Discurso durante a 176ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários às matérias intituladas "As duas Amazônias - Uma real, a outra fantasia", de autoria de Evanildo da Silveira; e "O cerco se fecha - Como se organiza o movimento que quer o controle internacional da Amazônia", de autoria de Eduardo Arraia.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Comentários às matérias intituladas "As duas Amazônias - Uma real, a outra fantasia", de autoria de Evanildo da Silveira; e "O cerco se fecha - Como se organiza o movimento que quer o controle internacional da Amazônia", de autoria de Eduardo Arraia.
Publicação
Publicação no DSF de 07/10/2009 - Página 49528
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, ESTADO DO AMAZONAS (AM), DENUNCIA, REPRESENTANTE, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), FALTA, ATENÇÃO, GOVERNO BRASILEIRO, PROTEÇÃO, REGIÃO AMAZONICA, DIVULGAÇÃO, ENTREVISTA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OBRIGAÇÃO, BRASIL, REDUÇÃO, DESMATAMENTO, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE, FUNDAÇÃO, PESQUISA, EXISTENCIA, DISPARIDADE, EFICACIA, POLITICA, PRESERVAÇÃO, REGIÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

            Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, a Amazônia é tema atual e obrigatório para os brasileiros e até para estrangeiros, mas sobretudo para nós que somos da região e aqui representamos o Estado do Amazonas.

            Digo isso a propósito de duas excelentes matérias publicadas na edição do dia 1º deste mês de outubro pela publicação de Manaus intitulada Estado do Amazonas. Uma, sob o título de “As duas Amazônias - Uma real, a outra fantasia”, de autoria de Evanildo da Silveira; a outra, denominada “O cerco se fecha - Como se organiza o movimento que quer o controle internacional da Amazônia”, assinada por Eduardo Arraia.

            Elas se completam. Comecemos pela última, que focaliza a Cúpula do Clima, a se realizar em dezembro, em Copenhague.

            O avanço do aquecimento global colocará a preservação da Amazônia no centro do Encontro, no qual o Brasil poderá não estar em posição confortável. A representante das Nações Unidas para o Clima, Gro Harlem Brundtland, declarou que o Brasil precisa se conscientizar de que tem uma responsabilidade internacional. Já o Secretário-Geral da ONU, Ban Kimoon, foi mais explícito ao dizer que “são muito sérios” os mais recentes dados sobre desmatamento.

            A reportagem assinala que, tendo 60% da Floresta Amazônica, o Brasil “tem-se mostrado um guardião relapso” desse patrimônio e isso não tem passado despercebido pela comunidade internacional.

            Lembra que, em maio de 2008, o The New York Times publicou matéria de seu correspondente no Rio de Janeiro, Alexei Barrionuevo, intitulada Whose rain forest is this, anyway?, dizendo haver preocupação, no Brasil, com o fato de alguns líderes internacionais defenderem a ideia de que a região não pode ser patrimônio exclusivo de nenhum país.

         A matéria traz dados sobre o desmatamento e cita entrevista concedida pelo Presidente Lula da Silva, em setembro, à Agência France Presse, na qual declarou que “o Brasil não fugirá da responsabilidade de, na Cúpula do Clima, em Copenhague, discutir metas”, acrescentando ter o País “obrigação moral de diminuir o desmatamento na Amazônia”.

            Belas palavras, mas, como o repórter observou, o Presidente “deu pistas de que a argumentação nacional não mudará muito, mesmo com o incômodo quarto lugar no ranking da poluição”.

            É aí que essa matéria é complementada pela outra, de Evanildo da Silveira, mostrando haver duas Amazônias. Uma é a da fantasia, que desperta muita simpatia - de parte de quem pouco a conhece - ao redor do mundo e dentro de nossas fronteiras. A outra é a da realidade, a que sofre desmatamento, a que não conta até hoje com um modelo consequente que lhe oriente a exploração.

            O repórter cita a declaração do presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas, Odenildo Sena, segundo quem “há uma enorme distância entre essa Amazônia fantasiada pelo Brasil e pelo mundo afora e a em que vivemos e que queremos”. “Na verdade - acrescenta Sena -, há duas Amazônias. Aquela da fantasia, que serve à retórica e ao marketing e da qual estou extremamente cansado, e a real, que demanda ações verticalizadas e urgentes e da qual fazem parte 21,9 milhões de almas”.

            Nem preciso dizer que estou de pleno acordo com ele. Há falta de definição de uma política séria para a região. Tenho falado muito disso aqui desta tribuna e onde mais sou chamado a discorrer sobre a Amazônia. Há consenso quanto a ela possuir imensa riqueza potencial. Porém, não existe caminho traçado para a sua exploração.

            O biólogo norte-americano Charles Clement, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, o Inpa, que está há 30 anos no Brasil, declara que o primeiro passo consiste em definir qual modelo seria o mais apropriado. Já outro pesquisador do mesmo Inpa, o biólogo Efrem Ferreira, queixa-se de que o Brasil pretenderia usar a região como moeda de troca. Ela permaneceria do jeito que está, subdesenvolvida e carente, enquanto o resto do País cresceria. “O País deve entender - disse Efrem - que mais de 21 milhões de pessoas moram nessa região e que o destino delas não pode ser decidido sem levá-las em consideração”.

            O Diretor do Inpa, Dr. Adalberto Luís Val, adota pensamento semelhante. Para ele, não adianta colocar um muro em volta da Amazônia. Disse que a única maneira de o Brasil proteger a sua biodiversidade é por meio do conhecimento e da informação e, para isso, é preciso mais investimento em pesquisa.

            Tem o ilustre pesquisador inteira razão. Tenho repetido isso, aliás, igualmente. Temos na Amazônia excelentes laboratórios para pesquisa, no próprio Inpa, no Museu Goeldi, no Pará, em diversos campi universitários, mas todos carentes de recursos para o pleno desenvolvimento de suas atividades.

            Pela importância dos temas suscitados, solicito à Mesa que as duas matérias sejam consideradas, no seu inteiro teor, como parte integrante deste discurso, Sr. Presidente.

            Muito obrigado, era o que tinha a dizer.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210. inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

- O cerco se fecha; e

- As duas Amazônias: uma real, a outra fantasia


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/10/2009 - Página 49528