Discurso durante a 178ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso dos 50 anos das Irmãs Missionárias da Consolata, em Roraima.

Autor
Augusto Botelho (PT - Partido dos Trabalhadores/RR)
Nome completo: Augusto Affonso Botelho Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pelo transcurso dos 50 anos das Irmãs Missionárias da Consolata, em Roraima.
Aparteantes
Mozarildo Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 09/10/2009 - Página 50691
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CINQUENTENARIO, MISSÃO, IRMÃ DE CARIDADE, ECLESIASTICO, REGISTRO, HISTORIA, ASSISTENCIA RELIGIOSA, MUNDO, ATUAÇÃO, ESTADO DE RORAIMA (RR), DEFESA, INDIO, POPULAÇÃO CARENTE, CRIAÇÃO, HOSPITAL, PIONEIRO, ESTABELECIMENTO DE ENSINO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. AUGUSTO BOTELHO (Bloco/PT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - A minha fala será rápida, Senador Cristovam.

            Sr. Presidente Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, hoje, vou falar aqui a respeito dos irmãos missionários de Roraima que completaram cinquenta anos este ano: são as Irmãs Missionárias da Consolata e os Irmãos Missionários da Consolata, que estão ligados intrinsecamente à história do meu Estado, a partir de 1944 ou de 1945.

            Era o ano de 1851. Em uma cidade do norte da Itália, nascia José Allamano. Vocacionado para o sacerdócio, frequentou uma escola religiosa e é orientado espiritualmente por Dom Bosco para realizar sua vocação. Ordenado sacerdote em 1873, inicia seu ministério apostólico. Preocupado com a evangelização e com o anúncio da Boa Nova aos pobres, fundou, em 1901, uma congregação religiosa e laica com o segmento masculino e, em 1910, outra feminina. Surgia, então, na história da Igreja Católica, o Instituto Missões Consolata e a Congregação das Irmãs Missionárias da Consolata. A semente foi plantada sob a proteção de Nossa Senhora da Consolata.

            Olhando o desenvolvimento de sua obra e explicando seu crescimento, Padre Allamano, certa vez, falando a seus missionários, assim se expressou: “A Consolata é a fundadora”. E acrescentou: “Sempre acreditei que a fundação de nosso Instituto só tinha sido possível graças à presença especial de Maria”.

            Os irmãos e as irmãs tornaram-se missionários, porque o zelo do Padre Allamano pela salvação dos irmãos, sobretudo dos mais pobres, tinha uma dimensão universal e consoladora. Um dos títulos com que Nossa Senhora é venerada em Turim, no norte da Itália, é o de Nossa Senhora da Consolata. Se a devoção a Maria vem dos tempos apostólicos, ela encontrou eco na vida do Padre Allamano. Devoto de Maria, viveu sob sua bênção e proteção.

            Então, quando reitor do santuário a ela dedicado em Turim, função que exerceu ao longo de 46 anos, nasceu-lhe a inspiração para a fundação de dois institutos para cuidar da evangelização. Outro nome para protegê-lo não poderia haver, a não ser Nossa Senhora, e sob o título que protege, defende e consola: Nossa Senhora da Consolata.

            E sua obra, o Instituto dos Missionários e das Missionárias da Consolata? A pequena semente cresceu, tornou-se uma grande árvore e deu frutos. Seu campo pastoral, no começo, foi restrito. Começou com missões na África; depois, espalhou-se por mais vinte países em quatro continentes, mas sempre conservando o mesmo carisma, intensificando ainda mais o zelo pela salvação dos irmãos numa dimensão universal.

            No Brasil, em Roraima, as Irmãs Missionárias da Consolata completaram cinquenta anos neste ano e têm abraçado a causa da defesa dos índios e dos pobres, assumindo essa defesa, sem temer riscos. Isto, segundo elas, é evangelização: combater os erros dos poderosos contra os humildes. Reconhecidas, oficialmente, pela Santa Sé como célula viva de evangelização da Igreja e seguidoras da doutrina do Divino Mestre, sua obra desenvolvida em Roraima só merece elogios de nossa parte.

            Cedo já um aparte a V. Exª.

            Hoje, após mais de um século de vida, os missionários e as missionárias da Consolata são células da evangelização, portadores da consolação de Jesus ao estilo de Maria e de seu fundador.

            O Instituto das Irmãs da Consolata teve origem na Igreja de Turim, na Itália, no dia 29 de janeiro de 1910, por obra do Padre Allamano. Em 15 de maio de 1930, sob o pontificado de Pio XI, o Instituto das Missionárias da Consolata passou oficialmente a ser reconhecido de Direito Pontifício. Com o decorrer dos anos, o Instituto se desenvolveu e se enriqueceu com a contribuição de membros de várias nacionalidades, que vivem como família unida, no espírito e na finalidade, assumindo e harmonizando os valores próprios das várias culturas, para o enriquecimento do Carisma e para melhor servir a Igreja universal.

            Assim que eu chegar à nossa parte, Roraima, dou-lhe o aparte, Senador Mozarildo.

            A família Consolata é formada por diversas gerações de missionários...

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Fique à vontade, Senador Augusto. Apenas estou aqui para chamar a atenção, no sentido de que quero falar, mas fique à vontade. Falo no momento adequado.

            O SR. AUGUSTO BOTELHO (Bloco/PT - RR) - Está bem.

            A família Consolata é formada também pelos Leigos Missionários da Consolata de diferentes povos e culturas, que se sentem chamados a partilhar o carisma do bem-aventurado José Allamano.

            Para as Missionárias da Consolata, que atuam no Norte do Brasil, a profecia do fundador da ordem realizou-se quando, no dia 12 de maio de 1949, cinco anos depois da fundação do Território, chegaram oito Irmãs a Roraima, dando continuidade ao trabalho iniciado de evangelização feito pelas Irmãs Beneditinas. As Irmãs que chegaram às terras brasileiras eram de origem italiana e tinham trabalhado, por vários anos, na Etiópia, de onde foram expulsas por causa da Segunda Guerra Mundial. Eram mulheres ricas em dons, de inteligência, de coração, de vitalidade, de virtude e de ardor. Eram mulheres que já tinham espalhado a consolação e o gosto de viver no meio do povo africano. Chegaram aqui e se dedicaram, com a missão de serem profetas na formação de lideranças, da mulher, na pastoral, junto às comunidades cristãs, na saúde e na educação.

            Ao longo dos anos, as Irmãs aumentaram de número, e se abriram comunidades também no Estado do Amazonas e, ultimamente, no Pará. Ao todo, estão presentes em quatorze comunidades, algumas dessas em Boa Vista, como a Casa Regional e o nosso saudoso Hospital Nossa Senhora de Fátima, onde eu e Mozarildo Cavalcanti tivemos parte da nossa formação médica, juntamente com meu pai. Lá, quando vou ao Hospital, sempre me lembro das Irmãs Aquilina, Camila, Marconória, Alécia e Helena, que, certamente, já estão perto de Deus, e também das Irmãs Leotávia e Leonildes, que eram duas educadoras e que foram nossas professoras, minha e do Mozarildo, certamente. Foram minhas professoras, como também foram professoras dele.

            Entre outras obras, há também a Diaconia Missionária São Bento, a missão Nova Cidade. No Estado de Roraima, havia um hospital que hoje funciona precariamente, o Hospital de Surumu, onde Mozarildo, meu pai e eu trabalhamos bastante, atendendo aos indígenas por muitos anos. O Mozarildo trabalhou ali por uns quinze anos; eu, por uns vinte e cinco anos, mais ou menos; e meu pai, por outros tantos anos. Há missão em Caracaraí, em Mucajaí, em Normandia, em Bonfim, em Catrimani. Em Manaus, há missão no Morro da Liberdade e na Colônia, no Leprosário do Aleixo. Inclusive, um padre muito amigo meu e do Mozarildo, Padre Climela, morreu, trabalhando com os leprosos. Foi um padre administrador, que fez as escolas de Roraima e que ajudou muito o hospital onde trabalhávamos.

            Cedo um aparte ao Senador Mozarildo Cavalcanti, com muito prazer.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Augusto Botelho, vejo que V. Exª está muito emocionado, ao falar sobre a Ordem da Mãe Consolata; está até com um tom de padre, falando macio, o que é bom. Quero dizer que, realmente, também me emociono, ao relembrar essa etapa da minha vida. V. Exª disse muito bem: na verdade, comecei a atuar com seu pai, Dr. Sílvio Botelho, surpreendentemente quando passei no vestibular de Medicina. Eu não tinha assistido a nenhuma aula de Medicina ainda, quando ele me chamou para ajudá-lo a trabalhar no hospital. Foi lá que comecei, realmente, desde muito cedo, a fazer uma espécie de residência antecipada com seu pai, que foi um verdadeiro mestre para mim, não só na Medicina como na política, porque ele foi Deputado Federal, um homem sério, que exerceu um mandato muito bom e que morreu como todo homem honesto, de maneira modesta, para não dizer pobre. Então, quero ressaltar isso e dizer também que V. Exª faz justiça quando se refere ao trabalho dos padres e das madres, como os chamávamos, da Consolata, no que tange notadamente ao Hospital Nossa Senhora de Fátima. Mas por que não citar também o Ginásio Euclides da Cunha, onde fizemos nosso chamado curso ginasial, que equivale hoje ao último período do curso fundamental? Recordo-me, principalmente, da minha parte do exercício da Medicina - V. Exª citou o Surumu, o Taiano - e de que percorremos todas as comunidades indígenas daquele Território, na época, em monomotores, os famosos teco-tecos, ou em carros precários. Praticamente, uma semana sim, uma semana não, eu estava saindo para o interior. Seu pai foi o precursor disso, e, depois, V. Exª continuou esse trabalho. Realmente, é muito importante essa homenagem que se presta. Lamento que o Hospital Nossa Senhora de Fátima tenha sido fechado, lamento muito também que a própria hoje Escola Euclides da Cunha não tenha permanecido como prioridade da Ordem da Consolata. De qualquer forma, quero também me associar às palavras de V. Exª na homenagem que faz à Ordem da Consolata, pelo trabalho inestimável que prestou no campo da saúde e da educação, que, com certeza, são os campos mais importantes para qualquer ser humano. Evidentemente, não nos podemos descuidar de dizer que também prestaram um grande trabalho no campo da espiritualidade.

            O SR. AUGUSTO BOTELHO (Bloco/PT - RR) - Muito obrigado, Senador Mozarildo. V. Exª falou no meu pai, e, agora, eu me lembrei também de que aqui está Ubirajara Riz, que foi um dos primeiros Vereadores do meu Estado e que me disse que foi ser Vereador por causa do meu pai. Foi também uma das primeiras pessoas em quem votei. Ele era candidato a Presidente da URI, junto com o Pojucan, e votei. Eu também estava na chapa, eu era bibliotecário da chapa; tudo era votado. Ubirajara Riz foi um dos nossos primeiros Vereadores de Roraima e está presente aqui, em Brasília.

            Então, voltando aos Missionários da Consolata, quero dizer que, atualmente, na região amazônica, as Irmãs Missionárias da Consolata atuam nas realidades indígena, urbana e rural pelo Ministério da Consolação, a serviço do Reino de Deus, da Vida e da Comunhão, na busca de oferecer o evangelho aos povos, no respeito e valorização de sua realidade cultural, colhendo a vida que já existe, caminhando juntos em direção à sua plenitude.

            Sr. Presidente Mão Santa, Senadora Rosalba, essa era a homenagem que eu queria fazer às pessoas que participaram da minha formação e da formação do Senador Mozarildo também, tanto de escola como de médico, porque eles foram pioneiros em Roraima, quando não existia nem ginásio em Roraima. O primeiro ginásio de Roraima, eles é que o fizeram.

            Meus parabéns às irmãs da Consolata, que, neste ano, completaram cinquenta anos de presença efetiva e de trabalho contínuo e valoroso no Estado de Roraima.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/10/2009 - Página 50691