Discurso durante a 155ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do acadêmico Antonio Olyntho Marques da Rocha, ocorrido em 12 de setembro, na Cidade do Rio de Janeiro.

Autor
Marco Maciel (DEM - Democratas/PE)
Nome completo: Marco Antônio de Oliveira Maciel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do acadêmico Antonio Olyntho Marques da Rocha, ocorrido em 12 de setembro, na Cidade do Rio de Janeiro.
Publicação
Publicação no DSF de 15/09/2009 - Página 43266
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ESCRITOR, MEMBROS, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (ABL), ELOGIO, VIDA PUBLICA, REGISTRO, BIOGRAFIA, CONTRIBUIÇÃO, DIVULGAÇÃO, CULTURA, BRASIL, QUALIDADE, ADIDO CULTURAL, EUROPA, AFRICA, APRESENTAÇÃO, PESAMES, FAMILIA, ENTIDADE.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE. Para uma comunicação inadiável. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente nobre Senador Papaléo Paes, Srs. Senadores Flávio Torres e Paulo Paim, minhas senhoras e meus senhores, trago à presente sessão uma comunicação que muito me entristece. Mas não posso deixar de fazer o registro para que fique expresso nos Anais do Senado Federal o falecimento do acadêmico, integrante da Academia Brasileira de Letras, Antonio Olyntho Marques da Rocha, ocorrido, anteontem, dia 12 de setembro, na cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro..

            Venho pedir a inserção em Ata de voto de profundo pesar pelo seu falecimento e a apresentação de condolências aos seus familiares, à Academia Brasileira de Letras, ao PEN Clube do Brasil, ao Jornal O Globo, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, à Embaixada do Brasil na Romênia, que mantém em Bucareste a Biblioteca Antonio Olinto, e à Faculdade de Letras Ozanan Coelho, em Ubá. Ele era natural de Ubá, em Minas Gerais, e Ozanan Coelho foi Governador desse Estado, como todos sabemos.

            Sr. Presidente nobre Senador Papaléo Paes, o acadêmico Antonio Olyntho era escritor, crítico literário e ensaísta. Nasceu em 10 de maio de 1919 na cidade de Ubá, como há pouco mencionei, filho de José Marques da Rocha e Áurea Lourdes Rocha. Ele foi casado por 50 anos, ou seja, fez bodas de ouro com a também escritora e crítica literária Zora Seljan, falecida em 2006. Era um casal de grande densidade intelectual.

            Tive oportunidade de conhecê-lo quando se encontrava como Adido Cultural do Brasil em Londres, sempre em companhia da esposa. Realizou um trabalho extremamente positivo de aproximação no campo cultural e, de modo especial, no campo literário entre o Brasil e a Inglaterra. Suas atividades não se limitavam apenas a Londres, posto que seu trabalho abrangia toda a Europa, incluindo a nação irmã Portugal.

            Antonio Olyntho era assíduo frequentador da Academia Brasileira de Letras. Com ele convivi durante mais de quatro anos. Gostava de organizar seminários, de participar de conferências do Brasil no exterior, havendo viajado a mais de quarenta cidades difundindo a cultura brasileira, entre elas Tóquio, Seul, Sidnei, Luanda, Maputo, Dacar, Lomé, Porto Novo, Lagos, Adjiban, Tânger, Buenos Aires, Lisboa, Coimbra, enfim, nelas sempre plantando um pouco da cultura brasileira em suas mais diferentes manifestações, de modo especial no campo da poesia, da literatura e, sobretudo, divulgando valores que caracterizam a chamada identidade brasileira.

            Em 1962, foi nomeado Adido Cultural do Brasil em Lagos, na Nigéria, país a pouca distância do Brasil e que possui vínculos muito próximos com nossa Pátria. Proferiu mais de 120 conferências na África Ocidental sobre a cultura brasileira. 

            Posteriormente, em 1968, também como Adido Cultural em Londres, na Inglaterra, desenvolveu uma atividade incessante através de palestras, conferências, e realizou pelo menos cem exposições ao longo dos cinco anos em que ali permaneceu. Um lado pouco conhecido da vida de Antonio Olyntho é haver ele sido pioneiro da televisão brasileira. Apresentava programas culturais na TV Tupi e na TV Continental, ambas na cidade em que ele nasceu.

            Na sucessão do acadêmico Antonio Callado, Antonio Olyntho foi eleito membro da ABL e tomou posse no dia 12 de setembro de 1997, vindo a falecer na mesma data em que completaria doze anos de sua permanência na Academia Brasileira de Letras.

            Ocupava, desde 2001, o cargo de Diretor-Geral do Departamento de Documentação e Informação Cultural, da Secretaria das Culturas do Município do Rio de Janeiro, onde inaugurou bibliotecas em comunidades carentes, manteve as bibliotecas municipais em prédios fixos, além de dirigir o Museu da Cidade e o Arquivo Geral da Cidade. Todos esses fatos que acabo de registrar tiveram a marca muito acentuada de Antonio Olyntho.

            Desde 1998, assumiu o cargo de editor-chefe do Jornal das Letras e, em setembro desse ano, no contexto das celebrações do 7 de Setembro, a Embaixada do Brasil na Romênia inaugurou em Bucareste a Biblioteca Antonio Olyntho.

            Em 2000, foi agraciado com o titulo de Doutor Honoris Causa, do Conjunto Universitário de Ubá, através de sua Faculdade de Letras, e recebeu o Diploma de Excelência da Universidade Vasile Goldis, de Arad na Romênia, pelo seu trabalho de difusão da cultura brasileira naquele país.

            Em 2003, inaugurou, na Faculdade de Letras Ozanan Coelho, que foi , como sabemos, Deputado Federal e também Governador de Minas Gerais, uma biblioteca de mais de trinta e quatro mil volumes que recebeu o seu nome.

            Em 2004, o Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro outorgou-lhe o Título de Sócio Grande Benemérito.

            Sua obra abrange romance, crítica literária, análise política, poesia e ensaios, além do reconhecimento de um trabalho muito competente que fez no campo da difusão da nossa cultura, mormente no Estado em que vivia: Rio de Janeiro.

            O jornal O Estado de S. Paulo de ontem, ao registrar a morte de Antonio Olyntho, aos noventa anos, observou:

      Ele era um farol brasileiro voltado para a África’, apontou o imortal Marcos Vilaça”.

            A última publicação de Olyntho saiu em 2002, com a biografia de Ari Barroso. Ele era grande conhecedor de musica também.

            Antonio Olinto, como já tive ocasião de mencionar, não teve filhos, ficou viúvo em 2006, quando contava cinqüenta anos de casamento. Desde então, abateu-se, embora mantivesse suas atividades na ABL. Em março, teve problemas de saúde, foi internado, mas voltou para casa, onde contava com ajuda de uma secretária.

            Sr. Presidente, quero solicitar o voto de pesar a que fiz referência no início da minha exposição, homenageando Antonio Olinto e a sua contribuição extremamente expressiva à identidade cultural brasileira e, de modo mais geral, pelo seu amor à literatura e às artes.

            Devo, portanto, Sr. Presidente, Senador Papaléo Paes, ao encerrar as minhas palavras, dizer que ao acadêmico Antonio Olinto se aplica de forma muito justa a observação do poeta Fernando Pessoa:

      Quem, morrendo, deixa escrito um belo verso deixou mais ricos os céus e a terra e mais emotivamente misteriosa a razão de haver estrelas e gente”.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MARCO MACIEL EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210 inciso I e § 2º do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

Requerimento nº 1.208, de 2009 (De pesar pelo falecimento de Antonio Olyntho Marques da Rocha.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/09/2009 - Página 43266