O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Roberto Cavalcanti, que preside esta sessão de hoje, 16 de setembro, parlamentares da Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes no plenário e os que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado, Ulysses Guimarães, que está encantado no fundo mar, disse que a corrupção é o cupim que corrói a democracia.

            Eu nunca vi tanto cupim como no momento que vivemos e no meu Estado do Piauí. Ali está o filho do melhor orador que já ouvi, Francisco Figueiredo, jornalista, radialista, Deputado, que ajudou a derrubar a ditadura. Homem de muita coragem.

            Mas, Sr. Presidente, eu tenho 66 anos. Ô Magno Malta, quando fui educado, eu apanhei muito de cinturão. Naquele tempo, a gente apanhava. E sabe por que eu apanhei muito? Tinha um tal de dentista - eu não sei se é porque vocês são novos; o Roberto Cavalcanti já não foi - que tinha uma broca no pedal. Dr. Juvenal e Dr. Simplício eram os dentistas. Eu sei que, quando eu ia tratar dos dentes, das cáries, o meu pai encontrava um deles. “E o Francisco? Dois meses que ele não vai nem lá.” Aí eu chegava em casa, o meu pai - está ouvindo, Zezinho? - pegava um cinturão. Mas eu mentia com medo da broca. Vocês não têm noção. Era um negócio de pedal. Tratar a cárie do dente com aquilo doía, arrepiava mesmo, e eu tinha medo desse dentista.

            Então, eu apanhei muito, viu, Magno Malta? Você não apanhou, não? E ele dizia assim: “Quem mente rouba.” Mas eu mentia porque eu faltava ao dentista com medo mesmo. Doía. Perguntem aos pais de vocês. Era no pedal a broca.

            Você chegou a ver isso? Não, você é mais novo. Quantos anos você tem?

            O SR. PRESIDENTE (Roberto Cavalcanti. PRB - PB) - Eu não sou mais novo. Eu sou talvez até mais velho e vivido...

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu quero saber é se você sofreu a broca de dente.

            O SR. PRESIDENTE (Roberto Cavalcanti. PRB - PB) - É lógico, lógico.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Arrepiava, e eu tinha medo. E faltava ao dentista e não tinha jeito.

            E papai perguntava por que eu não ia lá. E lá vinha o cinturão. Quem mente, rouba. Senador Magno Malta, papai pegava, rodava e dizia: “Quem mente, rouba.”

            Esse Governador do Piauí não teve pai, não; não apanhou, porque ele mente e rouba. Então, agradeço os cinturões que levei do meu pai. E não foi pouco não, Senador João Pedro. Tenho um irmão que apanhou mais do que eu, era o Paulo. Mas foi bom, eu agradeço, a gente apanhava era de cinturão mesmo. Quem mente, rouba. Mas a minha mentira era por causa do medo do dentista.

            O SR. PRESIDENTE (Roberto Cavalcanti. Bloco/PRB - PB) - Mas seu irmão que apanhou não foi o Paulo de Tarso...

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Era o Paulo que apanhava mais.

            Era medo do dentista. Quem foi nesses dentistas justifica o medo.

            Esse Governador do Piauí...Olha, o Juscelino Kubitschek tinha um binômio: “energia e transporte”. O Governo do Piauí é “mentira e corrupção”. Eu nunca vi uma pessoa mentir tanto. Esse Governador é tão mentiroso que mandou aqui responder a um discurso que o Senador Heráclito fez. O Heráclito é um Senador da República. Ele apenas denunciou que está cheio de outdoors, que tem cheio de avião e isso não era aeroporto internacional nenhum. A verdade é do Heráclito, o povo sabe.

            Na minha cidade, não tem nem teco-teco. Sempre teve, eu era criança, pegava o avião lá, Panair, Aerovias, Aeronorte, AeroBrasil, tinha até Paraense Transporte Aéreo, que a gente chamava de PTA: prepara tua alma.

            Sempre teve avião. Só não tem avião nessa desgraça de Governo do PT no Piauí! Sempre teve! Parnaíba não tem mais nem teco-teco. São Raimundo tem o aeroporto internacional. E ainda o bobão, o bobão, o bobão do Suplicy leu que tem uma linha que sai de São Raimundo, Petrolina e Teresina. Rapaz, não pode mentir, não! Isso não existe. Não estou com essa gente, mas não tenho nada contra o Luiz Inácio. É porque essa canalhada do Piauí mente e rouba; rouba e mente; mente e rouba.

            Está aqui o jornal. É o seguinte: “Landim Neto denuncia Governo Wellington Dias de pagar folha secreta com dinheiro do Fundep.” Isso é de uma família tradicional que está toda no Governo. São eles mesmos se acusando. Sabe aqueles filmes de bandido de quando eu era menino, de cowboys, Magno Malta, você assistia? Os bandidos faziam uma quadrilha, roubavam e saíam com o roubo. Saiam uns matando os outros. É o que está acontecendo no Piauí. Então, Landim e família estão todos no Governo. “Landim Neto denuncia Governo Wellington Dias de pagar folha secreta.” Não é meu não, é do jornal O Diário do Povo.

O coordenador do Grupo Dever de Classe, ligado ao Sinte/PI - Sindicato dos Trabalhadores - Professor Paes Landim Neto [e está aqui a foto, é ele, é Paes Landim, não sou eu não] fez uma denúncia pública de desvio de dinheiro do Fundep para pagamento de folhas paralelas em órgãos do Governo do Estado.

O grupo pede apuração do Ministério Público e da Polícia Federal para apurar folhas secretas no Governo.

Landim Neto alegou que o dinheiro está sendo desviado da Secretaria de Educação, procedente do Fundeb, para aplicar em outros órgãos. Parte do dinheiro está sendo usada para pagar folhas secretas, principalmente na Secretaria de Administração, para pagar servidores terceirizados, segundo o professor da rede estadual de ensino.

Segundo Landim Neto, a investigação está em curso na PF para apurar as folhas secretas, mas precisa haver uma investigação específica para identificar o valor do desvio dos recursos do Fundeb que estão financiando estas irregularidades.

“Nós vamos denunciar o caso, mas o Sinte [o Sinte é um sindicato aí, V. Exª que é sindicalista] tem que formalizar também a denúncia ao Ministério Público, senão, estarão sendo coniventes.

Queremos a apuração do desvio dos recursos que seriam para aplicar na Educação”, enfatizou Landim Neto.

            Então é este binômio: mentira/corrupção. Orgulhoso era o Brasil quando via Juscelino Kubitschek, um médico como eu, cirurgião como eu, Santa Casa, prefeitinho, governador, e Juscelino até cassado foi. Dentro daqui, tiraram ele, mas energia e transporte; o do Piauí é mentira e corrupção.

            Tem a Emgerpi, que é uma supersecretaria de obras, que é o maior rolo, são eles mesmos. Agorinha, está aí um Secretario de Saúde que não sei que... A sanguessuga está. Há luz para todo lar, Gautama.

            Olha, ô João Pedro, eu ajudei a eleger. E o Heráclito sabe o que ele disse no dia do discurso dele? Que a primeira eleição foi na minha garupa - foi o Heráclito aqui -, e a segunda foi ali no sentador do João Vicente, na garupa. O Heráclito disse ontem. Mas eu vou dizer o seguinte. E realmente eu votei neles. Eu tinha indicado até a Cepisa e a Funasa. Sabe por que eu deixei? Porque a companhia energética, eles tinham mesada. Eram quatro milhões o custeio, eles tiravam 10%, e um cabo racha lá. E eu tive que instigar o José Dirceu. Não tenho nada contra o José Dirceu. Eu queria que o João Pedro dissesse para ele. Eu queria era tirar o meu nome dessa quadrilha que está no Piauí. Eu que tinha indicado o da Cepisa. Eles tiravam 10% do custeio. E eu sou médico-cirurgião, raciocino rápido, eu digo: quando chegar o dinheiro, se eles já estão tirando no começo, no custeio, quando chegar o Programa Luz para Todos, o programa de obras energéticas, que eu tenho uma visão, porque já fui Prefeito e Governador, é muito, e deu no que deu. A companhia energética está falida.

            Então, desta tribuna eu cutuquei e disse: Dirceu - naquele tempo em que ele era poderoso -, Zé Maligno. Na segunda vez, ele mandou tirar o cabra de lá. Eu dei graças a Deus, porque eu que tinha indicado. Eu ia ficar envolvido.

            Então, essas são as palavras, mas lamentando. Agora, João Pedro, a maior estupidez é perdermos a esperança. O homem não nasceu para ser derrotado. Ele pode até ser destruído. Quem diz isso é Ernest Hemingway, no seu livro O Velho e o Mar. Então, ao povo do Piauí o que resta é a esperança.

            E tem. Tem cinco extraordinários candidatos a governador. Então, o povo do Piauí... O João Vicente é um deles, mas os outros todos são muito bons. O Vice-Governador foi meu líder de Governo, como o João Vicente foi meu secretário, o Marcelo Castro dirigiu o Iapep no meu governo e foi Secretário de Agricultura, e tem o Secretário de Fazenda; é do seu Partido, mas ele é honrado. O Secretário de Fazenda é um homem de bem. Não é... Isso só vê a verdade que é como o nosso partido: tem joio e trigo, está entendendo?

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Permite um aparte?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Diga! Um aparte a João Pedro, que está com um livro do Rui Barbosa ali.

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Duas questões, Senador Mão Santa. O senhor sabe que eu tenho a maior admiração por V. Exª, e V. Exª é um grande Senador. Mas eu quero fazer um reparo. V. Exª está fazendo um discurso, apesar do adiantado da noite - são quase 22 horas -, mas o Brasil está acompanhando o Senado. Eu queria que V. Exª... É que V. Exª colocou um adjetivo a um grande Senador desta Casa que é Eduardo Suplicy. V. Exª empregou um adjetivo que eu gostaria que V. Exª refletisse sobre ele, porque o Suplicy é um grande homem. É um grande homem...

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - É um grande homem, um extraordinário homem. Eu tenho é gratidão. Você sabe que ele é tão grande homem que eu vou lhe dizer o seguinte... Mas ele caiu...

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Ele merece o nosso respeito, a nossa consideração, o nosso carinho, como todos aqui merecem.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Merece. Todos merecem... Eu tenho é gratidão. Eu vou dizer a grandeza do Suplicy.

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Nem sempre...

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Deixe eu lhe dar um quadro...

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Mas eu quero terminar o aparte a V. Exª.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não, é porque ele pega um assessor de comunicação que nunca vi se mentir tanto. Nunca, nunca, nunca, nunca. Não existe. Ele pega e lê... Ele devia ter... Porque não tem! Eu estou dizendo que não tem! Está aí um Senador do Piauí. Essa linha de bandeirante de Petrolina que vai para Teresina... O aeroporto internacional, que o Heráclito falou, é na minha cidade, Parnaíba. Lá não tem nem teco-teco.

            Então, seria a mesma coisa que eu analisar o Governo do Amazonas, porque para isso eu não tenho subsídio.

            Eu acho que ele foi ingênuo em pegar... Não foi contra mim que ele rebateu, não. Foi o Senador Heráclito Fortes que fez ontem esse pronunciamento. Agora, a mentira é grande! Tem lá os outdoors numerosos desses aeroportos internacionais. Tem uns que o Heráclito trouxe aqui ontem... Tinha até fotografia de avião no outdoor...

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Eu gostaria que V. Exª... V. Exª estava tratando há pouco o Governo como uma quadrilha. Nem sempre o que sai na mídia podemos tomar como verdade. Quantos homens públicos já não foram tratados de forma mentirosa, caluniosa na mídia, nas páginas dos jornais e revistas? Então, V. Exª acaba de elogiar, destacou três ou quatro pessoas que seriam “gente boa”, gente inteligente do PT. Mas, ao mesmo tempo, V. Exª diz: “É uma quadrilha”. Eu gostaria...

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Ah, para roubar tanto não é um só, não! É muita gente lá no Piauí.

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Eu gostaria que V. Exª...

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu nunca antes, como Luiz Inácio diz, vi uma roubalheira tão grande. Não existe!

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - V. Exª consegue provar isso, Senador Mão Santa?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - É a coisa mais fácil do mundo! O João Vicente, o pai dele hoje é o homem mais rico do Estado. Tem o dinheiro todo! Mas o meu avô tinha mais do que o pai dele. Ele tinha dois navios, tinha uma indústria, que ele tirou lá do Piauí...

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Trabalhando.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não, meu avô e ele. Não estou dizendo, não. Então, levou para o Rio de Janeiro, na Ilha do Governador, pegou o sabão, era Moraes, botou na copa, pegou a gordura de coco Moraes, ganhou da gordura de coco carioca.

            Meu avô tinha dois navios. Quer dizer, o neto dele sou eu. O herdeiro dele sou eu. E eu fui um médico brilhante, trabalhei, fui tudo no Estado. Tu vais olhar o meu apartamento e olhar o desse povo. Tu vais olhar o carro em que ando e o desse povo, que nunca trabalhou, não tem passado e tudo. Quer dizer, salta...

            Eu o convido para sair mostrando. Este aqui é o apartamento do Dr. Francisco de Assis de Moraes Souza e aqueles são de “a” e “b”. E leve em consideração que eu sou neto do homem que foi o maior empresário da história do Piauí. O Roberto Cavalcanti conhece mais ou menos a história. Quer dizer, salta aos olhos. São os aloprados que o Luiz Inácio mesmo, num momento de muita sinceridade, de sofrimento, disse: “Estou rodeado de aloprados”. Mas no Piauí são muitos.

            Então, era o que tinha a dizer.

            Ó esperança na democracia, que garante alternância do poder! Há cinco extraordinários candidatos, inclusive o João Vicente é um deles. Então, o povo do Piauí vive nessa esperança de alternância do poder.

Modelo1 6/21/249:50