Discurso durante a 159ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Resposta ao pronunciamento do Senador Eduardo Suplicy.

Autor
Heráclito Fortes (DEM - Democratas/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Resposta ao pronunciamento do Senador Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 18/09/2009 - Página 44921
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • REITERAÇÃO, ERRO, INFORMAÇÃO, DIVULGAÇÃO, EDUARDO SUPLICY, SENADOR, CARACTERISTICA, AEROPORTO, MUNICIPIO, SÃO RAIMUNDO NONATO (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), EMPRESA, OPERAÇÃO, LIMITAÇÃO, AERONAVE, COBRANÇA, CONGRESSISTA, ATENÇÃO, CORRUPÇÃO, GOVERNO ESTADUAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Vou aguardar que o Senador Suplicy termine sua ligação, uma vez que eu irei prestar a ele alguns esclarecimentos. (Pausa.)

            Agradeço, Senador Suplicy.

         Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em primeiro lugar, meu caro Senador Suplicy, eu quero dizer a V. Exª que não é, nunca foi e jamais será do meu perfil entrar na intimidade, na vida privada de quem quer que seja. Não seria na de V. Exª que eu iria cometer esse ato ou quebrar uma regra que carrego a vida inteira.

            Se V. Exª examinar os Anais da Casa, vai ver que, em momentos em que filhos de autoridades importantes da República, inclusive o Presidente, foram acusados, foram colocados sob suspeita, V. Exª não viu, da parte desse seu companheiro, nenhuma palavra a respeito. Se há algo que eu prezo na vida é a família e se há algo que eu preservo é exatamente a convivência familiar.

            Quero dizer a V. Exª que, no episódio do debate que tivemos aqui, na segunda-feira, quando eu me referi à Srª Carolina Larriera, que teria acompanhado V. Exª ao resort em Parnaíba, em Luís Correia, jamais me passou pela cabeça que pudesse envolver um companheiro em questões de natureza familiar. A Srª Larriera tem um serviço prestado ao País, por meio da assistência e do companheirismo devotado a um brasileiro ilustre, e não teria nenhuma outra conotação o fato de a Srª Larriera acompanhá-lo a uma viagem ao Piauí, até porque a Srª Carolina passou um período percorrendo todo o Brasil, não só divulgando a memória do seu companheiro, mas também defendendo a construção de um memorial em homenagem a Vieira de Mello.

            V. Exª jamais poderá acusar este companheiro ou poderá colocar neste companheiro, por leve que seja, a insinuação de uma segunda intenção, até porque eu fui lembrado sobre a Srª Larriera quando eu entrava no plenário aqui. Fui lembrado no momento e trouxe o fato que para mim não tinha nenhuma segunda intenção. De qualquer maneira, longe estou eu de querer criar embaraços privados para V. Exª. As minhas questões não são pessoais. São políticas e se restringem a nossa atividade parlamentar.

            De forma, Senador Suplicy, pelo apreço, pelo respeito que tenho por V. Exª, quero dizer que, se lhe trouxe algum dissabor, eu lhe peço desculpas. Não tenho nenhuma obrigação de convivência com erros, principalmente com erros desta natureza. Aliás, se V. Exª no mesmo dia me tivesse alertado para esse fato, eu seria a primeira pessoa a fazer uma retificação sobre esse episódio. Surpreendido fui pelos jornais dando dimensão a um fato que foi, no pronunciamento, passageiro, tanto é que, quando V. Exª disse que esteve no resort acompanhado da sua noiva Mônica Dallari, eu disse “mas foi da outra vez”. Fiz isso na melhor das intenções. Quero que V. Exª acredite no que estou lhe dizendo. Mas registro: se eu lhe trouxe algum problema, não foi nenhuma a minha intenção de lhe criar embaraços de natureza pessoal, até porque não tenho esse direito, e não faria isso com V. Exª, pessoa a quem estimo, prezo e respeito.

            Tenho dito na tribuna desta Casa, por diversas vezes, que V. Exª pode até não ser um ser perfeito dentro da estrutura partidária com a qual convive, mas é um homem de princípios e é um homem com o qual não se vê a convivência deliberada com os desmandos, com os aloprados. V. Exª é um homem que, ao longo da vida, tem procurado preservar a sua biografia.

            Feito esse esclarecimento, quero voltar ao tema, que é exatamente o aeroporto de São Raimundo Nonato. V. Exª foi enganado. O que fizeram com V. Exª foi uma maldade. Eu agora tive o cuidado de examinar na Junta Comercial de Pernambuco a tal empresa Esaero. Não há sequer registro, Senador Suplicy, na Junta Comercial de Pernambuco. No entanto, mandam para V. Exª a informação de que essa empresa é uma das maiores do País no setor de apoio à navegação aérea.

            O aeroporto de São Raimundo Nonato é um aeroporto que terá algum dia 2.500 metros de pista, mas hoje não é verdade que o tenha. Outra coisa, Senador Suplicy: na estrutura atual, ele não poderá receber sequer aviões de grande porte, do tipo Boeing.

            Acho que V. Exª tem todo o direito de deixar em segundo plano as questões de São Paulo e mergulhar na defesa de um Senador, no caso o Governador do Piauí. É um direito que lhe assiste, até porque V. Exª é um homem humano. Aquele artigo de V. Exª em defesa do Delúbio Soares, naquela cartilha que ele distribui pelo Brasil afora, é uma demonstração de que V. Exª tem um bom coração.

            Mas, paciência. Vamos respeitar o trabalho que os seus companheiros fazem na defesa dos interesses do Estado que representam. Eu nunca entrei nas brigas envolvendo a Prefeitura de São Paulo - e V. Exª é testemunha disso -, como no episódio da escola de lata, seja lá o que for, em respeito a V. Exª, em respeito a V. Exª. Motivo até eu tinha, se fosse homem público para... Mas sabia que era um assunto que não seria do agrado de V. Exª.

            Então, nessas questões, na questão de São Raimundo Nonato, V. Exª desmentiu uma informação dada por mim. E, quando eu dei a informação, eu dei a informação com tristeza, porque eu acho que o Piauí não pode ser levado a esse ridículo. Tanto é verdade que o Governador Wellington Dias andou querendo que o Presidente descesse em São Raimundo Nonato no “aerolula”. Até pode descer em uma emergência, mas um avião sofisticado como é o “aerolula”...?!O “aerolula” é um dos aviões mais caros e mais modernos do mundo. Poucos presidentes, poucos chefes de estado possuem um avião daqueles, tão sofisticado quanto aquele. É um patrimônio nacional. Pode até o Presidente da República, que tudo quer e tudo manda, descer em São Raimundo Nonato, mas vai cometer um atentado, uma temeridade. E eu acho que o Presidente da República não deveria se submeter a aventuras como essa.

            Dessa forma, eu queria prestar esses esclarecimentos e dizer a V. Exª que eu espero que V. Exª venha a esta tribuna para esclarecer verdades a respeito do aeroporto de São Raimundo Nonato, um aeródromo atualmente. Um dia poderá ser aeroporto.

            Aqui mesmo, nas informações prestadas pelo Governo do Piauí, V. Exª não se deteve nas questões técnicas, Senador Suplicy. Se V. Exª fosse ler com cuidado o documento que lhe mandaram, enganando-o, iria ver o que significa Classe 3C, que é como está classificado o aeroporto. Depois iria ver a designação da natureza do piso, que é asfalto, mas a resistência do pavimento, chamada PVC 34/s/x/d, tecnicamente, mostra que é uma pista para pouso e decolagem de aeronaves limitada.

            Presto esses esclarecimentos a V. Exª. E V. Exª prestará um grande serviço ao Estado do Piauí, já que se propõe a isso, esclarecendo esses fatos, como esclarecendo também a questão da Emgerpi. V. Exª vai falar com o Governador do Piauí. Pergunte a ele o que é o escândalo da Emgerpi, quais são os desvios de recursos, por que ele teve que afastar a secretária da Emgerpi, se esse processo corre na Polícia Federal, quem são as pessoas envolvidas, se há denúncia do envolvimento de recursos do Estado do Piauí através da Emgerpi, na última eleição municipal.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/09/2009 - Página 44921