor da Universidade Federal do Paraná, que está aqui visitando-nos, o Professor Zaki Ackel, o ex-Reitor da Universidade Federal do Paraná, e grande amigo da nossa família, o Professor Ocyron Cunha, e também o Professor Pedro José Steiner, neto, que é Presidente da Funpar (Fundação de Apoio à Universidade Federal do Paraná). Faço esta homenagem pela qualidade da instituição da Universidade Federal do Paraná, a Universidade mais antiga do Brasil, e também pelo fato de eu ser Professor da Universidade Federal do Paraná, do seu Setor de Educação, porém licenciado, em função do mandato Parlamentar. Sejam muito bem-vindos. É uma alegria ter o Reitor, o ex-Reitor e o Presidente da Funpar presentes a esta homenagem a Euclides da Cunha.

            Sr. Presidente, Srsª e Srs Senadores, ao longo de toda a semana, as celebrações dos 100 anos da morte de Euclides da Cunha agitam jornais, editoras e um arsenal de profissionais, principalmente preocupados em reescrever sua biografia e propor releituras da obra.

            Eu próprio, durante esta semana, tive a ocasião de ver em vários canais de televisão programas muito interessantes, muito bem elaborados sobre Euclides da Cunha.

            Se Os Sertões, invariavelmente a obra que lhe deu notoriedade, é ensaio historiográfico, relato jornalístico, ficção de alto valor estético ou o resultado de todos esses gêneros; se o autor estava por demais imerso nas ideias positivistas, no evolucionismo ou no cientificismo crescentes desde meados do século XIX, deixemos para o mundo acadêmico aprofundar-se nessas questões. A Casa quer homenagear o brasileiro ilustre. O analista metódico da terra e do homem, da política e da História.

            Euclides da Cunha, como já foi mencionado, foi engenheiro, jornalista, bacharel em matemática e ciências físicas e naturais, poeta e prosador, sociólogo..., mas, acima de tudo, um brasileiro interessado no seu País. Levantou pontes, abriu estradas, viu nascer e apoiou grandes projetos na construção civil, mas muito mais construiu a Nação nos muitos textos que produziu sobre ela, fruto de viagens de um senso de observação inigualável.

            Muitos dos leitores da melhor qualidade de Os Sertões consideraram um exagero de Euclides da Cunha falar da “essência” nacional presente no sertanejo, quando, na verdade, somos um País de diversidade cultural, um País regionalmente múltiplo. Mas, lendo o conjunto da obra, vê-se claramente as transformações que o próprio País produziria na mente do escritor. Amadurecido, ele mesmo perceberá os vários brasis e a necessidade de abraçar um povo tão diverso de carências.

            A vocação para a palavra valeria para Euclides da Cunha uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, em 1903, 106 anos atrás portanto. Influenciou outros mestres da nossa literatura. Foi lido por Mário de Andrade e por Guimarães Rosa, que, do seu livro À margem da História extraiu o famoso termo “nonada”, com que abre o seu Grande Sertão:veredas!

         Homenageamos em Euclides um homem que tinha um projeto literário sobre a Amazônia, terra que conhecia melhor do que conhecera o sertão baiano dos massacres de Canudos. E por conhecer melhor a Amazônia, já critica - há cem anos passados - a depredação da floresta, a escravidão e a semiescravidão no regime de trabalho dos seringais. E sonha com uma nova civilização fundada pelo seringueiro nordestino que toma posse dessa terra e a defende do vizinho estrangeiro. Percebamos a atualidade de Euclides da Cunha!

            Além disso, em plena vigência do Governo Floriano Peixoto, manifestou-se pela necessidade de respeitar os direitos dos presos políticos.

            Portanto, segue vivo em nossa memória um patriota - resguardado o melhor sentido que o termo possa assumir - que não se calou diante dos grandes temas de seu tempo, deixando sempre prevalecer a lealdade para com o leitor. Um escritor que exaltou a resistência popular, fazendo da sua ficção um espaço para erigir como heróico um povo vencido. Enfim, um narrador, emocionalmente envolvido com o relato. Esse foi Euclides da Cunha, e, com tal característica, deixou-nos com Os Sertões, um monumento das letras brasileiras, e com sua vida um legado à cultura nacional.

            Obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/08/2009 - Página 36641