O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/ PSB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na verdade, estou inscrito para falar como orador...

O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - Mais uma vez, peço aos Srs. Senadores que se encontram noutras dependências da Casa, em seus gabinetes, que venham ao plenário, pois temos quatro votações nominais e há consenso para que votemos os nomes dos embaixadores e dos membros da ANA, e do Cade.

O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/ PSB - SE) - Sr. Presidente, como disse, estou inscrito para falar nesta sessão como orador; minha assinatura consta do livro de oradores inscritos. No entanto, vou renunciar a este discurso na esperança de que a Liderança do Governo, que deveria atuar nesse sentido e que tem maioria nesta Casa, mobilize os Senadores da Base para que compareçam à sessão e façamos com que esta Casa não se transforme apenas num ambiente de desarmonia, de alimentação de vaidades, que não seja uma Casa onde se legisla por exceção. Ou seja, aqui, atualmente, a regra não é legislar, legislar é uma exceção nesta Casa, o que não deveria acontecer.

O nosso eleitorado, a sociedade cobra do Senado Federal não apenas controle dos seus atos, fiscalização rigorosa do que acontece nesta Casa, mas também cobra, desde que façamos isso que eu falei, que trabalhemos.

Nota-se que a Oposição, de modo geral, está aqui presente. O que se fala é que a Oposição está obstruindo as votações, mas estou notando aqui o Líder Arthur Virgílio e o Líder do DEM, José Agripino. A Oposição, praticamente toda, está aqui; quem não está aqui é o Governo. Apenas eu estou aqui, com alguns...

O Sr. Efraim Morais (DEM - PB. Fora do microfone.) - Ah, você confessou que é governo.

O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE) - Eu sou o Vice-Líder do Governo, está esquecido? E Líder do PSB. E estou aqui. Mas estou querendo que os meus companheiros estejam aqui comigo.

Onde é que está Romero Jucá? Onde está o nosso Mercadante? Onde está a nossa Ideli? Estou sentindo-me solitário nesta Casa! Sr. Presidente, estou sentindo-me sozinho na Base do Governo, enfrentando - não digo essas feras -, enfrentando um fato verídico de que a opinião pública está tomando conhecimento: nós não estamos fazendo aquilo que é específico, que é votar todas as matérias que constam da pauta. Há tantas e tantas matérias aí importantes. Hoje mesmo...

Ah! Agora, sim, agora, sim, chegou o Líder do Governo, Senador Romero Jucá, que vai salvar a pátria!

Sem dúvida, com a sua atuação, quando ele pegar o microfone, toda a Base estará aqui presente, e nós vamos votar, vamos fazer jus ao salário que recebemos.

A cobrança é grande, Sr. Presidente, quando vou ao meu Estado. Cobram não só celeridade no andamento da reforma administrativa do Senado, mas também a punição daqueles que estão sendo objeto de investigação. E cobram também, acima de tudo... Hoje mesmo fui procurado, Sr. Presidente, por funcionários que trabalham em regime de periculosidade, porque há um projeto em regime de urgência e não é votado; por quê? Em função da Oposição? Não, a Oposição está aqui, Sr. Presidente.

Então, Sr. Presidente, não vou usar os 20 minutos. Quero apenas dizer que estou pronto para votar, para fazer jus ao salário que recebo nesta Casa. Afinal de contas, os operários, os funcionário públicos do meu Estado trabalham de manhã e de tarde. E nós aqui estamos em uma sessão deliberativa, são 16h27min, e não encontramos a Base do Governo, que dá sustentação política ao Governo, para dar andamento à tramitação das matérias.

Soube que a Câmara dos Deputados está em greve, e o motivo é que as emendas individuais estão sendo represadas pelo Governo. Não acredito que os Senadores da Base do Governo, aqui no Senado, estejam, nos seus gabinetes ou em outras dependências, solidários à Câmara dos Deputados. Está havendo alguma coisa que eu tenho certeza de que o Líder do Governo, que é um homem experiente como Líder do Governo, vai explicar. Ele é que vai explicar o motivo.

Eu, como Vice-Líder do Governo, tenho esse direito de pedir a V. Exª uma reunião com a Bancada do Governo, para cobrarmos a presença dos nossos companheiros. Afinal de contas, quem manda aqui? Somos nós todos, Senadores da República. Somos nós todos. E aqui se decide por meio da maioria, do voto. E o Governo tem maioria. Por que, então, as sessões deliberativas não acontecem?

Então, Senador Líder Romero Jucá, não repare esta minha reclamação. A reclamação é em favor do Senado e em favor também do Governo.

Venho do Ministério da Justiça. Fui lá, ao Ministério da Justiça. Tantas e tantas propostas existem lá. “Valadares, como é?”. Eu disse: Bom, eu vou falar hoje. Vou ocupar a tribuna por alguns minutos para fazer essa reclamação, exigindo providências urgentes.

Vamos nos reunir, Senador Romero Jucá. Reunir todos os Senadores da Base, aqueles que realmente estão comprometidos com o Governo e vamos votar. E a Oposição faz o seu papel. Afinal de contas, não vamos condenar a Oposição porque, num ou noutro projeto, faz a sua obstrução natural.

Agora, compete a nós do Governo, que temos maioria nesta Casa, fazermos com que as coisas aconteçam, mesmo diante da obstrução legítima e normal que é proporcionada pela Oposição no Senado.

Agradeço a V. Exª, Sr. Presidente.