Pronunciamento de Mão Santa em 15/09/2009
Discurso durante a 156ª Sessão Especial, no Senado Federal
Comemoração ao Dia Internacional da Democracia.
- Autor
- Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
- Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- Comemoração ao Dia Internacional da Democracia.
- Publicação
- Publicação no DSF de 16/09/2009 - Página 43474
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
-
- LEITURA, PRONUNCIAMENTO, AUTORIA, JOSE SARNEY, PRESIDENTE, SENADO, SAUDAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, DEMOCRACIA.
- REGISTRO, HISTORIA, DEMOCRACIA, MUNDO, IMPORTANCIA, EXISTENCIA, PARLAMENTO, TRADIÇÃO, BRASIL, ESTADO DE DIREITO, RESPEITO, LEIS, JUSTIÇA, DEFESA, VALORIZAÇÃO, SENADO, VIGILANCIA, ESTADO DEMOCRATICO.
O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI)
- Há número regimental. Declaro aberta a sessão.
Brasília, 11 horas e 23 minutos. Esta é a 156ª Sessão
Especial, destinada a comemorarmos o Dia Internacional
da Democracia.
Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos
trabalhos.
A presente Sessão Especial destina-se a comemorar
o Dia Internacional da Democracia, nos temos do
Requerimento nº 1.083, de 2009, do Senador Efraim
Morais e outros Srs. Senadores.
Convidamos para compor a Mesa o Senador
Efraim Morais, que se inspirou para fazer esta homenagem
à democracia. Convidamos o ex-Presidente da
República do Brasil Senador Fernando Collor e o ex-
Presidente também Senador Marco Maciel, uma vez
que foi Vice-Presidente e, por mais de oitenta vezes,
assumiu a Presidência, levando a ela todas as virtudes
da democracia.
Convidamos a todos para, de pé, ouvir o Hino
Nacional brasileiro executado pelo Coral do Senado
Federal.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB -PI)
- Agora, sentados, ouviremos a execução da música
Coração de Estudante pela servidora do Senado e
cantora Vanessa Pinheiro, acompanhada pelo violonista
de sete cordas Fabiano Borges.
(Procede-se à execução da música.)
O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI)
- Em nome do Presidente da Casa, Presidente José
Sarney, faço a seguinte saudação:
Minhas senhoras e meus senhores, “a
democracia é um dos valores e princípios fundamentais,
indivisíveis e universais das Nações
Unidas. Baseia-se na vontade do povo, livremente
expressa, e está estreitamente ligada
ao Estado de Direito e ao exercício dos direitos
humanos e das liberdades fundamentais.”
Essa belíssima passagem que acabo
de ler é parte integrantes das conclusões da
Cimeira Mundial de setembro de 2005, promovida
pela Organização das Nações Unidas.
Nela, os Estados-membros, entre eles o
Brasil, reafirmaram que “a democracia é um
valor universal, baseado na vontade dos povos,
livremente expressa, de determinar os
seus sistemas político, econômico, social e
cultural, e a sua plena participação em todos
os aspectos da sua vida”.
Nesta ocasião em que o Senado Federal
comemora, em sessão especial, o 2º Dia Internacional
da Democracia, quis trazer a esta
Casa, e a todos que acompanham os seus
trabalhos, essas duas magníficas definições
de democracia exaradas pelas Nações Unidas,
numa demonstração da enorme importância
e relevância dos valores democráticos para
todos os países do mundo.
O estabelecimento do dia 15 de setembro
como Dia Internacional da Democracia resulta
de decisão da Assembleia Geral da ONU datada
de 8 de novembro de 2007. O objetivo maior
é proporcionar a todos os Estados-membros
uma oportunidade de avaliar o estado da democracia
no mundo.
Todos sabemos que a democracia é um
processo dinâmico, pois se aperfeiçoa a cada dia
na vida das nações. Não há democracia perfeita
e acabada, posto que é sempre passível de mudanças
e aprimoramentos. Cláusula pétrea, no
entanto, é a indissociabilidade entre democracia,
desenvolvimento social e respeito aos direitos
humanos e liberdades fundamentais.
Nesse âmbito, temos muito que comemorar!
Desde a promulgação da Carta de
1988, tão bem batizada pelo Dr. Ulysses como
Constituição Cidadã, o Brasil pôde celebrar o
retorno às normalidades democráticas, tendo o
respeito aos direitos humanos e as liberdades
fundamentais alcançado lugar de destaque em
nossa Carta Magna.
Com democracia e respeito ao ser humano,
nosso País foi capaz de promover o desenvolvimento
e de atingir indicadores de bem-estar
social jamais vistos em nossa História.
Hoje, podemos comemorar, sem falsa
modéstia e sem falsos pudores, a participação
decisiva do Poder Legislativo no processo de
aperfeiçoamento da democracia brasileira.
Passaram por este Parlamento, além da
Carta Cidadã, diplomas legais do quilate e da
importância da Lei de Responsabilidade Fiscal,
do Estatuto do Idoso, do Estatuto da Criança
e do Adolescente e do Estatuto do Desarmamento,
entre tantas outras leis cuja simples
menção nos tomaria demasiado tempo.
O Parlamento é a pedra angular da democracia.
Sem Parlamento, não há democracia;
sem democracia, não existe a independência
do Parlamento.
E Parlamento sem independência não
é Parlamento!
Se neste 15 de setembro temos muito o
que celebrar, o mesmo não podemos dizer de
todas as nações do mundo moderno. Mesmo
sabendo que a maioria esmagadora dos países
vive sob a égide do sistema democrático,
não nos podemos acomodar diante dos abusos
que ainda são perpetrados em algumas
partes de nosso Planeta.
Violação dos direitos humanos, desrespeito
às liberdades fundamentais - entre elas
a liberdade de imprensa e de pensamento -,
arroubos belicistas, incluindo ameaças nucleares:
são exemplos claros da falta de democracia,
da falta de cuidado e de respeito para
com a dignidade da pessoa humana.
Que o 2ª Dia Internacional sirva de comemoração,
mas também sirva de alerta para
que o mundo nunca se esqueça de que as ditaduras
só favorecem aos ditadores, de que o
arbítrio só advoga pelos poderosos.
Viva a democracia!
Muito obrigado.
Essas são as palavras oficiais do Presidente
Sarney.
Mas eu não poderia deixar de, neste instante,
porque quis Deus que eu estivesse na Presidência
do Senado, dar a entender o que entendo, e entendo
bem, sobre democracia.
Presidente Marco Maciel, temos de entender a
democracia que vivemos e o nosso Senado da República.
Atentai bem! Antes mesmo do grito Liberdade,
Igualdade e Fraternidade, grito que fez tombar todos
os reis, cem anos - o daqui também caiu e nasceu o
governo do povo pelo povo. Mas, antes disso, antes da
beleza dessa regime, em 1760, a Inglaterra, que traduz
o parlamento, o qual havia sido fechado pelo rei Carlos,
estava em guerra e o país estava na pior, porque o rei
não tinha credibilidade para conseguir dinheiro, Senador
Efraim. O rei estava contra a Irlanda, a Escócia, e, antes
de ele tombar, teve a humildade de reabrir o parlamento.
Aí, o líder do parlamento inglês, Oliver Cromwell, disse
que o reabriria, tendo em vista a credibilidade dos parlamentares,
credibilidade que representamos hoje, que
traduzimos, que vivemos no Brasil hoje.
Então, ele disse que iria conseguir, pois a credibilidade
era do parlamento e não do rei. Jamais na
democracia do mundo rei algum, homem algum, governante
algum poderia estar acima da lei. Foi reaberto. E
somos isto. Esta é a nossa cultura. Não temos nada a
ver com a cultura de Cuba, da Venezuela, do Equador,
da Bolívia, do Paraguai, de Honduras e Nicaragua. A
nossa é essa. Porque aquele que está ali em cima, Rui
Barbosa, no exílio, sob o regime forte do Marechal de
Ferro, fugiu daqui e foi para Buenos Aires e acabou na
Inglaterra. De lá, ele nos trouxe este modelo bicameral.
Foi Rui Barbosa, o nosso Patrono, quem trouxe este
modelo bicameral monárquico e também bicameral
presidencialista, por meio do filhote da Inglaterra, os
Estados Unidos. Somos isto. Esta é a nossa história e
a nossa cultura. Rui Barbosa disse, e está aí o ensinamento
para a democracia.
Depois de Ulysses beijar a Constituição, em 5 de
outubro de 1988, disse que desobedecer à Constituição
é igual a rasgar a Bandeira do Brasil. Então, Rui Barbosa
foi quem nos ensinou a democracia. Esta é a nossa democracia.
Esta é a nossa história. Esta a nossa cultura.
Rui Barbosa disse e nos ensinou que só há um
caminho de salvação: é a lei e a justiça.
São essas nossas palavras.
E quero dizer que, no Brasil, este Senado é fundamental.
Várias vezes, saímos da democracia; uma
delas, apesar de o ditador ser bom, há os malefícios.
Aí está o livro Memórias do Cárcere, de Graciliano
Ramos, lá do nosso Nordeste, que explica, de Alagoas,
através de Memórias do Cárcere, como é ruim; e
a militar, nós a vivemos; Elio Gaspari contou-nos.
Então, para salvaguardar esta democracia, um
militar, que lutou para derrubar a primeira ditadura de
Vargas, deixou escrito: “O preço da liberdade democrática
é a eterna vigilância.” Nós somos esta eterna vigilância no Brasil.
É o Senado da República que garante
a liberdade democrática.
São essas as nossas palavras.
Convidamos para usar da palavra o Senador
Efraim Morais, primeiro subscritor do requerimento.