Discurso durante a 146ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Inauguração, em Teresina, de nova sede da Câmara Municipal, cujo prédio foi batizado com o nome do ex-governador Chagas Rodrigues.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Inauguração, em Teresina, de nova sede da Câmara Municipal, cujo prédio foi batizado com o nome do ex-governador Chagas Rodrigues.
Publicação
Publicação no DSF de 02/09/2009 - Página 40731
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • IMPORTANCIA, INAUGURAÇÃO, SEDE, CAMARA MUNICIPAL, MUNICIPIO, TERESINA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), CONCESSÃO, NOME, HOMENAGEM POSTUMA, CHAGAS RODRIGUES, EX GOVERNADOR, EX SENADOR.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente José Nery, Parlamentares presentes, brasileiros e brasileiras presentes aqui no plenário e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado.

            José Nery, há algumas coisas em que creio. Eu creio em Deus; eu creio no amor, o amor que cimenta a maior das instituições, a família; eu creio no estudo, que nos leva à sabedoria; creio no trabalho, que nos leva à prosperidade, à riqueza e à felicidade; e creio nesta que acho que foi o maior feito da civilização: a democracia. Dessa democracia, como a própria igreja, nós que somos um País cristão, permita-me a comparação, Senador José Nery: a base. Se o padrezinho da capelinha, da paróquia não funcionar, não for bom em Teologia, não for ético em virtudes, não tem cônego, bispo, arcebispo ou Papa que dê jeito na Igreja. A mesma analogia se pode fazer na hierarquia militar. Se aquele soldadinho não tiver coragem, se não for um bravo, não tem cabo, sargento, tenente, capitão, coronel ou general que dê jeito.

            Da nossa política, eu entendo que a gente tem que ver essa base, e essa base são os vereadores. E eu estou aqui com muita emoção, e, primeiro, eu queria ler aqui... Uns vereadores estavam ali atentos, quer dizer, eles participam. E eu estava ali e não pude, eram tantos oradores... A Câmara Municipal de Iguaba Grande. O Tião Sassarico, vereador, é do PSB. A Câmara Municipal de Iguaba Grande, Rio de Janeiro, Edmundo Silveira é o Presidente; ele é o Vice-Prefeito também de Iguaba Grande, Estado do Rio de Janeiro. E eles ali atentos, participando e tudo.

            Mas a emoção que me traz aqui é porque a nossa capital, Teresina, ganhou, vamos dizer... Eu entendo que os vereadores, cada Câmara Municipal tem que ser a catedral da democracia. Como as igrejas, como as catedrais, que são abertas ao povo toda hora, as Câmaras são as catedrais da democracia. Os senhores vereadores têm que abrir a casa do povo para o povo participar, o povo reivindicar. Chamar o povo. Não acredito em cidade cuja Câmara Municipal não se reúne pelo menos uma vez por semana. Mas a Câmara Municipal da nossa capital, Teresina, ganhou um prédio novo, um palácio, modesto, simples como é o povo, mas de funcionalidade. De tal maneira que eu acho que é muito adequado, porque não intimida o povo. Quem procura a Câmara Municipal, os vereadores - e como procuram! -, é o povo, e, via de regra, os mais necessitados, os mais humildes, os mais sofridos e os injustiçados. Os ricos não precisam de vereador, eles resolvem os problemas deles, têm dinheiro, prestígio. É o povo mesmo.

            Então, a satisfação é grande, porque a capital do Piauí, Teresina, ontem - daí eu não ter vindo ontem aqui ao Senado -, inaugurou a nova sede da Câmara. Foi uma festa muito feliz, primeiro, pelo patrono: o palácio recebeu o nome do Senador Chagas Rodrigues. Ele foi Senador, foi Vice-Presidente desta Casa, foi cassado no período revolucionário. Ele, muito novo, foi Deputado Federal várias vezes. Foi talvez o mais jovem Governador do Piauí, e depois foi cassado. Ele foi no último ato institucional. Então, Chagas Rodrigues, essa figura extraordinária, é aquela como Winston Churchill disse: “Casei-me, e tudo foi fácil”. Esta é uma das paradas da história mais bonita.

            Winston Churchill, sem dúvida nenhuma, da época contemporânea, foi militar. Ele participou da 1ª Guerra Mundial como jornalista e foi o Comandante-em-Chefe da última guerra mundial. Foi ele que pegou os Estados Unidos e a Rússia - Frank Delano Roosevelt e Stalin - e uniu; buscou o Getúlio, que estava até simpatizante aos totalitários, e fez renascer a democracia. Determinado, anunciou o Dia D. José Nery, o mais importante é que, então, ele foi procurado pela imprensa. Sabe o que foi que ele disse? “Casei-me, e tudo foi fácil” - atentai bem! -, mostrando que a estabilidade e a tranquilidade estão na mulher, no lar e tudo.

            Ele diz uma frase muito importante, a mais bonita que eu acho, para interpretar a política, ele que foi um vitorioso líder militar e um vitorioso homem político. Ele disse assim, Zé Nery: “A política é como a guerra, com a diferença de que, na guerra, só morremos uma vez”. Na política... Mas reflete bem!

            Agora, disso tudo da política, encanta-me a participação dos vereadores. Eu fui prefeitinho e vi a devoção. Um quadro vai dizer a grandeza, José Nery, para meditarmos sobre o vereador. O sujeito fala que vai aumentar, e tem que aumentar; ele é que representa o povo, ele é que acolhe o povo, ele é que acolhe o pobre, o que não pode entrar no hospital, o que está preso injustamente, o que está faminto, o que não tem um teto, um transporte e tal... Mas eu daria só um exemplo da grandeza:

            José Nery, na França, onde gritaram “liberdade, igualdade e fraternidade”, lá, Giscard d’Estaing, Presidente da França - ele era do Charles De Gaulle -, sete anos, maravilhoso presidente! Pela sua escola, ele era do partido de Charles De Gaulle - e na França há muitos partidos, muitos candidatos -, ele ganha a eleição, José Nery, no primeiro turno. Vários candidatos, dezenas. A França tem muitos partidos como hoje nós temos no Brasil. Aí vai para o segundo turno - ele ganhou no primeiro turno. Então foi um governante extraordinário. Aí ficou ele e o Mitterrand. Mitterrand era assim como o Luiz Inácio, já tinha perdido várias vezes, traquejado, astuto, malicioso. Aí foram para o segundo turno, Giscard numa franca maioria. O desemprego era do momento. Então, Mitterrand foi muito hábil. José Nery, aqui não estamos nessa conversa aqui 40 horas, 44 horas? Pois ele, num cálculo, num programa de televisão, ganhou. Ele disse: “vou resolver aqui o problema do desemprego”. Funcionário público, trabalha oito horas, só vai trabalhar cinco, ficam três horas vagas, e eu vou contratar tantos para preencher. Fez um cálculo convincente e ganhou. Ganhou e cumpriu mesmo, tanto que ele foi reeleito.

            Mas o mais bonito de Giscard d’Estaing, a cultura democrática francesa, ele passou a faixa, aí foi a imprensa - a imprensa é importante: “E agora, Giscard d'Estaing, o que você vai fazer?” Olha a autoridade; olha o entender da política. Ele olhou e disse assim: “Eu vou ser Vereador na minha cidade natal”. O Presidente da França foi ser Vereador. Quer dizer, nada diminui. Tudo é grandeza do ideal da democracia, do servir, do participar, do representar o povo. E foi. Hoje, ele foi, ele cumpriu, e o Sarkosy aproveitou e o nomeou Presidente do Conselho Político da França. Mas foi. Essa é a grandeza do que é o Vereador.

            Então, a capital do Piauí fez um palácio modesto, mas muito objetivo. Primeiro, o nome. Esse Chagas Rodrigues foi uma figura extraordinária. Ele foi Senador da República, foi cassado, e eu tenho ligações de parentesco com ele. A esposa dele era minha prima legítima, Maria do Carmo; uma Eva Perón, querida. Quiseram, depois dele, candidatá-la a Teresina, como Deputada, Senadora.

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Ela era uma Eva Perón, Maria do Carmo, minha prima. E o pai dela, que é meu tio e padrinho, não deixou. Era naquele tempo da ditadura. Mas era querida.

            Eu fui Governador por isso. Eu era o melhor que o Prefeito Wall Ferraz escolheu para ser o seu vice. Eu era o vice. O Wall Ferraz, o grande líder de Teresina, o maior líder de Teresina, desistiu, porque ele tinha de abandonar a Prefeitura e já tinha tido um revés contra a oligarquia. E eu não era o da vez, não. O povo queria o Chagas Rodrigues, Nery. Mas ele se apresentou na convenção, disse que se achava cansado, que bom seria aquele Prefeito de Parnaíba, aquela cidade, e me indicou; e nós estamos aqui.

            Chagas Rodrigues foi essa figura ímpar, homem de moral e visão. Só que tenho noção. Tião, como Líder do Governo e forte, anunciou para o Brasil que nosso Luiz Inácio deu aquele primeiro pagamento para os - vamos dizer - egressos dos leprosários, dos antigos leprosários. Hoje, eles se chamam hansenianos. Chagas Rodrigues, já no início dos anos 60, José Nery, dava, no Piauí, um salário a todo egresso daquelas colônias de tratamento, marcados. Até a Bíblia os discriminava. Eu Governador paguei, porque já havia a lei, àqueles mutilados, antes da Suframa, antes dos medicamentos. Então, eu interrompi o anúncio: “Não é do Tião, não. É lá no Piauí.”

            Outra que ele fez, para você ver a sensibilidade desse homem. Sabe que soldado não casava? Era proibido soldado casar. Chagas Rodrigues e essa visão Agespisa, Cepisa, Fripisa. Então, é uma homenagem justa e agradeço. E esta Casa em que se cresce - o ato presente. Eu o conheço desde 1979. Eu era vice-Líder do Dr. Lucídio Portella, ele era o secretário particular. Trinta anos de amizade, de respeito, ele é o Presidente, com perspectivas invejáveis.

            O representante do Governador, o prefeito, que é do PSDB, Sílvio Mendes, e os representantes da família. A Teresinha de Jesus, irmã de Chagas Rodrigues, o vereador Chico Wilson, parentes de Chagas Rodrigues.

            A beleza daquela solenidade foi que houve um culto ecumênico. Tinha um pastor, Gessivaldo Isaías, e o padre Carlos Wagner. A beleza da evolução ecumênica lá, as bênçãos.

            Então, a confiança do povo do Piauí nos seus vereadores. Para terminar, eu citaria nominalmente: Ananias Falcão Carvalho, do PV; Renato Pires Berger, do PSDB, é o Presidente, figura extraordinária, com perspectiva invejável na política da capital, na política do Estado; Francisco Wilson de Melo; Décio Solano Nogueira; Eduardo R. da Silva, do PP; Edvaldo Marques Lopes, do PSB; Edson Moura Sampaio Melo, do PSDB; Inácio Carvalho; Pastor Levino dos Santos, do PRB; Luiz Lobão Castelo Branco, do PMDB; Maria do Rosário Bezerra; Jonas dos Santos Filho, o Joninha, do PSDB; José Ferreira de Sousa, foi o que começou a edificação; José Pessoa Leal, médico, do PDT; Luiz Humberto Silveira; Major Paulo Roberto Bezerra; Olésio Coutinho Filho; médico, do PTB; Rodrigo de Souza Martins; Teresa dos Santos S. Britto; Humberto Mariano C. Branco; Valdemir Severino Virgino.

            Então, eu quero dizer que, no meu entendimento, Vereador é um Senador Municipal e, nós, Senadores, somos Vereadores Federais.

            Sem dúvida nenhuma, eu acredito cada vez mais no aperfeiçoamento da democracia. Cada vez que me aproximo dos Vereadores vejo o amor e o ideal de democracia que vai, sem dúvida nenhuma, fazer o mundo melhor.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/09/2009 - Página 40731