Discurso durante a 146ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Referências ao debate havido entre S.Exa. e o Senador Eduardo Suplicy, em sessão anterior. (como Líder)

Autor
Heráclito Fortes (DEM - Democratas/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Referências ao debate havido entre S.Exa. e o Senador Eduardo Suplicy, em sessão anterior. (como Líder)
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 02/09/2009 - Página 40267
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, CONDUTA, ORADOR, DEBATE, QUESTIONAMENTO, POSIÇÃO, EDUARDO SUPLICY, SENADOR.
  • LEITURA, MENSAGEM (MSG), RADIALISTA, HOMENAGEM, MÃE, EX-CHEFE, SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL.
  • CRITICA, CONDUTA, GOVERNO, DESVALORIZAÇÃO, TRABALHO, EX-CHEFE, SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL, NEGAÇÃO, VISITA, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL.
  • CRITICA, INEFICACIA, ATUAÇÃO, AGENCIA BRASILEIRA DE INTELIGENCIA (ABIN), PROTEÇÃO, GOVERNO.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero fazer uma solicitação a V. Exª. Eu estava inscrito também no horário do Senador Marco Maciel, que abriu mão. Então, eu gostaria de cedê-lo ao Senador Eduardo Suplicy, para ver se, com isso, acabamos com aquela pendenga recente.

            É uma brincadeira, Senador Eduardo Suplicy. Realmente está cedido o horário a V. Exª - acho que será logo em seguida ao horário do Senador Augusto Botelho.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Agradeço a cessão do tempo que V. Exª teria. Eu gostaria de lhe transmitir, Senador Heráclito Fortes, que de toda parte do Brasil recebi mensagens relacionadas às ações que realizei nesses últimos dias.

            Gostaria de transmitir a V. Exª e, inclusive, a todas as pessoas que acompanham o nosso trabalho aqui: de todo o tempo dos meus três mandatos até hoje, nesses 18 anos, esta foi a semana, desde a última terça-feira - quando fiz aquele pronunciamento a que V. Exª fez um aparte durante o qual procurou aprofundar a sua especialidade em querer me questionar -, em que recebi o maior número de mensagens de apoio a minha ação no Senado, de todos os 18 anos de atuação minha no Senado Federal, através, inclusive, da minha página na internet, aquela página que todos nós Senadores temos. Inclusive formulei uma pergunta para ser respondida pelos filiados do Partido e pelos não filiados. Desde a última quinta-feira até hoje, 3.009 pessoas, até as 18 horas de hoje, responderam se estavam de acordo com a sugestão que formulei ao Presidente José Sarney de que ele deixasse a Presidência, diferentemente inclusive da orientação do meu presidente de partido, Deputado Ricardo Berzoini. E 90% dos que responderam disseram “sim”. Mesmo dentre aqueles filiados do Partido dos Trabalhadores, a resposta foi de 78% “sim”. Portanto, eu estou tranquilo de ter agido com convicção, de acordo com o que eu avalio seja o melhor para o Senado e para o Brasil. Mas quero, sobretudo, dizer a V. Exª, inclusive como algo importante para todos os que assistem às nossas sessões, que, em algumas ocasiões, o nosso embate...

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senador Eduardo Suplicy, o Senador Heráclito Fortes está na tribuna.

            O Sr. Eduardo SupLicy (Bloco/PT - SP) - Eu estou terminando...

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - É que, depois, V. Exª está inscrito.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Sim. Mas eu quero dizer algo importante - V. Exª estava aqui e é testemunha. Eu quero voltar a ter, por cada Senador e por V. Exª, Senador Heráclito Fortes, o mesmo procedimento de respeito, para que possamos mostrar ao povo brasileiro que nós podemos ter divergências aqui, mas adotando o procedimento mais civilizado possível de respeito mútuo, mesmo quando nossas divergências são grandes. Isso é também importante. Eu gostaria de agradecer, portanto, a cessão que V. Exª faz do seu tempo e transmitir-lhe que quero, como em muitas outras ocasiões, ter com V. Exª o procedimento construtivo, mesmo quando divergirmos; um procedimento de respeito mútuo. É isso que eu gostaria muito de dizer a V. Exª.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Senador Suplicy, eu só espero que este nosso embate acalorado não tenha sido o último. Para mim, será altamente frustrante se eu não tiver, no futuro e num futuro breve, a oportunidade de outros debates como tivemos naquele dia. Nós tivemos divergências, tivemos discussões, mas fomos respeitosos um com o outro. Se V. Exª agrediu alguém, foi apenas a mesa, com aquelas pancadas que dava. Aí, o grande prejudicado foi V. Exª próprio, porque tenho certeza de que aquilo ali deve ter doído na sua mão. Quanto a isso, não tenho nenhum problema. Fique V. Exª absolutamente tranquilo de que esses debates são necessários.

            Veja como o povo brasileiro é generoso. Talvez tenha sido - eu não sou estatístico como V. Exª - a semana em que recebi também solidariedade com o maior número de e-mails, relatando o episódio, congratulando-se comigo e dando-me parabéns pela maneira com que o abordei.

            Evidente, quero crer que V. Exª não seja o derrotado nesse episódio. O derrotado é o Presidente da República, que, como eu disse naquela época, invadiu a autonomia do Senado com aquele comportamento, inclusive contrariando os apelos que V. Exª fez.

            Agora, vamos tirar o Berzoini disso aí, porque aí diminuímos o debate. O Berzoini, para quem não se lembra, é aquele algoz dos velhinhos, quando foi Ministro da Previdência. Lembra que ele colocou os velhinhos em filas homéricas? Eu acho que é uma desvantagem muito grande V. Exª disputar qualquer campeonato com o Berzoini, pois V. Exª vai ganhar de goleada. V. Exª é um nome nacional, é um homem que tem grandeza. O Berzoini é uma pessoa pequena. Portanto, até nisto, V. Exª é esperto: V. Exª fez uma enquete em que não há a menor possibilidade de V. Exª ser derrotado.

            A sua causa, popularmente, é boa e o Berzoini, popularmente, aqui para nós, é um chato.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permita. Eu quero aqui defender o Presidente Ricardo Berzoini, que inclusive teve a gentileza de convidar-me para, perante o Diretório Nacional...

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Apertou sua mão?

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Já apertou minha mão.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Então, eu retiro porque eu estava com raiva dele pelo fato de ele ter... Ele está copiando alguns colegas aqui que não cumprimentam os outros. Ele já o cumprimentou? Pronto. Já diminuiu minha...

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Na cerimônia de posse da CUT, fiz questão de estender a mão a ele, de cumprimentá-lo longamente, ocasião em que ele me convidou para ir à reunião do Diretório Nacional, dia 17 de setembro próximo, para, justamente, estarmos...

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Mas lhe pediu desculpas por não ter lhe dado a mão da outra vez? Foi uma grosseria terrível.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu disse a ele que um Senador do PT sempre precisa receber o cumprimento do Presidente do PT e assim ele estendeu a mão para o meu cumprimento.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Eu já disse aqui uma vez e repito, essa história de botar bom-dia, boa-tarde, estender mão na poupança não rende a ninguém, não dá dividendo nenhum. Daí por que eu passei a colocar o Berzoini no rol dos chatos, mas, já que ele arrependeu-se do que fez, eu vou retirar. Agora, continuo achando que ele é o algoz dos velhinhos e V. Exª defensor dos velhinhos. Mande examinar, na sua estatística, na faixa etária dos e-mails que V. Exª recebeu, o percentual dos velhinhos. Os velhinhos estarem do seu lado aí já tem suspeição, porque ninguém gosta do Berzoini. O que o Berzoini fez, como Ministro da Previdência, com os velhinhos do Brasil ninguém esquece.

            Mas, Sr. Presidente, eu quero trazer hoje aqui à tribuna, Senador João Pedro, uma carta.

            A carta, Senador Mão Santa, é de filho para mãe. Preste atenção, Senador Suplicy.

Mãe, o seu exemplo de vida nos marcou profundamente, e nos faz suplantar todos os obstáculos com muita disciplina, trabalho e força de vontade. Saiba que, para nós, o cargo mais importante que você ocupa é o de Mãe. E esse cargo é vitalício. Você foi nomeada diretamente por Deus para nos criar, educar e nos ensinar a amar. Primeiro, você nos deu raízes. Depois, asas. Como diz um ditado judaico: Deus, por não poder estar em todos os lugares, criou as mães. Obrigado por tudo. Parabéns. Sentimos muito orgulho da nossa MÃE!!!!!! Falo por mim, Rodrigo, e por meus irmãos, Bruno e Renata. Beijos. Te amamos.

Rodrigo Emerenciano.

            Evidentemente, Senador Suplicy, que o Rodrigo Emerenciano seria mais um filho que ama a mãe, mais um filho anônimo, desses milhares e milhões de filhos espalhados pelo Brasil, que faz uma carta de reconhecimento e de gratidão à sua mãe. No caso aqui, não, Senador Suplicy. O Rodrigo Emerenciano, anônimo, que assina esta carta, é nada mais nada menos do que o fabuloso radialista Mução, que o Brasil todo respeita e admira, Senador Suplicy, e os nordestinos que moram em São Paulo assistem, de maneira coletiva, ao final da tarde, ao seu programa com as suas pegadinhas.

            Quero fazer esse registro, Senador Flávio Arns, para mostrar a sensibilidade desse extraordinário profissional, que se manteve à margem, afastado de todo esse episódio, preservando-se e preservando a figura pública da sua mãe. Como filho, ele faz esta carta, que chegou às minhas mãos; e eu resolvi torná-la pública, registrando-a nos Anais desta Casa. Não sei se o Senador Flávio Arns conhece o Mução, com suas pegadinhas, que quase 200 rádios no Brasil inteiro retransmitem, do Amazonas ao Chuí, seus programas, discos publicados e editados, mostrando a maneira como ele se comunica.

            A mãe do Mução, Drª Lina Vieira, deve ter-se sentido - é claro - altamente lisonjeada e orgulhosa por esta carta - não feita pelo radialista Mução, mas pelo filho Rodrigo Emerenciano, com apoio dos filhos Bruno e Renata. Esse é um assunto, Senador Suplicy, que não pode ir para debaixo do tapete. Agora mesmo, vi aqui, na coluna do jornalista Ricardo Noblat, uma enquete. Os colegas Senadores podem acessar, porque é muito interessante.

            Nessa enquete, perguntava-se se a Drª Lina falava a verdade ou não. E aí, Senador Papaléo, mais de 83% dos votos, das manifestações são favoráveis à ex-secretária da Receita Federal. A Drª Lina não é uma leviana. A Drª Lina é uma profissional respeitada pela sua classe, secretária de Estado algumas vezes.

            O ruim desse episódio, Senador João Pedro, é que não se deixou que fosse uma conversa burocrática. Levou-se para um outro terreno que parece até que a Ministra estava procurando a Drª Lina para tratar de algo que fosse incorreto. A defesa que se fez da Ministra Dilma com relação ao encontro foi exagerada e desproporcional. E agora fica aí o Governo na obrigação de explicar.

            Senador Flávio Arns, sinceramente, V. Exª acredita na Drª Lina? Senador Botelho, será Drª Lina uma leviana? Senador Suplicy, que é um homem puro, tenho certeza de que concorda comigo: isso é uma questão natural. Senador José Nery, V. Exª acha que Drª Lina foi leviana, foi irresponsável?

            É uma questão que foi superdimensionada e que deixa o Governo muito mal. E aí vem a posição inexplicável da Abin - a Abin que o Governo gasta uma fortuna para aparelhar. Mas aparelhá-la de tecnologia e ela se aparelha de bisbilhoteiros, de arapongas que não cumprem com o seu papel e com a sua atividade que é preservar o Governo, principalmente na pessoa do Presidente da República. Aliás, essa ABIN, Senador João Pedro, precisa ser estudada.

            Desde o começo, desde a sua criação ela deu problema. Tivemos um Diretor que se preocupava mais em administrar fundo de pensão, tivemos um Diretor no atual Governo que foi afastado e hoje responde a processos por acusações pouco lisonjeiras e tivemos o último, Dr. Paulo Lacerda, que criou tantos problemas e parece que sabe de todo o segredo do atual Governo que se viram na obrigação de criar uma função, sem nenhuma razão de ser, pagando-se em dólar, Senador Arns, em dólar, em Portugal.

            O Dr. Lacerda, hoje, vive nababescamente e, para que não fosse sozinho, levou um assessor seu, vive nababescamente na velha e querida Lisboa às custas do contribuinte brasileiro, tomando bons vinhos, tornando-se um especialista, apreciador do bacalhau, freqüentador do Fuso e de outros restaurantes da moda e o povo brasileiro pagando o preço disso tudo.

            Não é que quebre o Brasil a conta do Dr. Lacerda, mas moralmente o Governo não podia, de maneira nenhuma, agir como agiu. Portanto, quero prestar essa homenagem não ao Mução, mas aos seus milhões de ouvintes, os seus admiradores. Dessa vez o Mução não faz pegadinha com ninguém, até porque quem assina é Rodrigo Emereciano. E aí , Senador Arns, V. Exª só vai identificar que é o Mução pelo seu e-mail. O e-mail é Rodrigo@mução.com.br.

            Fica, portanto, o registro na Casa para que os que admiram Mução pelo seu talento jornalístico, passem a admirá-lo também pelo filho exemplar que é.

            Muito obrigado.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/09/2009 - Página 40267