Discurso durante a 169ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do aspecto da vida do Deputado Alberto Silva, falecido ontem, dia 28 de setembro em curso, assim como das obras por ele realizadas. Registro do enterro de Bérgson Gurjão Faria, ex-guerrilheiro, e o seu velório a ser realizado na Universidade Federal do Ceará, no próximo dia 6 de outubro.

Autor
Inácio Arruda (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/CE)
Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Registro do aspecto da vida do Deputado Alberto Silva, falecido ontem, dia 28 de setembro em curso, assim como das obras por ele realizadas. Registro do enterro de Bérgson Gurjão Faria, ex-guerrilheiro, e o seu velório a ser realizado na Universidade Federal do Ceará, no próximo dia 6 de outubro.
Aparteantes
Antonio Carlos Valadares, Eduardo Suplicy, Osvaldo Sobrinho.
Publicação
Publicação no DSF de 30/09/2009 - Página 47765
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ALBERTO SILVA, DEPUTADO FEDERAL, EX SENADOR, EX GOVERNADOR, EX PREFEITO, ESTADO DO PIAUI (PI), ELOGIO, VIDA PUBLICA, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, APRESENTAÇÃO, PESAMES, FAMILIA, ESPECIFICAÇÃO, FILHO, VINCULAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC DO B).
  • ANUNCIO, SOLENIDADE, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA (UFC), RECEBIMENTO, RESTOS MORTAIS, VITIMA, DITADURA, DESAPARECIMENTO, PERIODO, REGIME MILITAR, RECONHECIMENTO, EXAME, GENETICA, POSSIBILIDADE, FAMILIA, REALIZAÇÃO, FUNERAL, IMPORTANCIA, ESTADO, RESPONSABILIDADE, FATO, HISTORIA, LUTA, GARANTIA, DEMOCRACIA, ATUALIDADE, DEFESA, PRESENÇA, REPRESENTANTE, SENADO.

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            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ouvi o discurso emocionado do Senador Mão Santa em homenagem a um dos maiores brasileiros nascido no Piauí, nas terras da Parnaíba.

            Entre outras andanças pelo Brasil, Alberto Silva não só formou-se em engenheiro, mas militou ativamente na política brasileira, sempre com opiniões sinceras e, às vezes, saídas não ortodoxas, seja para a economia, a política ou para resolver problemas concretos da vida do povo. Imagino nossos técnicos da Embrapa convocados por Alberto Silva para plantar milho no areal de beira de praia na Parnaíba e depois de ele mostrar que aquela produção era muitas vezes melhor do que em terras consideradas apropriadas para a produção de milho. Alberto Silva sempre esteve preocupado com a agricultura, com a pecuária e com a infraestrutura de transporte, com a logística, preocupado com o ensino básico, fundamental, com todas as atividades de hoje, com a energia - ele, juntamente com o Governador Virgílio Távora.

            Meu caro Senador Jefferson Praia, eu estava grudado na Igreja de Otávio Bonfim, uma igreja muito conhecida em Fortaleza, no Ceará, quando o Marechal Castelo Branco foi inaugurar a chegada da primeira transposição das águas do rio São Francisco para o Ceará. Era a chegada da energia elétrica de Paulo Afonso - da cachoeira de Paulo Afonso - onde havia uma represa que passara a produzir energia elétrica, que era transportada lá para o Ceará. Foi a primeira grande transposição das águas do São Francisco para o meu Estado, também o Estado que recebeu e acolheu Alberto Silva. Como disse, ele, ao lado de Virgílio Távora, tratou de realizar ali muitas obras, entre elas, a de levar a energia de Paulo Afonso até o nosso Estado, onde chegou com o apoio do Presidente João Goulart.

            E eles, fazendo política de forma corajosa, à frente do Marechal Castelo Branco, não tiveram o receio de agradecer a João Goulart pelo feito da chegada da energia à cidade de Fortaleza.

            Além disso, imagine aquela pessoa simples do povo. Digo isso porque nosso Partido passou a ter relações com Alberto Silva, com a sua família, com os filhos e filhas, especialmente com Paulo Silva, que foi dirigente estudantil, participou das lutas estudantis contra a ditadura militar, da União Nacional dos Estudantes. E não poderíamos deixar de dar um forte abraço de pesar no Paulo Silva e transmitir os nossos sentimentos a toda a família, porque sabemos que seu pai foi uma figura que ajudou o Piauí e o Brasil, contribuiu com o Brasil, contribuiu como Deputado Federal e especialmente como Senador da República.

            O Sr. Osvaldo Sobrinho (PTB - MT) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - Ele chegou ao detalhe, Osvaldo Sobrinho, nas campanhas eleitorais do Estado do Ceará, em Fortaleza, de dizer para mim: “Tenho um projeto para Fortaleza, para ajudar na área de construção de moradias, com materiais novos”. Então, aquele senhor de 85, quase 90 anos, preocupado com materiais novos, com a química fina, com a energia refinada, nova. Ele, que transportou as águas para transformar em energia, preocupado com as novas energias, as energias do futuro. Era uma pessoa sempre ligada.

            Em uma das últimas campanhas, em Fortaleza, ele chegou para mim e disse: “Inácio, você deveria conversar com o Governador, porque já propus a você, que fizéssemos uma hidrovia no rio Cocó, que corta a cidade de Fortaleza, na região leste, e isso pode ser feito pela Prefeitura e pelo Governo do Estado. Ou seja, podemos transformar aquele leito de rio - que também recebe as águas do mar, num lagamar, e corta vários bairros muito populosos -, transportando a população. Vamos fazer! Eu ajudo a fazer. Fale com o Governador Cid Gomes, que eu ajudo a fazer”. Isso já com seus noventa e poucos anos de idade, mas sempre preocupado com o detalhe de como melhorar a qualidade de vida do povo. Ele dizia: “É para isto que nós temos de estar aqui: para ajudar o povo a melhorar de vida”.

            Por isso, Sr. Presidente, vim à tribuna para tratar de múltiplas questões, mas não poderia, jamais, de deixar de dar meus votos de pesar à família de Alberto Silva, a seus filhos, a sua esposa, a seus netos, a toda sua família, porque ele é um dos brasileiros merecedores do abraço carinhoso de nosso povo, por sua trajetória como homem, como profissional e como político de nosso País.

            Meu caro Osvaldo Sobrinho.

            O Sr. Osvaldo Sobrinho (PTB - MT) - Desde ontem, estou ouvindo aqui pronunciamentos de pesar pelo falecimento de Alberto Silva. Eu tive a oportunidade de conhecê-lo ainda quando eu era Constituinte, aqui no Congresso Nacional, e seu filho, Paulo, que estimo muito e por quem sempre tive verdadeira amizade - foi meu colega. Mas acredito que feliz é o homem público que, mesmo pós-vida, consegue receber os elogios que recebe aqui Alberto Silva. Todos aqui vêm falar não simplesmente de sua história, mas do sentimento que está dentro do coração de cada um e daquilo que ele foi para o Brasil e para seu Estado. É muito bom ouvir isso porque é sinal de que temos muita gente boa no Brasil, gente que dedicou sua vida, como ele, que, com mais de 90 anos, ainda trabalhava. Lembro-me de que, quando eu estava no Dnit, há pouco tempo, ele enviou um expediente querendo saber do inventário da Rede Ferroviária, porque ele estava preocupado com aquilo. Eu vim ao gabinete dele para conversar e víamos aquela vontade, ele parecia um garoto quando se tratava de atender a sua terra e a sua gente. Portanto, feliz da terra que tem um homem, um filho como esse, que, desde o nascer até o morrer, dedica a sua vida, a sua energia, a sua inteligência, a sua competência para as questões maiores do seu povo. Um homem que foi Governador algumas vezes, um Senador da República, um homem público completo, um homem público que, verdadeiramente, dá orgulho aos seus descendentes, que dá orgulho àqueles que lhe prestaram amizade, àqueles que conviveram com ele. Portanto, quero compartilhar do pronunciamento de V. Exª, porque tenho certeza de que um homem como esse saudades deixará, e muitas, para o seu povo. O exemplo dele terá de ser seguido por todos nós e pelas futuras gerações, porque são exemplos belíssimos que, verdadeiramente, marcam a história de um povo, a história de um país. Quero, por meio de seu pronunciamento, neste aparte que faço, desejar á família que volte à normalidade. Quero dizer que o Brasil sente e eu também sinto a morte dele, mesmo tendo pouco afinidade, ao longo da vida pública, com ele, pois sou de um Estado diferente. Mas pelo seu filho, que conheci, pois foi meu colega na Câmara Federal, o Paulo, tenho certeza de que ele semeou sempre flores, rosas, bem-estar e conquistou o coração de todos que estavam ao seu lado. Portanto, ficam aqui também os nossos pêsames, os nossos sentimentos pelo passamento desse homem público de tantas qualidades aqui já citadas.

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - Agradeço o aparte ilustrado de V. Exª. Se formos cuidar bem, ele está presente também no Mato Grosso, com as suas idéias, com o que ele pensava para o Brasil, com o cuidado... Senador Suplicy, no começo do Governo de Lula, foram inúmeras as reuniões no gabinete de Alberto Silva, ele chamando a um e a outro Deputado, Senador, preocupado, porque um começo de governo é sempre mais difícil, e ele, preocupado, reunia, pedia opinião de uns, dava opinião, dizia assim: “Vamos levar tal questão para o Presidente”, “vamos resolver assim”.

            Então, viveu sempre muito intensamente a política do nosso País. É por isso que ele cativou muitos colegas nossos que podiam ter opiniões que pudessem divergir de sua escolha partidária em um momento ou outro, mas sempre lhe davam muita atenção, porque ele tinha opiniões muito precisas sobre a vida do povo brasileiro, sobre o que fazer para o País se desenvolver, e como ele era desejoso desse projeto de progresso, de desenvolvimento, que ele esperava, que ele já tinha visto o Brasil viver e que ele esperava o Brasil retomar.

            Acho que ele nos deixa neste momento, num momento em que o Brasil, felizmente, retoma o seu crescimento, retoma o seu desenvolvimento, com políticas públicas, sobre muitas das quais ele teve oportunidade de conversar com o Presidente da República, conversar com Lula, e não é à toa que Lula o escolheu como um dos conselheiros, das pessoas que ele ouvia, pela experiência de caminhar por todo o território brasileiro e de ter sido não só Prefeito, Governador, Senador da República, Deputado Federal, sempre contribuindo para o progresso, para o desenvolvimento do Brasil.

            Meu caro Senador Suplicy.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Prezado Senador Inácio Arruda, eu também gostaria, ao lado de todos os Senadores que ontem e hoje se pronunciaram em memória do querido Senador Alberto Silva, de expressar aqui a toda a sua família e ao povo do Piauí os meus sentimentos de pesar, de solidariedade e, sobretudo, de admiração, pois o Senador Alberto Silva, nosso colega aqui no Senado, ainda que para além do seus 70 anos, pois estava com 80 anos, ele sempre deu uma contribuição formidável. Era um engenheiro especializado nos assuntos do Piauí, nos assuntos relativos à seca, tinha o conhecimento dos rios do Piauí e de todo o Nordeste de uma maneira extraordinária e dava aulas formidáveis para todos nós Senadores, com um sentido de espírito público simplesmente fantástico. Então, meus parabéns ao povo do Piauí por ter tido aqui um representante que tão bem soube representar o seu povo. Minha solidariedade e, com os demais Senadores, também o meu preito de homenagem ao Senador Alberto Silva.

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - Eu que agradeço, Senador Suplicy.

            E Sr. Presidente, quero pedir a V. Exª...

            O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - Com muito prazer, meu caro Senador Valadares, já fazendo uma sugestão a V. Exª, que conviveu aqui com Alberto Silva, diretamente como Senador da República. Eu não tive essa oportunidade, mas convivi com ele como Deputado Federal. Eu gostaria de propor que V. Exª fosse autor de um requerimento, junto com os colegas que aqui estão, para que possamos prestar, no Senado da República, se possível em uma sessão conjunta, uma homenagem a este Senador, Deputado, Governador e Prefeito de sua cidade, homem público respeitável no nosso País.

            É a sugestão que eu já faço para V. Exª ao conceder-lhe um aparte.

            O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - Eu certamente faria esse requerimento com o espírito da solidariedade, da amizade e da admiração. No entanto, sabe V. Exª que ele foi um homem público que serviu praticamente a dois Estados: o Estado do Piauí, onde ele nasceu e foi Governador, e o Estado do Ceará, onde foi Secretário de Estado, exercendo um grande papel nas mudanças da infraestrutura que foram ali concretizadas. Então, sugiro que a autoria seja de V. Exª e dos Senadores do Piauí. Eu, sem dúvida alguma, estarei entre os signatários, porque eu admirava muito a figura do Senador Alberto Silva, principalmente porque ele era um homem criativo...

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - Criativo. A toda hora.

            O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - Ele era um homem que tinha idéias para resolver problemas difíceis. Quando se falava na transposição do rio São Francisco e eu fazia algumas interferências aqui, da tribuna, achando que a prioridade deveria ser a revitalização do rio e, quem sabe, o aumento da utilização dos açudes já construídos no Nordeste para o fornecimento de água potável às populações, ele dizia: “Mas, Valadares, eu tenho uma solução para isso. Não é fazer a transposição pelo eixo que estão projetando”. Aí ele tinha a ideia de que a primeira transposição poderia ser margeando o litoral de Sergipe, Alagoas, indo até Pernambuco e a Paraíba, onde Campina Grande sofre uma grande falta de água, anualmente, notadamente durante o período da estiagem. Portanto, ele tinha solução para tudo. As suas ideias, na primeira hora, poderiam ser mirabolantes, mas a verdade - apesar do telefone alto do Senador Suplicy, que vai tirando o nosso raciocínio, eu vou continuar dizendo a V. Exª, já estou encerrando - é que...

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - Eu considero o telefonema como uma aparte.

            O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - É quase um aparte. É merecedor de todas as homenagens o Senador Alberto Silva. V. Exª e o Senador Mão Santa estão fazendo a maior justiça ao ocuparem a tribuna, ao lado de tantos outros Senadores que também os apartearam, reconhecendo as qualidades de um homem público, um homem devotado ao seu Estado, devotado também a outros Estados como o Ceará e que, no exercício do mandato, jamais deslustrou, jamais decepcionou as tradições mais lídimas, mais legítimas dos Estados que ele representou, o Estado do Piauí e o Estado do Ceará. Meus parabéns a V. Exª por esse discurso magistral que está proferindo, neste instante, na tribuna do Senado Federal.

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - Agradeço a V. Exª. Vamos, em conjunto com o Senador Mão Santa, fazer o requerimento, encabeçado pelos piauienses, naturalmente, depois colocaremos os cearenses e, em seguida, os nossos colegas Senadores, para que possamos fazer essa justa homenagem à família, ao povo do Piauí e, como disse V. Exª, ao povo cearense, que agradecem os feitos de um homem sempre inquieto, que nunca deixou as coisas ficarem naquela tranquilidade aparente. Ele queria, com entusiasmo, ver o crescimento, ver o desenvolvimento, ver alternativas, saídas, soluções para os problemas que se apresentavam no nosso cotidiano.

            Sr. Presidente, da mesma forma que trazemos essa homenagem ao nosso Senador Alberto Silva, queremos também fazer um registro.

            Na próxima terça-feira - fiz um requerimento, inclusive, para que aprovássemos uma comissão para estar presente -, vamos realizar, junto com o Governo brasileiro... O Secretário Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Dr. Vannuchi, vai sair de Brasília, no dia 6, ao meio-dia, com os restos mortais de um cearense jovem, lutador, estudante de Química da Universidade Federal do Ceará, membro da seleção cearense de basquete, um homem relacionado com todas as forças políticas da época e, ao mesmo tempo, um professor que dava aulas aos estudantes da periferia de Fortaleza para que pudessem ingressar na Universidade Federal. Bergson Gurjão Farias foi morto em 1972, num confronto de jovens estudantes que estavam situados no sul do Pará vivendo na clandestinidade, buscando fazer política com o povo do interior do Pará. Ali eles enfrentaram os ditadores brasileiros, os golpistas brasileiros, e ele faleceu nesse ano de 1972.

            Os restos mortais foram identificados - é o segundo guerrilheiro que é identificado; a primeira foi Lúcia Petit, agora Bergson Gurjão Farias -, foram feitos os testes de DNA e, finalmente, depois desse longo período, a família pode receber os restos mortais do seu filho. A sua mãe, com 94 anos de idade, vai receber o corpo juntamente com as suas duas irmãs e o seu irmão. Vai ser feita uma solenidade, um velório solene na reitoria da Universidade Federal do Ceará e, em seguida, o corpo será sepultado no cemitério Parque da Paz, na cidade de Fortaleza.

            Eu considero muito significativo que o Estado brasileiro reconheça os fatos que ocorreram e que levaram não apenas os guerrilheiros do Araguaia, mas muitos brasileiros a perderem a vida, muitos a serem obrigados a deixar o País e muitos a viverem em condições de clandestinidade em seu próprio território, no seu próprio País.

            É um momento, digamos assim, muito importante para a família, para os militantes da época e para os de hoje, para compreender que Bergson doou a sua vida pra que nós, Jefferson, eu, Valadares, Suplicy e todos aqui pudessem viver num Brasil democrático, de liberdades, onde, mesmo com dificuldades pelos monopólios existentes nos meios de comunicação, podemos dar a nossa opinião.

            Então, eu queria fazer esse registro porque considero de muito significado que também o Senado esteja presente, mas presente não apenas por sermos Senadores do Ceará - eu e o Flávio Torres, que vivenciamos esses fatos -, não apenas por sermos dali e termos relações estreitas com a família, com os amigos e com os militantes do PCdoB, mas, sobretudo, porque é preciso haver ali uma comissão oficial do Senado brasileiro. E minha expectativa é de que o requerimento apresentado à Mesa seja aprovado pelos colegas Senadores, para termos ali, em Fortaleza, na próxima terça-feira, uma bonita solenidade de despedida de Bergson Gurjão Farias.

            Antecedendo a sua chegada, vamos ter a reunião da Comissão Nacional de Anistia, que se reunirá no Ceará para julgar o processo de mais de 70 cearenses, alguns que foram condenados à revelia, outros que já morreram e alguns que faleceram enfrentando a ditadura, os golpistas da época. Então, são momentos muito importantes que o povo cearense vai viver na próxima segunda-feira, dia 5, e na terça-feira, dia 6.

            Minha expectativa, então, Sr. Presidente, é de que possamos ter uma representação oficial do Senado para representar o Senado e, evidentemente, o Congresso Nacional nesses funerais de Bergson Gurjão Farias.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/09/2009 - Página 47765