Discurso durante a 177ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Cumprimentos ao Estado de Roraima pelo transcurso dos seus 21 anos. Anúncio de que a Petrobras construirá usina para produção de biodiesel a partir do inajá, palmeira abundante na floresta de transição, cuja viabilidade energética ficou demonstrada em pesquisa da Embrapa, financiada parcialmente com recursos de emenda ao orçamento de autoria de S.Exa.

Autor
Augusto Botelho (PT - Partido dos Trabalhadores/RR)
Nome completo: Augusto Affonso Botelho Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA ENERGETICA.:
  • Cumprimentos ao Estado de Roraima pelo transcurso dos seus 21 anos. Anúncio de que a Petrobras construirá usina para produção de biodiesel a partir do inajá, palmeira abundante na floresta de transição, cuja viabilidade energética ficou demonstrada em pesquisa da Embrapa, financiada parcialmente com recursos de emenda ao orçamento de autoria de S.Exa.
Aparteantes
Jefferson Praia.
Publicação
Publicação no DSF de 08/10/2009 - Página 50308
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, ESTADO DE RORAIMA (RR), DATA, PROMULGAÇÃO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, EXPECTATIVA, COMPLEMENTAÇÃO, INDEPENDENCIA, ECONOMIA.
  • COMENTARIO, ANTERIORIDADE, EMENDA, ORADOR, DESTINAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, PESQUISA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), VIABILIDADE, APROVEITAMENTO, VEGETAIS, SUPERIORIDADE, PRODUTIVIDADE, ENERGIA, SAUDAÇÃO, ACORDO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), PREFEITURA, MUNICIPIO, MUCAJAI (RR), ESTADO DE RORAIMA (RR), CONSTRUÇÃO, USINA, Biodiesel, ESPECIE, ECOSSISTEMA, ELOGIO, TRABALHO, PESQUISADOR, PREVISÃO, BENEFICIO, PEQUENO PRODUTOR RURAL, IMPORTANCIA, RENOVAÇÃO, MATRIZ ENERGETICA, FONTE ALTERNATIVA DE ENERGIA, DIRETRIZ, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. AUGUSTO BOTELHO (Bloco/PT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Senador. Eu gostaria de também me associar as boas vindas aos Vereadores do Paraná.

            Srªs e Srs. Senadores, Sr. Presidente, eu gostaria de fazer só uma observação, parabenizando o meu Estado e a todas as pessoas que vivem em Roraima porque, na segunda-feira, o Estado completou 21 anos. Depois de promulgada a Constituição, nosso Estado foi criado. Agora, completamos 21 anos, chegando à maioridade, mas ainda não temos a nossa independência econômica. Espero que cheguemos lá.

            Hoje vou abordar um assunto a respeito de uma palmeira que temos em Roraima, muito abundante, na floresta de transição do campo - do cerrado, como vocês falam aqui, que nós chamamos lá de lavrado - para a floresta. Ela tem uma estrutura física parecida com a do dendê. Eu conheci o dendê lá no Pará, quando fui lá com o Flexa Ribeiro e vi a planta de dendê, e achei-a parecida com a inajá, que é tipo uma “praga” em Roraima, nasce em todo o canto, na área de transição do campo para a floresta.

            Resolvi colocar uma emenda parlamentar para estudarem a semente do inajá e mais outras coisas. Juntamente com o inajá, coloquei o estudo de um cultivar de mandioca das comunidades indígenas, um tipo de feijão também. E coincidiu de haver um pesquisador da Embrapa fazendo uma tese de doutorado no Amazonas justamente sobre o inajá. Então, juntou-se a fome com a vontade de comer, e o trabalho do pesquisador, com os recursos da minha emenda, evoluiu.

            O potencial energético do inajá, estudado pela Embrapa, em Roraima, há muitos anos, com parte dos recursos que passei para desenvolver o estudo, foi bem avaliado por esse pesquisador. Ele mostrou que a palmeira é capaz de gerar 3.690 litros de diesel por hectare ao ano, superando em produtividade outras fontes tradicionais. Diga-se que é uma palmeira nativa, que não teve nenhum estudo de melhoramento nem de plantio. Ele pesquisou em áreas onde havia maior densidade e fez um estudo chegando a essa conclusão.

            Ao tomar conhecimento dessa nova fonte de energia, com objetivo de otimizar o aproveitamento da planta do inajá, a Petrobras assinou um acordo de parceria com a Prefeitura de Mucajaí para a construção de uma usina para construção do biodiesel a partir do óleo do inajá lá mesmo no meu Estado.

            Lá em Roraima, o nome do pesquisador pioneiro do estudo do inajá é Dr. Otoniel Duarte, que fez a sua tese enfocando a produtividade do inajá. Segundo Otoniel, um excelente aspecto do inajá é que ele é pouco exigente em solos e tolera até inundações por períodos curtos. Temos observado o seu desenvolvimento e a produtividade expressiva em solos quimicamente pobres e, ainda, a vantagem de ser uma planta resistente ao fogo, uma das coisas que de vez em quando assolam os bordos da floresta amazônica no meu Estado.

            O inajá já é utilizado pelas comunidades indígenas há muito tempo. A polpa dos frutos é usada no preparo de alimentos; as folhas são aproveitadas nas construções de paredes e cobertura das malocas, moradias dos índios; o pecíolo, a base da estrutura de sustentação da folha, vira ponta de flecha; e a espata, um bojo em formato de colher, transforma-se em assento ou em recipiente para transportar água ou como um cesto. A planta também é conhecida por outros nomes: anaiá, aritá, inajazeiro, maripá e najá.

            Sr. Presidente, a demanda por “combustíveis verdes”, combustíveis renováveis está cada vez maior no mundo. No Brasil, aparece como importante alternativa não somente para o transporte ambientalmente sustentável mas como forma de desenvolvimento econômico e social. Em médio prazo, Senador César Borges, o biodiesel pode se tornar uma das principais fontes de divisas do País - e seu Estado, privilegiado com muito dendê, vai ter muita chance de produzir biodiesel -, somando-se ao álcool como fonte de energia renovável e não poluente, que pode ser oferecida à comunidade mundial e se tornar fonte de renda importante para nosso País.

            O trabalho desempenhado pela Embrapa de Roraima foi fundamental para a efetivação da parceria entre a Petrobras e o Município roraimense de Mucajaí. Com a construção dessa usina, tenho certeza de que muitos pequenos agricultores de Roraima serão beneficiados, podendo fortalecer o seu sistema de produção sustentável.

            O Inajá é nativo da região amazônica, sendo que essa palmeira pode alcançar até 20 metros de altura. Possui um palmito nobre, polpas e amêndoas de onde é extraído o óleo, que pode ser utilizado tanto na indústria alimentícia como na de cosméticos, ou de produtos farmacêuticos e rações. O mais promissor é que além de tudo isso, pode ser fonte de geração de energia para o mundo. O cenário mundial, em que o petróleo ainda aparece como uma das principais matrizes energéticas, exige uma demanda cada vez maior de matrizes energéticas limpas, “combustíveis verdes”, como é o caso do óleo feito a partir do inajá.

            Com a instalação dessa usina de biodiesel em Mucajaí, Sr. Presidente Sarney, Roraima poderá dar a sua contribuição no sentido de substituir os combustíveis fósseis por óleos derivados de biomassa, que são renováveis e não causam danos ambientais, com a vantagem extra, no caso do inajá, de utilizar uma planta de alta produtividade, mesmo quando ocupa solos quimicamente pobres.

            Em países de grandes extensões territoriais como o Brasil, o biodiesel aparece como uma importante alternativa não só para um transporte ambientalmente sustentável, Senador, mas como fonte de desenvolvimento econômico.

            Concedo um aparte ao Senador Jefferson Praia, que, com certeza, tem muito inajá em suas florestas.

            O Sr. Jefferson Praia (PDT - AM) - Quero parabenizá-lo, primeiro, pela emenda destinada à Embrapa. Segundo, por V. Exª estar estimulando uma planta amazônica para ser pesquisada. Terceiro, porque esta planta, como V. Exª está dizendo, tem uma contribuição muito grande que pode ser dada na viabilização do biodiesel. É claro, sabemos o quanto isso é importante, Senador Augusto Botelho, principalmente para as comunidades isoladas da Amazônia. Hoje temos um problema muito sério pela lentidão do Luz para Todos na Amazônia, mas ele se intensifica nas comunidades isoladas. Na conversa que tivemos no Ministério das Minas e Energia sobre esse assunto, o Ministério disse que está fazendo um programa especial no qual trabalhará as plantas da Amazônia com o objetivo da produção de biodiesel. É claro que o inajá deverá estar entre essas plantas contempladas, já que esta planta tem um potencial muito bom. Agora, eu defendo que nós não utilizemos nenhuma área dentro do contexto de desmatamento para plantar inajá, por exemplo, mas que aproveitemos os adensamentos florestais naturais. Ou seja, onde já exista inajá, onde haja uma boa quantidade da planta que permita a produção de biodiesel, deveremos viabilizar a produção para atender as comunidades isoladas. Parabéns pelo estímulo que V. Exª está dando para uma planta amazônica que tem uma grande importância para todos nós.

            O SR. AUGUSTO BOTELHO (Bloco/PT - RR) - Muito obrigado, Senador Jefferson.

            O Otoniel me falou também que em alguns lugares ela chegou a produzir 7 mil litros por hectare, mas isso em áreas de solo de melhor qualidade. Então, se começarmos a estudar essa planta, investindo, desenvolvendo cultivares mais produtivos, mais precoces, poderemos ter um produto melhor do que o nosso dendê.

            Em médio prazo, o biodiesel pode se tornar uma das principais fontes de divisas para o País, somando-se ao álcool como fonte de energia renovável não poluente que pode ser oferecida à comunidade mundial. É aí que Roraima deve se beneficiar ainda mais.

            Sr. Presidente Sarney, a palmeira oleaginosa do inajá já está presente e pode ser cultivada em grande escala em todo o Estado de Roraima, com manejo barato e acessível ao pequeno produtor. Assim, ela pode representar uma grande mudança nas condições econômicas do nosso Estado e dos nossos agricultores familiares.

            Era isso que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado, Senador, Presidente, pela oportunidade.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/10/2009 - Página 50308