Pronunciamento de Delcídio do Amaral em 06/10/2009
Discurso durante a 176ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Homenagem a Miguel Rodrigues Nunes, falecido hoje.
- Autor
- Delcídio do Amaral (PT - Partido dos Trabalhadores/MS)
- Nome completo: Delcídio do Amaral Gomez
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- Homenagem a Miguel Rodrigues Nunes, falecido hoje.
- Publicação
- Publicação no DSF de 07/10/2009 - Página 49543
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM POSTUMA, ENGENHEIRO, ESTADO DO MARANHÃO (MA), ATUAÇÃO, COMPANHIA HIDROELETRICA DA BOA ESPERANÇA (COHEBE), COMPANHIA HIDROELETRICA DO SÃO FRANCISCO (CHESF), MINERAÇÃO, COMPANHIA VALE DO RIO DOCE (CVRD), COMANDO, RESERVA, BAUXITA, PAIS, MUNDO, CONTRIBUIÇÃO, ELABORAÇÃO, PROJETO, SISTEMA, TRANSMISSÃO, USINA HIDROELETRICA, MUNICIPIO, TUCURUI (PA), PRESIDENTE, CENTRAIS ELETRICAS DO NORTE DO BRASIL S/A (ELETRONORTE), RELEVANCIA, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, BRASIL.
SENADO FEDERAL SF -
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O SR. DELCÍDIO AMARAL (Bloco/PT - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, eu, hoje, Sr. Presidente César Borges, não vim falar sobre o Brasil, não vim falar sobre o meu Estado, que, com muita honra, eu aqui represento: o meu Mato Grosso do Sul. Eu vim falar de um grande amigo que se foi na madrugada de hoje. Falo também em nome do Senador Mauro Fecury, que, por razões médicas, não pode estar presente aqui, no dia de hoje. Ele se encontra em São Luís, no Maranhão, mas ele me pediu para que falasse em nome dele, pois ele também era um grande amigo dessa pessoa que eu vou aqui homenagear: Miguel Rodrigues Nunes.
Miguel foi um grande companheiro. Miguel Nunes, meu caro Presidente César Borges, nasceu no Maranhão, era filho de José Ribamar Pires Nunes e Joana dos Santos Nunes, engenheiro eletricista, formado, em 1962, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O meu caro Miguel, o nosso caro Miguel, aí incluindo o Senador Mauro Fecury, recebeu muitas homenagens. Quero aqui registrar que ele era cidadão honorário de Oklahoma, do Estado de Oklahoma, nos Estados Unidos. Foi patrono, paraninfo de muitas turmas das universidades do Maranhão. Atuou na iniciativa privada, atuou no setor público.
E gostaria aqui de registrar também, Senador César Borges, que o Miguel foi um grande engenheiro. Aliás, coincidentemente, o nome do meu pai também. Um grande engenheiro. Engenheiro da Companhia Hidrelétrica da Boa Esperança, que V. Exª conhece muito bem. Ele era da Companhia Hidrelétrica da Boa Esperança. Quando a Usina de Boa Esperança foi incorporada pela Chesf, ele passou a ser funcionário da Chesf. Desempenhou muitas funções. Foi presidente da Mineração Rio do Norte, do Grupo Vale do Rio Doce. Lá, o Miguel comandou uma das maiores reservas de bauxita do País e do mundo, agora ampliada em função das reservas de Cruz Alta. E a bauxita, como todos nós sabemos, é a matéria-prima da indústria de alumínio.
O Miguel conhecia profundamente os principais projetos de produção de alumínio na Amazônia, tanto em Vila do Conde, na Albrás, uma parceria da Vale do Rio Doce com os japoneses, como também na Alumar, uma parceria da Alcoa com a Billiton Metais, do grupo Shell. Ele trabalhou intensamente na elaboração dos projetos de Tucuruí, do seu sistema de transmissão associado, e, ao mesmo tempo, dos contratos de fornecimento de energia para essas duas grandes empresas.
Para V. Exª ter ideia do que representa a Alumar, na Alumar são mais de 600 megawatts na base, um consumo maior que em muitos Estados brasileiros, e projetos, da Alumar e a Albrás, que ancoraram a usina hidrelétrica de Tucuruí.
Meu caro Presidente Senador César Borges, o Miguel, depois que saiu da mineração Rio do Norte, ocupou outros cargos na sua vida. Como profissional, como engenheiro, como homem público, assumiu conselhos de administração, teve uma vida acadêmica intensa; foi professor da cadeira de eletrotécnica na Universidade do Maranhão, enfim, uma pessoa que enfrentou muitos desafios, mas que, acima de tudo, amava o seu Estado e amava o Brasil. Fez muito pela Amazônia.
Eu o conheci e, logo depois, eu era, meu Presidente César Borges, o regional de operação da Usina de Tucuruí, quando nós fechamos as adufas para iniciar o enchimento do reservatório de Tucuruí. Naquele dia, foi demitido o presidente da Eletronorte - nós estávamos no Governo Sarney - e assumiu o Miguel Nunes. Homem da área, além de várias atividades, homem do setor elétrico. Assumiu a Eletronorte num momento muito difícil, mas vencemos esse desafio. O reservatório subiu, o Presidente Miguel Nunes teve uma habilidade grande para administrar esse processo de implantação da Usina de Tucuruí; as discussões ambientais foram sempre de uma maneira muito democrática, dando oportunidade na qualificação dos seus gerentes, dos profissionais das Centrais Elétricas do Norte do Brasil.
Ao longo do seu mandato - é importante destacar, meu caro Presidente Senador César Borges - foi diretor-presidente da Eletronorte de 19 de setembro de 1984 a 30 de março de 1990. Foram seis anos de administração durante os quais ele investiu nos recursos humanos da empresa, enfrentou os grandes desafios na geração de energia na Amazônia, na transmissão, na distribuição, na implementação do Projeto de Balbina e seu sistema de transmissão associado; na Usina Hidrelétrica de Samuel e o seu sistema de transmissão associado; na interligação com Mato Grosso; nos sistemas isolados a óleo BPF e óleo diesel, especialmente na região de Manaus, na região de Roraima, atendendo às capitais Boa Vista e Manaus.
O Miguel era um craque. Fui diretor de empresa juntamente com ele e nunca me esqueço de quando eu, um pé de poeira, um regional de operação de Tucuruí que vivia no chão da fábrica, dentro da usina, fui convidado para ser diretor da empresa, o primeiro empregado a ser diretor das Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte).
Ali ele me incentivou a trazer uma série de engenheiros jovens, que se projetaram na empresa. Em função da percepção do Miguel, em função da modernidade que o Miguel trouxe para a nossa querida Eletronorte, da qual tive a honra de ser empregado, destacaram-se vários engenheiros de construção, projetistas, engenheiros de operação. As diretorias que se seguiram, todas elas, foram ocupadas por esses jovens que o Miguel projetou. O atual Presidente da Eletrobrás, o Dr. José Antonio Muniz Lopes, foi um grande parceiro de Miguel também. Hoje, ele deve estar muito triste, como todos nós empregados da Eletronorte, ex-empregados, diretores. O setor elétrico, o Sistema Eletrobrás, hoje, faz reverências ao Miguel Nunes.
Miguel foi uma pessoa que nos ensinou muitas coisas. Sereno, equilibrado, educado, paciente, maneiroso, sempre conseguiu viabilizar os projetos que eram importantes para a Eletronorte, mas, acima de tudo, para a região amazônica. E sempre o fez com uma consciência ambiental incomparável. Ele representou a transição dos gestores anteriores do setor elétrico para os gestores modernos do setor elétrico.
Posteriormente, meu caro Presidente, Senador César Borges, o Miguel foi contratado como consultor na Petrobras. Eu era diretor da Petrobras. E tivemos a honra de trabalhar juntos, principalmente olhando a questão das energias renováveis. Ele foi um ator muito importante nessa área, e toda a minha equipe se lembra muito bem - não há dúvida, vai se lembrar hoje - do trabalho que o Miguel Nunes desenvolveu.
Portanto, eu não poderia, de maneira alguma, deixar de registrar, em meu nome, em nome do nosso querido Mauro Fecury, que não pôde estar presente aqui, esta homenagem a esse maranhense que a gente aprendeu a admirar e sempre respeitou ao longo de toda a nossa convivência. Em meu nome, em nome do Mauro Fecury, em nome de todos os empregados do setor elétrico, do Sistema Eletrobrás, dos Ministérios, enfim, em nome de todas aquelas pessoas que trabalharam com Miguel, que compartilharam com Miguel, desejo, especialmente à sua família, mais do que nunca, que Deus os ilumine, que Deus os abençoe neste momento difícil. Presto nossa solidariedade, nosso carinho. Faço o registro de que muitos de nós convivemos com essa figura tão especial, que foi Miguel Rodrigues Nunes.
Eu pediria, Sr. Presidente, que essa minha fala ficasse registrada nos Anais do Senado, por tudo o que o Miguel representou para uma nova geração de engenheiros que vieram a comandar o setor elétrico brasileiro.
Muito obrigado.
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