Discurso durante a 165ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Felicitações ao Senador Mão Santa, pela sua filiação ao Partido Social Cristão-PSC. Questionamento sobre selo de reconhecimento dado ao Brasil pelas agências de rating.

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ECONOMIA NACIONAL.:
  • Felicitações ao Senador Mão Santa, pela sua filiação ao Partido Social Cristão-PSC. Questionamento sobre selo de reconhecimento dado ao Brasil pelas agências de rating.
Publicação
Publicação no DSF de 25/09/2009 - Página 47197
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, MÃO SANTA, SENADOR, FILIAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIAL CRISTÃO (PSC).
  • SAUDAÇÃO, DEPUTADO ESTADUAL, PRESENÇA, PLENARIO, SENADO, LIDERANÇA, REGIÃO NORDESTE, ESTADO DO PARA (PA), ESPECIFICAÇÃO, MUNICIPIO, CAPANEMA (PA).
  • QUESTIONAMENTO, CONFIANÇA, EMPRESA, AVALIAÇÃO, RISCOS, MERCADO FINANCEIRO, CONCESSÃO, SELO, BRASIL, RECONHECIMENTO, PROGRESSO, ECONOMIA, PREVISÃO, ESPECIALISTA, VALORIZAÇÃO, REAL, ATRAÇÃO, INVESTIMENTO, CAPITAL ESTRANGEIRO.
  • DEFESA, ATENÇÃO, SOCIEDADE, BRASIL, NECESSIDADE, EXPORTAÇÃO, PRODUTO, AGREGAÇÃO, VALOR, BUSCA, INVESTIMENTO, GARANTIA, PRODUÇÃO, CRIAÇÃO, EMPREGO, RENDA, TRANSFORMAÇÃO, MATERIA-PRIMA, TERRITORIO NACIONAL, PRODUTO INDUSTRIALIZADO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Mão Santa, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, eu quero, primeiro, desejar a V. Exª as bênçãos de Deus nessa nova agremiação à qual V. Exª se filiou ontem.

            Acho que o PMDB perdeu um grande Líder no Estado do Piauí, não permitindo, não abrindo espaço para que V. Exª pudesse comandar o Partido. V. Exª fez a opção pelo PSC e fez a filiação ontem. Eu quero desejar sucesso a V. Exª na nova agremiação de que V. Exª participa desde ontem.

            E quero, antes de iniciar o pronunciamento de hoje, Presidente Mão Santa, fazer uma saudação ao Deputado Estadual Eduardo Costa, do meu Estado do Pará. O Deputado Eduardo Costa é uma liderança da região nordeste do Estado, em especial do Município de Capanema, que teve como seu Prefeito o grande Deputado Federal Jorge Costa, genitor do nosso amigo Eduardo.

            V. Exª nos honra aqui, Deputado Eduardo, com a sua presença no plenário do Senado Federal, na companhia do nosso Deputado Federal Zenaldo Coutinho, que foi Líder da Minoria na Câmara até o início do ano e que, junto conosco, representa o Estado do Pará no Congresso Nacional. Zenaldo, do PSDB, nosso Senador Mário Couto, do PSDB, e o Eduardo Costa não é do PSDB porque ainda não quis, ainda não nos deu essa alegria; V. Exª é do PTB, mas o convite é permanente, Deputado, para que venha honrar as fileiras do PSDB no Estado do Pará.

            Eu falo hoje, Presidente Mão Santa, de um assunto que a mídia nacional publicou anteontem. Era para ter feito o pronunciamento ontem. Não tive condições de fazê-lo, faço hoje. Refiro-me a mais um selo de reconhecimento dado ao Brasil pelas agências de rating. São as mesmas instituições de classificação de risco que, pouco mais de um ano atrás, laureavam com medalhas de honra ao mérito, Senador Mão Santa, os papéis podres que implodiram o sistema financeiro mundial e tratavam como aluno brilhante Bernard Madoff, hoje um condenado da Justiça americana.

            Portanto, não se deve comprar pelo valor de face o que elas vendem, essas agências de classificação de risco.

            Hoje tivemos, Senador Azeredo, na Comissão de Relações Exteriores, uma audiência pública com o Ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. Esse assunto também lá foi tratado. Que assunto é esse? A própria agência que fez a nova classificação para o Brasil, no seu comunicado, não deixou de ressaltar aspectos que o Governo Lula preferiria ver esquecidos nesta hora. “A Moody´s [que é a agência de rating] e as demais agências continuam assinalando que a situação fiscal do País - a arrecadação e os gastos do Governo Federal - preocupa”, ressalta a Folha de S.Paulo. O discurso oficial, vocalizado pelos Ministros Henrique Meirelles e Guido Mantega, porém, exalou felicidade e otimismo, ambos imprudentes.

            (Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. S/Partido - PI) - Dobrei o tempo, cinco mais cinco.

            O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA) - Continuando:

Em matéria de administração dos seus gastos, a nota do Governo Luiz Inácio Lula da Silva não é boa. Esse ponto diz respeito ao planejamento da Nação para o futuro e segue sendo um problema que deve atrapalhar o seu progresso.

            É o que diz o professor Aldo Musacchio, da Harvard Business School, também segundo a Folha. Em uma frase, é isto: sobreviver à tempestade é uma coisa; progredir é outra.

            E é justamente o avanço estrutural da economia do País que está novamente em jogo. Com a nova elevação de rating, os especialistas já preveem que a moeda brasileira sofrerá valorizações adicionais, pois os investidores internacionais devem trazer mais recursos para cá. Ontem, antes mesmo do anúncio da Moody’s, o dólar já caíra ao menor patamar em doze meses, acumulando desvalorização de 22,96% no ano.

            Não se avista o fundo do poço, embora alguns modelos econométricos tentem estimá-lo. Segundo a Consultoria Wagner Investimentos, citada por Luis Sérgio Guimarães no Valor Econômico, “o dólar tem condições de cair para o patamar entre R$1,70 e R$1,75, por causa da alta taxa de juros e da elevada proporção das commodities na pauta de exportação”.

            Dólar barato parece bom? Não é. Isso deve fazer com que nossas exportações se deprimam ainda mais ou, para ser mais exato, que se concentrem ainda mais em produtos básicos. Depois de 31 anos, a pauta brasileira voltou a ser predominantemente concentrada em commodities, conforme mostrou O Estado de S. Paulo em sua edição de sexta-feira. Por commodities entendam-se produtos que não passam por processamento industrial, são vendidos tal como são extraídos. Exemplos: soja em grão, petróleo bruto, minério de ferro, carne in natura. Isso, Srªs e Srs. Senadores, compõe, por exemplo, quase 85% do que o Brasil exporta para a China, nosso maior comprador hoje. Coloquemos as coisas em termos de valores: um quilo de notebooks, se pudéssemos mensurar pelo peso, equivale ao preço de quatro toneladas de carne. É esta a troca que o País está fazendo, ao conviver placidamente com o dólar barato.

            O corolário disso tudo é que o País fica dependente de poucas economias, como a chinesa, e sujeito ao humor das oscilações das cotações das commodities. Trata-se de algo que, para muitos, não se sustenta: estamos diante de um segmento, Senador Azeredo, cujos preços internacionais estão hoje em estado de histeria e que, para piorar, gera poucos empregos.

            O seu Estado, nosso querido Estado de Minas Gerais, e principalmente o meu Estado, o querido Estado do Pará, sofrem por ser exportadores de commodities, principalmente minerais.

            E isso não é histrionice da Oposição. Luciano Coutinho, Presidente do BNDES, diz com todas as letras a Cristiano Romero, no Valor Econômico, a respeito da trajetória crescente de valorização do dólar - palavras de Luciano Coutinho:

Isso tornará muito difícil o avanço em áreas de manufatura e de serviços de alta intensidade tecnológica que já enfrentam no cenário global acirrada competição.

            O Presidente Lula já mostrou que gosta de jogar. E, mais uma vez, está fazendo a sua aposta, com o meu, com o seu, com o nosso Real.

            Então, é importante, Presidente Mão Santa, que a sociedade brasileira fique atenta, para que o Brasil possa, ao invés de exportar emprego, fazer a verticalização dos nossos minérios. Como lutamos no Estado do Pará, ao invés de exportarmos minério de ferro, devemos exportar produtos de valor agregado, verticalizando a cadeia mineral, como também é o caso da soja, da carne, temos de trazer investimentos para o Brasil, mas investimentos não especulativos, como são os da Bolsa, que fazem da queda do dólar a sobrevalorização do Real em relação ao excesso de dólar circulante, mas, sim, investimentos produtivos para gerarem emprego e renda, fazendo a transformação de nossas matérias-primas em solo brasileiro, para que possamos exportar, aí sim, produtos industrializados, agregando tecnologia para que o Brasil possa alcançar o patamar de Nação desenvolvida que todos nós brasileiros estamos esperando, e temos esperança, Senador Valter, que isso ocorra em breve tempo.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/09/2009 - Página 47197