Discurso durante a 174ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Manifestação em defesa da escolha da cidade do Rio de Janeiro como local para sediar as Olimpíadas de 2016, pretensão que S.Exa. considera justa.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE.:
  • Manifestação em defesa da escolha da cidade do Rio de Janeiro como local para sediar as Olimpíadas de 2016, pretensão que S.Exa. considera justa.
Publicação
Publicação no DSF de 03/10/2009 - Página 49231
Assunto
Outros > ESPORTE.
Indexação
  • DEFESA, ESCOLHA, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), SEDE, OLIMPIADAS, GARANTIA, JUSTIÇA, BRASIL, RESPEITO, TERCEIRO MUNDO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, acho importante falar aqui para expressar um sentimento que, vejo, é do Brasil. Dentro de três horas, será decidido o local das Olimpíadas: Rio de Janeiro, Chicago, Madri ou Tóquio.

            Com toda franqueza, acho muito justa a pretensão do Brasil de que sejam aqui. Acho que se formou na América Latina um sentimento de que têm de ser na América Latina.

            As Olimpíadas vêm-se realizando ao longo do tempo. Nos Estados Unidos, já foram realizadas seis, sete, oito - seria mais uma. A população de Chicago, cidade escolhida, fez manifestações nas ruas contra as Olimpíadas; eles não querem. É até interessante, eles acham que o dinheiro deve ser mais bem aproveitado em educação, saúde. Eles não querem, enfim.

            Em Tóquio, há um sentimento de que - e as últimas foram em Pequim - deve haver um espaço maior entre Pequim e Tóquio. E a população de Tóquio fez passeatas pelas ruas para dizerem que eles não querem. Não há um movimento de interesse da cidade a favor de Tóquio. E é esta a argumentação: primeiro, foram fantásticas as Olimpíadas de Pequim, e é muito em cima uma da outra.

            Madri. As próximas Olimpíadas serão em Londres, e nunca aconteceu o fato de duas Olimpíadas, uma depois da outra, serem no mesmo continente. Se agora vão ser em Londres, não há motivo para as próximas serem em Madri, porque é só atravessar o canal e se instalar em Madri. O normal é que elas sejam no Brasil.

            No Brasil, formou-se uma consciência - e muito grande - de simpatia pela realização dessas Olimpíadas, e o interessante é que o Brasil inteiro se uniu no sentido de que sejam realizadas na cidade do Rio de Janeiro.

            Eu acho normal que, em Chicago e em Tóquio, a população vá para rua dizer que não quer. Por exemplo, turismo: as Olimpíadas aumentam muito o turismo. A população de Chicago responde: “Mas nós já temos 40 milhões de turistas por ano; turismo nós já temos demais”. Tóquio diz a mesma coisa.

            Para o Rio de Janeiro, para o Brasil, que se está firmando no contexto internacional, a realização dessas Olimpíadas realmente é muito importante.

            Acho correto o trabalho do Presidente Lula, o apoio e o estímulo que ele deu; ao contrário da Espanha, cujo Governo não quer nenhuma participação nas Olimpíadas a realizarem-se em Madri; ao contrário de Chicago, já que o Governo Federal não tem nenhuma participação na realização em Chicago; e ao contrário de Tóquio, uma vez que o Governo do Primeiro-Ministro não tem nenhuma disposição de financiar as Olimpíadas de Tóquio.

            Por que não o Brasil? É claro que, se formos analisar, em infraestrutura, em tradição, em força, em poderio, quem somos nós para querer competir com Chicago, quando o Obama, a mulher e as filhas estão lá, em Copenhague, defendendo Chicago? Embora o Presidente Obama - que havia decidido não ir e mandaria sua esposa - agora tenha decidido ir, porque estavam cobrando dele a omissão, com toda sinceridade, não acredito que ele esteja lá muito preocupado em levar as Olimpíadas para Chicago, até porque, se tiver o interesse real de levá-las para Chicago, ainda vai ser Presidente nas outras Olimpíadas. Então, as próximas poderão ser em Chicago.

            Embora isolado em uma sexta-feira - o assunto não veio a debate nesta tribuna do Senado -, creio, com toda sinceridade, que esta Casa, e creio que falo em nome de todos os Parlamentares, manifestando, com muita responsabilidade, que o Congresso brasileiro está solidário ao Governo do Rio de Janeiro, ao Governo Lula, à cidade do Rio de Janeiro, no sentido da realização desse evento.

            Problemas de segurança? Está provado: nos Jogos Pan-Americanos, o Rio de Janeiro fez uma demonstração do que deve ser feito no futuro. Aquilo que foi feito nos Jogos Pan-americanos do Rio poderá e deverá ser feito permanentemente. O Governo armou um esquema de segurança, e não houve um incidente no Rio de Janeiro durante os Jogos Pan-Americanos. Houve um reconhecimento mundial de que o ambiente foi o melhor possível.

            As Olimpíadas em Chicago serão um acontecimento esportivo a mais. A população vai participar com indiferença. As Olimpíadas de Tóquio serão um acontecimento a mais, que a população não quer, mas vai aceitar; um acontecimento esportivo. Em Madri, a mesma coisa. No Rio de Janeiro, vai ser uma consagração, vai ser uma manifestação, vai ser uma festa, vai ser civismo, alegria. O Estado, o Brasil inteiro vai participar.

            Cá entre nós, já houve Olimpíadas na África, na Ásia, na Oceania, na Austrália, na Ásia, na Europa, seis vezes, sete vezes nos Estados Unidos; mas, na América Latina, América do Sul e América Central, nenhuma vez.

            Creio que, se daqui a três horas tomarmos conhecimento de que o Brasil foi escolhido, será uma justiça muito grande, será algo muito positivo, será um momento bonito para o Brasil em nível internacional.

            O Brasil, com todo o debate e algumas questões interrogativas, como o problema da América Central, vem se firmando; o seu conceito vem sendo importante. Como diz o Lula, o Brasil hoje é credor do Banco Mundial. Ao invés da dívida eterna e permanente que nunca se acabava, o Brasil hoje tem crédito a receber do Banco Mundial.

            Temos problemas sérios, principalmente na ética? Temos. Temos problemas difíceis a serem resolvidos? Temos. Temos um problema imenso na injusta distribuição da renda? Temos. Temos um vasto caminho a ser percorrido? Temos. Mas, cá entre nós, estamos num bom caminho.

            O Brasil, hoje, com o seu superávit, com a sua agricultura extraordinária, véspera de ser o grande celeiro do mundo, líder em terras agricultáveis vazias que estão aí para serem ocupadas, a maior reserva de água doce do mundo, o maior exportador de alimentos do mundo, o Brasil está num bom caminho.

            E acho que seria uma demonstração de respeito ao Terceiro Mundo se a América do Sul... E reparem que bonito: Argentina, Chile, Paraguai, todos os países da América do Sul estão fechados em torno da defesa de que a Olimpíada seja no Brasil se a decisão for essa.

            Todo mundo acha que se o Presidente Obama foi... Ele não ia, mandou a sua esposa; vai aparecer lá hoje, na última hora, para dizer que foi... Mas tenho certeza de que será muito importante e positivo se for o Brasil.

            Creio, meu querido Presidente, que, embora nesta sessão singela, simples, humilde de sexta-feira, o Congresso todo aceita que eu possa dizer que estamos falando aqui em nome do Senado, em nome do povo brasileiro.

            Muito obrigado a V. Exª.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/10/2009 - Página 49231