Discurso durante a 136ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem à Maçonaria Brasileira pelo transcurso do Dia do Maçom.

Autor
Rosalba Ciarlini (DEM - Democratas/RN)
Nome completo: Rosalba Ciarlini Rosado
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à Maçonaria Brasileira pelo transcurso do Dia do Maçom.
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2009 - Página 37710
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, MAÇONARIA, SAUDAÇÃO, MEMBROS, AUTORIDADE, PRESENÇA, SESSÃO.
  • IMPORTANCIA, TRABALHO, MAÇONARIA, CONSCIENTIZAÇÃO, UNIÃO, CORREÇÃO, DESEQUILIBRIO, INJUSTIÇA, TRANSFORMAÇÃO, SOCIEDADE.
  • REGISTRO, PRESENÇA, PARENTE, ORADOR, PARTICIPANTE, MAÇONARIA, FILHO, FUNDADOR, LOJA, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Senador Mozarildo. Eu quero aproveitar e parabenizá-lo por esse trabalho que o senhor desenvolve, de valorização, de reconhecimento à Maçonaria do Brasil e do mundo.

            Quero cumprimentar o Vice-Governador Paulo Octávio, as autoridades maçônicas aqui presentes, os senhores e as senhoras maçons, as Samaritanas, os DeMolays, as Filhas de Jó, e agradecer ao Senador Cristovam Buarque, ao Senador Cícero Lucena e ao Senador Jayme Campos, que me concederam a sua vez. Tenho de ir para o meu Estado, sou do Rio Grande do Norte, e hoje preciso chegar cedo - o voo é agora, às 12 horas - porque vou receber uma homenagem que muito me honra e gratifica, que é a Medalha do Tratado de Amizade da Maçonaria.

            Meus queridos irmãos e irmãs, peço-lhes humildemente que aceitem a referência fraterna, não como artifício de retórica ou licença poética, mas como a expressão real do sentimento de comunhão, porque aqui me sinto entre iguais, irmanada com vocês no culto dos valores morais e na prática dos princípios humanistas que uma só palavra resume com perfeição: fraternidade.

            Senhoras e senhores maçons, meus irmãos brasileiros, na minha história de vida, a Maçonaria sempre esteve presente. Sou tataraneta de João da Escócia, e a Maçonaria da minha cidade, a 24 de Julho, da qual ele foi um dos fundadores, teve um papel fundamental na luta pela liberdade. A minha cidade, Mossoró, fez a abolição da escravatura cinco anos antes da Lei Áurea, e todo esse movimento se deu na Maçonaria. Essa história a cidade reverencia e o dia 30 de setembro é a data maior na cidade de Mossoró, cidade que, tenho orgulho de dizer, é terra de liberdade. Tudo isso fruto de uma ideia, de um trabalho, de uma ação fraterna da Maçonaria que contagiou toda uma comunidade.

         Acredito que o ser humano é intrinsecamente bom, é naturalmente inclinado para o bem, embora as circunstâncias tantas vezes desviem um ou outro da via iluminada pela compaixão, a tolerância, a solidariedade.

         Somos filhos e filhas de um tempo marcado pelas contradições. Nunca a Humanidade foi tão longe na capacidade de criar meios e formas capazes de melhorar a vida de tantas pessoas. Mas, apesar de tantos avanços técnicos, de tantas revoluções científicas, de tantas doutrinas político-ideológicas, ainda convivemos - nos países pobres e nos mais ricos também - com desigualdades econômicas e sociais que negam o conceito de civilização. Ainda convivemos com injustiças sociais que fazem da nossa dita “modernidade” uma extensão indesejável da Idade Média.

            Doenças antes tidas como mortais hoje são perfeitamente curáveis com remédios, técnicas e equipamentos que parecem de ficção científica. Mas ainda há crianças morrendo de doenças provocadas pela falta de água potável e rede de esgotos.

            Aprendemos a produzir alimentos em grande quantidade e variedade, até mesmo nas regiões mais desérticas e inóspitas, onde a vida era dada como impossível. Mas ainda somos incapazes de garantir a todas as pessoas o acesso diário a um prato de comida.

            Desenvolvemos tecnologias de acesso ao conhecimento e à informação impensáveis até bem pouco tempo, realizando a profecia, datada de mais de meio século, do mundo como uma aldeia global. Mas ainda não conseguimos erradicar o analfabetismo, nem conseguimos colocar todas as crianças na escola, nem valorizamos algo que é importantíssimo na educação, que é a educação infantil, a creche e a pré-escola, o primeiro passo. Neste Brasil, apenas 13,7% das nossas crianças estão tendo esse direito. Isso arrisca perigosamente o futuro delas e o nosso como sociedade.

            Essa lista, que ampara o que eu disse sobre as contradições dos nossos dias, poderia ser acrescida indefinidamente. Mas o meu objetivo, ao pinçar alguns exemplos, não é aborrecê-los com exercícios de sociologia ou de teoria política. O meu objetivo é ressaltar, por contraste, a importância da fraternidade, como um valor em si e como um meio para corrigir os desequilíbrios e injustiças dos quais falamos.

            Sei bem como esse sentimento é caro a cada uma das pessoas aqui presentes, a cada um dos maçons, das Filhas de Jó, dos DeMolays, das Samaritanas deste Brasil que nos ouve, como formador do caráter individual e como base de compreensão do mundo em que vivemos e de mudança do que nos parece errado, do que nos parece injusto. Ao longo da história de povos e países os mais diversos, em qualquer sistema político ou modelo econômico, a instituição que se formou em torno dessa idéia motriz tem realizado um grande trabalho de conscientização e de transformação de mentalidades. Esse tem sido o papel mais importante de toda a Maçonaria no Brasil e no mundo.

            E qual é a fonte dessa força, dessa presença reformadora? É uma ideia, e todos aqui sabem o quanto uma ideia é poderosa, o quanto uma ideia é irresistível quando ela é uma ideia justa. Essa imagem não é minha, mas eu a citei porque ela ilustra fielmente o que eu penso sobre fraternidade: uma ideia justa.

            Penso que é a mais justa das idéias, pela qual vale a pena correr riscos, fazer sacrifícios, empenhar todo um projeto de vida no campo pessoal ou nas relações com os outros, com o mundo. Penso que ela nos humaniza, num mundo tantas vezes desumano. Penso que ela nos dá coragem quando somos acossados pela sensação de impotência. Penso que ela nos dota de bom senso para escolher o caminho mais difícil, mesmo quando é forte a tentação de desistir ou de tomar a estrada que parece mais confortável.

            É por compartilhar com os senhores e as senhoras esse sentimento, essa ideia, que hoje, fraternalmente, quero prestar a todos os que fazem e fizeram a Maçonaria no Brasil o meu respeito, a minha homenagem. (Pausa.)

(Intervenção fora do microfone.)

            A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN) - É permitido? Sim, pois não, com muito prazer, com muita honra.

(Intervenção fora do microfone.)

            A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN) - Muito obrigada, eu que o diga. O senhor, com essa poesia, já disse tudo.

            Pois é esse sentimento de responsabilidade coletiva que mantém viva e forte a ideia, a instituição maçônica.

            Quero aqui desejar que o Grande Arquiteto do Universo mantenha todos nós no caminho da luz, na companhia das boas palavras, das boas ações: acreditar, trabalhar, perseverar, amparar, compartilhar.

            Muito obrigada. (Palmas.)

            Sr. Presidente, antes de finalizar, com a permissão de V. Exª, quero aqui registrar, com uma alegria muito grande, também a presença de um outro tataraneto de João da Escócia, meu primo Augusto da Escócia, conhecido como Escocinha, que reside aqui em Brasília, e há 33 anos faz parte da Maçonaria.

            Muito obrigada, senhores. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2009 - Página 37710