Discurso durante a 136ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem à Maçonaria Brasileira pelo transcurso do Dia do Maçom.

Autor
Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à Maçonaria Brasileira pelo transcurso do Dia do Maçom.
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, MAÇONARIA, SAUDAÇÃO, MEMBROS, AUTORIDADE, PRESENÇA, SESSÃO.
  • IMPORTANCIA, FUNÇÃO, MAÇONARIA, IMPOSIÇÃO, ASSOCIADO, RESPEITO, MORAL, HONRA, JUSTIÇA, SOLIDARIEDADE, LIBERDADE, DEMOCRACIA, INCENTIVO, PROGRESSO, MUNDO, DEFESA, DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS, LEGALIDADE, TRABALHO, APERFEIÇOAMENTO, COSTUMES, TOLERANCIA, MANIFESTAÇÃO, GARANTIA, VERDADE, PAZ, BEM ESTAR SOCIAL, EQUIDADE, COMBATE, EXCESSO, ADESÃO, DOUTRINA, VICIO, CONTRIBUIÇÃO, TRANSFORMAÇÃO, HOMEM, SOCIEDADE.
  • SAUDAÇÃO, MEMBROS, ESPECIFICAÇÃO, MOZARILDO CAVALCANTI, SENADOR, MARIO COVAS, EX SENADOR.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Meu caro Irmão que preside esta sessão em homenagem à Loja Maçônica Brasileira, brilhante e valoroso Senador Mozarildo Cavalcanti - mas não posso deixar de saudar também o nosso Vice-Governador, que nos deixa, companheiro Paulo Octávio, que neste ato representa também o Governador José Roberto Arruda -, meu caro Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, Sr. Marcos José da Silva; Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal, Sr. Jafé Torres; Grão-Mestre Vice-Presidente da Confederação Maçônica do Brasil, Sr. Rubens Ricardo Franz; Srªs e Srs. Senadores; meus Irmãos aqui presentes; caros DeMolays e demais autoridades maçônicas; meus senhores e minhas senhoras; é com grande satisfação que venho à tribuna para dizer algumas palavras sobre o Dia do Maçom, esse grande construtor social.

            A origem da sua instituição, a Maçonaria, perde-se nas brumas do tempo, pois remonta ao berço da sociedade e retorna aos primórdios da civilização. Não pertence ela a nenhum país, pois é universal, uma vez que os maçons se reconhecem mutuamente ao redor do globo terrestre por meio da sua unidade de princípios, imutável no passar dos séculos. A sua criação, os seus ensinamentos, os seus segredos e o sigilo maçônico sempre despertam a curiosidade dos não iniciados. Por algumas vezes, essa curiosidade deu azo à criação de lendas e até mesmo resultou em perseguição aos maçons. Tudo isso por mero desconhecimento. O maior segredo dos maçons é desvendado nas suas próprias ações: fazer desinteressadamente o bem ao próximo, pois, fazendo bem ao próximo, está fazendo bem à humanidade.

            Caro Senador Alvaro Dias, mas o que é Maçonaria? O que faz a Maçonaria? O que buscam os maçons? A quem os maçons servem? Por que servem? Essas são as mais frequentes perguntas sobre a nobre instituição.

            Inicio pelo vocábulo Maçonaria, derivado do francês maçon, que significa “pedreiro”. Eis como se justifica o fato de os maçons serem conhecidos como “pedreiros livres” ou construtores sociais.

            Os antigos pedreiros de profissão da Europa exerciam seus labores isoladamente. Com o passar dos tempos, reconheceram as imensas vantagens de se associarem para a defesa de seus direitos. Emprestaram o nome simbólico de Maçonaria a essa sociedade.

            Essa Maçonaria da qual foram pioneiros teve, a princípio, um caráter apenas operativo. Uma vez agrupados e constituídos em sociedade, começaram a ser procurados por outros profissionais, tais como arquitetos, carpinteiros, pintores etc. Então, foi proposta uma união que fortaleceria a associação dos maçons.

            Mas, para que a sociedade recém-criada pudesse perdurar e progredir, impondo-se como força viva em todas as esferas de relações, foi necessário que lhe emprestassem um cunho místico, dirigido para a posteridade. Não foi difícil a resolução de tal problema: à lembrança de seus adeptos acudiu a “Ordem dos Templários”, cujo prestígio era insofismável. Na adaptação ao método da dita “Ordem” entrou o regime dos símbolos, ligando-se, assim, à tradição dos Templos. Desse modo surgiu a Maçonaria moderna, sem se divorciar de nenhum dos mistérios religiosos: egípcios, essênios e templários. Detalhar a origem dos citados mistérios é coisa muito trabalhosa, que não cabe neste rápido pronunciamento de homenagem.

            Mesmo diante de sua nova orientação, permaneceram estacionários os ideais da Maçonaria por algum tempo. Com a evolução dos conhecimentos da grande maioria dos associados, outro programa se impôs: passou a Maçonaria a tratar de estudo das ciências, das artes, da moral e do progresso da humanidade. Suas atenções foram depositadas na preparação dos seus filiados no apostolado do Bem, das Virtudes e da Verdade, advindos das antigas iniciações. Tornou-se hoje a grande sociedade intelectual que todos conhecemos, uma verdadeira academia do sentido moral a expandir a mais pura de todas as filosofias. Passou a ser um pequeno mundo ideológico. Fiel às suas finalidades, veio construindo os seus templos até os dias vertentes, imbuída dos mais elevados princípios.

            Nesses Templos, são esquecidas as preocupações e os receios mundanos; perdoam-se os agravos, avivam-se as esperanças e suavizam-se as asperezas da vida. São Templos Augustos do Amor divinizado e da fina educação cívica, verdadeiros retiros silenciosos dos homens de boa vontade. A sua universalidade, o seu cosmopolitismo, a sua moral sã e seus princípios salutares, tão belos como a Criação, são apresentados em suas Lojas, para o bem de todas as almas humanas.

            Isso porque a Maçonaria proclama, desde a sua origem, a existência de um Princípio Criador, ao qual, em respeito a todas religiões, denomina de Grande Arquiteto do Universo. Não impõe limites à investigação da verdade e, para garantir a liberdade, exige de todos a maior tolerância. É acessível aos homens de todas as raças, classes e crenças, quer sejam religiosas ou políticas, excetuando as que privem o homem da liberdade de consciência, da manifestação de pensamento, restrinjam os direitos, violem a dignidade humana ou exijam submissão incondicional.

            A Maçonaria, além de combater a ignorância em todas as suas modalidades, constitui-se numa escola moral, impondo-se como programa para os seus associados: obedecer às leis democráticas do País; viver segundo os ditames da honra; praticar a justiça; amar o próximo; trabalhar para o progresso da humanidade. Proíbe nas suas lojas o sectarismo político e religioso. Ressalta a necessidade da escolha política, pois esta é, em última análise, resultante de um de seus lemas - a liberdade, que assegura verdadeiramente a democracia.

            A par dessas definições que acabei de mencionar, a Maçonaria também proclama os seguintes princípios: amor a Deus, à Pátria, à família e à humanidade; beneficência discreta, sem humilhar; solidariedade nas causas justas, fortalecendo os laços da fraternidade; defesa dos direitos e garantias individuais; trabalho lícito e digno como dever do homem; boa reputação moral, cívica, social e familiar, pugnando pelo aperfeiçoamento dos costumes; tolerância para com toda forma de manifestação de consciência, de religião, de política ou de filosofia, cujos objetivos sejam os de conquistar a verdade, a moral, a paz e o bem-estar social; equidade, dando a cada um o que for justo, de acordo com sua capacidade, obra e méritos; combate ao fanatismo, às paixões, ao obscurantismo e aos vícios.

            O verdadeiro maçom, meu caro amigo, Senador Mozarildo Cavalcanti, pratica o bem, leva a sua solidariedade aos infelizes. O verdadeiro maçom repele o egoísmo e a imoralidade, pois um adepto dessa Arte Real dedica-se plenamente à felicidade de seus semelhantes, não porque a razão ou a Justiça lhe imponham esse dever, mas porque esse sentimento de solidariedade é a qualidade inata que os fez filhos de Deus e irmãos de todos os homens, cumpridores da Lei do Amor Universal.

            A Maçonaria admite, portanto, que o homem e a sociedade são suscetíveis de melhoria, são passíveis de aperfeiçoamento. Por outras palavras, busca e promove a transformação do ser humano e das sociedades em que vive. Mas, para além da solidariedade e da justiça, não define os meios rigorosos pelos quais essa transformação se há de fazer nem os modelos exatos em que ela possa se transformar. O que lhe importa é um homem melhor dentro de uma sociedade melhor.

            O aperfeiçoamento do homem e da sociedade não se põe apenas, para o maçom, em termos de melhoria econômica e social. Põe-se também, e sobretudo, em termos de melhoria intelectual, do refinamento das faculdades de pensar e de enriquecimentos adquiridos pelo estudo de seus símbolos e suas alegorias, os quais conduzem à construção do templo íntimo de cada um, condenando o vício à masmorra e criando templos à virtude.

            É por isso que os maçons, sustentados pelas divisas da liberdade, igualdade e fraternidade, foram bravos defensores nos três maiores feitos da nossa história: a Independência, a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República, como já disseram os oradores que me antecederam.

            Apenas para citar alguns dos maiores homens deste País que foram maçons, protagonistas dos episódios históricos que acabei de narrar, relembro rapidamente os nomes de: Dom Pedro II, José Bonifácio, Gonçalves Ledo, José Clemente, José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Benjamim Constant, Duque de Caxias, e tantos. Companheiro e Irmão Mozarildo, paro com as citações para não cometer injustiças, mas não sem antes lembrar também o nosso inesquecível Senador Mário Covas, maçom exemplar, que muito honrou esta Casa Alta da República.

            Assim, em razão de sempre ter combatido a ignorância, a superstição, o fanatismo, o orgulho, a intemperança, o vício, a discórdia, a dominação e os privilégios, é que a Maçonaria Universal, em especial a brasileira, merece receber do Senado Federal todas as homenagens que neste momento se realizam.

            Muito obrigado. (Palmas.)


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