Discurso durante a 147ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Presidente da República e à Governadora do Estado do Pará por supostas promessas feitas ao povo, entre as quais a de que a rodovia Transamazônica seria asfaltada.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Críticas ao Presidente da República e à Governadora do Estado do Pará por supostas promessas feitas ao povo, entre as quais a de que a rodovia Transamazônica seria asfaltada.
Publicação
Publicação no DSF de 03/09/2009 - Página 41145
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, DISCURSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PROMESSA, RIQUEZAS, EXPLORAÇÃO, PETROLEO, RESERVATORIO, SAL, QUESTIONAMENTO, ORADOR, NECESSIDADE, GARANTIA, ESTADOS, REGIÃO AMAZONICA, ACESSO, RECEITA.
  • CRITICA, GOVERNADOR, ESTADO DO PARA (PA), DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL, ASFALTAMENTO, RODOVIA TRANSAMAZONICA, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, ISOLAMENTO, MUNICIPIOS, IGUALDADE, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MANIPULAÇÃO, POPULAÇÃO, LANÇAMENTO, PROJETO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, AUSENCIA, EXECUÇÃO.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho hoje a esta tribuna para falar do meu Estado, para falar ao povo do oeste do meu Estado, ao povo que fica ao longo da rodovia Transamazônica.

            Mas quero fazer uma pergunta ao Líder de meu Partido, o Senador Arthur Virgílio. O Presidente Lula - vou falar disso hoje - prometeu asfaltar a Transamazônica. Senador Arthur Virgílio, o Pará e o Amazonas vão ter direito à cota do pré-sal? O Lula disse que vai funcionar rapidamente, até pediu para ter prudência nos gastos, disse que não se podia gastar açodadamente. Eu fiquei empolgado com aquilo que vi. Parece que a coisa começa a gerar receita amanhã.

            Será que Roraima, Rondônia, o Acre, enfim, os Estados pobres vão ter direito à cota do pré-sal? Será que com o pré-sal a Amazônia vai ter a sua vez? Será que... O Presidente Lula... Para V. Exª ter idéia... Ele é inteligente, muito inteligente...

            Não é qualquer pessoa que tem 80% de popularidade, tem que ser inteligente. Ele disse um dia que “no Brasil se fazia política com o estômago”. Ele disse! Eu tenho provas disso aqui. O Senador Garibaldi Alves Filho deve lembrar disso. No ano de 2000, o Lula falou que, no Brasil, alguns partidos faziam política com o estômago, ou seja, o povo brasileiro está com fome? Dá bolsa, dá sacolão e aí toma o voto. Ele disse isso. E conseguiu 80% de popularidade no Brasil com o estômago. Dando! Logicamente que aqui não estou criticando, ele até chamou de imbecil quem critica o Bolsa Família. Eu não critico, eu acho justo.

            Mas sempre foi assim, meu Presidente, sempre prometendo e faltando com a verdade, que diga o povo do oeste do Pará.

            A Governadora Ana Júlia - se é que ela não sabia disso - prometeu, em palanque, que a Transamazônica seria asfaltada. Ali estão brasileiros e brasileiras de cidades com 200, 300 mil habitantes. Tem mais de um milhão de pessoas no oeste do Pará, produtores, terras férteis. A base da produção do meu Estado está no oeste do Pará, mas as cidades estão todas isoladas. Já vem o mês em que começa o inverno e ninguém mais vai poder ir para a capital pela Transamazônica. O Lula foi lá, a Governadora foi lá, e disse de viva voz que iria asfaltar a Transamazônica. Disse também, assim como fez lá no Pará, aos aposentados, Presidente Lula. Cumpra as suas promessas, Presidente. Cumpra as suas promessas. Eu já disse aqui desta tribuna que enquanto político, em época de campanha, em palanques, puder dizer o que quiser, ou melhor dizendo, puder mentir em palanque à vontade, ganhar a eleição com mentira, o povo brasileiro sempre será maltratado. Calculem V. Exªs a dificuldade que tem aquele povo ao longo daquela estrada no inverno. O nome não é Transamazônica, o nome é transamargura.

            Mas, Garibaldi, o Presidente Lula também foi ao Pará. Chegou lá e lançou um grande, um megaprojeto. Projeto que sensibilizou toda a Amazônia, projeto jamais visto naquela região. Todos os paraenses comemoraram como se estivessem comemorando com alta felicidade, alegria e fé o Círio de Nazaré: “Estamos salvos, fomos salvos pelo Lula”, e ainda não era o pré-sal, ainda não tinha nada de pré-sal, mas o grande Presidente do Brasil, com 80% de popularidade, foi a meu Estado, ao esquecido Estado do Pará. Lá vem o Presidente àquele Estado esquecido, que vive abandonado, que vive desprezado, que vive maltratado pela péssima administração de uma Governadora incompetente, mas lá foi ele, Presidente Paim, o nosso Presidente Lula, que não quer chegar a um acordo com os nossos aposentados. Eu já até o chamo - desculpe-me, é do seu partido -, mas eu já até o chamo de “carrasco dos aposentados”. Ao lado da nossa Governadora, disse ele: “Estou aqui para resolver definitivamente o problema da devastação da Amazônia. A Amazônia é o pulmão do mundo. A Amazônia não pode ser destruída, esta floresta.

            Nós deixaremos o nosso nome aqui para a eternidade”. O povo dessa região amazônida jamais vai esquecer deste Presidente que lançou o plano, o grande projeto, a plantação, olhe Brasil, a plantação de um bilhão de árvores por ano. Megaprojeto, Mozarildo, sensacional, espetacular, maravilhoso. Aplauda o Lula! Todo mundo aplaudiu. Um agricultor que estava ao meu lado, e eu, distante, mais ou menos uns trezentos metros, escutando tudo aquilo, o agricultor, assustado com aquela determinação do grande Presidente Lula, chamado pelo Obama de “o cara”, “este é o cara” que massacra os aposentados, que engana o povo, que promete e não cumpre. Este é o cara. Ah! Está lá o cara, o grande Presidente da República. E, aí, o agricultor olha para mim: “Mas, Senador, onde é que estão as mudas dessas árvores que vão ser plantadas? Mas, Senador, me diga onde é que é o viveiro de mudas desse um bilhão de árvores que vão plantar na Amazônia?” Olha como é fácil enganar.

            Olha como é fácil dizer que o pré-sal já vai começar a funcionar; que o Senado, a Câmara, o Congresso tem 90 dias? E, olhem, podem anotar, Senadores, que nós vamos ser criticados. Ele vai à imprensa, Senador Arthur Virgílio, se nós não aprovarmos em 90 dias como ele quer, ele vai à tribuna dizer que é o Senado que está atrapalhando a produção do petróleo no Brasil.

            Já vou descer...

            (O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - E a Transamazônica continua lá, e o meu povo continua lá, e as mentiras, uma atrás da outra; a enganação, uma atrás da outra... Está na hora de o paraense aprender: nós fomos enganados! Nós fomos enganados, mas não fomos só nós! Não fomos só nós que fomos enganados. Os aposentados também foram enganados. Aqueles que esperavam uma saúde melhor também foram enganados; aqueles que esperavam que a educação melhorasse sua qualidade, principalmente, também foram enganados. As estradas... Quem manda nas estradas brasileiras, o responsável para construção e recuperação das estradas brasileiras? Pasmem, senhoras e senhores, é um senhor chamado Pagot, que levou dos cofres públicos deste Senado R$500 mil. E ainda dizem que ele vai assumir a uma cadeira de Senador, porque é suplente.

            Olhem como está o Brasil.

            Meu querido povo do oeste do Pará, em Santarém, a maior cidade do Estado do Pará - já vou concluir, Sr. Presidente -, os alunos estão com aulas - pasmem, senhoras e senhores -, os alunos estão assistindo às aulas debaixo das mangueiras. Em cada mangueira tem a identificação da sala de aula - em cada mangueira -, porque o Ministério Público condenou.

            Dias melhores hão de vir, Pará. Dias melhores hão de vir.

            Muito obrigado, Sr. Presidente, Senador Paulo Paim.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/09/2009 - Página 41145