Discurso durante a 163ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solidariedade com os vereadores de todo o Brasil. Leitura de matéria publicada no Jornal Roraima Hoje, de autoria do jornalista Elói Martins, intitulada "Um balanço sobre a visita presidencial a Roraima".

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
LEGISLAÇÃO ELEITORAL. DESENVOLVIMENTO REGIONAL. ELEIÇÕES.:
  • Solidariedade com os vereadores de todo o Brasil. Leitura de matéria publicada no Jornal Roraima Hoje, de autoria do jornalista Elói Martins, intitulada "Um balanço sobre a visita presidencial a Roraima".
Publicação
Publicação no DSF de 24/09/2009 - Página 46760
Assunto
Outros > LEGISLAÇÃO ELEITORAL. DESENVOLVIMENTO REGIONAL. ELEIÇÕES.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, VITORIA, VEREADOR, APROVAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, LEGISLAÇÃO, GARANTIA, AMPLIAÇÃO, REPRESENTAÇÃO POLITICA, CRITICA, IMPRENSA, OCULTAÇÃO, REDUÇÃO, GASTOS PUBLICOS.
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, BALANÇO, VISITA, ESTADO DE RORAIMA (RR), PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESENVOLVIMENTO, DIPLOMACIA, INTEGRAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, GUIANA, AMBITO, TRANSPORTE RODOVIARIO, CONSTRUÇÃO, USINA HIDROELETRICA, REDE DE TELECOMUNICAÇÕES, INAUGURAÇÃO, PONTE, PEDIDO, ACOLHIMENTO, PRODUTOR, ARROZ, VITIMA, EXPULSÃO, RESERVA INDIGENA.
  • QUESTIONAMENTO, AUSENCIA, CONSTRUÇÃO, USINA HIDROELETRICA, ESTADO DE RORAIMA (RR), FALTA, SOLUÇÃO, PRODUTOR, ARROZ, TERRITORIO NACIONAL, EXCESSO, FAVORECIMENTO, PAIS ESTRANGEIRO, GUIANA.
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ANTECIPAÇÃO, CAMPANHA ELEITORAL, ESTADO DE RORAIMA (RR), SUCESSÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, REELEIÇÃO, LIDER, GOVERNO, SENADO, REPUDIO, ORADOR, ABANDONO, REGIÃO, TOTAL, PERIODO, MANDATO, EXPECTATIVA, POPULAÇÃO, CONTINUAÇÃO, REJEIÇÃO, VOTO, ELEIÇÃO FEDERAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente José Sarney, Srªs e Srs. Senadores, Srs. telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, quero, antes de começar o tema que vou abordar hoje, me solidarizar com os vereadores de todo o Brasil pela vitória obtida. É pena que a imprensa continue a distorcer os fatos e dizer apenas que está havendo aumento desnecessário de vereador e não frise que há aumento da representação com diminuição de gastos. Mas, o povo é sábio e haverá de compreender que estará mais representado e gastando menos. Portanto, parabéns.

            Sr. Presidente, eu quero hoje ler uma matéria publicada no Jornal Roraima Hoje, de autoria do jornalista Elói Martins, cujo título é “Um balanço sobre a visita presidencial a Roraima” que diz:

A tão esperada primeira visita do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva [primeira desde que ele assumiu o primeiro mandato] no dia 14 de setembro de 2009 ...

            E, Senador Sarney, ele foi tão mal assessorado que podiam ter sugerido a ele que ou fosse no dia 13, que foi a data de criação dos Territórios Federais por Getúlio Vargas, ou fosse no dia 5 de outubro, que foi a data da transformação dos Territórios em Estados, mas ele foi no dia 14; bom, pelo menos numa homenagem ao número do meu Partido, que é o PTB, embora eu não tenha ficado feliz com isso

... transformou-se em um evento de grandes dimensões envolto por polêmicas estimuladas previamente e, na própria data, por mobilizações contrárias e a favor.

A análise das principais declarações do Presidente da República sobre a visita a Roraima revela dois macro-objetivos que devem ser indagados sobre o seu conteúdo e se foram plenamente cumpridos ou não.

Um primeiro macro-objetivo da visita do Presidente Lula a Roraima foi desenvolver diplomacia presidencial diretamente com a contrapartida guianense através de uma agenda que incorporou dois planos de ações.

De um lado, foram assinados três protocolos de intenções relacionados respectivamente com: a) o asfaltamento da rodovia que liga Lethem a Linden a fim de se consolidar mais um corredor de exportação do Arco Norte para o Caribe; b) a construção de uma hidrelétrica em território guianense com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento e Desenvolvimento Social (BNDES)

            Enquanto isso, uma usina hidrelétrica que deveria ser construída dentro do Estado de Roraima, que já foi aprovada em decreto legislativo pelo Senado, decreto de minha autoria, está na Câmara. Mas o Presidente não faz essa hidrelétrica em Roraima, mas vai fazer uma na Guiana.

...e a participação de empresas brasileiras de construção civil; e finalmente, c) a construção de linha fibra ótica desde Georgetown até Lethem para oferecer uma nova opção de internet banda larga a Roraima. De outro lado, além de inaugurar oficialmente a ponte sobre o rio Tacutu [que já tinha sido inaugurada por duas outras vezes], o presidente Lula legitimou em seu discurso um pedido de apoio à Guiana para absorver os rizicultores brasileiros retirados das terras de Raposa Serra do Sol, e participou da assinatura da criação do “Comitê de Fronteira” e de uma série de convênios de cooperação com este país ”

            Aqui, Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, o Presidente da República do Brasil expulsou os produtores de arroz de uma área dentro do território nacional e agora está combinando com o Presidente da Guiana para esses brasileiros expulsos do próprio território brasileiro irem produzir na Guiana.

            Eu pergunto: será que o Presidente Lula é Presidente da Guiana ou do Brasil?

            Mas continua o jornalista:

As temáticas de energia elétrica, corredor de exportação e banda larga representam opções que buscam fugir aos gargalos da dependência total da Venezuela e de suas inflexões políticas enquanto que a inauguração oficial da ponte do rio Tacutu veio a resolver um contencioso paradiplomático gerado pela cerimônia unilateral do Estado de Roraima de abertura da ponte bi-nacional antes da inauguração oficial pelos presidentes.

            Foi uma inauguração eleitoreira, às vésperas de uma eleição suplementar que houve no Município de Bonfim, feita com o único objetivo de garantir a eleição do Prefeito que o Líder do Governo aqui no Senado queria.

Um segundo macro-objetivo, não menos importante, mas em segundo plano da vinda da comitiva do presidente Lula a Roraima, foi promover uma política eleitoral para o Estado, cuja dinâmica é permeada por partidos de direita e não representam sua base eleitoral. O principal marco deste plano de ação foi apoiar ao líder do governo no Senado (...) para as eleições desta câmara [isto é, do Senado] em 2010 além de levar ao palanque a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff para discursar como sua candidata à presidência nacional.

Neste sentido, a publicização de obras e a assinatura de convênios representaram não apenas uma prestação de contas da tímida ação do governo federal no lavrado Roraimense, mas buscaram criar uma imagem positiva por meio da liderança carismática do presidente, cuja lógica é garantir alianças regionais para influenciar nas alianças nacionais para a próxima eleição presidencial.

A avaliação geral é que os dois macro-objetivos presidenciais não foram plenamente cumpridos em função de um déficit histórico da presidência com esta região, embora os impactos da visita tenham sido mais significativos à Guiana do que propriamente ao Estado de Roraima.

Todas as ações que permearam a vinda de Lula a Roraima demonstram que houve o uso de uma política de palanque e de uma diplomacia branda que projetaram sempre um discurso duplo-ganhador, porém com um conteúdo não totalmente absorvido ou aceito pela população, que objetivava fazer campanha eleitoral e projetar intenções para a solução de gargalos e problemas internos e externos do Estado de Roraima.

            Sr. Presidente, já fiz aqui dois discursos: um na véspera da ida do Presidente para lá e outro no dia em que o Presidente estava lá. Li aqui a minha manifestação - não digo de repúdio -, mas pelo menos de desconforto. Rotulei aquela visita do Presidente Lula como um deboche à inteligência de nós, roraimenses, já que ele passou sete anos sem ir a Roraima; já que ele nunca resolveu uma coisa que fosse positiva para o Estado de Roraima - só fez maldades. E, agora, às vésperas da eleição de 2010, vai fazer um palanque que objetiva verdadeiramente a reeleição do seu Líder aqui no Senado e fazer um palanque com os aliados para a eleição de 2010.

            Só que, ao contrário do que pensa o Presidente Lula,... Deitado, baseado ou calcado nos índices de pesquisa, ele acha que vai meter na cabeça do povo de Roraima, que o derrotou nas eleições de 2006, no primeiro e no segundo turnos... No primeiro turno, o candidato Alckmin ganhou com mais de 60%; e, no segundo turno, com o Governador já eleito no primeiro turno, com Senadores e Deputados já eleitos, ele perdeu sozinho, com uma diferença maior ainda.

            Então, ao contrário do que ele pensa, o povo de Roraima não é burro. Não é burro. Sabe muito bem analisar o que é uma atitude honesta, feita com boas intenções, e o que é uma atitude que visa apenas a iludir e enganar, querendo utilizar a sua imagem, popularmente muito forte, em favor de candidatos da sua preferência.

            O povo vai dar a resposta, sim, em 2010, porque, muito mais do que uma obrigação de ele ir lá, seria se voltar menos para a Guiana e mais para o pedaço do Brasil que ele foi visitar, que é Roraima. Parece até que serviu apenas de um ponto de apoio para ele conversar com o Presidente da Guiana e, assim, fazer charme para os países ao redor do Brasil.

            Eu peço, portanto, que o artigo lido, do jornalista Elói Martins, seja incorporado como parte do meu pronunciamento e no qual eu assino embaixo.

            Muito obrigado.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MOZARILDO CAVALCANTI EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º do Regimento Interno.)

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            Matéria referida:

            Artigo do Jornalista Elói Martins


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/09/2009 - Página 46760