O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Sem revisão do orador.) - Presidente Sarney, que preside esta sessão de 3 de setembro, saúdo os Parlamentares presentes, as brasileiras e os brasileiros que nos acompanham aqui no plenário e pelo fabuloso sistema de comunicação do Senado - a TV Senado, a Rádio AM e FM, ondas curtas - e pelo sistema de comunicação impressa - o nosso jornal diário e o semanário.

            Presidente Sarney, eu queria lhe dar uma informação sobre esse sistema de comunicação do Senado: como ele é importante! Está ouvindo, Presidente Sarney? Enganam-se aqueles que acham que o Senado da República do Brasil viveu época mais forte do que a que hoje nós vivemos. Vou lhe dar um exemplo claro: eu aqui, do Piauí, saído de uma Santa Casa de Misericórdia de Parnaíba. Presidente Sarney, no meu primeiro ano de Senado, o recesso era maior em julho. Aí me estimularam a visitar, por ser encantadora, Campos do Jordão. E, com aquilo, peguei Adalgisa e fomos para esses Campos do Jordão.

            Olha, um frio doido! Chegamos lá e tomamos... Mas domingo, pela nossa tradição, fomos a uma missa de 6h da tarde, lá na matriz. Comunguei, confessei e, quando saí, Sarney... Quer dizer: a atividade legislativa começa em fevereiro, passou março, abril e maio. E eu, lá da “Parnaibinha”, da Santa Casa, para Campos do Jordão. Quando eu saí, Presidente Sarney, havia umas seis pessoas... Eu quero lhe dizer aqui: eu sou hoje o Senador mais conhecido deste País.

            Está em Maquiavel: “Use suas armas”. Eu gosto mesmo é do Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry: “Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas”. “Só se vê bem com o coração”. “O essencial é invisível aos olhos”. Mas eu já li também o outro príncipe, do danado do Maquiavel, e umas vinte vezes. E ele diz o seguinte: “Use suas armas”. A arma do Parlamento é esta aqui. O Teotônio Vilela disse: “Resistir falando e falar resistindo”.

            Eu sei que eu ia saindo da Igreja matriz de Campos do Jordão - está vendo, Tião Viana? -, às seis horas, e umas seis pessoas me pararam: “Você é o Senador Mão Santa?” Eu, lá da Parnaibinha, do norte do Piauí, de uma Santa Casa, do consultório. Umas seis - está ouvindo, Presidente Sarney? Em julho, seis, em Campos do Jordão, lá em cima. E eu digo: “sou”. Um tinha sido Deputado Federal pelo Amazonas antigamente; uma professora, um médico, um corretor. Eu sei que eram seis. Aí eu raciocinei rápido: como é que esse pessoal me conhece aqui? Lá em Campos do Jordão, está ouvindo? Como é que nos conheciam? A televisão. E esse é o meio de comunicação. E é impressionante, Presidente Sarney, o poder e a credibilidade que tem a TV Senado.

            Vou lhe contar outra, Presidente Sarney. Campos do Jordão é bem aí, não é ? Então eu digo: Isso é a televisão. E eu soube usá-la. Não é? V. Exª, uma vez, disse assim: “Fique aí. Dá visibilidade”. Ele nem sabe, mas eu peguei logo e aprendi. Eu acho - eu mandei contar, Presidente Sarney - que outro dia eu fiz o milésimo pronunciamento aqui, e V. Exª viu. E já vamos comemorar as 500 vezes que eu presido esta Casa.

            E, para o senhor ter uma noção, eu estava no “Senhor Tango” em Buenos Aires. Tango vai, tango entra e tem negócio de hoje se tirar fotografia com máquina de retrato, não é Tião Viana? Perturbou o espetáculo, Sarney. Mão Santa, lá no “Senhor Tango”, porque ali dá muito gaúcho, muito catarinense, e aí o artista perguntou quem eu era. Estavam lá uns cearenses estudantes e disseram: “Esse é o Mão Santa, Senador do Piauí”. Então essa é uma noção do poder da televisão do Senado.

            Mas o que eu queria dizer era o seguinte. Vou ler aqui uma realidade, e V. Exª pode ter a tranquilidade de que foi um bom Presidente da República. Eu fui Prefeitinho com V. Exª, e muitos Prefeitinhos dessa época estão aqui agora. As coisas eram mais fáceis, Presidente Sarney. As verbas vinham.

            E eu estou sendo convidado para ir, Senador Heráclito Fortes, no dia 8 de setembro, para enfrentarmos...Não tinha essa marcha dos prefeitos aqui? Eles desistiram. Os Prefeitos lá do Piauí vão fazer uma marcha no dia 8 de setembro. No Sete de setembro é a marcha dos soldados. Mas agora é a marcha dos prefeitos.

            Atentai bem: a coisa não está boa, não! Esse negócio aí... Ficam enrolando com esse negócio de pré-sal. Pré-sal é o futuro. Está na Bíblia: “Não vos inquieteis com o amanhã. Sob os céus, há um tempo determinado para cada propósito”.

            Os Prefeitos estão lascados, Sarney! Estão tão lascados que me convidaram... Heráclito, você recebeu, não é? Agora que você está magro, não está dispensado não. Você vai a uma marcha, sob o sol quente, com os Prefeitos, no dia 8 de setembro, no Piauí, do Palácio do Karnak à Assembleia Legislativa.

            Tudo lascado, Sarney!

            Esse negócio de pré-sal é para enganar a mídia! Enganar e esconder a verdade! Mas é preciso saber, como o caboclo lá do Nordeste diz: “É mais fácil tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade”. Eu nunca vi isso no Governo de V. Exª. Eu fui Prefeitinho; o senhor obedecia à Constituição e repassava o que manda a Constituição.

            Presidente Sarney, eles vão fazer a passeata. E eu vou ler aqui um articulista, Zózimo Tavares.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Vou conceder o aparte e V. Exª vai me acompanhar no sol quente, com os Prefeitos em Teresina, 40 graus. Será no dia 8 de setembro.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Senador Mão Santa, essa pseudoajuda do Governo Federal aos Prefeitos brasileiros não passa de falácia, não passa de quimera. Pelo menos falo da realidade que nós vivemos, a realidade nordestina. A partir do momento em que o Governo beneficia as montadoras com a isenção do IPI, os Prefeitos nordestinos vêm perdendo arrecadação gradativamente.

            E vi algo interessante com relação a Pernambuco. Diz-se que dificilmente os Prefeitos daquele Estado conseguirão pagar o 13º mês, a continuar nessa corrida de queda progressiva de arrecadação.

            E eu não vejo o Governo se sensibilizar de maneira concreta com nada. É só caminhada, passeata, tirar retrato com a Dilma, tirar retrato com o Lula e os Prefeitos, num desencanto danado, vêm a Brasília. Bateram na porta errada.

            O Governo precisa, do mesmo jeito que está nessa corrida tresloucada em busca do pré-sal, criar um critério de proteção aos municípios brasileiros.

            Eu, como municipalista, vejo isso com muita tristeza. Ainda bem que os Prefeitos agora começaram a acordar. A primeira marcha foi uma apoteose; a segunda, muita gente. A partir de agora, começam a vir gatos pingados, porque sabem que estão sendo enganados pelo Governo. O Governo Federal está enganando os municípios brasileiros. E os municípios que dependem basicamente dos repasses federais, no caso os municípios do Nordeste e, de maneira muito específica, os do Piauí, pagam um preço mais alto.

            Daí a minha solidariedade aos Prefeitos. Contem comigo na sua caminhada em defesa dessa classe que tanto estimamos e prezamos que é a classe municipalista brasileira. Muito obrigado.