Discurso durante a 139ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre as perspectivas promissoras da utilização da energia eólica no Brasil, destacando a iniciativa do Espírito Santo, onde a Agência de Serviços Públicos de Energia, vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento, acaba de lançar um Atlas Eólico.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • Considerações sobre as perspectivas promissoras da utilização da energia eólica no Brasil, destacando a iniciativa do Espírito Santo, onde a Agência de Serviços Públicos de Energia, vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento, acaba de lançar um Atlas Eólico.
Publicação
Publicação no DSF de 25/08/2009 - Página 38403
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • ANALISE, DADOS, VANTAGENS, ENERGIA EOLICA, FONTE ALTERNATIVA DE ENERGIA, ENERGIA RENOVAVEL, INICIO, UTILIZAÇÃO, BRASIL, SAUDAÇÃO, INICIATIVA, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), LANÇAMENTO, ESTUDO, LEVANTAMENTO DE DADOS, APROVEITAMENTO, ENERGIA, MAR TERRITORIAL, DEFESA, INVESTIMENTO, PESQUISA TECNOLOGICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, poucas fontes de energia são mais promissoras que a eólica, aquela proveniente dos ventos, especialmente por ser limpa e renovável. Trata-se de um setor que vem se expandindo por todo o planeta. Hoje em dia, as instalações de energia eólica em todo o mundo geram quase 121 gigawatts, o equivalente a 9 vezes a capacidade instalada da Usina de Itaipu. Graças a essa energia, a atmosfera deixa de receber todos os anos 158 milhões de toneladas de dióxido de carbono, um dos gases do efeito estufa.

            No Brasil, a utilização da energia eólica ainda está dando seus primeiros passos, mas as perspectivas são promissoras. Uma iniciativa que merece ser destacada vem do Espírito Santo, onde a Aspe, Agência de Serviços Públicos de Energia, vinculada à Secretaria estadual de Desenvolvimento, acaba de lançar um Atlas Eólico.

            É o resultado do trabalho dedicado de dezenas de especialistas, que mapearam o potencial eólico do Estado, colhendo informações detalhadas sobre os regimes de vento no território e na plataforma continental. O uso de técnicas avançadas possibilitou a identificação precisa das regiões em que é possível o aproveitamento dessa fonte de energia.

            Embora outros Estados brasileiros já tenham mapeado seus recursos eólicos, o Espírito Santo é o primeiro a estudar o potencial de aproveitamento da energia produzida pelos ventos em mar territorial brasileiro.

            A tecnologia de construção de usinas eólicas sobre o mar, apesar de ser mais cara que os empreendimentos convencionais, em terra, está sendo desenvolvida em países como o Reino Unido, Suécia, Dinamarca e Holanda. Com essa modalidade, eles já geram, juntos, mais de 1 gigawatt de energia. O custo mais elevado é compensado pelo potencial de geração, 5 vezes maior.

            O estudo realizado pelos técnicos da Aspe conclui que o potencial eólico sobre o mar, ao longo do litoral capixaba, é bastante significativo, e poderá ser explorado, no futuro, para a construção de usinas eólicas. Em terra, as áreas mais promissoras concentram-se no litoral de Linhares, uma extensa planície costeira, onde as velocidades médias anuais do vento chegam a 6 metros e meio por segundo, a 50 metros de altura. A segunda área, no litoral Sul, compreende os municípios de Presidente Kennedy e Marataízes, com idêntica velocidade do vento. A Aspe calcula que o potencial eólico do Espírito Santo é de 1,6 gigawatts.

            O planeta investe cada vez mais na energia eólica. Ela já criou mais de 400 mil empregos em todo o mundo, e o mercado de turbinas eólicas movimentou 47 bilhões e 500 milhões de dólares em 2008. Em 2006, dos 70 bilhões de dólares empregados em energias renováveis, 35 por cento corresponderam à energia eólica.

            Os líderes mundiais do setor são os Estados Unidos, com 25,1 gigawatts produzidos, seguidos da Alemanha, com quase 24 gigawatts. Em território norte-americano, projetos de energia eólica concluídos no ano passado equivaleram a 42 por cento da nova energia, e proporcionaram a criação de 35 mil novos empregos.

            Entre os chamados países emergentes, a China dobrou sua capacidade instalada, atingindo 12,2 gigawatts em 2008 - e deve chegar a 2010 como segundo maior produtor, com cerca de 30 gigawatts, superando a Alemanha. No Brasil, o físico Fernando Barros Martins, em estudo publicado na Revista Brasileira de Ensino de Física, calculou que a conversão de todo o potencial eólico brasileiro permitiria gerar cerca de 272 terawatts/hora por ano de energia elétrica. É o equivalente a mais da metade do consumo de todo o País, que era de 424 terawatts/hora por ano, em 2006.

            Fontes de energia renováveis são a alternativa de que dispomos para o futuro. Os combustíveis fósseis algum dia acabarão, e o potencial hidráulico também chegará ao ponto de esgotamento. Investimentos na pesquisa de tecnologias mais eficientes e baratas para o aproveitamento da energia dos ventos e da energia solar são necessários e urgentes. A realização do primeiro leilão exclusivo para energia eólica no Brasil, no final deste ano, é um passo inicial importante, mas precisamos de incentivos como os que tornaram nosso país uma referência mundial na produção de etanol. O mapeamento realizado pelo Atlas Eólico do Espírito Santo é uma iniciativa digna de aplausos, e deve estimular não só o governo como a iniciativa privada a prosseguirem no trabalho de viabilizar a utilização de fontes alternativas de energia.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/08/2009 - Página 38403