O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Presidente Mão Santa.

            Eu solicitei minha inscrição para esta manifestação nesta manhã de sexta-feira porque o Rio Grande do Sul está vivendo hoje um dia muito especial. Aliás, este mês de setembro, para o Rio Grande do Sul, é todo muito especial. Temos o 7 de setembro, que é a maior data nacional, mas, no Rio Grande do Sul, temos uma data tão importante como esta, que é o 20 de setembro, data da Revolução Farroupilha, que está sendo celebrada intensamente, como todos os anos acontece, no Parque da Harmonia, Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, no Acampamento Farroupilha.

            Durante todo o mês de setembro, milhares de cidadãos e cidadãs acampam, instalam-se com seus galpões crioulos, com seus CTGs, com suas entidades, e celebram intensamente essa data tão importante não só para o Rio Grande do Sul, mas também para o Brasil. É realmente muito importante para todos nós. Aliás, há um texto de autoria de Arnaldo Jabor em relação a essa paixão farroupilha. Eu vou apenas citar duas outras frases.

            Diz ele:

O Rio Grande do Sul é como aquele filho que sai muito diferente do resto da família. A gente gosta, mas estranha. O Rio Grande do Sul entrou tarde no mapa do Brasil . Até o começo do século XIX, espanhóis e portugueses ainda se esfolavam para saber quem era o dono da terra gaúcha. Talvez por ter chegado depois, o Estado ficou com um jeito diferente de ser.Começa que diverge no clima: um Brasil onde faz frio e venta, com pinheiros em vez de coqueiros, é tão fora do padrão quanto um Canadá que fosse à praia. Depois, tem a mania de tocar sanfona, que lá no RS chamam de gaita, e de tomar mate [também chamado chimarrão] em vez de café.

            E ainda destaca a personalidade forte do gaúcho, com sua gente rigorosa, lá no Sul, que não sabe nada do riso fácil e da fala mansa dos brasileiros do litoral.

            Pois este é o mês e esta é a semana, a Semana Farroupilha, em que todas essas paixões se exacerbam. Elas vão, realmente, à flor da pele. Amanhã, sábado, haverá um desfile temático da história da epopéia farroupilha e no domingo haverá um grande desfile com todas as tradições, como sempre acontece - no domingo, dia 20 de setembro, com uma muito forte participação popular.

            Pois exatamente hoje, nesta manhã, neste momento ou dentro de alguns minutos, inicia-se uma cerimônia em Sapucaia, na região metropolitana de Porto Alegre, com a presença do Presidente Lula, em que ele assinará a ordem de serviço para o início das obras de construção da BR-448, chamada Rodovia do Parque, que é considerada uma das mais importantes, das principais obras do PAC para o Sul do País e cujos investimentos estão na ordem de quase R$1 bilhão.

            Será também assinada, no mesmo evento que está ocorrendo, que se está iniciando agora, em instantes, ordem de serviço para o início das obras de dois lotes da duplicação da BR-392, trecho Pelotas-Rio Grande, lá junto ao Porto de Rio Grande, na zona sul. Trata-se de uma obra cuja premissa fundamental é a melhoria da segurança aos usuários, uma vez que a duplicação vai reduzir ultrapassagens com riscos de acidentes, além de desafogar uma estrada vital ao transporte de cargas para as fronteiras da Argentina e do Uruguai e para o Porto de Rio Grande.

            Sabemos que as obras em uma rodovia também podem causar alguns transtornos, inclusive ambientais, por isso esse projeto de duplicação do trecho Pelotas - Rio Grande está sendo executado a partir de preceitos constantes de um Plano Básico Ambiental, formado por 18 programas - tudo, portanto, feito com os cuidados necessários, levando-se em consideração o rico ecossistema da região e o desenvolvimento das suas comunidades.

            A Rodovia do Parque, na região metropolitana de Porto Alegre, é de igual modo fundamental e estratégica para o desenvolvimento do nosso Estado, do Rio Grande do Sul, além de ser fruto de uma reivindicação de mais de 20 anos do povo gaúcho, que trará um avanço para a economia e para a logística do transporte do Estado. É a solução para desafogar o trânsito da região metropolitana de Porto Alegre.

            Na obra, que está a cargo do Dnit, será investido quase R$1 bilhão, numa extensão de 22 quilômetros, partindo do entroncamento entre a BR-116 e a RS-118, e terminando na BR-290, na “Free way”, no acesso ao Bairro Humaitá, na entrada da capital gaúcha, na entrada de Porto Alegre.

            A Rodovia do Parque vem ajudar a superar um dos principais complicadores da mobilidade urbana de Porto Alegre. Seus 22 quilômetros comportarão 55 mil veículos por dia, desafogando em quase 50% a BR-116 nos principais gargalos: Sapucaia do Sul, Esteio, Canoas e Porto Alegre.

            O benefício para a economia do Estado será considerável. No trecho de Novo Hamburgo a Porto Alegre, na rodovia BR-116, circula o escoamento produtivo de aproximadamente 80% do PIB gaúcho, e a nova rodovia permitirá maior fluidez no tráfego de longo percurso entre o norte e o sul do País.

            Em consequência, haverá um crescimento econômico na região, concretizado na forma de geração de empregos diretos e indiretos gerados pelo próprio empreendimento, e pela expansão urbano-industrial, que através dos planos diretores dos Municípios será feita observando os princípios da sustentabilidade ambiental.

            Aliás, segundo informa o próprio Dnit, o projeto atendeu plenamente as recomendações do Estudo de Impacto Ambiental. Dos 4.500 metros projetados na forma de obras de arte especiais, que são as pontes, viadutos e elevados, 2.620 metros foram feitos observadas as restrições ambientais, como, por exemplo, a presença do Parque Estadual Delta do Jacuí.

            Sr. Presidente, o tão esperado início dessa obra foi fruto de um esforço de toda a Bancada gaúcha aqui no Congresso Nacional - dos 31 Deputados e dos três Senadores.

            Foram muitas reuniões, debates, demandas das comunidades dos Municípios envolvidos, enfim, uma grande caminhada, na qual pudemos contar com o apoio irrestrito do Governo Federal, no sentido de atender a essa justa reivindicação. Portanto é, realmente, a concretização de um grande sonho.

            Destaque-se a agilidade com que o Governo Yeda Crusius liberou a licença ambiental prévia, viabilizando a publicação do edital de execução dessa obra e permitindo, com isso, portanto, que hoje o Presidente Lula pudesse assinar esse documento tão importante, que é o início das obras. Esse, portanto, é o resultado da união de diferentes forças políticas na luta pelo desenvolvimento regional.

            Mas lembro, também, de outra importante ação, que, juntamente com a Rodovia do Parque, poderá trazer uma melhoria ao complicado trânsito de Porto Alegre e região, e, ainda, ao fluxo de veículos para a região do Porto de Rio Grande e para as nossas fronteiras com o Uruguai e Argentina. Trata-se da construção da Nova Ponte do Guaíba. Sabemos que é, também, um projeto grandioso, que envolve um custo estimado em mais de R$350 milhões, mas que trará enormes benefícios para a população, como já tive a oportunidade de dizer aqui, desta tribuna.

            Na apresentação dos empreendimentos necessários à realização de partidas da Copa do Mundo em Porto Alegre, a construção dessa segunda Ponte do Guaíba está entre as 16 obras apontadas ao Ministro do Esporte, Orlando Silva.

            A necessidade de uma nova ponte sobre o Guaíba torna-se cada vez mais urgente, na medida em que aumenta o fluxo de veículos nessas BRs, a partir exatamente dessa BR cuja construção o Presidente Lula está autorizando agora, em Sapucaia do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre. São veículos com destino ou provenientes da metade sul e navios que passam pelo Guaíba, demandando a Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas, e o Polo Petroquímico Triunfo.

            Mas a construção da ponte se faz necessária principalmente pelo tempo demorado que é dado ao içamento da ponte antiga. Nós temos, em Porto Alegre, essa antiga Ponte do Guaíba, que é içada várias vezes ao dia. Isso provoca engarrafamentos e situações extremamente sérias. Inclusive, no ano passado, um navio bateu contra a parte móvel, teve o seu vão móvel seriamente danificado, e já ocorreram casos de óbitos em ambulâncias que ficaram presas, esperando o içamento, o que leva cerca de 30 minutos quando tudo corre direitinho. Essa ponte já tem 50 anos, esse sistema já tem 50 anos e isso, obviamente, cria muitas dificuldades na sua manutenção.

            O fato é que a ponte foi incluída na agenda do Brasil e do Rio Grande do Sul. O modo e por quem será feita essa obra não é o mais importante. Nós, gaúchos, queremos a ponte, seja ela construída pelo Governo Federal ou construída através de parceria com uma concessionária.

            O importante é que a obra será, sem dúvida nenhuma, junto com a BR-448, a obra do século no Estado e ela precisa sair do papel. Com essa obra, com a duplicação da BR-392, trecho Pelotas-Rio Grande, e a Rodovia do Parque, que está tendo hoje o seu pontapé inicial, o Rio Grande do Sul se coloca com maior competitividade no cenário econômico nacional.

            É motivo de satisfação o anúncio de ações tão importantes, exatamente como eu dizia no início, durante as comemorações da nossa Semana Farroupilha. Como sabemos, essa é uma data histórica para nós, gaúchos, e para o Brasil, que está sendo comemorada através de uma série de eventos por todo o Rio Grande e terá o seu ápice num desfile tradicional, neste domingo, dia 20 de setembro.

            Quero, ao concluir, cumprimentar mais uma vez o Presidente Lula, o Ministro Alfredo Nascimento e a Ministra Dilma Rousseff, cuja determinação foi decisiva para a efetivação dessa obra como uma das prioridades do PAC no Rio Grande do Sul.

            Muito obrigado.

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