O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Só queria interrompê-lo.

            O SR. JEFFERSON PRAIA (PDT - AM) - Pois não.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Um dos meus orgulhos é que, quando governei o Estado do Piauí, em nome do povo do Piauí, eu o condecorei com a maior comenda, a Grã-Cruz Renascença, demonstrando que o apreço que estou manifestando aqui por Jefferson Peres é de todo o Estado do Piauí.

            O SR. JEFFERSON PRAIA (PDT - AM) - Obrigado, Sr. Presidente.

            Ontem, Sr. Presidente, participei da inauguração do Parque Senador Jefferson Peres, em Manaus. Foi inaugurado pelo Governador, pela esposa do Senador Jefferson Peres, Drª Marlídice, e pelos filhos do Senador, Ronald, Roger e Rômulo, que fez um excelente pronunciamento.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Parque Senador Jefferson Peres é um espaço público edificado em área de antiga invasão de palafitas que interferiam nos igarapés de Manaus e do Bittencourt, dois tradicionais pontos urbanos da cidade de Manaus.

            Servindo para a recuperação do ambiente, o Parque permite o conhecimento de um pouco da história política, social e paisagística da capital amazonense, especialmente do período da economia da borracha, seja com a vegetação, o traçado, a arquitetura, a simetria, a simbologia, enfim, com todo um clima que marcou aquele período histórico.

            O Parque será também a principal exposição de espécies da flora amazônica, refúgio da população, com alto nível de qualidade, valorizando o importante prédio do Palácio Rio Negro, antiga residência de Waldemar Scholz e sede do Governo, transformado em centro cultural para efervescência artística.

            Sr. Presidente, quero, neste momento, parabenizar o Governador Eduardo Braga e o Vice-Governador Omar Aziz pela excelente iniciativa que foi a inauguração - hoje já temos esse maravilhoso parque - do Parque Senador Jefferson Péres.

            Quero destacar também que, no sábado passado, estive no Município de Manacapuru, muito próximo de Manaus. Fui para conversar, é claro, com o povo daquele Município e também para assistir ao XXIII Festival de Cirandas de Manacapuru.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores:

“ A ciranda é uma típica dança de roda em que os brincantes, quase sempre de mãos dadas, imitam o ondular suave do mar.

Essa dança de origem européia, mais precisamente portuguesa, é dançada em rodas. Já ganhou traços brasileiros, tornando-se mais rápida que a dança original. A ciranda chegou ao País durante o período colonial, invadindo o Nordeste do Brasil, começando por Pernambuco.

No Amazonas, a história da ciranda data do final do século XIX, por ação de um pernambucano chamado Antônio Felício, que montou a primeira brincadeira de ciranda na cidade de Tefé, no Médio Solimões.

A ciranda foi trazida de Tefé para Manaus pelo então professor da Escola Sólon de Lucena, José Silvestre, onde montou o primeiro grupo de brincadeira. Mas foi na escola Ruy Araújo, em Manaus, que a dança ganhou popularidade.

No início da década de 80, sob a orientação do agora professor José Silvestre e da professora Perpétuo Socorro, foi organizada, na Escola Estadual Nossa Senhora de Nazaré, em Manacapuru, a primeira ciranda, hoje conhecida como Flor Matizada.

Em Manacapuru, por ações das escolas de dança, também ganhou popularidade e logo surgiu a Ciranda da Escola José Seffair, hoje Ciranda Tradicional Vermelho, Dourado e Branco. E somente em 1991 uma outra escola, chamada José Mota, abrigou uma nova ciranda, a Guerreiros Mura da Liberdade.”

            Portanto, Sr. Presidente, quero agradecer pela atenção que foi destinada a mim pelo Prefeito Bessa e pelo povo de Manacapuru. Aproveitei aqui as informações desse folder do 13º Festival de Cirandas de Manacapuru.

            Mas, Sr. Presidente, mais especificamente, o assunto que me traz hoje é um assunto triste, porque percebemos que no meu Estado, o Amazonas, temos sérios problemas com a tuberculose.

            Acabei de dar entrada, Sr. Presidente, em requerimento de informação solicitando ao Sr. Ministro de Estado da Saúde informações atualizadas e detalhadas acerca das ações empreendidas pela sua Pasta no combate à tuberculose no Estado do Amazonas, bem como o volume de recursos federais nela investidos.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, dados recentemente divulgados pelo Ministério da Saúde traduziram uma calamitosa realidade para o meu Estado. O Amazonas, Senador Augusto Botelho, é, hoje, a unidade da Federação com uma maior incidência do bacilo de Koch por cem mil habitantes em todo o País. Já são 68,93 casos por grupo de cem mil pessoas, acima dos índices registrados no Rio de Janeiro, onde o índice é de 66,56. Em Pernambuco, o índice é de 47,69; no Pará, de 43,03, e no Ceará, de 42,60.

            Nesse contexto aflitivo, os segmentos populacionais mais duramente atingidos são as tribos indígenas, com incidência quatro vezes maior que a média nacional, os portadores do vírus HIV, com incidência 30 vezes maior, os presidiários, 40 vezes maior, e os moradores de rua, 60 vezes maior.

            A tuberculose já é, há muito tempo, uma doença plenamente curável, mas isso exige assiduidade do paciente a um tratamento com seis meses de duração. É fácil perceber porque as populações mais carentes e isoladas são desproporcionalmente atingidas pela moléstia: sem dinheiro e outros meios para deslocar-se até o posto de saúde mais próximo, obter os remédios necessários e submeter-se a avaliações médicas periódicas, o doente não resiste à tosse prolongada, ao cansaço, à febre e aos extenuantes suores noturnos, vindo a falecer rapidamente.

         Esse requerimento, Sr. Presidente, visa obter dados sobre a atuação do Ministério da Saúde em benefício das comunidades amazonenses mais afetadas pela tuberculose, com a finalidade de subsidiar esta Casa na avaliação do custo/efetividade dessas ações e na proposição de alternativas aos aspectos comprovadamente mais falhos desse atendimento.

            O Amazonas e o Brasil precisam erradicar essa chaga social e de saúde pública que é a tuberculose.

            Sr. Presidente, conto com o apoio dos ilustres pares a essa iniciativa que materializa a solidariedade que as vítimas da tuberculose merecem de todos nós e, ao mesmo tempo, reafirma as perspectivas fiscalizadoras do Poder Legislativo.

            Sr. Presidente, muito obrigado pelo tempo que V. Exª me concedeu.

            Era o que eu tinha a dizer.