O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Mozarildo Cavalcanti, autor da realização desta sessão; Sr. 3º Secretário do Senado Federal, Exmº Sr. Senador Mão Santa, que presidiu até poucos instantes esta sessão; 1º Secretário em exercício desta homenagem, Exmº Sr. Senador Mozarildo Cavalcanti, já citado; Exmº Sr. Senador Alvaro Dias, que compõe a Mesa; Exmº Sr. Senador Romeu Tuma, que sempre se emociona quando faz aparte a essas sessões; Sr. 4º Secretário da Câmara dos Deputados, Exmº Sr. Deputado Federal Nelson Marquezelli; Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, Sr. Marcos José da Silva; Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal, Sr. Jafé Torres e Grão-Mestre Vice-Presidente da Confederação Nacional da Maçonaria do Brasil, Sr. Rubens Ricardo Franz, irmãos maçônicos DeMolays; cunhadas; senhoras e senhores, não poderia deixar de associar-me às justas homenagens que o Senado da República presta à Maçonaria brasileira nesta sessão especial pelo transcurso de mais um Dia do Maçom.

            A própria data escolhida para comemoração do Dia do Maçom serve de atestado eloquente da vigorosa e extremamente relevante contribuição da Maçonaria para a constituição deste País. Afinal, Sr. Presidente, a celebração do Dia do Maçom em 20 de agosto rememora a reunião ocorrida nessa mesma data, no ano de 1822, quando, em Assembleia-Geral Maçônica, no Rio de Janeiro, votou-se, com entusiasmo e unanimidade, a favor da urgente necessidade de independência do Brasil.

            Com efeito, a própria criação do Grande Oriente do Brasil naquele ano teve por motivação principal comprometer a Maçonaria, como instituição, com a luta pela independência política do Brasil. Esse vínculo está registrado, de forma explícita, nas atas das primeiras reuniões da organização que se estava criando, pois, desses documentos, consta que somente seria admitida a iniciação ou a filiação nas lojas maçônicas do Grande Oriente de pessoas que se comprometessem com o ideal da independência do Brasil.

            Se todos os maçons estavam comprometidos com essa luta, alguns entre eles assumiram nela papel de grande destaque. É o caso, entre muitos outros, de Joaquim Gonçalves Ledo, do sacerdote e maestro Januário da Cunha Barbosa e, principalmente, de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patrono da Independência que foi eleito o Primeiro Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil.

            O esforço dos maçons de trazer novos adeptos para sua causa acabou por conquistar o próprio Príncipe Regente. Em 2 de agosto de 1822, por proposta do Grão-Mestre José Bonifácio, Dom Pedro de Alcântara foi iniciado em Assembleia- Geral do Grande Oriente, adotando o “nome heróico” de Guatimozim, o último imperador asteca, assassinado por Cortez, no México, em 1522. Apenas um mês mais tarde, o novo maçom daria consequência prática ao compromisso da instituição cujos ideais abraçara, proclamando a independência de nosso País.

            Já antes da Independência, contudo, os maçons estiveram presentes nos fatos importantes da história brasileira, podendo-se destacar sua participação na Inconfidência Mineira, na Conjuração Baiana e na Insurreição Pernambucana de 1817. E, também após a Independência, seguiram os maçons deixando sua marca nos episódios relevantes da nossa história, como a Regência, a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a atuação que a Maçonaria teve ao longo da nossa história foi sempre no fiel desempenho de sua missão de colaborar para o progresso moral, intelectual, científico e filosófico da humanidade. Tal como no resto do mundo, também aqui no Brasil os maçons trabalharam sempre em favor da prosperidade, da solidariedade e da justiça.

            A Maçonaria é uma instituição formada por homens livres e retos, de bons costumes, que pautam o seu comportamento pelo princípio da tolerância, da filantropia, da justiça e da permanente busca da verdade. Como associação iniciática, filosófica, filantrópica e educativa, orienta-se pelos princípios da liberdade para os homens; da igualdade dos direitos e deveres entre todos; e da fraternidade entre os filhos do mesmo Criador, em todas as nações.

            Em função dos elevados valores que a orientam, a Maçonaria atraiu o interesse e o engajamento de homens extraordinários em muitos países e em diversos períodos históricos, a exemplo dos escritores e filósofos Voltaire, Goethe e Victor Hugo; de músicos como Beethoven e Mozart; de militares como Napoleão Bonaparte, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto; de incontáveis defensores da liberdade como George Washington, San Martin, Bolívar, José Martí e Giuseppe Garibaldi.

            Todos esses homens notáveis devem ser sempre enaltecidos. É igualmente justo, contudo, lembrar, nesta data, aqueles muitos milhares de maçons espalhados pelas cidades de todo o Brasil que, desconhecidos do grande público, dedicam-se igualmente aos valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Afinal, Sr. Presidente, a missão da Maçonaria é particularmente importante para os milhares de Municípios espalhados pelo interior do País, onde a instituição realiza inúmeras atividades humanitárias que diariamente levam abrigo para os idosos, saúde para os doentes, auxílio para os pobres, comida para os famintos e futuro para os jovens.

            Gostaria de homenagear, ainda, a Maçonaria do meu Estado de Rondônia, lembrando do nome de Esron Penha de Menezes, jornalista, historiador, Professor Capitão Bombeiro. Iniciou sua vida na Maçonaria em 8 de junho de 1943 na Loja Maçônica União e Perseverança nº 947, onde chegou a ser o Venerável Mestre. Fundou várias lojas maçônicas na capital e interior do Estado de Rondônia. Foi o primeiro presidente da Assembleia Legislativa Estadual Maçônica, Presidente de Corpos Superiores da Maçonaria, tendo alcançado o grau máximo na Instituição - Grande Inspetor Geral da Ordem, Grau 33 - e detentor de várias comendas maçônicas.

            No ano de 2007, foi agraciado com a mais alta condecoração maçônica, a medalha “Comendador da Ordem do Mérito de D. Pedro I”, fato raro, ocorrido pela primeira vez em 90 anos, na Loja União e Perseverança de Porto Velho.

            Apesar da idade avançada - Esron tinha 94 anos - frequentava com assiduidade a Loja Maçônica Luz e Perseverança, sempre com a humildade, dignidade e competência que o distinguiram no seio maçônico.

            Eu queria dizer ao Senador Romeu Tuma que a Maçonaria também proporciona longevidade. Os homens ficam mais serenos, tratam melhor as suas esposas, seus filhos. Esse é o exemplo de Esron, que, com 94 anos, ainda frequentava a Maçonaria.

            Em janeiro deste ano, Esron nos deixou, foi para o “Oriente Eterno”, deixando uma grande lacuna e abatendo de tristeza toda a Maçonaria do meu querido Estado de Rondônia.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao juntar minha voz às homenagens que o Senado Federal hoje presta à Maçonaria brasileira, congratulo-me com todos os maçons do País, expressando minha integral confiança em que, sob a inspiração do Grande Arquiteto do Universo, continuarão eles a edificar sua extraordinária obra em prol do progresso da humanidade.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado. (Palmas.)

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