Discurso durante a 157ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos quarenta e quatro anos de criação da profissão de Administrador.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos quarenta e quatro anos de criação da profissão de Administrador.
Publicação
Publicação no DSF de 16/09/2009 - Página 43474
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, ADMINISTRADOR, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, REGISTRO, EXPERIENCIA, ORADOR, ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL, ESTADO DO PIAUI (PI).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Marconi Perillo, Srªs e Srs. Parlamentares aqui presentes, são tantas as lideranças da Administração, que eu pediria permissão para saudar todos na pessoa do Presidente do Conselho Federal de Administração, Sr. Roberto Carvalho Cardoso.

            Brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, primeiro, como sempre, quero felicitar nosso líder e administrador Marconi Perillo, que administrou muito bem o Estado de Goiás e que muito nos ajuda a atravessar o Mar Vermelho do Senado.

            Sou médico-cirurgião, e, na vida, para onde a gente vai, a gente leva nossa formação profissional. Quis Deus estivesse ali o Adilson Farias de Castro, administrador do Campus avançado Reis Veloso, na Parnaíba, esse que deu um exemplo de administração neste País, que foi o maior Ministro do Planejamento da nossa história, que fez o I Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) e o II PND. Marconi Perillo, ele foi o farol, a luz do regime militar. O progresso que houve - e houve - naquele período, nós o devemos a João Paulo dos Reis Velloso. É patrono daquele Campus, que recebe seu nome e onde Adilson se formou em Administração. Mas ele deu um grande ensinamento, e bastaria esse ao País, ao Governo de hoje. Ele era um menino pobre. Com nove anos de idade, ele abria a fábrica do meu avô. É filho de carteiro e de costureira. Em vinte anos de mando, nenhuma indignidade, nenhuma imoralidade, nenhuma corrupção. Então, é um exemplo muito atual.

            Mas eu queria dizer o seguinte: de repente, eu, um médico-cirurgião de uma Santa Casa de Misericórdia, quando vi, eu acho que com a ajuda do Adilson e da ilustre família dele, elegeram-me prefeito da minha cidade. Vou confessar aqui: quando fui eleito, tive medo. Tive medo e vim confessar isso aqui, ô Marconi Perillo.

            Esse negócio de política é cheio de atrapalhada, não é? Tenho um irmão mais velho, que o Adilson conhece, que é empresário e que falou: “Olha, rapaz, você vai sair da Santa Casa, e o mundo é outro. Esse não é o mundo pelo qual você anda, o da Santa Casa, com as freiras, operando, fazendo caridade. É outro”. E fiquei com medo e preocupado, pois seria prefeito. Mas sempre tenho minhas crenças, acredito em Deus, acredito no amor que cimenta a família, no estudo e no trabalho. Ia chegar o dia 1º de janeiro, e eu estava com medo, Marconi. Estava tão boa minha vidinha, na Santa Casa, como cirurgião.

            Fui cirurgião famoso mesmo, fui cirurgião bom. Formei-me como cirurgião, com todos os cursos, com todas as qualificações, recebendo até o aposto de Mão Santa pelos pobres. Fui cirurgião bom mesmo. Era o Pelé fazendo gol, eu fazendo cirurgia, e Dom Hélder Câmara celebrando. Eu era feliz, respeitado, laureado como cirurgião. Pude fazer todos os cursos imagináveis. E, então, de repente, tive medo. Pensei: “Mas, Mão Santa, como é que tu vais, numa boa...” Meu mundo era a Parnaíba - que é o melhor lugar do mundo -, Fortaleza, o Rio. Ficava por uma semana lá, comprando livro com Adalgisinha e dançando tango. Então, minha vida era essa, boa, danada. Acho a Medicina a mais humana das ciências, e o médico, o grande benfeitor da humanidade.

            Fiquei com medo, Adilson, e o confesso aqui. Eu pensava: “Rapaz, você vai entrar na política e vai se lascar. Vai se lascar com esse negócio de prefeito”. Aí, estudei bastante. A Adalgisa dormia, e eu estudava. Estudava Henri Fayol, o francês, engenheiro, eu estudava os seus fundamentos: planejar, designar, orientar, coordenar, fazer o controle, unidade de comando, unidade de direção.

            Aqui, falo isso para o nosso Presidente ter um pouco de humildade. O Brasil teve grandes governantes, grandes governantes. Getúlio Vargas fez o Departamento Administrativo do Serviço Público (Dasp).

            Há um livro de Wagner Estelita - leia-o, Marconi Perillo, quando tiver oportunidade - que trata de administração, de chefia, de liderança, de critério de promoção. E eu o estudava ali. Eu dizia: “Estou lascado. Vai chegar o dia 1º. Que diabo! Fui me meter nesse negócio aí. Eu estava tão bem como cirurgião, em Fortaleza, no Rio, em Buenos Aires, com a Adalgisinha”. Eu estudava e ficava com medo. Adilson, eu estava com medo mesmo. Ao se aproximar o dia 1º, eu estava ficando triste: “Agora, vou me lascar”. Meu irmão mais velho ainda me meteu medo. Ele tem medo desses aloprados que ainda existem por aí e disse: “Vão envolvê-lo aí”.

            Eu estava com medo e, lá pelas tantas, de madrugada, eu estudava um livro de capa amarela: Taylor, o Mago da Administração. E eu, com medo, já estava chegando à metade do livro, e o medo aumentava: “Vou para essa prefeitura e vou é me lascar. Estava tão bem como cirurgião. Por que diabo fui me meter nisso?”. Mas, de madrugada, no livro, ele dizia: “Não é tão complicado. Administrar é como exercer a função de um cirurgião”. Podem buscar o livro! Até aí, eu estava apavorado. Eu acho que nem ia assumir o cargo. Mas ele dizia que administrar era como exercer a função de um cirurgião, com decisão, com firmeza, com trabalho em equipe. Esse negócio de planejamento é o pré-operatório. Por isso, Juscelino deu certo. Já se faz isso, é automático, é ligeiro, é ligeiro. O pré-operatório é o planejamento. A obra é a operação em si. O pós-operatório é o controle. Aí ele disse que trabalhar em equipe é saber começar e terminar.

            Todas as minhas obras, as que eu fiz como prefeito e como governador, eu as concluí. Por que, Marconi? E eu ainda era de Santa Casa, cuidava dos pobres. E ainda me misturava com a função de anestesista, por necessidade. Quando a pessoa era pobre, desapareciam os anestesistas. Eu tinha de dar uma raquianestesia, para fazer uma cesárea, um parto. E, ali, a gente dispõe de 40 minutos, de 45 minutos, tem de começar e terminar ali. A mesma coisa a gente passa para começar a obra e ver o seu fim. Não há esse negócio de obra inacabada. É a profissão que você leva. O advogado, com todo o mérito, pode ir para casa, estudar, demorar na sua decisão, mas a gente não pode fazer isso, não, porque senão o doente morre. E, se for aplicar a raquianestesia, ele tem o direito.

            Mas, de repente, isso deu tão certo, que se lembraram do meu nome para governador. Mas, Marconi, era para “boi de piranha”, para perder. Não acreditavam que eu ganharia. De repente, na minha cidade, em que fui prefeito, tirei 93,84% dos votos. Eu era governador. E, aqui, estamos.

            Acho que essa foi uma decisão muito sábia do Marconi de convocá-los. Esse mundo precisa, cada vez mais, que todos tenhamos conhecimento em Administração. Todo mundo, todo mundo, todo mundo precisa ter esse conhecimento! Eu queria essa oportunidade. Uma das razões da existência do Senado é esta: a de sermos os pais da Pátria, a de ensinarmos. E nós nos achamos. A vida, a luta, o sofrimento nos trouxeram aqui. O que me fez chegar aqui foi um passo no estudo e outro no trabalho, o estudo e o trabalho, as bênçãos de Deus e a força do povo.

            Mas, nessa atitude de continuar nesse amor - e acredito muito no estudo -, contesto nosso querido Presidente Luiz Inácio, que disse que uma página de livro dá sono, dá canseira, que é melhor fazer esteira. Acredito no estudo. Foi assim que exerci a Medicina.

            Mas, aqui, eu queria passar algo que achei interessante nesta vida. Como pai de uma pátria toda, ele nos ensina. Falo de Átila, rei dos hunos. Marconi Perillo - V. Exª, além de ser político, é administrador extraordinário -, veio a mim este livro: Átila, rei dos hunos. Olhem o princípio de liderança de Átila, rei dos hunos. Ele era nômade, cigano, como esses hunos. Foi complicado: morreu o pai dele, ficou rei o tio, que o mandou estudar em Roma. Ele quis fugir, mas acabou aprendendo. Ele foi um grande homem. Não era o que dele dizem. Ele fazia aquilo para os outros terem medo dele. O livro é Átila, rei dos hunos. Ele ensinava. Ele reuniu, quando ele voltou, depois da vivência em Roma, seus povos, que eram nômades. Reunia-os e dava os princípios de liderança: como vestir, como andar. E ele diz uma frase muito oportuna: “Administrar é fácil, é premiar os bons e punir os maus”. Temos de ter coragem para fazer isso.

            Então, são essas as nossas palavras. Que meus aplausos se somem aos seus aplausos, em homenagem a esses que se dedicam à administração! Pelos princípios da administração, das lideranças que vocês conseguirem irradiar, é que vamos construir este País mais forte, mais rico e mais feliz. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/09/2009 - Página 43474