Discurso durante a 159ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque para a recuperação da economia brasileira, pós crise financeira mundial. Observação sobre a estabilidade trazida pelo Plano Real, que permitiu ao Brasil sair da crise.

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Destaque para a recuperação da economia brasileira, pós crise financeira mundial. Observação sobre a estabilidade trazida pelo Plano Real, que permitiu ao Brasil sair da crise.
Publicação
Publicação no DSF de 18/09/2009 - Página 44906
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, RECUPERAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, EFEITO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, REGISTRO, DADOS, RETORNO, EMPREGO, PRODUÇÃO INDUSTRIAL, ELOGIO, PARTICIPAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, DISCUSSÃO, APOIO, PROVIDENCIA, GOVERNO, ATENÇÃO, SETOR, EXPORTAÇÃO, CREDITOS, MERCADO INTERNO, AQUISIÇÃO, PRODUÇÃO, INDUSTRIA AUTOMOBILISTICA, INDUSTRIA DE ELETRODOMESTICO, ANALISE, INFERIORIDADE, PREVISÃO, INFLAÇÃO.
  • AVALIAÇÃO, ALTERAÇÃO, ECONOMIA INTERNACIONAL, AMPLIAÇÃO, LIDERANÇA, BRASIL, MOTIVO, ESTABILIDADE, ECONOMIA NACIONAL, NECESSIDADE, RECONHECIMENTO, EFEITO, IMPLANTAÇÃO, PLANO, REAL, GOVERNO, ITAMAR FRANCO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a crise econômica mundial, que tanto assustou o mundo, está completando um ano e já dá sinais de estar sendo vencida, embora não na velocidade e na dimensão que todos gostariam.

            Muitas sequelas ficaram e vão continuar por algum tempo. Empregos foram perdidos, oportunidades foram deixadas de lado, planos e projetos foram adiados e muitas empresas, se não fecharam, tiveram seus alicerces comprometidos e perderam a solidez de antes.

            A boa notícia é que os números da economia brasileira dão sinais de melhora. A indústria, que foi a mais afetada pela recessão, está se recuperando, e o resultado disso é o reaquecimento do mercado de trabalho.

            De acordo com o IBGE, 142 mil empregos formais foram criados em julho, e a taxa de desemprego chegou ao menor índice do ano: 8%, quase o mesmo de julho do ano passado, quando ainda não havia crise na economia global.

            Na verdade, os efeitos da crise no Brasil foram sentidos basicamente nos setores exportadores, devido à retração da demanda internacional, e nos setores industriais dependentes de crédito, como veículos, linha branca, etc., não por acaso, os setores focados pelo Governo com as medidas circunstanciais de redução de impostos, como alternativa para mitigação dos efeitos danosos dessa crise.

            Como foi bem colocado aqui, esta Casa participou intensamente da discussão de todas as demandas que o Governo apresentou, além de apresentar algumas alternativas para que pudéssemos vencer rapidamente essa crise.

            Já em março, a maior parte dos estoques de veículos havia sido escoada, e o volume de crédito concedido pelo sistema financeiro timidamente voltou a apresentar crescimento em relação ao mesmo período de 2008, comprovando estarem sendo eficazes as medidas tomadas internamente.

            Há sinais consistentes de que o pior da crise financeira que abalou as estruturas da economia mundial vai ficando para trás. De fato, esses sinais de recuperação vêm tanto dos dados dos mercados financeiros como dos relativos à dita economia real.

            Além disso, o rendimento dos títulos de dez anos do governo norte-americano, que havia mergulhado para 2%, já voltou a seu patamar normal de 4%. Isso sem falar na arrancada das Bolsas, e não apenas nos Estados Unidos, mas no mundo inteiro. No Brasil, por exemplo, o Ibovespa, que chegou a 35.000 pontos no auge da crise, ultrapassou os 60.000 pontos ontem.

            Com efeito, grande parte do noticiário econômico veiculado na imprensa internacional tem se dedicado a indicar a consistência dos diversos sinais de retomada do crescimento no mundo desenvolvido, além da renovada pujança na economia da China.

            No Brasil, a indústria vem surpreendendo positivamente mês após mês, e o dado do PIB referente ao primeiro trimestre de 2009 foi menos pior do que se pensava. A queda em relação ao trimestre anterior foi de apenas 0,8% (puxada pelo recuo dos investimentos).

            Todos os países desenvolvidos, para socorrer o falido sistema financeiro e evitar prejuízos maiores, estão emitindo dinheiro, o que vale dizer, projetando para o futuro razoável desvalorização de todas as moedas, assim como inflação, a médio prazo.

            Os efeitos danosos sobre a economia futura exigirão uma dura política monetária, que implicará, necessariamente, não permitir a expansão dos mercados, para evitar uma inflação de demanda que venha a implodir todos os padrões monetários do mundo.

            Internamente, a crise financeira mundial teve contribuição significativa para o cenário benigno da inflação brasileira neste ano e, mesmo com a retomada da economia, a perspectiva continua sendo favorável para 2009 e 2010.

            Apesar de alguns índices terem surpreendido para cima, não mudaram as expectativas de analistas de que a inflação deste ano e do próximo ficará abaixo do centro da meta de 4,5%.

            O relatório Focus de 12 de setembro de 2008, divulgado exatamente no dia 15 de setembro do ano passado, mostrou que o mercado previa, antes da quebra do Lehman, inflação brasileira em 2009 de 4,99%. O Focus desta semana apontou previsão de 4,30%.

            Sr. Presidente, estamos num mundo de muita dívida e muita incerteza sobre quem pagará por ela. Os Estados Unidos são o maior e mais evidente exemplo: nos próximos anos, eles devem lidar com os déficits enormes gerados por programas de estímulo e com o grande problema do sistema de saúde, ainda para ser resolvido.

            A governança mundial sofrerá expressivas mudanças após o término da atual crise financeira global. É certo que países emergentes ingressarão ainda mais na pauta das decisões internacionais, já que o sistema de confraria adotado pelos países ricos para debater assuntos econômicos se mostrou ineficiente.

            Com isso, o Brasil vai conquistando papel preponderante nesse novo cenário, basicamente por demonstrar estabilidade econômica e política acima da média mundial.

            Podemos até demonstrar que conseguimos sair melhor da crise financeira que outros, especialmente entre os países em desenvolvimento.

            Entretanto, ao proclamarmos que o Brasil foi o último a ser atingido pela crise e o primeiro a sair, não podemos esquecer da nossa história político- econômica recente com a implantação, há quinze anos, do Plano Real.

            Ninguém neste País, em sã consciência, pode negar que o Plano Real representou o mais corajoso, benfeito e bem-sucedido lance da política econômica da nossa história, que uniu competência técnica e vontade política.

            Além do mais, abriu caminho para a formulação e execução de políticas sociais e de desenvolvimento. O plano macroeconômico dos governos Itamar e Fernando Henrique Cardoso nos dá a certeza da importância da estabilidade como condição anterior e superior a todas as outras.

            É preciso também evidenciar aqui a continuidade da política econômica por este Governo, que, sem dúvida nenhuma, teve êxito neste momento que atravessamos.

            O que nós estamos experimentando atualmente com a crise financeira e suas consequências é o nascimento de uma nova era. Um despertar para uma reforma de nossas instituições, nossos sistemas e, acima de tudo, nosso modo de pensar.

            É um chamado para nos lembrar da necessidade de ajustar nossos valores às necessidades de um mundo que espera, com razão, um maior grau de responsabilidade e responsabilização.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/09/2009 - Página 44906