Discurso durante a 142ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação em defesa do Senado Federal. Insatisfação de S.Exa. com o PMDB.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. POLITICA SALARIAL. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Manifestação em defesa do Senado Federal. Insatisfação de S.Exa. com o PMDB.
Publicação
Publicação no DSF de 27/08/2009 - Página 39040
Assunto
Outros > SENADO. POLITICA SALARIAL. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • COMENTARIO, CAPACIDADE, SENADO, RECUPERAÇÃO, REPUTAÇÃO, RETOMADA, ANDAMENTO, TRABALHO, REGISTRO, APROVAÇÃO, COMISSÃO DE ASSUNTOS SOCIAIS (CAS), PROJETO DE LEI, AUTORIA, PATRICIA SABOYA, SENADOR, CRIAÇÃO, PISO SALARIAL, AGENTE COMUNITARIO DE SAUDE, AGENTE, COMBATE, ENDEMIA, EXPECTATIVA, AGILIZAÇÃO, TRAMITAÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS.
  • FRUSTRAÇÃO, SITUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ACEITAÇÃO, MANIPULAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, CRITICA, ORADOR, AUSENCIA, VOTAÇÃO, ESCOLHA, CANDIDATO, LEGENDA, DISPUTA, ELEIÇÕES, ANUNCIO, SAIDA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Jefferson Praia, Parlamentares na Casa, brasileiras e brasileiros aqui no plenário e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Senador Mauro Fecury, este é o Senado - ali está o Senador Mauro Fecury, bote ali; está calado ali, mas simboliza a grandeza deste Senado. Nós somos homens que chegamos aqui com um passado. Eu cheguei aqui acreditando em Deus, no amor, no estudo e no trabalho. Mauro Fecury honra, enriquece e torna este um dos melhores Senados na história deste Brasil.

            No túmulo de Thomas Jefferson, ô Jefferson Praia, que fez a Constituição americana e que foi Presidente dos Estados Unidos, está escrito - Marina Silva, atentai bem -: “Aqui jaz Thomas Jefferson, fundador da Universidade do Estado de Virgínia”.

            Olhem a grandeza: este aqui, ninguém quer que ele morra não, quer que ele fique aí, secular. Mas ele pode escrever no túmulo dele: “Fundador da hoje grandiosa universidade privada do Maranhão”. Por trás dele, quanta luz e quanto saber foram proporcionados à mocidade brasileira, principalmente à do Nordeste!

            Ô Zé Nery, preste atenção, não vá na conversa do cartão vermelho não. Aqui, eu vou dar cartão branco. Zé Nery, este aqui é - porque nós estamos aqui dentro - um dos melhores Senados da República. E vou provar por quê.

            Olhem, aprendam história! Mauro Fecury, eu fui olhar, lá no Gabinete do Sarney, o primeiro Senado do Império. Jefferson Praia, havia quarenta e dois - havia uns portugueses, mas não vale; estou botando só os brasileiros -, vinte e dois eram da Justiça. Atentai bem para a grandeza que nós somos.

            Eles fizeram leis boas só para eles mesmos. Quanto ganha um da área da Justiça e quanto ganha a minha professorinha, quanto ganha a minha enfermeirinha, o meu soldado, o médico do Brasil? Então, havia 22 da área da Justiça. Havia, Mauro Fecury, dez militares.

            Duque de Caxias era Senador no Império. Ele era gente boa. Ontem mesmo recebi a maior comenda: O Pacificador - traduzindo o respeito por esta Casa.

            Eram sete religiosos - a Igreja gostava; Padre Feijó. Havia dois ligados à produção, ao campo, e dois médicos. Dois! Olhem a diferença para hoje. Vejam como melhorou: hoje nós somos seis médicos aqui.

            A saúde, definida pela Organização Mundial de Saúde, não é ausência de doença ou enfermidade, mas o mais completo bem-estar mental, físico e social. Antonio Carlos Valadares, atentai bem: social. Daí o médico ter de combater o pauperismo, a miséria e a fome; tem de haver esse bem-estar social. Daí termos muitos médicos participando da política. Está de acordo com o que reza a definição. Temos de combater isso, e é com a política.

            Então, neste Senado da República, um dos melhores Senadores foi Antonio Carlos Magalhães - está ali o filho dele. Não vou analisá-lo como executivo porque a Bahia toda sabe: Deus fez lá verdes mares bravios, o sol que tosta, o vento que acaricia, a natureza, mas quem a estruturou foi Antonio Carlos Magalhães.

            Mas vamos aqui. Vamos analisar o Luiz Inácio. O forte dele é o lado social. Essa Bolsa Família aí é uma ação caritativa, mas se não fosse uma lei feita aqui por Antonio Carlos Magalhães, a do combate à pobreza, o País não teria, no Orçamento, possibilidade de agir. Então, nasce daqui. E nós continuamos.

            Mas não vamos viver do passado, não: saúde.

            Paim: se não fosse o Paim advertir o Executivo para melhorar e valorizar o trabalho... Quando aqui entramos, era menos de US$70, hoje está em US$250.

            E na saúde? Da saúde, eu posso falar. Ô Raupp, tecnicamente, o País fez grandes avanços. Sonhou-se - e foi o Presidente Sarney - com o SUS, que ele fosse como o sol: igual para todos. E ninguém melhor do que eu para saber, porque eu trabalhei muito no SUS. Que fosse como o sol, que todos a ele tivessem direito. Mas aí é que está: as tabelas dos honorários não acompanharam... Quando eu fazia... E estou aqui por isso. Eduquei minha família através do SUS. As tabelas variavam por unidade de serviço. E nunca mais variou, de tal maneira que as consultas médicas estão dois reais e cinqüenta centavos; a anestesia, oito a dez reais; cirurgia...

            Eu fui jantar em um restaurante da minha cidade e encontrei um primo: Dr. Corrêa, filho do Vicente Corrêa. Disse-me: “Senador, ninguém aguenta; a tabela é irrisória, é insignificante”. Então, o que está acontecendo no Brasil? A saúde é avançada? É, mas a ela tem acesso quem tem um plano de saúde, como nós do Senado, quem tem planos de saúde, quem tem dinheiro. Quem não tem... 

            Os médicos não estão trabalhando pelo SUS, os cirurgiões estão entrando nesse programa do médico de família: tem resolutividade, podem ganhar mais; tem enfermeira, tem dentista. Foi o lado social. Mas o SUS, que atendia tudo, por não atualizar a tabela, que é ridícula... Eles estão buscando outros trabalhos, como o programa do médico de família.

            Mas este Senado avança. Antigamente havia dois médicos, hoje há seis aqui: Papaléo Paes, Mozarildo, Tião Viana, Rosalba Ciarlini, Augusto Botelho e Mão Santa. Então, hoje nós podemos comemorar este Senado.

            Este Senado aprovou hoje um projeto de lei importante. Quem preside a Comissão de Assuntos Sociais é a médica Rosalba Ciarlini, que há pouco falou. Instituímos hoje um piso salarial profissional nacional para os agentes comunitários de saúde e para os agentes de combate a endemias. Nasceu aqui esse PLS da Patrícia Saboya; aqui foi discutido e hoje foi aprovado; nós o aprovamos.

            E eu dizia: exige-se, queremos que a Câmara acompanhe, que aquele agente de saúde tenha um piso salarial. Isso é problema nosso, legisladores. O piso salarial é R$930. Atentai bem, quanto ganha o povo da Justiça? E nós não estamos pedindo isso, Luiz Inácio. Eu entendo que a saúde, Valdir Raupp, tem que ser como o sol, igual para todos. Agora, os raios do sol da saúde, para entrar na casa do pobre, só com os agentes da saúde. Então foi feito isso, e avançamos. E o combate a endemia, de autoria da Senadora. Novecentos e trinta reais! A vergonha que sonhamos aqui e aprovamos também um piso para professora. Quanto era Paim, o piso da professora? Ô, Paim, desliga o telefone. E houve pessoas do Governo que foram contra. Quanto é o piso da professora? Novecentos e cinquenta reais! Isso é uma vergonha! E ainda hoje não se paga.

            Este Senado dá um avanço e um passo para motivar que o piso do agente de saúde, que combate as endemias, que entra na casa do pobre, seja de R$930. Nós aprovamos. Esperamos a Câmara e prezamos pela sensibilidade. 

            E mais isso... Tive o prazer de ser Relator aqui. Esse é um projeto do Deputado Alexandre Silveira. V. Exª conhece, Paim? Conhece tudo. Não sei como é que o Luiz Inácio não buscou esse Paim para ser candidato a Presidente. Aí eu ficaria no PMDB. Ô Raupp, ele ganharia a primária lá. O Luiz Inácio errou, tirar a candidata de bolso. Errou. Errou. E errou. Ô Barack Obama, ele disse que quando lê, não lê história; dá uma canseira. É melhor ler! Ele disse que é melhor fazer uma hora de esteira do que ler uma lauda... Não viu a vida do Barack. Daria o Paim. Eu ganharia as primárias do PMDB. Aí era uma chapa. Aí poderíamos estar unidos e o povo teria esperança. Não essas jogadas feias que aí fazem. Por que é que foge o teu partido, Raupp? Foge do povo! Ô Michel Temer, não termine a sua gloriosa... V. Exª é um extraordinário candidato! Partido que foge... por que é que o partido não se apresenta às primárias? Eu estou de saída, mas ficaria para ir lá, enfrentar as primárias.

            Está aí o exemplo dos Estados Unidos: Barack Obama não era o escolhido, não. Não era a Dilma, não. Era a Hillary a candidata da cúpula do partido, da história, e o povo... o povo empurrou, consolidou aquele grande líder hoje do mundo, que é o Barack Obama.

            Aí podia nascer... Aí nasceríamos nós. Nós não vamos nascer, mas estão se enterrando todos esses partidos que negam, que fogem do povo e ficam na negociata.

            Mas para provar que nós somos... e este Senado é bom, hoje foi um capítulo bonito na CAS. A aprovação do piso salarial do agente de saúde, que leva saúde à casa do pobre, para que ela seja como o sol, igual para todos. E eu aqui, também, nesse projeto de lei, fui o Relator, como só não fui o Relator do melhor projeto que tem aqui, Luiz Inácio, que é o projeto do Paulo Paim, do PT, e eu, do PMDB de vergonha.

            Vencemos todos, CAE, Justiça, plenário, para derrubar a maior vergonha, uma ignomínia, que é o redutor salarial dos nossos aposentados, os velhinhos.

            Então, nós somos bons, nós fizemos. Esse negócio, não... Pode ter joio, mas que temos muito mais trigo aqui, nós temos.

            Hoje mesmo consegui aprovar esse que nem conheço pessoalmente, mas vi a intenção. Nas campanhas de vacina, ele inclui além daquelas, e que beleza, Jefferson, poliomielite, quantas pessoas vimos... está desaparecendo... varíola, meningite, pneumonia. Mas, além disso, associa, nas campanhas, vacinas contra hepatite meningocócica, pneumonia conjugada e tal. E naquela vacina tradicional que o Governo faz bem, do Ministério da Saúde, serão acrescentadas outras contra hepatite, contra a meningocócica, conjugada C, dando, então, uma possibilidade de afastar os brasileiros de um grande número de doenças.

            Com a palavra o Senador Valdir Raupp.

            O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - Peço a palavra só para dizer, Senador Mão Santa, que, lá no meu Estado, o PMDB está fazendo as primárias, um homem e uma mulher: Confúcio Moura, ex-Deputado Federal, por três mandatos, e agora é prefeito reeleito com 72% na terceira cidade do Estado; e Suely Aragão, uma mulher, loira como a Hillary Clinton. Então, temos o nosso Obama e a nossa Hillary. Estão disputando as prévias, estão crescendo e já estão puxando os outros partidos para fazerem os encontros que estamos fazendo em todo o Estado de Rondônia. Então, lá, no início do ano, já começamos a fazer essas prévias, com dois pré-candidatos - não podemos falar em candidatos ainda -, Confúcio Moura e Suely Aragão, disputando as prévias do PMDB.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Os nossos parabéns. Por isso, quando V. Exª intencionou ser Líder do PMDB, a primeira assinatura foi a minha, pois eu antevi a sua capacidade de liderança.

            Eu quero dizer que teria. O caso é que uns vendilhões estão tomando conta do partido e têm medo do povo. Eu faço uma prévia para Presidente - eu ainda não saí, não, mas já estou com voo marcado para sair deste PMDB... O meu PMDB era Ulysses, que está encantado no fundo do mar; era Tancredo Neves, que se imolou pela democracia; era Ramez Tebet; era Teotônio Vilela, que, moribundo, dizia que era resistir, falando, e falar, resistindo. Não o desses aí que negociaram, que passaram a ser rabo do Partido dos Trabalhadores. Nós temos que ser é a cabeça. Mas são coisas que nós vamos resistir, falando, e falar, resistindo, como dizia Teotônio Vilela. Essas idéias ainda florescerão no futuro. Esses partidos serão enterrados e entrarão numa decadência, porque não têm uma ideologia e uma pureza, com raras exceções.

            Então, nós queremos dizer - e está aqui - que trabalhamos e trabalhamos muito. Olha, passei a manhã nessa comissão; depois fomos para a do Turismo, do Leomar Quintanilha, que defendia os interesses do turismo, uma fonte de renda; desde às duas horas estamos aqui, acompanhando... Então, nós nos orgulhamos do Senado da República, que teve crise, mas nós tivemos a capacidade de superar, produzir e construir a Federação. Esta que é... Mas a crise é muito menor do que estava sendo prevista. Este País! Este País! Este País não é Cuba; não é a Venezuela, do Chávez; não é o Equador, do Correa; a Bolívia, do Morales; o Paraguai, do Padre reprodutor; a Nicarágua e Honduras... Não continuaram, porque o Senado não deixou, a resistência foi aqui. Nós entendemos que democracia é a divisão e a alternância do poder. Nós vamos... O Senado da República não vai faltar à Pátria e vai dar a oportunidade para que o Brasil possa fazer uma alternância e para que não morra a esperança.


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