Discurso durante a 142ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do Senador norte-americano Ted Kennedy.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do Senador norte-americano Ted Kennedy.
Publicação
Publicação no DSF de 27/08/2009 - Página 39054
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, PARLAMENTAR ESTRANGEIRO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), ELOGIO, ATUAÇÃO, VIDA PUBLICA, IMPORTANCIA, CONTRIBUIÇÃO, VITORIA, BARACK OBAMA, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Na verdade, lamento muito o falecimento do Senador Edward Kennedy e tenho alguns registros a fazer.

            Em primeiro lugar, a sina trágica dessa família e o fato de que, de todos os três irmãos, tendo sido Senadores, Edward Kennedy, que teve tudo para chegar à Presidência - não chegou em função daquele acidente terrível em sua vida, aquele Chappaquiddick -, foi o melhor Senador dos três. Ele foi mais Senador que John Kennedy, mais Senador que Bob Kennedy, porque ele era o mais completo, o mais experiente, o que mais tempo ficou no Senado, o mais ouvido.

            Tive ocasião de visitá-lo uma vez. Ele me recebeu junto com um assessor polonês que sabia tudo sobre a Guerra de Canudos. E a visitação pública no gabinete dele era muito grande. Era história de entra e sai de gente para tirar foto como se fosse um monumento, como se fosse um outdoor ambulante.

         Eu entendo que os três irmãos eram afinados com a ideia da democracia, da paz. Bob Kennedy, que foi assassinado brutalmente, tanto quanto seu irmão John, chegou a estar em Manaus e se recusou a visitar o Governador indireto, que representava a ditadura àquela altura, Arthur Cezar Ferreira Reis, professor de História, um amazonólogo. Mas Bob se recusou a falar com ele porque, naquele momento, ele havia fechado a Assembleia. Ele disse: “Eu não cumprimento nem visito governante que fecha uma casa legislativa”. E visitou a Assembleia fechada, além de ter dado declarações de apoio ao Poder Judiciário e à interdependência dos três Poderes.

            Mas Ted Kennedy era um democrata. Era o líder, o patriarca da família Kennedy. Eu quero ressaltar, como já o fez o Senador Suplicy, o grande peso que ele demonstrou na eleição do Presidente Barack Obama. A filha de Kennedy também: Caroline. Mas ele foi um grande articulador, um grande coordenador, e sua presença conferia autoridade moral a qualquer candidatura.

            O Senador Obama era visto como alguém de pouca experiência administrativa, até porque não a tinha. Havia sido senador estadual por seis anos e estava há dois anos e pouco como senador federal. Era um senador de posições muito progressistas, mas abria-se uma interrogação. Que tinha carisma, ninguém duvidava, todo mundo via. Mas o que faria ao dirigir a principal economia do mundo, a principal potência bélica do mundo, a única grande potência bélica do mundo hoje, na verdade?

            O que faria Barack Obama? Ele precisava de alguns avalistas. Um deles, sem dúvida alguma, foi - talvez o principal, certamente o principal - o Senador Ted Kennedy, que dizia: “Podem confiar, porque este jovem tem o que oferecer ao mundo”. E eu, pessoalmente, faço muita fé que o governo do ex-Senador Obama e atual Presidente Obama será muito vitorioso, muito exitoso, porque é aberto. Uma figura que, com toda sua mistura familiar, com o fato de ter nascido no Havaí, ter morado na África, ter morado em diversos países, ele se formou um americano diferente, muito mais aberto para o mundo, muito mais capaz de entender a América Latina, muito mais capaz de entender a África, de entender, enfim, os povos todos.

            Em outras palavras, para encerrar, Senador Jefferson Praia, e agradecendo ao Senador Magno Malta, é com muito pesar que eu registro o falecimento do Senador Edward Kennedy, porque se fecha uma era, uma era muito brilhante, de uma família chefiada por um pai obstinado, Joseph Kennedy, mas que tinha uma matriarca - sua esposa, Rose Kennedy - mais obstinada ainda. E o casal entendeu que tinha que ter um filho Presidente dos Estados Unidos. O mais velho se encaminhou e conseguiu ser Presidente dos Estados Unidos, e nós sabemos o desfecho trágico; o segundo ia também; e o terceiro ia na mesma trilha. Ou seja, educaram os filhos para os negócios de Estado, eles que eram industriais muito fortes naquela região de Massachusetts, industriais muito fortes, figuras muito ricas.

            Mas, enfim, o Brasil perde um amigo e o mundo perde um democrata, ficando sempre o exemplo de que espírito público vale em qualquer latitude. E o que se pressentia naquele Senador tão experiente, tão experimentado, era que ele soube trocar muito bem o arroubo da juventude pela segurança de conhecer os problemas do seu país. Era uma fonte obrigatória de consulta e era, de fato, um grande Senador da República. Eu diria assim: Kennedy foi um excelente Presidente, Bob Kennedy foi um grande americano e Ted Kennedy foi, eminentemente, um grande Senador, um notável Senador, um dos maiores que já passou pelo parlamento norte-americano.

            Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/08/2009 - Página 39054