Discurso durante a 142ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solicita ao Senador Heráclito Fortes que cumpra o acordo de nomear o Senador Inácio Arruda para a relatoria da CPI das ONGs, agilizando a retomada dos trabalhos. Comentário sobre a importância de esclarecimentos sobre a crise na Receita Federal.

Autor
Aloizio Mercadante (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Aloizio Mercadante Oliva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG). GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Solicita ao Senador Heráclito Fortes que cumpra o acordo de nomear o Senador Inácio Arruda para a relatoria da CPI das ONGs, agilizando a retomada dos trabalhos. Comentário sobre a importância de esclarecimentos sobre a crise na Receita Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 27/08/2009 - Página 38786
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG). GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, HERACLITO FORTES, PRIMEIRO SECRETARIO, AGILIZAÇÃO, CUMPRIMENTO, ACORDO, NOMEAÇÃO, INACIO ARRUDA, SENADOR, EXERCICIO, FUNÇÃO, RELATOR, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), RETOMADA, TRABALHO, INVESTIGAÇÃO.
  • IMPORTANCIA, TRABALHO, RECEITA FEDERAL, PERIODO, RETORNO, ESTABILIDADE, ECONOMIA, REGISTRO, FORMAÇÃO, SERVIDOR, CARGO DE CARREIRA, COMENTARIO, DIREITOS, DIRETOR, SUBSTITUIÇÃO, MEMBROS, CARGO DE CONFIANÇA, CRITICA, ATUAÇÃO, RECEITA FEDERAL DO BRASIL, IRREGULARIDADE, DIVULGAÇÃO, INFORMAÇÕES, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), DESRESPEITO, SIGILO, NATUREZA FISCAL, EMPRESA ESTATAL.

            O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, primeiro, eu gostaria de solicitar junto à Oposição, particularmente ao Senador Heráclito Fortes, com quem já conversei em mais de uma oportunidade, o cumprimento de um acordo que fizemos antes do recesso. O acordo foi que se instalássemos a CPI da Petrobras, imediatamente seria restituída a relatoria na CPI das ONGs e retomaríamos os trabalhos. Primeiro, não entendo que uma CPI fique tanto tempo sem relatoria, sem funcionamento, sem reunião. Então, eu gostaria, sinceramente - o Senador Heráclito já se comprometeu comigo em mais de uma oportunidade -, que se fizesse hoje, por ofício, a indicação do Senador Inácio Arruda para que se retome os trabalhos naquela CPI.

            Em segundo lugar, a Receita Federal é um órgão técnico. É uma instituição fundamental neste momento em que o País está superando uma grave crise econômica. Foram feitas desonerações fiscais fundamentais para amenizar o impacto recessivo que o País atravessa, e isso, evidentemente, prejudicou a Receita.

            A Receita Federal não tem mais a bússola da CPMF, que era um grande instrumento de combate à sonegação de impostos e um eficaz imposto em termos de arrecadação, e nós precisamos que a Receita tenha condições de continuar trabalhando com seriedade, profissionalismo.

            Todos os funcionários da Receita são de carreira. Nós tínhamos um grande Secretário da Receita, Jorge Rachid, mas quando a nova Secretária foi indicada pelo Ministro Guido Mantega, ela trocou muitos cargos de confiança, que é da natureza da responsabilidade que ela assumiu; houve até certo questionamento da Oposição, do aparelhamento sindical, que aquilo não era um bom caminho para a Receita. Ela saindo da Receita, o Secretário interino, na hora em que assume a titularidade, tem o mesmo direito de montar a sua equipe e de dar prosseguimento às tarefas que são de sua responsabilidade. O fato mais importante que tivemos, nesta Casa inclusive, da atitude da Receita frente à Petrobras... E naquela ocasião, no final do ano passado, eu dizia que a Medida Provisória nº 2.158 foi criada para amortecer o impacto da desvalorização cambial sobre a crise internacional que tivemos. Ela foi criada no Governo anterior, entre 2000 e 2001, exatamente para essa função.

            Não é previsível, com a antecedência de um ano, uma eventual desvalorização cambial, e as empresas que têm ativos em dólar, quando sofrem a desvalorização, têm um ganho financeiro que é fictício, vão ter que pagar mais impostos, sendo sobrecarregadas num quadro de instabilidade econômica, como acontecia naquele período de grave turbulência cambial num passado recente da hiperinflação, ou mesmo pós-instabilidade. Para isto foi criada essa medida provisória, para amenizar o impacto fiscal das desvalorizações abruptas.

            E foi essa opção que a Petrobras e milhares de empresas no Brasil tiveram. E eu dizia que não foi só a Petrobras, que não havia nenhuma irregularidade naquela opção, que aquilo estava amparado numa medida provisória. Hoje não é apenas o Secretário da Receita que diz isso; o antigo Secretário da Receita, Everardo Maciel, veio a público sustentar que aquela operação está correta, está amparada na medida provisória e, à medida que cada empresa faz opção pelo regime de caixa ou de competência, terá que manter isso durante o ano fiscal. Portanto, a Petrobras usou uma prerrogativa.

            Caso a Receita não interpretasse dessa forma, ela tinha o direito de levar à instância administrativa qualquer empresa que tivesse feito aquela opção, o que não poderia é ter um debate público quebrando o sigilo fiscal da Petrobras, que trouxe, evidentemente, num quadro de grave crise internacional, de necessidade de financiamento, pela qual a empresa atravessava, mais uma instabilidade.

            Quando o mundo defendia as suas empresas com garra, nós vimos a nossa maior empresa nacional exposta, num episódio lamentável do ponto de vista do profissionalismo da Receita. Não que a Receita não possa, inclusive, autuar a Petrobras, se achar que deve, o que ela não pode, por princípio constitucional, é quebrar o sigilo desta ou de qualquer outra empresa.

            Então, eu espero que isso de fato seja esclarecido. Nós já tivemos uma sessão no âmbito da CPI. Ontem, assisti pela televisão o pronunciamento do ex-Secretário da Receita Federal na mesma direção. Tenho um imenso respeito pelos sindicalistas da Receita, em particular, da Unafisco. Acho que cumprem um papel histórico muito importante. Desejo, sinceramente, que a gente, imediatamente, encontre um clima de trabalho, de serviço público, de esforço arrecadatório, que é muito importante neste momento econômico para que o Brasil tenha tranquilidade para superar a crise, como está superando.

            Se a Receita tiver qualquer tipo de questionamento a Petrobras ou a qualquer outra empresa, deve representar, deve tomar as medidas que acha cabíveis, mas não trazer isso ao debate público porque, evidentemente, fere o princípio do sigilo fiscal, que, em um momento de instabilidade e de crise que nós atravessávamos, criou uma forte turbulência econômica absolutamente desnecessária.

            Era o que nós tínhamos a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/08/2009 - Página 38786