Discurso durante a 180ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa do lançamento de candidato do PMDB à Presidência da República.

Autor
Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Geraldo Gurgel de Mesquita Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Defesa do lançamento de candidato do PMDB à Presidência da República.
Aparteantes
Mozarildo Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 14/10/2009 - Página 51443
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • DEFESA, INDEPENDENCIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), LANÇAMENTO, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, ATENDIMENTO, INTERESSE, SUPERIORIDADE, NUMERO, ASSOCIADO, CONFIRMAÇÃO, RESULTADO, PESQUISA.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Flávio Torres, Srªs e Srs. Senadores, estamos às vésperas de algo de que o povo brasileiro gosta muito: uma eleição nacional. No ano que vem, como todos sabem, realizaremos uma eleição nacional em nosso País.

            Eu, filiado ao glorioso PMDB, a um tempo atrás, raciocinava com o propósito do partido de abdicar da condição de maior partido em atuação no País, maior com base em lastro: oito Governadores, cerca de 19 ou 20 Senadores, uma bancada forte de Deputados Federais, Prefeitos, Vereadores, enfim o maior partido brasileiro em atuação porque tem musculatura. E eu raciocinava, até tempos atrás, com o fato de que o partido teria desistido de participar do debate político de forma equivalente à sua condição, ou seja, o partido vinha anunciando que comporia com o PT a chapa para a eleição presidencial na condição de candidato à Vice-Presidência da República. Mas eis que, dias atrás, em uma reunião com líderes, com dirigentes nacionais do partido, a Deputada Íris, atual Presidenta, apresentou a todos uma pesquisa, realizada entre peemedebistas de todo o País, que demonstra o desejo, digamos, das bases do partido, majoritariamente, Senador, de ter candidatura própria à Presidência da República.

            E aí eu me lembrei, Senador Flávio Torres, do último processo de eleição para a Presidência do Senado Federal. Havia aqui um Senador que se colocou como candidato, algumas insinuações, e o PMDB, mesmo sendo o maior partido nesta Casa, inquieto, porém, sem dizer para que vinha ou para que veio. E surgiu uma ideia, Senador Mozarildo, discutida amplamente no seio da bancada aqui: de que o PMDB, por ser a maior bancada aqui no Senado Federal, não poderia abrir mão do seu direito de, pelo menos, concorrer à Presidência da Casa. Mas aí alguém dizia: “E nomes?”. Nós afinamos essa conversa no seguinte sentido: decidimos, no primeiro momento, que o PMDB teria candidato à Presidência do Senado e deixamos para um segundo momento a identificação do nome que seria escolhido para a apreciação da Casa. Essa foi a estratégia seguida pela bancada de Senadores aqui do PMDB no último processo de eleição para a Presidência da Casa.

            E eu vejo agora a situação do PMDB e me pergunto: “Não será o caso de repetirmos a mesma estratégia?” A Deputada Íris foi confrontada com a seguinte pergunta: “Quem seria o candidato?” Imagine, um partido grande como o PMDB, uma pergunta dessa surgir de uma hora para outra. Para resolvermos essa questão, podemos repetir a estratégia que adotamos aqui para a eleição do candidato do PMDB à Presidência da Casa. O PMDB deveria, Senador Mozarildo, anunciar à nação brasileira que concorrerá à Presidência da República com candidato próprio. Eu tenho certeza absoluta de que, a partir daí, o partido se mobilizará, se movimentará no sentido de discutir intensamente nos diretórios, nos Estados, aqui, no Congresso Nacional. Isso emularia o partido. Tenho certeza de que o partido chegaria com maior facilidade à identificação de um, dois, três, quatro nomes, que poderiam se colocar para cumprir essa missão.

            Eu acho temerário é o PMDB, esse grande partido, em face do resultado de uma pesquisa dessas, que é absolutamente expressiva - mais de 53% dos peemedebistas de todo o País dizem que querem uma candidatura própria à Presidência da República... Eu acho precipitado, temerário, acho que é uma posição que não condiz com a grandeza do partido e inclusive com as expectativas da população brasileira em face do posicionamento desse partido. É uma posição que não condiz com o PMDB a de relegarmos ao esquecimento o resultado de uma pesquisa dessa.

            Abro os jornais e está aqui:

“Se o PMDB depender de qualquer sinalização do PT para embarcar na campanha da Ministra-Chefe da Casa Civil [embarcar na campanha? Que coisa mais depreciativa!], pode ficar tranquilo e já pode começar a trabalhar os nomes para compor a chapa com a indicação à Vice-Presidência.”

            Um partido grande como esse pode ter um candidato à Vice-Presidência e se conforma em ter somente isso? “O atual presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), mantém contato permanente com os peemedebistas e afirmou que a aliança já está fechada com 80% do partido”. Acho que o Deputado Berzoini tem mais tirocínio do que muita gente no PMDB. Pelo menos ele ainda admite que o partido não está todo envolvido nessa operação, porque, no PMDB, há quem ache que o partido participará, igual a um cordeirinho, de uma aliança dessa. Como diz o Senador Mão Santa, “atentai bem!”. Essa é uma situação que pode fragilizar sobremaneira o PMDB.

            Nas últimas eleições, o PMDB colocou seis milhões de votos a mais do que o segundo colocado no número total de votos neste País, Senador Tuma. Isso significa muita coisa, isso quebra a tranquilidade daqueles que afirmam que o povo brasileiro não gosta do PMDB. Como não gosta do PMDB, se vota maciçamente no PMDB? Oferece o PMDB uma vantagem muito grande de votos, uma expressiva vantagem de votos em todo o País. O povo brasileiro gosta, sim, do PMDB. Mas tenho certeza absoluta de que o povo brasileiro gosta ainda mais quando o PMDB se mostra altivo, independente, apesar dos acordos de governabilidade. Isso é normal na política. Mas o povo brasileiro gosta e gostará muito mais do PMDB se o PMDB tomar a decisão de ter candidato à Presidência da República. Em seguida, debruçaremo-nos sobre a operação de identificar esse candidato. Não vejo grandes dificuldades.

            Mas, se o propósito da direção maior do PMDB for o de assumir de fato esse papel secundário, coadjuvante, que pelo menos se sente para conversar com todos os grupos políticos que ultimamente têm se lançado para concorrer à Presidência da República! E Partidos bem menores tem feito isso, como o PV, como o PSB. O Deputado Ciro está aí aparecendo bem nas pesquisas, e a Senadora Marina acaba de se lançar e já figura nas pesquisas. O Governador Serra vem mantendo uma constância em números elevados na pesquisa para a Presidência da República.

            Repito: se o PMDB se conforma em ser essa coisa atrofiada, coadjuvante, secundária na política brasileira, que, pelo menos, abra a conversa com todas as correntes políticas que se têm lançado, que têm anunciado o propósito de concorrer à Presidência da República!

            O que não se admite - e penso que é isso que a base do PMDB não admite - é que o Partido permaneça nessa fixação. Parece uma coisa neurótica! O PMDB já cumpriu e vai cumprir até o final do Governo Lula o tal do acordo para a governabilidade, o tal do pacto de coalizão. Não vejo nada de mais dizermos ao Presidente Lula: “Presidente, vamos cumprir até o final o pacto firmado em seu Governo, mas queremos que V. Exª saiba que o PMDB terá candidato à Presidência da República. E, nesse sentido, libere-nos do compromisso que está no ar de figurarmos na chapa da Ministra Dilma na condição de candidato à Vice-Presidência da República, porque vamos ousar, vamos fazer jus às expectativas da população brasileira e vamos também concorrer”. Vamos concorrer com um projeto nacional, pé no chão, simples, à altura das expectativas do povo brasileiro.

            Para encerrar, concedo um aparte ao Senador Mozarildo, com muito prazer.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Geraldo, já até fiz um aparte a V. Exª em pronunciamento semelhante. Quero dizer que, realmente, embora eu não tenha de me meter na escolha do PMDB - V. Exª é que é um membro do PMDB -, estranho que um partido da dimensão do PMDB não pense em assumir a Presidência do País. O PT, sendo um partido pequeno, tentou várias vezes, até chegar à Presidência. Então, entendo que, para os brasileiros e especialmente para os peemedebistas históricos, é no mínimo uma coisa que não dá para esclarecer adequadamente.

            O SR. GERALDO MESQUITA JUNIOR (PMDB - AC) - Muito obrigado, Senador Mozarildo.

            Sr. Presidente, eram essas as palavras que eu queria deixar no ar. Vou voltar a esse assunto insistentemente, porque essa pesquisa colhida pela Presidente Íris, Presidente do PMDB, reavivou em mim o sentimento, a ideia, o prazer de, quem sabe, a gente ver esse grande Partido nas ruas mais uma vez, com uma boa bandeira, acenando para o povo brasileiro e pedindo votos, depois de muitos e muitos anos, para seu candidato ou para sua candidata à Presidência da República.

            Portanto, deixo aqui um apelo ao meu querido companheiro Presidente José Sarney, a todos os peemedebistas do Senado e da Câmara e de todos os Estados, particularmente do meu Estado, que comungam com essa ideia, para que a gente repense nossas estratégias e, de forma limpa, cristalina e leal, participemos do embate que se aproxima, qual seja, a eleição nacional que vamos realizar no próximo ano, desta feita com o PMDB lançando candidato próprio à Presidência da República.

            Muito obrigado pela consideração, Senador Sarney.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/10/2009 - Página 51443