O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, o Incaper, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural, sempre se destacou pelo pioneirismo na criação e aperfeiçoamento de tecnologias agrícolas e pelo apoio decisivo que presta aos agricultores do Espírito Santo. No mês passado, demonstrou mais uma vez que está na vanguarda entre as instituições de pesquisa agrícola do País, ao desenvolver, em parceria com a Embrapa de Minas Gerais, uma nova variedade de milho, maior, mais resistente e com mais nutrientes que as atuais.

            Mais avermelhado e denso, o Capixaba Incaper 203, que ficou conhecido como Milho Capixaba - em linguagem indígena, capixaba significa roça de milho -, foi criado por meio de pesquisas iniciadas em 1985, com a seleção e avaliação de espigas e o início dos cruzamentos, por meio do replantio. Onze anos depois, 5 espigas foram selecionadas para a produção das sementes. Seguiram-se mais 8 anos de avaliações laboratoriais, até a aprovação final e a distribuição das sementes para mil produtores do Estado. Até 2012, espera-se que a variedade seja cultivada por 20 por cento dos produtores de milho do Espírito Santo.

            Muitas características especiais diferenciam o Milho Capixaba das outras espécies, a começar pelo fato de que cada planta pode produzir até 2 espigas, enquanto as normais produzem só uma. Ele tem maior número de fileiras de grãos, peso até 20 por cento superior, maior quantidade de palha, o que garante proteção mais eficiente contra pragas, e tolera melhor a seca e as altas temperaturas. As sementes podem ser aproveitadas em 3 a 5 cultivos sucessivos, o que não ocorre com outros tipos de milho. Assim, o custo para o produtor é menor.

            Para o consumidor, as vantagens do Milho Capixaba concentram-se no alto teor nutritivo. Comparado aos tradicionais, ele tem 30 por cento a mais de proteína, 45 por cento a mais de gordura, 48 por cento a mais de calorias, 3 vezes mais cálcio e 45 por cento a mais de fósforo.

            Parceira do Incaper no projeto, a fazenda da família Caliman, descendentes de italianos que vivem há mais de um século em Venda Nova do Imigrante, na região serrana do Espírito Santo, já colhe a segunda safra do Milho Capixaba, com resultados tão bons que, no próximo plantio, ampliará a área da lavoura de 2 para 5 hectares.

            Alimento básico de antigas civilizações como os maias, astecas e incas, o milho é cultivado no continente americano desde 5 mil anos antes de Cristo. Atualmente, é o terceiro cereal mais produzido no mundo, atrás do trigo e do arroz. No Brasil, era o principal ingrediente da dieta dos índios, mas foi perdendo espaço na mesa dos brasileiros, embora seja um dos alimentos mais nutritivos do mundo.

            A falta de divulgação de suas qualidades nutricionais faz com que, hoje em dia, apenas 15 por cento da produção nacional seja dedicada ao consumo humano. Num país em que parte da população sofre de graves problemas causados pela desnutrição, é lamentável que isto aconteça.

            O milho contém vitaminas A e do complexo B, carboidratos, proteínas, gorduras, amido, fósforo, ferro e cálcio, além das fibras das cascas dos grãos. Cinquenta gramas de farinha de milho têm o mesmo valor em proteína de um pão francês de peso idêntico, mas contêm 33% a mais de calorias.

            O supermilho capixaba abre novas perspectivas para a difusão da cultivo e do consumo do cereal no Brasil. Além disso, o Incaper continua desenvolvendo pesquisas para aperfeiçoar ainda mais suas qualidades. Seus técnicos merecem congratulações pelo trabalho que realizam, além de todo incentivo possível para que possam prosseguir desenvolvendo alimentos mais nutritivos, mais baratos e de maior produtividade. É um esforço de cujos resultados todos os capixabas devem se orgulhar.

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