Discurso durante a 163ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Previsão da FAO, órgão da ONU, segundo a qual, até 2050, o mundo terá de produzir o dobro de alimentos que produz hoje para alimentar toda a população. (como Líder)

Autor
Osmar Dias (PDT - Partido Democrático Trabalhista/PR)
Nome completo: Osmar Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Previsão da FAO, órgão da ONU, segundo a qual, até 2050, o mundo terá de produzir o dobro de alimentos que produz hoje para alimentar toda a população. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 24/09/2009 - Página 46725
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • COMENTARIO, ESTUDO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA (FAO), PREVISÃO, DEMANDA, ALIMENTOS, FUTURO, MUNDO, ANALISE, VANTAGENS, BRASIL, TERRAS, DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO, ESPECIFICAÇÃO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), POSSIBILIDADE, REVOLUÇÃO, PRODUTIVIDADE, BIOTECNOLOGIA, IMPORTANCIA, APROVEITAMENTO, OPORTUNIDADE.
  • NECESSIDADE, REFORÇO, GOVERNO, POLITICA, APOIO, AGRICULTURA, ECONOMIA FAMILIAR, VALORIZAÇÃO, AGRICULTOR, DEPOIMENTO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, PRODUTOR, TRIGO, FEIJÃO, ARROZ, PREJUIZO, INFERIORIDADE, PREÇO, COMPARAÇÃO, CUSTO DE PRODUÇÃO, COBRANÇA, PLANEJAMENTO, LONGO PRAZO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR. Como Líder. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje, as notícias lidas logo de manhã dão conta de uma previsão bastante preocupante para o mundo e muito importante para o Brasil: a FAO, órgão da ONU, fez uma previsão de que, até o ano 2050, o mundo terá de produzir o dobro de alimentos que produz hoje, ou seja, para alimentar toda a população mundial, teremos de produzir cerca de quatro trilhões de toneladas - já que hoje se produzem dois trilhões de toneladas - no mundo.

            Isso será possível? Será possível, porque temos tecnologia sendo desenvolvida e incorporada ao sistema produtivo e que fará a grande revolução.

            Ainda na semana passada, faleceu aquele grande agrônomo Norman Borlaug, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz por ter praticamente salvado a Índia da fome na década de 70, duplicando a produtividade do trigo, alimentando uma população e gerando excedentes para a exportação com tecnologia.

            A biotecnologia entrou e está fazendo, não a revolução verde como aquela foi chamada, mas a revolução científica, tecnológica, a revolução do conhecimento. Nós temos um aparato de pesquisa no País, como a Embrapa, órgãos privados e o Iapar - no Estado do Paraná -, que, sem nenhuma dúvida, poderão, com o estoque de tecnologia e de conhecimento que já detêm, promover uma grande revolução biotecnológica para a promoção dessa produção que hoje abastece o mundo, mas que precisará dobrar até o ano 2050.

            Nós temos no Brasil vantagens comparativas que nos levarão a ser uma grande potência. Tirando o ufanismo do pré-sal, nós podemos ter muito entusiasmo com os recursos naturais que temos para nos transformarmos na grande potência mundial, em cima da exploração do pré-sal também e principalmente, mas sem desconsiderar a grande vocação do Brasil, que é a produção de alimentos, para garantir não apenas a segurança alimentar do nosso povo, mas a segurança alimentar da população mundial.

            E falo isso, porque, se temos 850 milhões de hectares, temos hoje ocupados em torno de 260 ou 270 milhões, sendo que, desses, 57 milhões produzem comida, grão. Os outros estão produzindo carne, ou seja, é pasto, é pastagem que está dedicada à pecuária.

            O que o Brasil tem que fazer, no meu entendimento, é revigorar a política de apoio à agricultura familiar e cumprir políticas que nem o Governo passado e nem o atual Governo estão cumprindo. Não é possível um produtor de trigo plantar, colher e vender o trigo a R$24,00 ou R$25,00 a saca, quando o custo de produção é de R$31,00 a saca. Ele não pode continuar pagando R$6,00 por saca para produzir uma saca de trigo. E o pior, Senador Cristovam, é que, quando a tonelada do trigo estava a R$750,00, o preço do pãozinho na padaria era igual ao preço de hoje, quando a tonelada está a R$450,00; ou seja, está pagando muito o consumidor e está ganhando nada o produtor, porque está pagando R$6,00 por saca para produzir.

            Se pegarmos o feijão, que é outro produto da mesa do brasileiro, é a mesma coisa: nós estamos com um custo de R$80,00 para um preço de R$60,00 a saca - está pagando R$20,00 para produzir. Se pegarmos o arroz, a situação não é diferente. O milho, a mesma coisa.

            Estou lembrando isso - já falei aqui - pelo seguinte: como é que o Brasil vai tirar proveito desse grande potencial de produção de alimentos que tem se não valoriza aqueles que estão produzindo no campo? Se quando se fala em agronegócio neste País, alguns falam que isso é coisa do capeta, de Satanás? Parece que a definição de agronegócio mudou.

            Para mim, a definição de agronegócio é: o produtor que tem um hectare e meio e vive lá em Pitangueiras, no Paraná - com um hectare e meio -, até o dono da maior usina de cana-de-açúcar do Brasil. Esse é o agronegócio, passando pelos fabricantes de máquinas, equipamentos, insumos. Mas há aqueles que querem distorcer. E vamos ouvindo conversa mole daqui, conversa mole de lá, e o Governo deixando passar a grande oportunidade de implantar no País uma política que possa arrancar da terra uma grande produtividade através da tecnologia já disponível e transformar o País nesta grande potência que já somos, mas que podemos ser muito mais.

(Interrupção do som.)

            O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR) - Sr. Presidente, estou alertando que este é o momento. Claro que 2050 está longe. Até quero chegar a 2050, mas está muito longe. Mas digo uma coisa: daqui a pouco vai faltar comida, se não houver um planejamento. E esse planejamento não pode ser feito para os próximos quatro anos, porque parece que quem vai ser candidato a Presidente quer fazer um plano para quatro anos; quem vai ser candidato a Governador quer fazer um plano para quatro anos. Eu não penso assim. Temos que planejar os nossos Estados, Senador Tião Viana, para oito, doze, dezesseis, vinte anos, a médio prazo, para implantar políticas de desenvolvimento que possam ser duradouras e garantir, pelo menos, que a economia desses Estados e a do País, por consequência, possam se desenvolver. Não podemos jogar tudo no pré-sal, como se o pré-sal fosse garantir o futuro de todos os brasileiros.

            Ele é importante, e essa riqueza tem que ser, sim, distribuída a todos os brasileiros, não apenas aos Estados que vão produzir o pré-sal em suas plataformas. Mas não podemos deixar de lado as vantagens comparativas que temos no setor da agricultura, da agroindústria, e até usar o petróleo que vai sair do pré-sal para colocar como moeda de troca e exigir daqueles que vão comprar nossos produtos prioridade para tirar aqueles empecilhos comerciais, aquelas barreiras comerciais, através dessa grande vantagem comparativa que nos dará o pré-sal.

            Estou misturando o pré-sal com comida, mas o que estou querendo dizer é que o pré-sal será um grande instrumento para o Brasil garantir o mercado para a nossa produção agrícola, o nosso etanol, o nosso biodiesel, que são fontes renováveis de energia, Sr. Presidente. E isso é importante para o País.

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - V. Exª terminou?

            O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR) - Apenas para a última frase.

         É importante para o Brasil, é importante para o mundo, principalmente porque nós estamos tratando aqui de uma segurança que, muitas vezes, é esquecida. Muita coisa que existe no Brasil hoje, da insegurança que toma conta da população, é advinda da insegurança alimentar. Nós precisamos garantir, primeiro, a segurança alimentar da população e, aí sim, avançaremos também na outra segurança, Sr. Presidente.

            Era o que eu tinha a dizer.

            Obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/09/2009 - Página 46725