Discurso durante a 138ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Ponderações sobre a questão dos suplentes de Senador da República. Considerações sobre a procura de S.Exa. por uma legenda para concorrer à reeleição para o Senado Federal.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. POLITICA PARTIDARIA. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Ponderações sobre a questão dos suplentes de Senador da República. Considerações sobre a procura de S.Exa. por uma legenda para concorrer à reeleição para o Senado Federal.
Aparteantes
Mozarildo Cavalcanti, Pedro Simon.
Publicação
Publicação no DSF de 22/08/2009 - Página 37934
Assunto
Outros > SENADO. POLITICA PARTIDARIA. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • REGISTRO, HISTORIA, DEMOCRACIA, VALORIZAÇÃO, FUNÇÃO, SENADO, DEFESA, EXISTENCIA, SUPLENCIA, MANDATO ELETIVO, ESPECIFICAÇÃO, ATUAÇÃO, PERSONAGEM ILUSTRE, SUPLENTE.
  • PROTESTO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), AUSENCIA, APOIO, REELEIÇÃO, ORADOR, MOTIVO, SUBORDINAÇÃO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ANALISE, CRISE, POLITICA PARTIDARIA, NECESSIDADE, RECUPERAÇÃO, DIGNIDADE, PAIS.
  • JUSTIFICAÇÃO, AUSENCIA, APOIO, ORADOR, GOVERNO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ESTADO DO PIAUI (PI), NEGLIGENCIA, SEGURANÇA PUBLICA, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, NECESSIDADE, PODER.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Augusto Botelho, que preside esta reunião de sexta-feira do Senado da República do Brasil, brasileiras e brasileiros aqui presentes no plenário do Senado e os que nos assistem por meio do fabuloso sistema de comunicação do Senado.

            Senador Augusto Botelho, este é o momento que nós vivemos.

            O Professor Cristovam Buarque, professor, vai admitir que o Brasil tem a sua história e a sua cultura, vai admitir que ele é muito ligado ao nascer da democracia na Grécia, democracia direta. O povo ia à Praça de Ágora, e o povo falava. Não podia dar certo, Augusto Botelho. Começava de madrugada e, à noite, ainda iam aqueles, já tinha vinho e já tinha cerveja, querendo falar. Essa democracia direta foi aperfeiçoada no mundo civilizado, e lá na Itália consagrou-se representativa.

            Todos nós conhecemos de História e conhecemos de filmes o valor do Senado romano, a grandeza e as suas dificuldades. A grandeza, quando os Senadores, Pais da Pátria, eram simbolizados por Cícero, que dizia: “O Senado e o povo de Roma”, mostrando a simbiose, a representatividade dele, que era o povo. Mas também aquele grandioso Senado, que aperfeiçoou a democracia, que aproveitou o direito romano, ainda hoje aplaudido, teve momentos de muita dificuldade. Chegou um dos governantes a botar um cavalo e elegê-lo Senador da República da Itália, o Incitatus, não é, Professor Cristovam?

            Eu quero crer que ainda não chegamos aqui a isso. Nós fomos nos fortalecendo e acompanhamos o povo, mesmo tardiamente. Quando o povo derrubava o absolutismo, os reis, simbolizados por aquele que disse “L’État c’est moi”, Luiz XIV, o povo insatisfeito, gritava nas ruas: “Liberdade, igualdade e fraternidade”. Esse grito, passaram-se cem anos para chegar no Brasil. Mas chegou, implantou-se esse aperfeiçoamento do governo do povo, pelo povo, para o povo, como tão bem foi definido nas Américas por aquele que libertou os escravos, Abraham Lincoln.

            Cristovam Buarque, quando eu me lembro de Abraham Lincoln, dessa definição que ninguém contesta do que é a democracia, eu me lembro também de outro pensamento dele, quando ele disse, ô Augusto Botelho: “Caridade para todos, malícia para nenhum e firmeza no Direito”. Assim, ele se guiou. E, em uma meditação, ele deixou para nós e para a história do mundo: “Não faça nada contra a opinião pública que malogra, e tudo com a opinião pública que tem êxito”.

            E essa democracia foi implantada aqui. Foi implantada, e não vai ser Cristovam, não vai ser Mercadante, não vai ser Arthur Virgílio, e nenhum outro, nem o Pedro Simon, que está ali ligado com o Rio Grande do Sul, que vai mudar. Foi implantada por esse homem. A adversidade é uma benção disfarçada. Esse homem, que acompanhou, que foi Senador no Império, mas foi fundamental para a conquista maior deste Senado, a liberdade dos escravos. Se ele fez a Lei dos Sexagenários - já tinha a do Ventre Livre -, se ele fez a Lei Áurea, que libertava os escravos, e este Senado recebeu flores, a Princesa, apenas no lugar, hoje, de Luiz Inácio, o governante, sancionou, assinou a lei. Mas foi aqui no Senado que nasceu isso. Foi Rui Barbosa. 

            Mas a história nos ensina também: a ignorância é audaciosa. Eu tenho visto muitas críticas aqui com esse negócio de suplente. Suplente, suplente... E quis Deus estar o nosso querido Eurípedes, suplente do Cristovam. Suplente. Paulo Brossard, ô Pedro Simon, deu uma bela entrevista, na qual, em diálogo com V. Exª, ele dizia: “Falar de suplente... Não existiria nosso querido e estimado Vice-Presidente da República”. Dizem que ele não foi votado, que o suplente não foi votado.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Mão Santa...

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Então, nosso querido José de Alencar não foi votado. Ele não foi, mas ele foi conhecido, ele foi fundamental, ele fortaleceu na vitória e garantiu o Governo de Luiz Inácio, sendo creditado.

            V. Exª, Mozarildo Cavalcanti.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Eu queria justamente, Senador Mão Santa, aproveitando a oportunidade importante em que V. Exª aborda esse tema de suplentes... Porque esse é mais um assunto que se levanta contra o Senado. Mas ninguém diz que o Senador é eleito por uma eleição majoritária, não é pela soma de votos, como é no caso de eleição proporcional para Deputado Federal, Deputado Estadual, etc. É uma eleição majoritária, como é a de Governador, a de Presidente da República. Portanto, como Governadores, como Prefeitos, como Presidente da República, tem de ter um vice. O suplente é um vice. Agora, se deveria ter só um, e não dois, é uma história. Mas é um vice. E é eleito, como V. Exª frisou. O atual Vice-Presidente José Alencar, que é um homem de primeiríssima linha na política, na ética e tudo, e foi eleito e reeleito vice. O Presidente Itamar Franco era vice. Assumiu a Presidência e fez uma coisa importantíssima, tendo como Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso: a implantação do Plano Real, que estabilizou definitivamente a nossa economia. Então, essa história de combater os suplentes aqui, teria que se combater também a candidatura de vice para Presidente, de vice para Governador e de vice para Prefeito. Vamos acabar com essa desfaçatez de querer usar todo artifício contra o Senado, justamente para enfraquecer a imagem da Instituição perante a opinião pública.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eis aí o Senador Mozarildo. Mozarildo Cavalcanti traduz o Senado de hoje: a grandeza e a vergonha. Somos nós, assim, lá do pequeno Estado. Daí, a grandeza deste Senado. É... Os três de Roraima podem peitar de frente os três do maior Estado. Podem, e tem ocorrido superarem em virtudes. É isto que é Senado: é o equilíbrio desta Nação. Acabou o Senado, este País será dominado pelos três grandes Estados, que têm maioria na Câmara.

            E queria dizer, Mozarildo, atentai bem, que eu não sabia que V. Exª iria participar não. Vitória da Conquista, na Bahia. Você já foi lá? Eu passei de carreira, no carro; saí com a Adalgisa, querendo conhecer o Brasil. Mas olhe aqui o e-mail. Atentai bem: a grandeza deste Senado! Mozarildo, eu os conheço todos. Nenhum o excede em vergonha, em qualidade, em competência, em coragem. Este é o Senado da República. A imprensa se fixa nos grandes Estados, mas está aí um grandioso homem em virtudes. Está aqui, Mozarildo. Eu não sabia. Nós somos fortes, podemos ter vindo de cidades e Estados não tão ricos e grandiosos, mas representamos a grandeza da nossa gente, vitoriosa, honrosa, trabalhadora, brasileira.

            Olhem aqui, meus amigos Senadores, Senador Mozarildo Cavalcanti, o e-mail. Vitória da Conquista, na Bahia de Rui Barbosa. Olhem o que ele diz: “Meus amados Senadores Mozarildo e Mão Santa [...]”. Este é o Brasil, essa é a grandeza do Senado que nós representamos. Nós podemos dizer aqui “o Senado e o povo do Brasil”. Nós podemos falar. Essa é a diferença.

            Olhe, Mozarildo:

Me chamo Bruno Prado, tenho 27 anos. [...] Fraternidade Conquistense n. 20 [...]. Sou, no mundo [...] médico dermatologista e acabo de ligar a TV Senado. Para a minha surpresa, o Senado da República homenageando a nossa tão estimada “Arte Real”. Quão bom e quão suave é ligar a televisão e observar o clima harmônico, salutar, benéfico.

Sem dúvida alguma, a Egrégora do nosso Senado, neste dia, está fortificada! Estou digitando emocionado, devo confessar, pois o amor que depositamos nessa Ordem tão séria, justa e perfeita foi neste dia plasmado via televisão para todo o Brasil. É importantíssimo que a comunidade tenha pleno conhecimento de que homens de bem, como os irmãos Senadores, são Maçons e estão aí, na tribuna do Senado, diariamente [...].

            É longo, Mozarildo. Passo a V. Exª, não vou cansá-lo.

            Este é o Senado que representamos. Está aqui, um médico dermatologista, 27 anos.

            Suplente, atentai bem! Cícero: “até quando abusará de nossa paciência?”

            Olhe a indignidade, a falta de vergonha de se atacar um suplente. Se não houvesse suplente, Marechal Floriano não teria assumido o Governo. Ele era o Vice, o Vice não é votado. O nosso grandioso José Alencar não foi votado. Que grandeza de exemplo! O nosso grandioso Senador Marco Maciel não foi também votado, não. E existe. O Marechal Floriano...

            Senador Aloizio Mercadante, com todo respeito, V. Exª é orgulhosamente filho de general. O Marechal Floriano foi Vice, assumiu depois e ficou. Por que estou falando nele, Senador Eurípedes? O Senado perseguiu o seu Senador, Rui Barbosa. Ele fugiu para a Argentina - pouco tempo - e foi para a Inglaterra. E lá ele saboreou, cultivou, estudou e aprimorou a convivência democrática monárquica do regime bicameral. Essa é a verdade. Lá ele assimilou a cultura democrática da filha da Inglaterra, os Estados Unidos: regime democrático bicameral, não monárquico, mas presidencialista. E lá esse homem voltou, perseguido por um marechal de aço. Ele morreu, o Vice era mais ameno e o mandou representá-lo em Haia. Aí, ele já sabia francês, saiu daqui. Ô, Augusto Botelho, lá, em inglês, considerou-se o mais sábio, que garantiu, mediante o Direito Internacional, a paz sob a lei e não sob a força dos canhões. Essa é a verdade.

            Então, esse homem liderou esta Casa por 32 anos. É preciso saber que Rui Barbosa passou - neste Congresso -, como vocês aí, jornalistas, nove anos descrevendo o Congresso. Foi eleito, ô Augusto Botelho, uma vez Deputado Federal; perdeu três vezes para Deputado Federal. O povo da Bahia sempre reconheceu seus méritos, consagrou-o nas suas maiores adversidades e o reelegeu Senador. Perdeu duas vezes a Presidência. Em uma delas, tentaram cooptá-lo, devolvendo-lhe o Ministério da Fazenda, e ele respondeu: “Não troco a trouxa das minhas convicções por um Ministério”. Quão atual é Rui Barbosa, Mozarildo! Mozarildo, essa é a nossa cultura, essa é a nossa cara, a cara do Senado da República.

            Sabemos que o mundo muda. Sabemos que existe Cuba; sabemos que existe Venezuela; sabemos que existe a Bolívia, o Paraguai, a Nicarágua e agora Honduras. Mas a nossa cultura é essa.

            Como a democracia é difícil! Houve turbulência, alteração do nosso regime democrático representativo. Em nenhuma vez, fomos felizes. Getúlio Vargas era estadista e bondoso, mas leiam o livro Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos, para ver que uma ditadura não é boa, mesmo o ditador sendo amoroso. A militar nós conhecemos; Elio Gaspari a descreveu, e nós a vivemos.

            E eu, em 1972, com o companheiro Elias Ximenes do Prado, tomava da ditadura a Prefeitura de nossa cidade. Em 1972, Mercadante, antes de Ulysses ser o anticandidato, o que ocorreu em 1974. É longa a nossa trajetória.

            Mas nós estamos aqui. Estamos aqui, nesta tribuna democrática.

            E quero dizer o seguinte: a Pátria, aqui. Aqui aprendemos com Teotônio Vilela. Moribundo de câncer, ele dizia para resistir, falando e falar, resistindo. É uma das funções do Senado da República. Isso é que estamos fazendo.

            Votei no Presidente Luiz Inácio em 1994. Sou do PMDB. Imaginei um PMDB participativo na construção democrática, como Ulysses, que está encantado no fundo do mar. Em 1974 ele nos deu essa lição; sem chance, disputou a Presidência da República. Deve estar encantado e envergonhado do PMDB de hoje, que ganhou as últimas eleições com seis milhões de votos, o maior número de vereadores, o maior número de prefeitos, de deputados estaduais, de deputados federais, de senadores e de governadores: dizer que não tem um candidato? Isso é uma vergonha! São energúmenos.

            Ô Michel Temer, V. Exª ainda merece respeito. Chame o Partido e o aproxime do povo. Faça as primárias, que os candidatos se apresentarão. Estarei lá. Estarei lá, como os Estados Unidos, que influenciaram a nossa formação, trazida por Rui.

            Surgiu um Barack Obama. Barack Obama não foi candidato da cúpula. Não era o candidato natural, mas ele foi às primárias. O povo o fortaleceu. E o povo entregou ao mundo esse grande Presidente Democrata.

         Assim é que deve ser; assim também não é só o meu PMDB não. Luiz Inácio faz um retrocesso louco, quando ele tira do bolso uma candidata que nunca se submeteu a nada. O PT que nos encantou e em que nós votamos e acreditamos em 1994 é porque ia ao povo... Deveria Luiz Inácio e o seu Partido fazerem também as primárias e lançarem os seus candidatos.

            E chega-se ao absurdo no regime que nós vivemos.

            Pedro Simon! Pedro Simon, atentai bem. Rui Barbosa está ali, e ele disse que a Pátria é a família amplificada. Rui Barbosa, acima dele, Cristo, que o seu pai, Deus, o colocou numa Família Sagrada. É a maior instituição da humanidade, da sociedade, a família. Estamos de acordo, irmão franciscano?

            Na família, a gente vê que às vezes se liberta pai, mãe. Esse momento que dividimos está errado. E o Partido? Não posso ter tranquilidade, se a família, que é instituição muito mais sagrada, muito mais importante, quando algum membro se vê prejudicado, ele se liberta por meio de instrumentos feitos pela inteligência do homem, do Direito. Do Partido não, Pedro Simon.

            Então, nós vivemos esse momento de dificuldade política. Eu, por exemplo, longo e sinuoso foi o caminho até aqui. Foi acreditando em Deus, no amor, que acimenta a família, estudando e trabalhando. E o povo do Piauí me fez Senador da República.

            Ô Mozarildo, o meu Partido é cooptado pelo Partido dos Trabalhadores. Eu sou até humilhado por energúmenos que se acham poderosos porque estão com estruturas do Governo, poderosas em dinheiro mal usado.

            Então, não me é garantido ser candidato a Senador, um mandato que exerci com obstinação, com estoicismo, com dedicação. E recebo hoje os aplausos em todo o lugar que vou do Brasil. O meu diretório não me dá uma tranquilidade, porque foram cooptados pelo Partido dos Trabalhadores. Isso é uma vergonha!

            Então, estamos em busca de uma saída e já me aproximei do TSE, apresentando os motivos justos. Bastaria um: sou vice-presidente. O presidente não vai ao meu Estado há mais de dois anos - está ouvindo, Pedro Simon? Eu nunca fui convidado a assumir, a participar, a liderar. E os números mostram a história: sou ainda o detentor de maior números de votos desse Partido na história do Piauí. E não posso ser candidato.

            Isso foi feito com Itamar. Pedro Simon! Pedro Simon, Itamar, do qual V. Exª foi Líder, ex-Presidente da República. Saiu com aplausos, com dignidade e elegância. Ele quis ser Senador quatro anos atrás. Foi capado. Isso é que eles me prepararam, Pedro Simon, no Partido de V. Exª, o PMDB de Ulysses, de Tancredo, que se imolou...; de Teotônio Vilela, que V. Exª pode dizer “meu irmão, camarada”.

            Com a palavra Pedro Simon.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Eu não consigo acreditar, Senador Mão Santa, na hipótese de que o PMDB do Piauí possa imaginar a não indicação de V. Exª como candidato ao Senado por aquele Estado. Não me passa pela cabeça, tendo duas vagas, que V. Exª não tenha o direito de disputar a sua vaga à reeleição. Olha, é uma grosseria. Eu tenho o maior respeito pelo nosso ex-colega, Senador desta Casa, ex-Governador e que hoje preside o Partido, mas o PMDB do Piauí fazer um acordo com o PT, rifando o nome de V. Exª, dizendo que, se V. Exª quiser, que vá para Deputado Federal, sinceramente, alguma coisa está errada. Esse Partido não tem condições, e eu acho que, com toda sinceridade, a Direção Nacional do Partido tinha que decretar intervenção no Diretório Estadual do PMDB do Piauí e determinar a obrigatoriedade da candidatura de V. Exª. V. Exª fala em sair do Partido. Eu entendo: V. Exª jovem, brilhante, com um futuro extraordinário, com uma competência muito grande, tem o direito de se perguntar, com uma atuação tão significativa, tão importante, tão inovadora que V. Exª está tendo nesta Casa, por que a Direção do Partido está rifando as candidaturas - falam até que importância financeira entra nessas negociações -, para que V. Exª não seja candidato. Acho, com toda a sinceridade, que, em vez de assistirmos calados a V. Exª dizer que terá de procurar uma legenda, para poder defender a sua candidatura, que será uma nomeação... Eu acho trágico, muito trágico, que o PMDB nacional assista a isso sem tomar uma providência. V. Exª citou bem: as pesquisas na eleição passada para o Senado, em Minas Gerais, davam para...

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Itamar Franco.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - ...Itamar Franco 83%. E davam para o ex-Governador 4%.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Newton Cardoso.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Newton Cardoso. Na convenção, ganhou Newton Cardoso, ganhou estourado. Na eleição, Newton Cardoso fez os 4%, e perdemos uma legenda. E perdemos a eleição de um homem tão importante como Itamar Franco que, nesta hora que tem tantos ex-Presidentes, estaria aqui. E seria muito importante a presença dele aqui para mostrar como foi a ética e a seriedade no Governo dele. Mas o Partido preferiu perder a ganhar com Itamar Franco. É o que está acontecendo no Piauí: o Partido prefere perder a permitir a eleição de V. Exª. Não pode acontecer, alguma coisa tem que ser feita. Alguma coisa precisa ser feita. E eu, com toda sinceridade, estou inteiramente à disposição, no sentido de não só ir ao Piauí e exigir do Partido a candidatura de V. Exª, como ir à Direção Nacional do PMDB e exigir a intervenção no Diretório do Piauí, determinando a obrigatoriedade da candidatura de V. Exª. Muito obrigado.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Pedro Simon, agradeço. Eu conversava também com Valter Pereira, Senador, suplente, com todo o respeito - o suplente é grandioso, Fernando Henrique Cardoso adentrou nesta Casa como suplente -, então, ele também corre o risco. Ele está estudando a possibilidade de se criar um novo partido, que a lei garante, o MDB. Ele está estudando a possibilidade de se criar o MDB. Basta dizer que o PSDB foi criado num momento de crise, e nós nunca tivemos uma crise maior em nosso partido.

            Mas, Pedro Simon, um bem sempre é acompanhado de outro bem -Padre Antônio Vieira. Estou com um e-mail aqui do ilustre, só vou citar o nome... O Brasil não está nem na primeira onda. Eu citei o livro de Alvin Toffler, “A Terceira Onda”, o mundo do futuro - a primeira, a agricultura; a segunda, a indústria; e essa que nós vivemos. É um homem muito culto aqui, Reinaldo Tonin. Olha, ele nos dá uma orientação grande, aprendi muito. Ele fala sobre justiça, oportunidades iguais para todos, sobre cidadãos, mas, no fim, Pedro Simon - a V. Exª a homenagem que eu trago -, ele coloca, para relembrarmos, Teotônio Vilela, seu irmão camarada, companheiro de apartamento e de luta. Então, ele coloca, o nosso Reinaldo Tonin: “Apesar de todas as desgraças, há uma pátria, e é por essa pátria que ainda estou lutando. A esta Pátria, se eu pudesse renascer hoje, iria dedicar todo o meu novo tempo a uma campanha de restauração da dignidade da vida no País” - Teotônio Vilela.

            Então, essas são as nossas palavras. Nós não queremos cansá-los, mas queremos que entendam por que eu não apóio o PT do Piauí.

            Olha aí: segurança. Vivemos numa barbárie no Brasil todo. Norberto Bobbio disse que o mínimo que se tem de exigir de um governo é segurança à vida, à liberdade e à propriedade. Pedro Simon, pesquisa diz que Piauí reduziu os gastos com segurança e cresceram as mortes. Então, esse é o retrato.

            O Mário Couto, ali, fica chateado, porque ele quer demonstrar que a Governadora do PT é pior e, a cada vez, garanto... E está aqui pesquisa que diz que o Piauí foi o Estado que regrediu em gastos com a segurança. É uma violência total, é uma barbárie. A minha cidade, Pedro Simon - quero convidá-lo a ir lá, como franciscano -, não conheço mais. Quando ando, vejo a casa do Dr. Waldir com um muro alto; se é rico, tem aquela cerca elétrica; se é pobre ou médio, caco de vidro no muro. Ninguém sai mais à noite. Na Praça Nossa Senhora das Graças, principal, onde muitas vezes se namorava - lembro de ter estado lá de mãos dadas com a Adalgisa -, ninguém mais tem coragem de sentar num banco e namorar. Isso acontece lá na minha pacata Parnaíba do Piauí.

            E essa barbárie está aqui, não adianta o Governo comprar as emissoras de televisão, comprar a imprensa, comprar uns jornalistas sem moral, sem dignidade, sem vergonha, que vivem dando notas falsas. Está aqui o blog: “Pesquisa diz que Piauí reduziu gastos em segurança e as mortes cresceram estupidamente”.

            Então, o Estado ocupa a segunda posição nesse ranking, com uma redução de 24,55%. O dinheiro é só para fazer mídia, é só para fazer propaganda, é só para mentir. Está aí! No Nordeste se diz, Cristovam, que a mentira tem pernas curtas. É mais fácil você tapar o sol com uma peneira do que esconder a verdade. E a verdade é que o Piauí não morreu ainda, Pedro Simon, porque tem esperança. Ernest Hemingway, em seu livro “O Velho e o Mar“, diz que a maior estupidez é perder a esperança. E o povo do Piauí tem esperança na democracia, que garante a alternância no governo!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/08/2009 - Página 37934