Discurso durante a 173ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogios ao Senador Paulo Paim, pela luta permanente em favor dos idosos. Lamento pela situação do Rio Tietê, em São Paulo, em razão da poluição.

Autor
Romeu Tuma (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Elogios ao Senador Paulo Paim, pela luta permanente em favor dos idosos. Lamento pela situação do Rio Tietê, em São Paulo, em razão da poluição.
Aparteantes
Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 02/10/2009 - Página 48958
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, LUTA, PAULO PAIM, SENADOR, DEFESA, IDOSO, MELHORIA, PREVIDENCIA SOCIAL, COMPROMISSO, ORADOR, COLABORAÇÃO.
  • PROTESTO, MORTE, ECOSSISTEMA, RIO TIETE, REGIÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), GRAVIDADE, POLUIÇÃO, REGISTRO, HISTORIA, UTILIZAÇÃO, LAZER, POPULAÇÃO, ESPORTE NAUTICO, PESCA, OMISSÃO, PODER PUBLICO, ELOGIO, INVESTIGAÇÃO, TELEJORNAL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), PARCERIA, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), VIAGEM, PESQUISADOR, COLETA, DADOS, SUPERIORIDADE, LIXO, ESGOTO, EXPECTATIVA, ORADOR, MOBILIZAÇÃO, PREFEITO, INVESTIMENTO, RECUPERAÇÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ROMEU TUMA (PTB - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente. Agradeço a V. Exª pela deferência e faço questão de saudar o Ministro Edson Santos, sempre presente nas lutas que dizem respeito às minorias, ao lado do nosso querido amigo Paulo Paim.

            Senador Paim, pedi para V. Exª não sair antes de eu lhe dizer que V. Exª não é o último dos moicanos, não está sozinho. V. Exª é o general de um exército desarmado, que comanda uma grande legião, em benefício dos menos favorecidos, por tudo aquilo que demonstra nas suas palavras, no seu trabalho, nas suas andanças pelo País. Hoje, V. Exª, que é autor do Código dos Idosos, presta uma homenagem àqueles entre os quais me incluo. Sinto-me feliz de ter um homem como V. Exª como amigo, como companheiro, nessa defesa maravilhosa daqueles que deram boa parte da sua vida à luta pelo engrandecimento do País e pela sustentação de seus familiares e que, hoje, às vezes, não têm dinheiro para comprar um medicamento para sobreviver. Que Deus o abençoe e lhe dê toda a força, para que esse comando jamais morra nas suas mãos! Que Deus o abençoe! É um dia maravilhoso!

            V. Exª se lembrou, na poesia, dos avós. Lembro-me dos meus pais e dos meus avós também. Eles tiveram uma vida, uma luta, para nos criar, para nos trazer a esta Casa, com uma formação. Todos nós sabemos o grande sacrifício que eles tiveram em outras eras como imigrantes. Meu pai, quando veio para cá, veio para a sua terra, Pelotas, no Rio Grande do Sul. Lá, aprendeu uma profissão, constituiu sua família e lutou para que todos conseguissem aquilo que os estrangeiros imigrantes queriam: a formação profissional de seus filhos.

            Paim, que Deus o abençoe! Quero ser um cabo do seu exército, quero seguir seus passos e, sob seu comando, buscar a vitória para sua luta permanente nesta Casa. Não sei quanto tempo de vida vamos ter, mas, com certeza, se eu pudesse, todos os dias, eu apresentaria a V. Exª o cartão verde da esperança, porque é nela que vamos sobreviver para salvar aqueles que mais necessitam da nossa presença, da nossa luta.

            Ouço V. Exª, Senador Paim.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Romeu Tuma, eu não poderia deixar de fazer um pequeno aparte aqui, ao lado do meu amigo e líder Ministro Edson Santos, que tem feito um belíssimo trabalho no combate a todo tipo de preconceito. Alguém olha aqui para o meu Ministro Edson Santos - estive com ele hoje, de manhã - e tem de ver que esse Ministro luta a favor de todos os que são discriminados, sejam brancos, negros ou índios, sejam de origem italiana, de origem africana, de origem alemã. O Ministro Edson Santos tem uma forma de atuar que vai na mesma linha de V. Exª, em defesa dos idosos, da liberdade de orientação sexual, da liberdade religiosa. Dou esse depoimento em relação a ele e quero dá-lo também em relação a V. Exª, que tem sido um parceiro nessa longa caminhada aqui, no Congresso Nacional, nesses anos em que aqui estou. Quero dar esse testemunho, para que São Paulo saiba que V. Exª é um homem comprometido com o combate a todo tipo de preconceito, como também com o avanço das questões sociais. É uma alegria trabalhar a seu lado.

            O SR. ROMEU TUMA (PTB - SP) - Muito obrigado. Vamos viver ainda para ver o sucesso de toda a esperança que V. Exª tem de trazer de volta os benefícios por que lutamos durante as reformas que aqui se fizeram e contra as quais nos posicionamos. V. Exª arrancou compromissos que não foram cumpridos, mas vamos conseguir isso, pelo seu comando, pela sua ordem e, com certeza, com o apoio de nosso Ministro.

            Muito obrigado. Parabéns pelo discurso de V. Exª! Vou pedir que me forneçam a poesia, para eu poder lê-la com tranquilidade, e virá uma oração para nós. Obrigado, Sr. Presidente.

            Eu queria também, Sr. Presidente, falar de um velho. Ouviu, Senador Paim? Senador Paim, eu gostaria de falar de um velho: o velho rio Tietê.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - O velho rio Tietê.

            O SR. ROMEU TUMA (PTB - SP) - O velho Tietê! É lastimável! Passa as raias do absurdo! O rio Tietê, artéria que permitiu aos bandeirantes desbravar o solo pátrio para nos legar este País imenso e belo, origem de riquezas geradas por São Paulo e por Municípios vizinhos desde os tempos de Piratininga, está praticamente morto em vários trechos metropolitanos, tamanha a falta de oxigenação e inacreditável poluição que o transformaram em um esgoto a céu aberto.

            Lembro-me de que, ao menos a partir da década de 40, quando nele ainda era possível nadar e pescar no trecho paulistano, repetiram-se em seu curso obras e dragagens que nunca acabavam, mas faziam a alegria dos beneficiários de bilhões de reais investidos, ora a pretexto de aprofundar-lhe o leito e proteger o curso, ora com a pretensa intenção de combater a poluição produzida por dejetos e pelo lixo industrial e doméstico de maneira intolerável.

            Eu me lembro, querido Presidente, de que eu, com 16 anos, aprendi a nadar no rio Tietê. Havia o cocho do Corinthians. Aprendi a remar nas catraias que subiam até o Penhense, que era um clube que ficava perto de lá, e descia até a Ilha dos Amores, uma ilha no meio do rio Tietê. Era uma alegria imensa pescar naquelas margens do rio Tietê. Hoje, sabemos o que está acontecendo.

            O Tietê possui a característica de nascer próximo ao mar, em Salesópolis, e de correr para o interior, até desaguar no rio Paraná. Recebe toda a poluição inimaginável ao cortar a grande São Paulo, mas sua fama ictiológica acaba renascendo quilômetros depois. É só aí que o vemos ressuscitar todos os dias, a toda hora.

            De qualquer forma, sempre se tentou maquiar os efeitos daquela poluição fluvial. Nunca se viu, porém, efetiva atitude do Poder Público para estancar o envenenamento e realizar a despoluição. O caos resultante está à mostra, como bem demonstrou a Rede Globo por meio de extenso trabalho jornalístico, iniciado dia 1º do mês que se encerrou ontem e que se acha em fase de encerramento e repercussão.

            Em parceria com essa emissora de TV, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), da Universidade de São Paulo (USP), desenvolveu equipamento flutuante para medir a qualidade da água do Tietê. Foi conduzido pela correnteza ou a reboque de um caiaque manobrado pelo pesquisador Dan Robson, ao longo de quinhentos quilômetros, desde a Barragem de Ponte Nova, cem quilômetros acima da capital, em Biritiba-Mirim. Chamado de “aventureiro” pelos repórteres que o acompanharam, Dan Robson foi escolhido por estar acostumado a desafios. Já caminhou oito mil quilômetros a pé, do sul ao norte do País, sempre durante observações ecológicas. Na atual “aventura”, leva consigo câmeras, GPS, rádios de comunicação e um laptop para manter contato permanente com as equipes de apoio.

            No início, o barquinho de Dan e a boia do IPT singraram águas cristalinas, e o índice de oxigenação atingia 6,38, considerado muito bom por estar acima de 6. Mesmo sob algum lixo existente na superfície, o oxigênio ainda era suficiente para os peixes. Pouco depois, porém, o eco-aventureiro precisou vestir trajes especiais. Seguiu-se um longo percurso até Barra Bonita, no centro-oeste do Estado, ponto final da pesquisa. O equipamento poderia registrar índices com variação de 0 a 1,9, isto é, péssima oxigenação, quase sem vida; de 2 a 4,9, ruim; e acima de 5, boa. Em Mogi das Cruzes, onde são despejados no rio 33 milhões de litros de esgoto sem tratamento, o nível de oxigênio já estava péssimo. Logo em seguida, no Município de Suzano, uma barreira de lixo flutuante bloqueou a navegação, e houve necessidade de resgate por terra. O índice era 0,05, igualmente péssimo. Nos trechos seguintes, houve interrupção por aguapés, que ocupavam toda a superfície, numa região dominada pela produção de hortaliças irrigadas com a água poluída. A existência dos aguapés poderia parecer um bom sinal, mas essas plantas representam um dos sintomas de poluição. Desenvolvem-se descontroladamente quando existem muitos poluentes na água.

            No dia 11, o flutuador atingiu a área urbana da Capital, e, além das vestes especiais, Dan Robson necessitou de máscara, devido ao odor do esgoto. A par do lixo flutuante, até carcaças de automóveis se empilhavam às margens, no trecho de São Miguel Paulista, Zona Leste. Como há um cemitério de veículos afundados no rio Tietê, a Polícia e a segurança estão retirando os carros do leito do rio. A existência de peixes tornara-se impossível e assim continuou em Osasco, em Santana de Parnaíba e em Pirapora do Bom Jesus, com índice de 0,01.

            Em Cabreuva, no dia 17, o Tietê reviveu de repente. O equipamento registrou índice de 8,4, o melhor desde o início da expedição. Mas a oxigenação voltou a cair, chegando a 1,5 quando quase 370 quilômetros tinham sido percorridos desde Biritiba-Mirim. Foi melhorando depois, à medida da aproximação com a Hidrovia Tietê-Paraná, que, felizmente, já está balizada - grande trecho é navegado por transporte principalmente de cana-de-açúcar, o que reduz, Senador Alvaro Dias, muito o custo do transporte da cana para a fabricação de álcool e de açúcar.

            A partir de Anhembi, o rio alarga-se e adquire novas feições. O Município seguinte, Botucatu, coleta e trata 93% do esgoto, antes de os despejar no rio. Surge, por isso, considerável número de pescadores profissionais, operando com tarrafas e redes de arrasto. A seguir, a natureza torna-se deslumbrante, e os pássaros enriquecem ainda mais a paisagem.

            Enfim, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não há dúvida de que podemos alimentar a esperança por dias melhores para o rio Tietê. As possibilidades de cura são diretamente proporcionais a um esforço conjunto dos poderes públicos, nos níveis municipal, estadual e federal. Creio que o Tietê mereça essa atenção, quando menos seja em respeito à sua história e ao tanto que ainda pode dar ao País.

            No momento, devemos endereçar parabéns à Rede Globo e ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo pela iniciativa jornalística e técnico-científica que aponta os males de um rio tão caro aos brasileiros, especialmente àqueles que vivem em solo paulista.

            Espero conseguir realizar uma reunião no Senado, numa das Comissões, com todos os prefeitos de cidades que margeiam o rio Tietê, para tentarmos solidificar a expectativa de investimentos para a recuperação do histórico rio.

            Era isso o que tinha a comunicar.

            Agradeço a V. Exª pela oportunidade, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/10/2009 - Página 48958