O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, infelizmente vou trazer a esta Casa um tema que eu não gostaria de trazer hoje. Mas o PT, ao invés de estar preocupado com a situação dos Prefeitos brasileiros, que tem os seus cofres invadidos pela política injusta do Presidente da República, envolve-se de maneira desproporcional na questão de Honduras.

            E vejam bem os Senhores, que capacidade para desviar e desfocar os fatos tem o Partido dos Trabalhadores! Não está em jogo aqui e nem jamais esteve a situação pessoal do Sr. Zelaya. O que se discute, Sr. Presidente, é a maneira como o Brasil entrou numa questão e está permitindo que seu espaço físico, que é o espaço protegido por convenções, sirva de palanque para o retorno do Sr. Zelaya.

            Sou favorável, prestei solidariedade ao Sr. Zelaya aqui quando da sua visita. Mas são duas coisas distintas. Uma coisa é a solidariedade, outra coisa é a participação. Agora, me causa estranheza, Senador Arthur Virgílio, a maneira como o Governo defende o Zelaya, mas, no entanto, omitiu-se na questão daqueles dois cubanos - ou será que o Senador João Pedro está esquecido? Dois cubanos que foram sacados do território brasileiro por policiais da polícia secreta de Cuba e mandados de volta sem direito à defesa ao seu país, arrancados do Brasil e mandados de volta em um avião patrocinado pelo Sr. Hugo Chavéz. Vamos jogar às claras com isso! Não vamos sofismar.

            A questão de Honduras, temos que respeitar sua soberania como V. Exª invoca constantemente, que temos que respeitar as maluquices do Sr. Hugo Chavéz na Venezuela.

            Nós já estamos, Sr. Presidente, cansados por demais de sofrer com essa neopolítica tupiniquim de retomada continental, comandada pelo Presidente da Venezuela. Será que esquecemos as humilhações de que o País foi vítima na Bolívia, com a invasão inclusive da nossa refinaria? Será que estamos esquecendo tudo isso que passamos? Não, Sr. Presidente. O Partido dos Trabalhadores não pode enganar a opinião pública com relação a isso. Esse assunto é grave. Somos um País com responsabilidades. Não podemos entrar nessa briga da maneira irresponsável como entramos.

            Quero lembrar ao Senador João Pedro, que naturalmente está desinformado dos fatos, que nem sequer Embaixador nós temos em Honduras, Senador. Temos lá um funcionário e um motorista. O Embaixador está no Brasil. Então, é preciso que essas coisas fiquem bem claras. Quem é que assume...

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Cuidado com o preconceito!

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Preconceito contra quem?!

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Eu falei de brasileiros na Embaixada.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Sim, mas você tem que ter uma pessoa qualificada para falar em nome do Brasil. Se V. Exª acha que eu citar que estão um motorista e um encarregado é preconceito, arque com as consequências do que diz. Agora, quem responde formalmente pelo País? O Embaixador! Se a política externa do Governo de V. Exª tivesse o mínimo de responsabilidade, já teria enviado para lá, em um avião especial, o Embaixador. Não; ao contrário, omite.

(Interrupção do som.)

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - (Fora do microfone.) Deixa o Embaixador em Brasília e os fatos correndo frouxos em Honduras. Essa ninguém entende!

            Como ninguém entende a atitude do Brasil com relação à Unesco. Retirou o direito de um brasileiro presidi-la, retirou a possibilidade de um Senador da República concorrer à Presidência para apoiar uma candidatura, precipitada e sem futuro, de um egípcio - e deu no que deu: foi derrotado! E o Brasil, de maneira vergonhosa, retira-se do plenário da Unesco. É assim que nós estamos vivendo no dia a dia dessa diplomacia.

            E não culpo o Ministro Celso Amorim. O Ministro Celso Amorim até que tem se esforçado, mas só que tem uma sombra, lá dentro do Palácio, que é quem manda e que quer promover rupturas e que quer modificar a política externa brasileira a seu bel prazer, e não a troco de realidade.

            Foi-se o tempo, Sr. Presidente, em que se fazia diplomacia com ideologia. Ou se faz com pragmatismo, ou nós vamos continuar batendo cabeça, como neste caso. Como brasileiro, eu torço para que essa solução seja a mais rápida possível e que nós não possamos ver, durante muito tempo, os jornais estamparem tropas em frente à Embaixada brasileira, que é criada para promover a diplomacia e defender a paz, e não para se envolver em motim de países que querem voltar o continente à época da “república das bananas”.

            Muito obrigado.

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