Discurso durante a 166ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários sobre a alternância do poder e a respeito da notícia recebida por e-mail do Portal 180 Graus, intitulada "Sessenta mil famílias sem água no Estado do Piauí".

Autor
Mão Santa (S/PARTIDO - Sem Partido/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Comentários sobre a alternância do poder e a respeito da notícia recebida por e-mail do Portal 180 Graus, intitulada "Sessenta mil famílias sem água no Estado do Piauí".
Aparteantes
Pedro Simon.
Publicação
Publicação no DSF de 26/09/2009 - Página 47600
Assunto
Outros > SENADO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • ELOGIO, SISTEMA, TELECOMUNICAÇÃO, LEGISLATIVO, IMPORTANCIA, SENADO, GARANTIA, DEMOCRACIA, REVEZAMENTO, PODER, ANALISE, EVOLUÇÃO, AGILIZAÇÃO, INFORMAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, INTERNET.
  • QUESTIONAMENTO, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, SUPERIORIDADE, APROVAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SUSPEIÇÃO, FALSIDADE, MOTIVO, PRECARIEDADE, SEGURANÇA PUBLICA, SAUDE PUBLICA, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), CRESCIMENTO, DOENÇA TRANSMISSIVEL, EXCESSO, CORRUPÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), LEITURA, MENSAGEM (MSG), INTERNET, FALTA, AGUA, MUNICIPIOS, DENUNCIA, IRREGULARIDADE, TAXAS, DEPARTAMENTO DE TRANSITO (DETRAN).
  • LEITURA, TRECHO, ANTERIORIDADE, APARTE, AUTORIA, PEDRO SIMON, SENADOR, DISCURSO, ORADOR, DESPEDIDA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), PROTESTO, FALTA, APRESENTAÇÃO, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, AGRADECIMENTO, APOIO, REGISTRO, FILIAÇÃO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DEMOCRATA CRISTÃO (PDC).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (S/Partido - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Mário Couto, que preside esta reunião de sexta-feira; parlamentares presentes na Casa; brasileiras e brasileiros que nos assistem aqui no plenário do Senado e que nos assistem pelo sistema de comunicação fabuloso e acreditado do Senado...

            A TV Senado, cada vez mais, se aperfeiçoa. É, sem dúvida nenhuma, o órgão de comunicação de maior credibilidade deste País, com a Rádio Senado AM e FM, Ondas Curtas e o sistema de comunicação escrito do Senado, fabuloso, o jornal diário, o jornal semanário, a agência de notícias.

            Este Senado atualizou-se e é, talvez, um dos mais importantes da história da República do mundo hoje.

            O País está tranquilo só por nós. Todas as instituições foram cooptadas - no meu Nordeste, fala-se que foram compradas -, acovardaram-se.

            Isto aqui, brasileiras e brasileiros, não é a Cuba do Fidel, não é a Venezuela do Chávez, não é o Equador do menino travesso Correa, não é a Bolívia do índio Morales, não é o Paraguai do padre reprodutor, não é a Nicarágua e não está sofrendo hoje uma guerra civil, como Honduras, só por nós, só por nós deste Brasil. Desfrute! Daí a animosidade, a inveja e a mágoa.

            Nós representamos com bravura e defendemos a democracia, que entendemos ser a maior criação da civilização moderna. E, para isso, tem de haver divisão de poder.

            E nós não nos acachapamos.

            Luiz Inácio, em um banquete das noites, depois de tomar umas - e eu digo isso com todo respeito, porque eu também tomo -, disse assim: “Vou botar o PMDB na Câmara e vou botar o Tião, do PT, no Senado”.

         Botou não! Botou não! Aí falhou o plano do terceiro mandato. Quem quer o terceiro quer o quarto, quer o quinto, quer o sexto. Pergunte ao Fidel, pergunte ao Chávez, pergunte a esses traquinos que estão deturpando a democracia. Tem de haver alternância no poder.

            O Mário Couto é entusiasmado, é grande orador, mas ele perde para mim não é na oratória - ele é melhor do que eu, Pedro Simon -, é porque eu consigo provar que o meu Governo do Piauí, do PT, é bem pior do que o Governo ao qual ele se refere, lá do Pará.

            Eu ia tacar era o pau mesmo neste Governo. Por isso é que eu me afastei. Mas as coisas mudam, as coisas são dinâmicas. Pedro Simon, não disseram que política é como as nuvens? A gente está aqui, olha, depois ela muda. Mas eu vou falar ligeiramente sobre o assunto com o qual eu ia tacar o pau detalhadamente.

            A gente recebe, Pedro Simon, esses e-mails hoje.

            Olha, o Alvin Toffler, em seu livro A Terceira Onda, de 1980, previa isso. É interessante, 1980: o livro A Terceira Onda, de Alvin Toffler. A primeira onda foi a agricultura. O homem andava atrás de caça e pesca e depois conseguiu se fixar, morar, ter família - dez mil anos. Depois, veio a Inglaterra com a Revolução Industrial: o homem passou a ser urbano para ter emprego e ficar com sua família.

            E agora iríamos entrar - ele dizia, Mário Couto, em 1980 - em uma terceira onda, caracterizada pela desmassificação da comunicação.

            Pedro Simon, o homem hoje de maior coragem é um mentiroso, porque ele mente, como o Governador do Piauí mente, mente, mas é imediatamente... Antigamente, não! Era como Hitler. O Goebbels... Só tinha um rádio. Só era ele. E dizia o Goebbels, o chefe de comunicação - o Duda Mendonça do Hitler -: “Lá vai Hitler com quinze mil soldados” - e Hitler ia sair com dois mil. Os outros países... “Vai Hitler com vinte mil soldados” - ele ia com três mil. Mas foi apavorando o mundo e deu no que deu a mentira.

            Ô, Mário Couto... Mas hoje eles têm... O Governo está aí. O Luiz Inácio, o do Piauí... Pior, ele amordaça toda a imprensa. Amordaça mesmo, e faz isso com as grandes... E se vendem... Por isso, a TV Senado é hoje líder de audiência, porque aqui só é verdade. Você sabe...

            E essas pesquisas aí? Ora, um partido desse que rouba, rouba - o Mário Couto disse... E ele se esqueceu dos quarenta aloprados fichados pelo próprio Procurador do Governo. Ele citou uns quatro, mas eu queria lembrar... Lá em São Paulo que o digam, não é? Mentem e roubam. Eles não vão falsear umas pesquisinhas não? Essa turma gosta de dinheiro, quem faz. Olha isso aí...

            Não é, Pedro Simon? Falsear uma pesquisa é um pecado venial. É venial, né? O Pedro Simon entende. É. Não tem o pecado mortal e o venial? Ora, se eles já fizeram o pecado mortal de roubar, matar, eles não vão fazer... Então, tem muita mentira nisso. Tem muita mentira, que o Presidente merece... É o nosso Presidente? É. Eu votei nele em 94. Mas isso tudo é mentira. Eu ando nas ruas.

            Olha, Pedro Simon, o que eu dou de autógrafo, o que tiro de retrato! Eu vou no avião, passa Teresina e vai para Fortaleza: “Não, eu sou do Ceará.” E é um levanta, senta, levanta. Heim? E a minha posição e do Mário são firmes. Nós andamos no Pará. V. Exª testemunhou. Fomos ao casamento. E como é que esse homem... Eu não vejo o povo... E Ulysses disse: “Ouça a voz rouca das ruas.” Eu ouço.

            Que ele fez essa caridade do Bolsa Família não vou negar. É muito. É uma caridade. Mas que o povo entendido diz que não é um negócio assim, não. Eu sei como melhorar isso: encaminhando eles para o trabalho, entregando para os prefeitos, arrumando mais um dinheiro, não é, Governador? E os prefeitos têm condições de encaminhar todo mundo para o trabalho. Eu fui prefeitinho. O Luiz Inácio não.

            É fácil. A mulher estava ganhando lá. Ela sabe cozinhar? Vai ser merendeira. O homem era forte? Vai tomar conta, ser guarda da praça. Ele plantava? Vai ser jardineiro. Em pouco tempo a gente botava para trabalhar.

            Então, não é um plano, não, porque eu me preocupo não é com os que estão ganhando não, que é uma caridade, estão precisando. Mas eu me preocupo com os filhos deles. Eu me preocupo. Eu sou o pai da Pátria, Senador, para isso. Olha que o exemplo... Ver o pai não trabalhar, a mãe não trabalhar!

            Eu estou aqui porque vi meu pai trabalhando, minha mãe trabalhando. O exemplo arrasta. Mas ele tem a maioria. Não ganhou as eleições com muito voto, não é? A segunda. Mas não está assim, não. Primeiro V. Exª falou: a segurança. O mais importante de uma sociedade é a segurança, a vida, a liberdade e a propriedade. Norberto Bobbio, que foi o mais sábio dos últimos Senadores da Itália, professor, morreu há um ano, disse: o mínimo é a segurança, a vida, a liberdade e a propriedade.

            E me respondam, brasileiras e brasileiros. Segurança? Nós vivemos é numa barbárie. Isso não é sociedade não. Saúde: ninguém mais do que eu pode falar sobre saúde. Eu tenho 42 como médico. Trabalhei numa Santa Casa e os pobres me deram o aposto Mão Santa. Olha, a saúde está muito boa e avançada, Mário Couto, mas para quem tem dinheiro, quem tem um plano de saúde. Mande um pobre ter a doença da candidata Dilma. É! Mande um pobre ter as filas, as dificuldades, o não atendimento, o SUS. A tabela do SUS é irrisória: R$2,50 uma consulta, eu sei, eu sou um médico. Um parto é 20 reais. A saúde está boa. Eles são avançados, os médicos são cientistas. Eu os conheço, eu faço parte deles.

            Ô Mário Couto, eu fui um extraordinário cirurgião. Era eu operando na Santa Casa, o Pelé fazendo gol, o Roberto Carlos cantando e o Dom Helder celebrando missa. Mas, está difícil saúde para os pobres. Para os pobres. Ou lá na Ilha do Marajó, como é que vai?

            Ora, Pedro Simon, esse Luiz Inácio é grande mesmo. Acabamos de ganhar o campeonato, somos o campeão do mundo, medalha de ouro em morte na gripe do porco. Ô Mário Couto, eu sou médico, eu sei a história.

            Essa dengue não existia, essa dengue não existia, o mosquitinho Oswaldo derrubou, o mesmo mosquito da febre amarela. E este Governo que não ganha de um mosquito. Ô, Luiz Inácio, eu sei que quem ganhou mesmo foi muito dinheiro os homens que fazem as pesquisas, porque Vossa Excelência não tem isso, estão lhe enganando, estão lhe iludindo, são uns aloprados. V. Exª tem uma popularidade. Mas é o Presidente, é o nosso Presidente. Mas, isso aí é dinheiro, eu fui prefeitinho e governador, eu sei como essa canalhada gosta e puxa... Eu quero saber que o sujeito é bom quando sai do governo e anda de peito aberto. Eu ando em todas as cidades do Piauí e do Brasil de mãos dadas com a minha mulher, sempre. Aí é que eu quero saber, Luiz Inácio. É na hora em que a gente está... os puxa-sacos, os aproveitadores do dinheiro. Eu conheço esses malandros.

            Pedro Simon, olha, teve um político no Piauí - vou contar para você, Mário Couto, que vai ser Governador do Pará - que foi duas vezes Vice-Governador e assumiu. Isso é raro. Junqueira, um velhinho simpático. Foi engraxate e depois foi bancário. Simpático, o Junqueira.

            Aí perguntaram a ele - lembro-me, porque eu estava na antessala do Dr. Lucídio Portela, Governador, e eu era Vice-Líder: “Ô, Junqueira, você ainda quer ser Governador?” Ele tinha sido duas vezes Vice de Petrônio e Helvídio Nunes, e assumiu. Petrônio, laureado; e Helvídio foi Senador. Ô, Mário Couto, eu estava como você. Quando ouvi a pergunta - viu, Osvaldo? -, corri atrás do velhinho para ouvir a resposta, porque pensei: vou ser esse negócio de Governador. Olha, aí. Você entendeu? E fiquei do lado do velhinho filósofo, Junqueira. Aí ele disse logo: “Não, estou velho. Isso é para gente nova”. Depois, ele parou e disse assim - esta é a filosofia: “Bem, eu queria, nem que fosse só por uma semana, para eu perseguir aqueles diabos que ajudei e que me traíram”. É isso, Luiz Inácio. É o Junqueira: “Queria nem que seja por uma semana, para me vingar dos traidores, dos aloprados que ajudei.” Tu sabes.

            Então, era isso que eu queria dizer. Mas vim, eu era primeiro. Serei breve, porque vou entrar em um assunto que tem a ver com Pedro Simon.

            “Sessenta mil famílias sem água no Estado do Piauí.” É um e-mail do Portal 180 Graus. Foi publicado em vários jornais. Olha aí: “Sessenta mil famílias sem água no Estado do Piauí”.

“O presidente da Federação dos Trabalhadores em Agricultura do Piauí (Fetag), Evandro Luz, diz que em 70 municípios a situação é crítica e na maioria deles o abastecimento com carros-pipa ainda nem começou (...).

A Fetag [do Piauí] já está entrando em contato com a Conab para viabilizar a entrega de cestas de alimentos.”

            Então, está aqui, e é grande. Um governo como esse, que tem 60 mil famílias... Ô, Mário Couto, está na Bíblia: “Dái de beber a quem tem sede e de comer a quem tem fome.” Está ouvindo, Osvaldo Sobrinho? Por isso, digo que meu Governador do PT do Piauí é pior do que a Governadora.

            E vai mais adiante. Outro, o Detran. Mas ô povo que gosta de dinheiro! Eles são tarados. Eles são doentes. Esse PT... Olha, morreu, mas eu vou, com todo o respeito, contar a verdade. Vocês sabem que sou franco e gosto de conversar com os mais velhos. Pedro Simon, estava lá Gilberto Mestrinho - morreu. Com todo o respeito, ele está no céu. Mas vou contar a história. Olhe, Osvaldo, aprenda isso, porque é importante. Ele sentava bem ali, era do PMDB, Mário. Eu o chamava de Mestrão, porque ele tinha muita sabedoria, foi três vezes Governador e era do PMDB.

            Eu estava me rebelando contra a perversidade da medida provisória que tirou o direito dos velhinhos aposentados e maltratou muito. Eu sentei ali; e ele, do PMDB, calado. Ele era o boto, como chamavam lá. Eu gostava de conversar com ele. Ele está no céu. Então, Osvaldo, eu disse: Mestrinho, e aí? E ele disse o seguinte: “Eu estava tomando as primeiras posições de reações contra esse governo que maltrata o povo.”

            Aquela medida provisória tão perversa que o Paim teve que fazer uma paralela, contra a qual a Heloísa Helena se rebelou. Eles quiseram queimá-la aqui, mas nós apagamos a fogueira. E, aí, o Mestrinho disse o seguinte: “Mão Santa, você está certo.” Eu digo: “Mas, mas eu estou certo, estou aqui, forte, Governador, está aí na base aliada e só vota com eles.” Ele disse: “Bem, mas você sabe, estou nessa idade e tem uns lugares, umas posições, eu não quero sacrificar meus amigos.” Eu digo: “E esse negócio vai dar certo?” Sabe o que ele me disse, Mário Couto, depoimento: “Mão Santa, isso não vai dar certo, não. Esse povo aí nunca trabalhou, nunca estudou. Isso não vai dar certo, e eles vão com muita sede ao pote e é o negócio do dinheiro.” Lá no Piauí, eu sinto isso. Você está sentindo agora.

            Por isso que disse aqui uma vez que três coisas a gente só faz uma vez na vida: nascer, morrer e votar no PT. Eu já fiz a minha, me arrependi, o povo do Piauí já me perdoou.

            Olha, olha essa indignidade. Tu queres trocar, eu troco agora, eu colho os milhões de assinaturas dos piauienses, porque, ô Governador ruim e mentiroso. Olha aí. Detran. Deputado Marden Menezes, do Piauí, as taxas do Detran - eu não vou ler, porque quero entrar noutro assunto rapidamente. Mas ele prova as multas, as taxas, os emplacamentos, não sei o quê, são de três a quatro vezes maiores do que as do Ceará e do Maranhão.

            Sabe o que está havendo? Todo mundo hoje que compra moto vai comprar no Maranhão. As firmas de moto e de carro estão vendendo no Maranhão, pelo apetite voraz, pela ambição do dinheiro, as multas, as multas dadas em lugares nos quais não tem nada; cidade “carroçal”, há aqueles pardais, não é? Eu nunca vi. É como Gilberto Mestrinho disse: “Esse bicho é um esfomeado.” “Desempregados, famintos.” Palavras que ele disse, estou querendo recordar. “Nunca estudaram, se prepararam.” Eu digo: “Você está certo.”

            Sabe o que está havendo? Todo mundo hoje que compra moto vai comprar no Maranhão. As firmas de moto e de carro estão vendendo no Maranhão, pelo apetite voraz, pela ambição do dinheiro, as multas, as multas dadas em lugares nos quais não tem nada; cidade “carroçal”, há aqueles pardais, não é? Eu nunca vi. É como Gilberto Mestrinho disse: “Esse bicho é um esfomeado.” “Desempregados, famintos.” Palavras que ele disse, estou querendo recordar. “Nunca estudaram, se prepararam.” Eu digo: “Você está certo.”

            Ó Deus, ó Deus, proteja Gilberto Mestrinho. Mas, pela verdade com que ele me orientou, continue firme. Mas, rapaz, é o Deputado Marden Menezes. E aqui estão todos os preços, um por um, são três a quatros vezes mais altos. A quadrilha do PT. De tal maneira que aí o Deputado Mauro Tapety disse: “Olha, no tempo do Mão Santa, o diretor era o pai do presidente da Assembléia. Ele pegava e dava dinheiro para os deputados; para os deputados não, para as solicitações, para recuperar todas as estradas.” Tirava o dinheiro do Detran mesmo. A Uespi lá tirava o dinheiro do Detran. E ele dizia: “Agora,...” Até o Deputado Leal Júnior, origem boa, o pai dele foi deputado comigo, um homem de bem, mas está na Base do Governo. Ele disse que isso não está direito, tem que chamar.

            Mas, Pedro Simon, eu mudei o meu discurso, eu ia detalhar como o Governador do Piauí é bem pior do que o do Pará. Eu lamento. Então, Nossa Senhora de Nazaré, nós temos fé, temos a Santa Cruz do Milagre, que vai nos livrar disso. Nós temos a esperança da alternância, já há cinco candidatos lá, até o vice é candidato. Então, o que o Piauí deseja é que saia logo hoje, amanhã, deixe logo esse vice, tem mais gente que vai assumir, tem outros. Qualquer um é melhor do que o que está lá. Eu lhe digo que qualquer um é melhor: o vice foi meu Líder de governo; o PM Marcelo Castro foi do Iapep, é deputado federal; o meu Secretário de Indústria e Comércio, que é Senador; o do PT é um Secretário de Fazenda; o povo acha ele melhor. E o das oposições que surgiu, o prefeito da capital, está assim como Winston Churchill, juntando as oposições de tal maneira que o Serra está com 60% no Estado do Piauí. Essa é a realidade. Eu não sei como esses homens dizem que têm quatro candidatos a governador, e a Dilminha só tem 20%. Coisas misteriosas.

            Mas eu queria o seguinte... Pedro Simon, Deus é bom, e V. Exª veio pra cá. Pedro Simon, recebi tanto e-mail, tanto telefonema, até de madrugada, de várias pessoas, de vários lugares: o meu irmão que ia viajar para a Europa; o Paulo de Tarso, da Sudene; recebi da Parnaíba; do Piauí; a minha filha, emocionada. E disseram que eu relesse. E a Adalgisa leu de manhã, e tu sabes que obedeço, quem manda é a mulher mesmo, já se passaram mais de quarenta anos ela mandando, eu até me acostumei. Mas ela pegou, a filha telefonou e viu. Foi telefonema que encheu o saco a noite toda, com esse negócio de... Para eu reler só a sua parte. O que eu disse no meu não agradou, não, eu me despedindo do PMDB. Olha, pode até ter agradado, mas o seu foi como quando a gente come um arroz com feijão aí vem uma sobremesa, a que eu gosto mais - tu já comeste? - é aquele crème brûlée. Ô bicho bom! Lá vocês têm muita coisa: é cupuaçu, açaí, mas o crème brûlée... Ô Pedro Simon, então, pediram, exigiram para eu ler, e, de manhã, quando eu saí, Adalgisa falou: “Você não vai fazer isso, não; você vai ler, porque lá, do Piauí, telefonaram”. Eu já obedeci a essa mulher quarenta anos, vou logo ler para ela não brigar, a gente vai já para o Piauí.

            Então, está aqui. Aí eu termino a carta de despedida do PMDB - está ouvindo, Pedro Simon? -, aí entra Pedro Simon. Ô Pedro, eu sei que V. Exª é brilhante, mas, pelo número de e-mails que eu recebi, porque é automático: a gente termina aqui, chega ao gabinete e já tem. É aquilo que ele dizia: a terceira onda, é uma parafernália. O maior corajoso é o mentiroso, porque ele mente aqui... É negócio de blog, é negócio de portal. Outro dia, minha filha chegou e disse; “Papai, vamos fazer um twitter para você”. Eu pensei que era um negócio de música, na minha ignorância. É nada, é uma parafernália da comunicação que não dá mais certo, não, Luiz Inácio; aquele negócio de uma mentira repetida se torna verdade foi no tempo do Hitler, foi no tempo do Goebbels; hoje não dá mais, não. O mentiroso é corajoso, porque vem bomba de todo lado.

            Então, Senador Pedro Simon, atendendo a centenas de e-mails, telefonemas, vou ler só a parte de V. Exª para a gente terminar. Está ouvindo, Mário Couto? Você estava aqui quando ele leu ontem? Aliás, na minha despedida, V. Exª foi. Vários Senadores foram, brilhantes, com a sua presença. Vários Senadores, de vários Partidos, cada um com uma oratória mais brilhante.

            Então, Senador Pedro Simon, eu termino: “Ó Deus, abençoe o Piauí e a nossa gente!” Antes, eu tinha dito assim:

Mesmo com a alma ferida, continuo acreditando no filósofo que diz: ‘Muitas são as maravilhas da natureza, mas a mais maravilhosa é o ser humano”. Inspirados no rei Roberto Carlos, da minha geração, eu e Adalgisa abraçamos todos os piauienses cantando: “Eu quero ter um milhão de amigos..”.

            Senador Mário Couto, eu vou ter um milhão de votos. Então, Senador Pedro Simon pede um aparte, e eu dou. Olha, rapaz, é muito e-mail! Chegaram, pediram, exigiram. V. Exª sabe como é isso. E o aparte:

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - V. Exª não calcula a profunda mágoa com que recebo o pronunciamento de V. Exª. Eu estava em Montevidéu, participando de um Congresso do Mercosul, quando a imprensa me telefonou, perguntando o que eu achava da notícia de que V. Exª estava saindo do PMDB.

Eu, que não estava a par da situação, disse que não acreditava: “Primeiro, eu não acredito que o Mão Santa saia do MDB” [olhe, V. Exª disse MDB, porque V. Exª se vinculou ao MDB “manda-brasa”, ao MDB de vergonha da nossa história]. “Segundo, eu não acredito que o MDB permita que Mão saia do MDB”. [ V. Exª, só nisso aí, mostra que a história, a grandeza era do de ontem, não é do de hoje].

Ontem, chegando aqui, recebi cópia da carta que V. Exª terminou de ler desta tribuna. Olha, é difícil de entender. Uma pessoa que nem V. Exª, com o seu passado, com a sua biografia, com a sua atuação brilhante e excepcional, mudando os rumos da vida diária deste Senado, tenha de sair do MDB”[ ouviu, Pedro? Agora é que eu estou vendo: V. Exª fala em MDB, que era a história, a grandeza; não é a vergonha], como expõe V. Exª, porque o MDB [está no seu subconsciente], a rigor, determinou que isso acontecesse. V. Exª - Prefeito, Deputado [Estadual], Federal, Governador por duas vezes e Senador - tem sido a grande referência deste Senado em nível nacional. O seu linguajar, o seu estilo, as referências que V. Exª faz a autores, a sábios, a gênios da política internacional, com as suas frases que marcaram suas biografias, a oportunidade dos pronunciamentos de V. Exª, a simpatia pessoal de V. Exª, V. Exª é o grande líder.

V. Exª é o grande líder de audiência da TV Senado. É impressionante! Lá, no Rio Grande do Sul, todas as pessoas que me abordam, que conversam comigo, perguntam por V. Exª e contam nos detalhes o último pronunciamento a que elas assistiram pela televisão de V. Exª. Que fase triste vive o nosso País! E que fase triste vive o nosso Partido! De repente, sem mais nem menos, um partido que tinha o Governador eleito, reeleito, um Senador eleito, com uma multidão de votos, uma candidatura tranquila a Governador ou a Senador, fica informado de que o Partido lhe negará legenda, porque o Partido resolveu não ter candidato nem a Governador nem a Senador. O Partido, lá, decidiu ser uma sublegenda de aluguel do Partido dos Trabalhadores. Nenhuma aliança, nenhuma coligação, nenhum entendimento respeitoso. Quando tem um cargo a Governador a ser disputado, um cargo a Vice-Governador e duas vagas ao Senado, nem assim acharam eles que V. Exª pudesse ser candidato, digamos assim, a uma vaga de Senador.É muito triste! É muito triste que o MDB [V. Exª fala em MDB] do Piauí V. Exª, na sua carta, se refere a Chagas Rodrigues, e fui seu amigo e ele morando aqui em Brasília, ainda que fora da política, contava as suas histórias e a sua luta - é muito triste, um partido do tamanho do nosso praticamente determinar a saída de V. Exª. Há dias, a direção do MDB lançou uma carta, uma nota, convidando, apelando, eu diria, para que os descontentes saíssem do Partido: ‘Quem quiser sair, saia, porque não faremos nada. Saia sem nenhuma preocupação de que vamos solicitar que o mandato, como disse o Supremo Tribunal, é do Partido...que ela fez. É realmente muito triste. Na segunda-feira foi o ex-Governador Roriz. Três vezes Governador de Brasília, um forte homem público, candidato, que o Partido simplesmente excluiu, dizendo que, no PMDB, ele também não teria lugar nem a Governador, nem a Senador, nem a coisa nenhuma. E ele teve que sair do Partido pelo motivo de V. Exª lá no Piauí. Não é candidato a nada. Talvez a Deputado ele desse uma legenda, talvez. Olha, que política é esta?

            Agora vou dizer... O Roriz...

            Todos nós sabemos que Deus fez o mundo, mas quem fez Brasília foi Juscelino Kubitschek, do nosso MDB, cassado aqui, e o nosso Governador Roriz.

O que o MDB fez para merecer uma direção que nem essa que ele tem? Há uma decisão do Partido determinando a realização de congresso em todos os Estados. Nós fizemos o nosso no Rio Grande do Sul para discussão sobre o programa partidário para Presidente da República e se o MDB quer ou não quer candidato próprio a Presidente da República. O Rio Grande do Sul foi unanimidade; milhares de pessoas no nosso congresso. Goiás também fez, Santa Catarina fez, vários Estados estão fazendo. Em meio a isso, o presidente “licenciado”, porque ele é quem continua dando as ordens, informa que está querendo fazer imediatamente um acordo com o PT. Quatro anos, o MDB chegou a fazer uma prévia. Concorreram o Governador Rigotto, do Rio Grande do Sul, e o Governador Garotinho, do Rio de Janeiro.

            Permita-me, eu, que sou seu discípulo, atento à história, foi negada a Requião a candidatura, foi negada a Itamar, foi negada a V. Exª, que foi aclamado ser o nosso candidato no pleito.

A tese amplamente vencedora era de que o MDB tivesse um candidato próprio para Presidente da República. O que aconteceu? O comando nacional, com a maior cara de pau, não convocou a convenção, nobre Senador, para escolha de candidato. Não saiu a convenção! E o PMDB abriu mão, não teve candidato a presidente, também não teve vice nem do PT, nem do PSDB, não teve nada. O tempo de televisão a que o PMDB tinha direito para Presidente da República desapareceu, foi distribuído entre os outros partidos.

Metade ficou com Lula, metade com o Serra, com o compromisso assinado entre eles: quem ganhasse traria o outro grupo para o lado do governo. E foi o que aconteceu. O Senador Renan, que foi Ministro da Justiça do Presidente Fernando Henrique, foi levado de volta para o PT pelos que estavam do lado do PSDB.

E, agora, quando esperávamos a convocação de uma convenção nacional para discutir o nosso plano de governo e a candidatura própria, sim ou não, o presidente licenciado, mas mandando, Presidente da Câmara, que está com a mosca azul de ser Vice-Presidente da República, quer fechar o acordo imediatamente com a... o Ex-Governador Roriz; vale deixar V. Exª no vazio, vale o que for necessário.

Mas V. Exª, Senador Mão Santa, está acima disso. Eu me comprometi com V. Exª que, com muita honra, iria ao Piauí fazer a campanha de V. Exª para o Senado, no ano que vem. Se V. Exª for candidato ao Senado, estarei lá para defendê-lo.Quero trazer aqui o meu testemunho. Não pense a Direção Nacional do PMDB e não pense o comando do PMDB, o triste comando do PMDB, lá no Piauí que V. Exª não tem a capacidade, que não tem o respeito. Não apenas da Bancada do MDB [V. Exª... O MDB está no subconsciente; a história, a vergonha, a luta era do MDB] mas de todo o Senado Federal. V. Exª aqui é um vencedor. Dessa tribuna, de onde V. Exª tem sido o campeão de uso durante esses anos todos, aquela Presidência, onde V. Exª esteve mais tempo do que o próprio Presidente efetivo, a franqueza com que V. Exª expõe a realidade deste País...V. Exª, ao que sei, apoiou o Presidente Lula para Presidente. [Isso em 94] Tinha todas as condições de acomodar-se, de pegar os cargos, as vantagens que eles estão dando.’

A rigor, V. Exª é até meio responsável com relação a ter se acomodado, pegado um cargo aqui, outro ali. No MDB está todo mundo cheio disso. [Mas aí V. Exª se equivocou, porque aí já é o PMDB]. Um é Diretor da Petrobras, outro é Diretor do Banco do Brasil, outro é ministro disso, outro é ministro daquilo. Cargo é o que não falta. V. Exª resolveu ser um Senador - digamos assim - independente e, da tribuna, onde V. Exª está neste momento, disse o que achava que deveria dizer. Criticou quando achou que deveria criticar, expondo as linhas de V. Exª, que são as linhas de existência de V. Exª. Homem simples. Como diz a sua carta, belíssima carta, emocionante, a carta de V. Exª, só saiu do seu Piauí para fazer [os seus estudos e] e a sua graduação em Medicina. E com que honra V. Exª disse que, nos anos longos em que exerceu a Medicina como cirurgião especialista, para o povo, é Mão Santa. Mão Santa! Ontem, como médico cirurgião, Mão Santa. Hoje, como político, que usa as suas mãos, a sua mentalidade, a sua capacidade, o seu esforço e a sua resistência a favor da dignidade, da honra, da seriedade. Eu lhe trago o meu abraço, o meu carinho. E lamento profundamente. Em primeiro lugar, quando eu o procurei hoje, eu achei que isso estava ainda em andamento. Eu tentava até convencê-lo a fazermos um movimento no sentido de exigir a sua permanência. Para mágoa minha, fiquei sabendo que V. Exª já assinou ficha no outro partido. Eu felicito esse novo partido. Eles nem imaginam a aquisição que fizeram. Eles nem imaginam o que V. Exª representará para o partido não apenas no Piauí, mas no Brasil inteiro. V. Exª muda de partido para não mudar as suas idéias, a sua ideologia, o seu pensamento, a sua maneira de ser, a sua maneira de proceder. A sua consciência não está à venda. V. Exª não está à procura de quem dá mais. V. Exª está sendo coerente. Aquele jovem esperançoso, aquele médico iniciante que se transformou em um famoso cirurgião, aquele político que se consolidou pela dignidade e pela honradez vive uma hora muito feliz.

Às vezes, é preciso, para manter o rumo, mudar a rota. Às vezes, é preciso, para manter as idéias, buscar outras formas. Eu continuo seu amigo, seu irmão e seu admirador - seu, da sua querida esposa [Adalgisa] e da sua querida filha [Daniela], que lá no Rio Grande do Sul faz um curso de especialização na Medicina. Continuo confiando que o futuro lhe reserva grandes planos, grandes trabalhos e postos muito importantes, não apenas no Piauí, mas no meu Brasil. Meu carinho, e que Deus seja pródigo com V. Exª ao distribuir felicidades.

            Pedro Simon, agradecido, encerro aqui as palavras, atendendo ao apelo de centenas e centenas, inclusive da Adalgisa e da minha filha. Nossa gratidão.

            A minha mãe era terceira franciscana como V. Exª, daí o meu nome ser Francisco. Onde houver desespero, leve a esperança; o ódio, o amor; onde há dúvida, a fé; o erro, a verdade. Então, quero dizer que aprendi no colo de minha santa mãe.

            Sempre disse: “Não sou Mão Santa”. São mãos de todos os cirurgiões criadas por Deus para salvar alguns. Mas sou filho de mãe santa. E ela me ensinou que a gratidão é a mãe de todas as virtudes. Então, agradeço em meu nome e em nome da minha família.

            Quero dizer que ingresso no novo Partido, que é um Partido cristão - esse é o nosso perfil -, com a mensagem de Cristo. Não fui para o PSC para ser servido, mas para servir ao Partido, ao Piauí e a democracia do Brasil.

            Muito obrigado, Pedro Simon.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/09/2009 - Página 47600