Discurso durante a 136ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem à Maçonaria Brasileira pelo transcurso do Dia do Maçom.

Autor
Efraim Morais (DEM - Democratas/PB)
Nome completo: Efraim de Araújo Morais
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à Maçonaria Brasileira pelo transcurso do Dia do Maçom.
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2009 - Página 37708
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, MAÇONARIA, BRASIL, OPORTUNIDADE, COMEMORAÇÃO, DIA NACIONAL.
  • RELEVANCIA, ATUAÇÃO, MAÇONARIA, DEFESA, SOBERANIA, LIBERDADE, DEMOCRACIA, IMPORTANCIA, OBRA FILANTROPICA, ESPECIFICAÇÃO, MANUTENÇÃO, CRECHE, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, CRIANÇA CARENTE, APOIO, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, INSTITUIÇÃO ASSISTENCIAL, IDOSO, REALIZAÇÃO, CAMPANHA, PREVENÇÃO, CONSUMO, DROGA, PROGRAMA, RECUPERAÇÃO, VICIADO EM DROGAS.
  • COMENTARIO, HISTORIA, MAÇONARIA, IMPORTANCIA, PARTICIPAÇÃO, VULTO HISTORICO, PERSONAGEM ILUSTRE, CONTRIBUIÇÃO, FORMAÇÃO, NATUREZA CULTURAL, DEFESA, ETICA, MORAL, SOCIEDADE.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador e irmão Mozarildo Cavalcanti; meu caro Vice-Governador, companheiro e Senador Paulo Octávio, aqui representando o Governador Arruda e o Distrito Federal; Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, Marcos José da Silva; meu caro irmão, companheiro, amigo, Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal, Jafé Torres; Grão-Mestre e Vice-Presidente da Confederação Maçônica do Brasil, Rubens Ricardo Franz; meus caros Senadores; Exmªs Srªs Senadoras; meus irmãos; meus caros DeMolays, senhoras e senhores, é com muita honra que venho a esta tribuna celebrar uma instituição cujos trabalhos estão intimamente associados às origens de nossa independência e formação nacional, com presença expressiva e seminal em nossa história.

            Refiro-me à Maçonaria, que festeja hoje, em todo o mundo, o Dia do Maçom. Foi em seu âmbito que se reuniram os mais destacados patriotas brasileiros, no final do século XVIII, com a Inconfidência Mineira, e no início do século XIX, com a Independência, pensando e concebendo não apenas a emancipação do País, mas um projeto - político, econômico e social - que o sustentasse.

            E isso não ocorreu apenas no Brasil. A Maçonaria, afinal, é uma instituição que, historicamente, agrega e congrega homens de saber, que lutam e buscam o mesmo objetivo: o bem comum. Por isso mesmo, Sr. Presidente, é a Maçonaria uma das primeiras instituições a exercer a globalização, em seu sentido mais benéfico.

            Nesses termos, participou ativamente de movimentos políticos e sociais que entraram para a história mundial como decisivos para a evolução socioeconômica e humanitária do planeta. Sr. Presidente, aqui já foram citados, mas cito, entre muitos outros, a Revolução Francesa, a Independência dos Estados Unidos da América, a Independência do Brasil, a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República.

            Alguns dos principais personagens que exerceram papel de relevo em nossa formação nacional eram maçons. Já foram citados aqui, pelo nosso Presidente, Senador Mozarildo, entre outros, José Bonifácio, Joaquim Gonçalves Ledo, D. Pedro I, D. Pedro II, Deodoro da Fonseca, Joaquim Nabuco, Tiradentes, Rui Barbosa e Duque de Caxias.

            Eram maçons também os Inconfidentes de Minas Gerais, entre os quais - eu já citei - Tiradentes, herói máximo da Nação. Data daí o surgimento de uma interjeição, nascida, segundo a história, como senha dos inconfidentes-maçons: o “uai” dos mineiros. Quantos mineiros aqui temos? Algum mineiro? (Pausa.) Temos vários mineiros aqui. Então, o “uai”, hoje evidentemente associado à cultura mineira, era, no entanto, uma sigla dos maçons inconfidentes, que significava “união, amor e independência”. Quando se reuniam, geralmente longe das vistas das autoridades coloniais, o acesso dependia da senha “uai”. São curiosidades históricas que mostram a profunda presença da Maçonaria em nossa formação cultural.

            Pois bem, Sr. Presidente, poderia citar dezenas de outros, inclusive contemporâneos, mas estes, creio, já dão uma ideia da dimensão da presença maçônica entre nós.

            Sempre atuante nos instantes mais adversos de nossa história, a ação da Maçonaria se caracteriza pela bravura, intrepidez e precisão. Despojado de ideologias políticas circunstanciais, o maçom brasileiro imprimiu marca indelével em nossa história, mediante introdução e sustentação de alto padrão de valores morais e éticos. Comprometido com a soberania nacional, não abriu mão dos ideais republicanos, tampouco do processo de consolidação do regime democrático.

            Historicamente, a Casa Maçônica brasileira se instala em 20 de agosto de 1822, no momento em que Joaquim Gonçalves Ledo, um dos artífices da Independência, profere discurso conclamando os brasileiros a lutarem por sua emancipação. Junto com ele, figuras de destaque na política e na vida pública nacionais lutaram contra o domínio colonial de Portugal. Entre outros, José Bonifácio de Andrada e Silva, Hipólito José da Costa, Evaristo da Veiga, José Clemente Pereira, Padre Januário da Cunha Barbosa - todos maçons e patriotas.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, minhas senhoras e meus senhores, segundo os estudiosos, o empenho dos maçons por nossa autonomia política é a tal ponto marcante que Dom Pedro I, um mês após a Proclamação da Independência, seria aclamado Grão-Mestre Geral da Maçonaria no Brasil. Nos processos da abolição da escravatura, da proclamação da República e da extensão do direito ao voto às mulheres brasileiras, a dinâmica não foi menor nem menos intensa.

            Vale recordar que, da campanha abolicionista, participaram ardorosamente, entre outros maçons, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e nosso patrono Rui Barbosa. Na campanha republicana, sobressaíram os confrades Benjamin Constant, Quintino Bocaiúva e Marechal Deodoro da Fonseca. Não seria exagero lembrar que este último protagonizou eventos épicos em nossa história, seja como figura-chave na queda do Império, seja como nosso primeiro Presidente da República.

            A trajetória da Maçonaria registra ainda numerosos outros brasileiros ilustres, que integraram seus quadros na diplomacia, nas artes e na vida pública, como o Barão do Rio Branco, o compositor Carlos Gomes, Duque de Caxias, Pinheiro Machado e os Presidentes Hermes da Fonseca, Prudente de Moraes, Wenceslau Brás e Washington Luís, entre muitos outros.

            Sr. Presidente, da perspectiva internacional, a Maçonaria chega a reunir mais de 11 milhões de membros em todo o mundo. Desconhece-se outra organização análoga com tal dimensão e com tal currículo.

            Suas origens remontam ao século XII, quando artífices e mestres de obras europeus, buscando manter em segredo detalhes das construções góticas, criaram um sistema de códigos que os distinguiram como uma confraria. Aqui e alhures, a confraria tem por objetivo reforçar o caráter, aprimorar a essência moral e espiritual e ampliar os horizontes culturais da sociedade humana.

            Trata-se de uma sociedade fraternal, que não distingue raça, religião, ideal político ou posição social, exigindo apenas dos seus integrantes espírito filantrópico e desejo de aprimoramento.

            Embora seus ensinos e fundamentos remontem à época do rei Salomão, ao tempo da construção do lendário Templo de Israel, no século IX antes de Cristo, sua origem como instituição data de 1175, quando pedreiros ingleses, no intuito de guardarem em segredo a forma das construções, organizaram-se sob a guarnição espiritual de São João Batista. De lá para cá, não há país, no Ocidente, que não tenha sido alcançado, em sua formação, pela ação civilizatória dos maçons.

            Se, nos dias de hoje, a instituição não é diretamente associada no Brasil ao meio político, e já não tem a mesma visibilidade, não é porque deixou de influenciá-lo ou porque dele esteja ausente. Seu protagonismo já não é institucional. Exerce-se por meio de seus adeptos, que, nos mais altos postos da República e dentro de setores estratégicos da sociedade civil organizada, continuam a disseminar seus valores e princípios morais regeneradores.

            Há pouco, Sr. Presidente, o Senado publicou livro coligindo discursos de parlamentares maçons brasileiros - permita-me, de autoria de V. Exª e deste orador que vos fala -, que abrangem período de meio século: dos anos 50 do século passado aos nossos dias. São apenas, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, meus caros irmãos, um fragmento do muito que há no imenso acervo memoralístico do Senado Federal, que precisa dar sequência a essas publicações, que servem de estímulo a que pesquisadores rompam o silêncio que cerca a história da Maçonaria na política do Brasil, preenchendo, assim, a omissão de nossa historiografia oficial e descortinando nova era esclarecedora de nosso passado.

            Penso - e já tive a oportunidade de dizê-lo em outras ocasiões - que este Dia do Maçom, o 20 de agosto, por sua relevância histórica, deveria constar do calendário cívico do País e que as personalidades nacionais, inscritas no Panteão dos Heróis da Pátria, deveriam ser identificadas como maçons, já que agiram sob a inspiração e a orientação daqueles princípios éticos permanentes.

            Além da defesa da soberania, da liberdade da democracia, a Casa Maçônica do Brasil desenvolve obra filantrópica meritória, incorporando uma multiplicidade de iniciativas de natureza social. No meio de tantas iniciativas, merecem destaque especial a manutenção de creches e escolas para crianças carentes e portadoras de deficiência, o apoio a escolas de aprendizagem profissional e a sustentação de abrigos para idosos. A essas, somam-se, igualmente, as campanhas para prevenção ao uso de drogas e programas para recuperação de viciados.

            Antes de concluir, Sr. Presidente, quero aqui registrar, com muita alegria, que a loja União Maçônica Cajazeirense, no meu Estado, a Paraíba, nº 20, realiza, entre os dias 21 e 23 - de amanhã até o dia 23, e terei a felicidade de, amanhã, estar na cidade de Cajazeiras, participando desse encontro como debatedor -, o XVII Congresso Paraibano da Ordem DeMolay, que é o nosso capítulo Príncipe da Paz nº 38.

            Claro, em relação à Ordem DeMolay, não devo falar mais do que isto: para ser útil à sociedade, não é preciso ser DeMolay, mas, para ser DeMolay, é preciso ser útil á sociedade.

            Meu abraço fraterno a todos, a esses jovens que, com certeza, estarão dando continuidade à história da Maçonaria não só do mundo, mas à Maçonaria do nosso Brasil.

            Por tudo isso, Sr. Presidente, concluo, enaltecendo tão relevante data, parabenizando V. Exª, Senador Mozarildo, por mais esta sessão. Tenho certeza de que, pelos próximos seis anos, V. Exª ainda aqui estará. Portanto, todo dia 20 será para reunirmos nossos irmãos maçons, para mostrar ao Brasil o trabalho que é desenvolvido pela nossa Maçonaria. Por isso, enalteço tão relevante data, realçando o papel da Maçonaria brasileira na construção da história do País; da contribuição à sua maturidade política ao compromisso com ação social filantrópica. Tudo leva a assinatura da confraria maçônica.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2009 - Página 37708