Discurso durante a 151ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato sobre a situação de violência por que passa a cidade de Salvador, na Bahia.

Autor
Antonio Carlos Júnior (DEM - Democratas/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA. ESTADO DA BAHIA (BA), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Relato sobre a situação de violência por que passa a cidade de Salvador, na Bahia.
Publicação
Publicação no DSF de 09/09/2009 - Página 42204
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA. ESTADO DA BAHIA (BA), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • GRAVIDADE, CRESCIMENTO, VIOLENCIA, CRIME, NUMERO, HOMICIDIO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DA BAHIA (BA), VITIMA, DIVERSIDADE, CLASSE SOCIAL, TURISTA, POLICIAL, REGISTRO, DADOS, PROTESTO, INCOMPETENCIA, GOVERNADOR, FALTA, CONTROLE, SITUAÇÃO, DIVERGENCIA, ATUAÇÃO, AUTORIDADE ESTADUAL, TENTATIVA, MANIPULAÇÃO, POPULAÇÃO, OCULTAÇÃO, ALEGAÇÕES, REPRESALIA, CRIME ORGANIZADO.

            O SR. ANTONIO CARLOS JÚNIOR (DEM - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

            Srªs e Srs. Senadores, nem me lembro mais há quanto tempo este plenário não ouve boas novas sobre a Bahia. Ora é a saúde que nos envergonha, com índices constrangedores de casos de dengue, com hospitais em crise e com pacientes desatendidos. Ora é a educação que nos coloca nas piores colocações do Enem - logo a Bahia! Que se orgulha da sua cultura e que abriga a primeira escola de Medicina do País. Ora é a violência que grassa no Estado, vitimando a tudo e a todos, e que é o motivo deste meu curto pronunciamento.

            Srs. Senadores, o Governo Jaques Wagner está perdido. Não sabe o que fazer para conter a violência na Bahia. A criminalidade no Estado, desde a instalação do governo petista, alcançou índices inimagináveis!

            Em Salvador - apenas em Salvador! - já foram quase mil homicídios registrados somente este ano. Desde o início desse governo já foram mais de dez mil pessoas vítimas de homicídio. Somente nos últimos dois anos, a criminalidade subiu mais de 80%.

            Até mesmo os números sobre a real situação da segurança pública são difíceis de ser apurados, Sr. Presidente, pois o Governo os tem omitido em uma tentativa canhestra, antidemocrática, de ocultar o caos em que a cidade e o Estado estão mergulhados.

            Como afirma O Globo deste domingo, na terra de todos os santos, nem toda a fé tem sido suficiente para livrar o cidadão da onda de crimes!

            Justiça seja feita ao Governo petista de Jaques Wagner: S. Exª conseguiu democratizar a insegurança. Na Bahia, todos são vitimas da bandidagem: o cidadão de classe média que frequenta um shopping, que anda de ônibus; as famílias que residem nas periferias da cidade; os turistas... todos são alvos.

            Ônibus queimados, chacinas, o Centro Histórico sob tiroteio... a nossa capital nos últimos dias tornou-se uma praça de guerra.

            Até mesmo a polícia, agora, se tornou alvo de atentados, com postos policiais atacados e militares sendo alvejados, a ponto de os soldados serem orientados - imaginem - a abandonar seus postos nos chamados módulos policiais! Fala-se em seis módulos já atingidos - números que ainda não são confirmados pela Central de Telecomunicações das Polícias Civil e Militar.

            Aonde vamos chegar, Sr. Presidente?

            A violência não para.

            Hoje mesmo já há noticias de tiroteio em um supermercado Cesta do Povo - que é um supermercado popular, do próprio Governo do Estado, que foi inclusive um projeto do Senador Antonio Carlos -, de assaltos no bairro da Federação e de mais ônibus queimados e passageiros feridos.

            Em dois dias, onze ônibus já teriam sido incendiados. E o número não para de aumentar. O clima reinante é da mais absoluta insegurança, Srs. Senadores. Até mesmo o fechamento do comércio chegou a ser cogitado por emissoras de rádio. Imaginem!

            O que o Governador Jaques Wagner ainda espera acontecer para que comece a agir?

            Sr. Governador, vamos agir. A situação passou do limite.

            Neste exato momento, os soldados armados são vistos ao longo da Avenida ACM - é muito pouco a esta altura dos acontecimentos.

            O que o faz hesitar em convocar a Força de Segurança Nacional? Teme S. Exª ficar comprovada sua incompetência, sua inaptidão, sua inapetência administrativa no trato do assunto? Ora, isso já não é segredo para ninguém!

            As declarações que chegam do Governo do Estado são a prova definitiva de que lá, no cerne do Governo Jaques Wagner, ninguém se entende. Ninguém sabe como reagir. O Governador diz uma coisa. O Secretário de Segurança Pública diz outra.

            Agora mesmo, minutos antes de vir a esta tribuna, vi um conhecido jornalista baiano reclamar em sua coluna online de que, enquanto Salvador vive os piores dias da sua história, o Secretário Estadual de Segurança Pública preferiu o abrigo de um luxuoso restaurante em vez da insegurança das ruas, ao lado de seus subordinados no combate ao crime.

            Vejam só!

            Não se trata de uma crítica fácil, demagógica, mas a amarga constatação de que o Governo Jaques Wagner não se dá conta do mal que assola a cidade de Salvador.

            Aliás, a imagem do Governador na televisão buscando, de forma desconexa, explicar o que vem acontecendo é o retrato fiel da administração que ele representa: um mamute aparelhado politicamente que se mostra paralisado e inerte.

            S. Exª e os poucos que ainda o apoiam tentam confundir a opinião pública, associando a onda de violência a uma retaliação do crime organizado a ações que estariam sendo tomadas pelo governo do Estado.

            Ora, faça-me o favor, Governador! Não subestime o povo baiano, que o elegeu democraticamente e que -as pesquisas mostram - não está nada satisfeito com o seu governo.

            Não brigue com os fatos, Governador Jacques Wagner. Salvador não merece isso!

            Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/09/2009 - Página 42204