O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem Apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, o vigésimo-sétimo Encontro Econômico Brasil-Alemanha, que Vitória, a capital capixaba, sediou pela primeira vez, foi mais do que um evento de grande porte e de significativa importância para ativar ainda mais o intercâmbio comercial entre os dois países. Ele serviu também para mostrar que as nuvens do cenário recessivo, que ainda projetam suas sombras sobre o mundo, começam a se dissipar.

            Encerrado na terça-feira, o encontro reuniu quase mil empresários e autoridades dos dois países. A comitiva empresarial alemã somou mais de 100 representantes dos mais diversos setores produtivos. Não se pode dizer que tais encontros sejam ineficazes, pelo contrário. O último deles, realizado no ano passado, em Colônia, na Alemanha, resultou no fechamento de 221 contratos com o Brasil.

            A agenda incluiu temas como a colaboração no fortalecimento de pequenas e médias empresas, competitividade e financiamento na indústria automotiva, oportunidades de investimento em infra-estrutura no Brasil e perspectivas para o mercado de petróleo, gás e energia renovável. Além, é claro, do aproveitamento da experiência alemã com a Copa do Mundo de 2006, considerada uma das melhores do mundo, para ajudar o Brasil na realização da Copa de 2014. É uma pauta ampla, como se pode ver, mas integrada por temas práticos, que resultarão em novos projetos, entre os quais uma área possui interesse especial para o Brasil, a da transferência de tecnologia.

            O Presidente Lula, presente ao encerramento do encontro, comentou em seu discurso que as empresas brasileiras devem investir capital delas no Exterior, como na Alemanha, a maior potência econômica européia. Citou como exemplo o Banco do Brasil, que não tem agências na maioria dos países em que existem comunidades expressivas de brasileiros. O presidente cobrou também da Alemanha e de outros países ricos investimento na preservação do meio ambiente.

            Temos uma relação especial com a Alemanha, atualmente um dos maiores investidores externos no Brasil, condição que não foi afetada pela crise econômica mundial. O Investimento Externo Direto alemão em nosso país foi de 1 bilhão e 980 milhões de dólares até abril de 2009, segundo dados do Banco Central. É praticamente o dobro dos investimentos de todo o ano de 2008, que foram de 1 bilhão e 4 milhões de dólares. A balança comercial, no ano passado, totalizou quase 21 bilhões de dólares, com exportações brasileiras de praticamente 9 bilhões de dólares e importações de 12 bilhões.

            Promotora do encontro, juntamente com sua congênere alemã, a CNI, Confederação Nacional da Indústria, espera avanços importantes no intercâmbio entre os dois países, como resultado dos debates e rodadas de negócios. Existem, instaladas no Brasil, 1 mil e 200 empresas com algum grau de participação alemã, que geram 250 mil postos de trabalho. A maior concentração de empresas alemãs em todo o mundo está em São Paulo.

            O Espírito Santo, hoje sede de grandes empresas, como Arcelor Mittal, Aracruz e Vale, entre outras, tem atraído empresas da Alemanha fornecedoras de serviços e equipamentos. Mas nosso Estado pode e deve aumentar mais sua convergência comercial com os alemães, fortificando uma parceria que ainda é considerada incipiente. Atualmente, temos condições de canalizar investimentos, graças a um clima político-institucional em que predomina a estabilidade, por nossa localização estratégica e devido à existência um parque industrial que figura entre os mais atrativos do País para os mercados internacionais.

            Nossos vínculos com a Alemanha são fortes: os primeiros imigrantes daquele país desembarcaram no Espírito Santo em 1847, 162 anos atrás, fundando a Colônia Santa Isabel, que integra o município de Domingos Martins. Foram 4 mil imigrantes, que povoaram, entre outros municípios, Santa Teresa, Afonso Cláudio, Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá, contribuindo para o desenvolvimento da economia capixaba, especialmente no setor agrícola. Os descendentes de alemães no Estado somam atualmente cerca de 250 mil habitantes.

            Temos muito a aprender ainda com a Alemanha na realização de uma Copa do Mundo de futebol. Encerrado o torneio de 2006 naquele país, o comitê organizador registrou um lucro de 20 milhões de euros e ganhos totais de 450 milhões de euros. Os investimentos em infra-estrutura serão de grandes dimensões, com a modernização de aeroportos, vias de acesso e construção e reforma de estádios, para não falar em hotéis e segurança.

            Como lembrou o vice-presidente para grandes eventos da Siemens, Jan Schöning, no encontro anterior, em Colônia, nenhum estádio brasileiro atende aos padrões da Fifa, e há grande carência de hotéis no país. Além disso, será necessário preparar um esquema de segurança que permita reações rápidas, com a participação de profissionais treinados intensivamente, de maneira adequada.

            Vitória, uma das cidades com melhor qualidade de vida do País, ganhou projeção com o Encontro Brasil-Alemanha, e o Espírito Santo teve a oportunidade de mostrar que é um Estado atraente para os investidores alemães, fato confirmado pelo próprio ministro da Economia da Alemanha. Foi, enfim, um evento que resultará em benefícios para todos, capixabas e brasileiros, e que se destacou pela produtividade do trabalho realizado por seus participantes.