Discurso durante a 145ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro de visita realizada às Usinas Angra I e II, no Município de Angra dos Reis, Rio de Janeiro.

Autor
João Pedro (PT - Partido dos Trabalhadores/AM)
Nome completo: João Pedro Gonçalves da Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • Registro de visita realizada às Usinas Angra I e II, no Município de Angra dos Reis, Rio de Janeiro.
Publicação
Publicação no DSF de 01/09/2009 - Página 39926
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • PARTICIPAÇÃO, ORADOR, GRUPO, CONGRESSISTA, VISITA, USINA NUCLEAR, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), INICIATIVA, ELETROBRAS TERMONUCLEAR S.A. (ELETRONUCLEAR), REGISTRO, HISTORIA, POLITICA NUCLEAR, PAIS, ELOGIO, DESENVOLVIMENTO, EXPERIENCIA, PRODUÇÃO, FONTE ALTERNATIVA DE ENERGIA, IMPORTANCIA, INCENTIVO, PESQUISA, ALTERAÇÃO, MATRIZ ENERGETICA, ANUNCIO, REALIZAÇÃO, AUDIENCIA PUBLICA, PRESENÇA, DIRIGENTE, EMPRESA ESTATAL, DEBATE, PROJETO, BENEFICIO, INTERESSE NACIONAL.

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Eduardo Suplicy, querido companheiro que está presidindo a sessão desta noite, quero fazer o registro de uma visita que realizamos na última sexta-feira. Saímos daqui na quinta-feira. Éramos um grupo de Parlamentares. Estavam o Deputado Maurício Rands, de Pernambuco, o Senador Augusto Botelho, do Estado vizinho ao Amazonas, de Roraima, o Senador Flávio Torres, do Ceará, e eu. Estávamos acompanhados pela assessoria da Eletronuclear. Visitamos as usinas de Angra I e de Angra II, no Estado do Rio de Janeiro, precisamente no Município de Angra dos Reis.

            Quero fazer este registro por conta da importância desse empreendimento, por conta do compromisso de estado que um grupo de brasileiros, de cientistas, de físicos, de professores, de funcionários da Eletronuclear, realiza com esse trabalho de tamanha importância, de tamanha responsabilidade e de tamanha importância estratégica para o País e um País como o nosso.

         Energia nuclear nas Américas, nos Estados Unidos, o México, que tem duas usinas, a Argentina, que tem duas usinas, e nós, que temos duas usinas, estamos construindo, começando a construir Angra III e a Eletronuclear começa a estudar a ampliação desse projeto aqui no Brasil, estudando, principalmente no Nordeste, localidades que possam comportar um sítio para a construção das usinas.

            Quero registrar aqui que fomos recebidos pelo Presidente da Eletronuclear, Sr Othon Pinheiro, e por toda a direção da Eletronuclear, pelo Sr. Paulo Sergio Petis, pelo Diretor Pedro José Diniz, pelo Diretor de Planejamento, Dr. Pérsio Jordani, diretores que estão neste projeto já há alguns anos.

            O projeto nuclear brasileiro começa nos anos setenta e, evidentemente, sofreu interrupções, porque o Brasil poderia estar mais adiantado, poderia ter aprofundado a sua pesquisa, a construção das suas usinas.

            É bom fazer aqui uma separação de energia nuclear com bomba nuclear. O Brasil trabalha com muita responsabilidade e é reconhecido internacionalmente por conta das auditorias que sofre de países que visitam o Brasil para olhar a experiência da energia nuclear em nosso País.

            Presidente Suplicy, a energia nuclear precisa... Penso que esta Casa, o Senado, o Congresso, precisamos fazer uma discussão sobre energia para o nosso País, do ponto de vista econômico, do ponto de vista social, do ponto de vista da expansão de redes aqui do Brasil. Mas quero chamar a atenção para o ponto de vista social, porque parte do povo brasileiro, em pleno século XXI, não tem energia. São milhares de casas que ainda não possuem uma geladeira. São milhões de brasileiros que ainda dormem sem, não falo nem do ar condicionado, um bico de luz em sua residência.

            Quero fazer um parêntese aqui para registrar o esforço do nosso Governo, Governo do Presidente Lula, que tem um programa importante, que é o Luz para Todos. O Luz para Todos, nesses seis anos, avançou muito pelo interior do Brasil, nas pequenas comunidades, na zona rural, porque o Luz para Todos é para a zona rural. Então, a carência de energia ainda é significativa. Do ponto de vista social, precisamos avançar para que todos os lares, para que todas as residências possuam energia.

            Precisamos fazer esse debate, principalmente no que diz respeito à energia alternativa para a Amazônia. Mas a energia alternativa tem uma série de experiências inovadoras. Quanto à energia alternativa, temos uma série de experiências inovadoras. Mas precisamos ter uma matriz verdadeiramente forte, consistente, para garantir o projeto econômico nacional, para atender às grandes demandas, principalmente do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste. Mas o Sul e o Sudeste é que concentram milhares de brasileiros, e as famílias precisam de energia.

            Há bem pouco tempo, antes do nosso Governo, tivemos um apagão, tivemos racionamento. A bem da verdade, até hoje temos racionamentos, embora casos pontuais. E precisamos discutir com serenidade, sem nenhum preconceito, a energia nuclear. O Estado brasileiro, a sociedade brasileira precisa fazer esse debate.

            E eu quero registrar, aqui, o esforço de brasileiros, de instituições que trabalham a pesquisa, que avançam no domínio dessa tecnologia. É verdade que o lixo oriundo da energia nuclear precisa de cuidados. Nós não podemos brincar com isso. Penso que o Estado brasileiro avançou, tem essa responsabilidade e tem tecnologia para trabalhar a energia nuclear dentro de marcos regulatórios que possam garantir o cuidado absoluto com a energia nuclear.

            Eu quero destacar aqui e dar como exemplo Angra 1 e Angra 3, ou melhor, Angra 1 e Angra 2 - Angra 3 está começando, estão fazendo a terraplanagem lá, em Angra dos Reis -, sem nenhum acidente, sem nenhum problema. Eu penso que a experiência da Eletronuclear, no Brasil, nos garante que o Brasil conseguiu um patamar de responsabilidade, um patamar tecnológico que merece a nossa confiança no que diz respeito à gestão da energia nuclear.

            Foi uma visita importante. Quero dizer que foi a primeira vez que adentrei numa usina. Conheci a usina Angra 1. Há ali em torno de 350 servidores. Vejam que é um quadro enxuto. Conhecemos toda a usina. De uma limpeza, Senador Suplicy... Para entrarmos na usina e conhecê-la, temos de obedecer a uma série de procedimentos, de cuidados que requer a usina nuclear.

            Eu saí de lá, primeiro, convicto de que os gestores, os brasileiros que ali estão fazendo a gestão da usina nuclear merecem a nossa confiança, pela dedicação, pelo cuidado, pelo zelo, pela responsabilidade. Senti no relato que, num determinado tempo recente da história, eles ficaram sem apoio, e estão entusiasmados agora por conta do apoio do Governo do Presidente Lula. Eles estão tocando os projetos que possam não só melhorar, mas ampliar a energia nuclear aqui no Brasil. A usina Angra 1 produz 630 MW, e a usina Angra 2, 1.350 MW. Temos aí em torno de 2.000 MW de energia nuclear.

            Essa energia está funcionando! É bom que o Brasil saiba que está funcionando. Nós temos energia nuclear. E essa energia é introduzida, cai na rede nacional que vai para São Paulo, Rio. Então, está inserida a energia nuclear na rede nacional. Não é muito, mas são 2.000 MW de energia nuclear participando desse processo social, econômico da energia no Brasil.

            Quero dizer que saí satisfeito pela gestão, pelo cuidado, pelo zelo. Mas nós precisamos - esta é a minha vontade, e já conversei com o meu companheiro Maurício Rands - organizar uma sessão, uma audiência pública aqui no Congresso Nacional para discutir energia nuclear: o que temos, o que está sendo feito, qual o projeto estratégico para o futuro da energia nuclear aqui no Brasil. Atualmente, uma usina de 1.000 MW está em torno de oito bilhões. Então, é um dinheiro significativo. Mas o Brasil, como um país que exerce uma liderança na América Latina, não pode prescindir da energia nuclear.

            Então, combinamos realizar aqui no Congresso uma audiência pública, Câmara e Senado, para discutir com os dirigentes da Eletronuclear, e esta Casa compreender, debater, discutir e propor medidas que possam alavancar, avançar na diversidade de energia neste País.

            Então, Sr. Presidente, quero dizer da minha alegria em ter conhecido essa experiência que vem dos anos 70, registrar minha satisfação por ter encontrado brasileiros e brasileiras - são poucas as mulheres - que trabalham na energia nuclear e dizer da minha alegria em conhecer esse grupo pequeno de pesquisadores, de professores, de administradores que estão fazendo energia nuclear no Rio de Janeiro e, consequentemente, energia nuclear para o Brasil.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/09/2009 - Página 39926