O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª. e, de fato, eu gostaria de usar esses cinco minutos para ler uma espécie de editorial, que se denomina Opinião, do jornal Gazeta do Povo, do Estado que eu represento, o Paraná, e que aborda um tema, na minha ótica, fundamental, que é a área da educação e da cultura, cuja Comissão, inclusive, tenho a honra de presidir aqui no Senado Federal, e V. Exª, inclusive, Senador Gilvam Borges, é um dos membros desta Comissão, que é a Comissão de Educação, Cultura e Esporte.

            E o Jornal Gazeta do Povo, nesta coluna denominada Opinião aborda o tema “Recado das Torres”. Passo a ler o texto, que é muito bem escrito, muito bem elaborado e que, sem dúvida, serve de alento a todos os que militam nesta área no Brasil.

            O texto diz o seguinte:

A melhor notícia da Semana da Pátria foi a inauguração de uma biblioteca formada por 2 mil livros recolhidos do lixo por carrinheiros da Vila das Torres, em Curitiba. A revelação de que os catadores encontram obras de literatura e de direito, entre outras, nos mesmos latões que comportam coadores de café, fraldas descartáveis e embalagens de maionese, deixou muitos boquiabertos. Com razão. O livro não é visto como objeto de escambo. Recomenda-se que seja doado e tratado com aquele respeito que os antigos dedicavam ao pão velho - beijado e transformado em bolinho ou pudim. Ao que parece, era o tempo da delicadeza, para o pão e para o livro, diga-se. Mas chega de saudade. A biblioteca da Vila das Torres, embora modesta e acanhada, guarda tantos significados que será praticamente impossível esquecê-la tão cedo. O que é uma boa notícia.Os catadores de papel respondem por mais de 90% do lixo reciclado da cidade. E pelo menos 30% dos moradores da vila vivem dessa atividade, fazendo do local uma espécie de “centro nervoso da reciclagem”. Ao separarem o livro do joio, puseram à mostra não só sua vontade de criar um espaço para leitura, como fizeram soar o alerta. Se os livros foram parar no lixo é porque alguma coisa está fora de ordem entre os mais letrados. E se outro alguém - menos instruído, se compadece e o recolhe - é porque o tal do mundo bom bate à nossa porta. A propósito, não é de hoje que a Vila das Torres dá um olé na lógica das aparências. Tem Clube de Mães, restaurante popular, agenda 21 e até sessão de cinema para os pequenos. Agora monta uma biblioteca. Esse papel não é para pesar e vender. É para ler. E quem lê tem o que dizer. É o que o pessoal das Torres manda avisar.

            Com essa leitura, Sr. Presidente, da coluna Opinião, com texto tão profundo, tão bonito, tão significativo, quero prestar minha homenagem, em primeiro lugar, ao jornal Gazeta do Povo, que fez essa reflexão, além de fazer uma reportagem bastante extensa sobre iniciativa da Vila das Torres, mas também fazer a minha homenagem às próprias pessoas que tiveram essa iniciativa na Vila das Torres.

            Todos nós, aqui no Senado, particularmente nós da Comissão de Educação, Cultura e Esportes, sabemos da importância da educação, da cultura e do esporte para o futuro do Brasil, particularmente naquilo que se refere à biblioteca, ao livro, que, em universidades de países mais desenvolvidos, sempre são o melhor local, o local mais amplo, mais acolhedor, da atividade universitária e acadêmica. Que essa iniciativa fique, de fato, como inspiração para todos nós do Senado e do Brasil, para que possamos dizer: que bom, que bom que existem pessoas que estão com essa experiência, com esse encaminhamento, com essas prioridades, fazendo com que as crianças possam se desenvolver mais em cidadania e dignidade!

            Obrigado, Sr. Presidente.