Discurso durante a 181ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da realização de seminário na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal sobre o Dia Nacional da Leitura.

Autor
Flávio Arns (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Flávio José Arns
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Registro da realização de seminário na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal sobre o Dia Nacional da Leitura.
Aparteantes
Cristovam Buarque, Marina Silva.
Publicação
Publicação no DSF de 15/10/2009 - Página 51829
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, DISCURSO, MARINA SILVA, SENADOR, DISCUSSÃO, DIRETRIZ, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, AMBITO, AUTORIDADE, SOCIEDADE CIVIL, PRODUTOR.
  • SAUDAÇÃO, LEGISLAÇÃO, CRIAÇÃO, DIA NACIONAL, SEMANA, LEITURA, INICIATIVA, CRISTOVAM BUARQUE, SENADOR, COINCIDENCIA, DIA, CRIANÇA, SANTO PADROEIRO, VALORIZAÇÃO, LIVRO, REGISTRO, PROGRAMAÇÃO, COMISSÃO DE EDUCAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), MINISTERIO DA CULTURA (MINC), ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), DEBATE, IMPORTANCIA, BIBLIOTECA, ATENDIMENTO, COMUNIDADE, COMENTARIO, EXPERIENCIA, MOBILIZAÇÃO, POPULAÇÃO, FAVELA, ESTADO DO PARANA (PR).
  • HOMENAGEM, DIA, PROFESSOR, DEFESA, AMPLIAÇÃO, RECURSOS, APLICAÇÃO, PISO SALARIAL, DISPONIBILIDADE, TEMPO, PLANEJAMENTO, ENSINO, DIGNIDADE, EXERCICIO PROFISSIONAL, MELHORIA, QUALIDADE, EDUCAÇÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. FLÁVIO ARNS (PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exato. Gostei da apresentação: Professor Flávio Arns. Quando me perguntam qual a profissão, eu sempre digo, com muito orgulho: professor. Preencho todas as fichas como professor.

         Eu quero parabenizar V. Exª, em primeiro lugar, Senador Mão Santa, porque o prestígio de V. Exª no Brasil é muito grande. Os votos que V. Exª granjeia...

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Eu não fui um professor brilhante como Cristovam Buarque, como V. Exª, mas fui professor de Biologia, a minha vida toda, e de Fisiologia, na Faculdade de Medicina.

            O SR. FLÁVIO ARNS (PSDB - PR) - Os votos que V. Exª granjeia no Piauí são importantes, são necessários, mas granjearia muitos outros votos pelo Brasil. Inclusive, lá no Paraná, todo mundo o conhece, o seu jeito particular, interessante. Todas as pessoas, quando falam dos Senadores, lembram-se do Senador Mão Santa.

            Quero cumprimentar a Senadora Marina Silva. Já o fiz da minha bancada, mas, falando com ela após o pronunciamento, ainda disse que seria interessante termos o que se poderia chamar de reunião de cúpula entre as forças produtivas, as forças do meio ambiente, as forças sociais, para construirmos em conjunto, apararmos problemas, conflitos, para que aqueles que tenham boa vontade queiram discutir e possamos chegar a conclusões sobre o desenvolvimento sustentável.

            Quero também saudar o Senador Cristovam Buarque, lembrando, como muitos oradores já o fizeram no dia de hoje, o seminário que está acontecendo na Comissão de Educação, Cultura e Esporte sobre o Dia Nacional da Leitura. É uma lei que foi sancionada no início deste ano pelo Senhor Presidente da República, de autoria do Senador Cristovam Buarque, aqui presente, numa discussão que aconteceu no ano passado na comissão de Educação, Cultura e Esporte. E a lei tem uma dupla direção, que é o Dia Nacional da Leitura, no dia 12 de outubro, junto com o Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, e junto com o Dia da Criança, com o objetivo bastante determinado de associar o hábito da leitura com a própria criança. A lei também institui a Semana Nacional da Leitura, Sr. Presidente, que será sempre lembrada na semana em que for celebrado o Dia da Criança. Então, se o Dia da Criança for em uma terça-feira, aquela semana será a Semana Nacional de Leitura.

            A Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado organizou, para hoje e para amanhã, um debate, um seminário. Foram dois momentos no dia de hoje, com a participação do Ministério da Educação, do Ministério da Cultura, do Instituto Ecofuturo - com quem, inclusive, a parceria está sendo feita pela Comissão para a realização desse evento -, de outras organizações não-governamentais, com um debate muito interessante.

            Inclusive mencionei, na abertura do evento, que é muito interessante ver crianças de dois ou três anos pedindo para que as outras pessoas façam a leitura de livros. Até citei o exemplo da minha própria neta, de três anos. Quando eu chego em casa - e nós deixamos os livros infantis na sala, para que elas tenham acesso, na hora em que quiserem, ao livro infantil, com a estante, a prateleira na sala de televisão, ao lado da mesa de refeições também -, ela chega para mim com cinco livros nas mãos, mais ou menos, e diz: “Conta, vovô. Conta!” Quer dizer, ela quer que eu conte o livro para ela. E tenho de contar os cinco livros. Ela se senta no colo, presta atenção, faz perguntas, acompanha a história. E fica prestando atenção.

            Ou seja, a criança ama que lhe sejam contadas histórias, e mostrando o livro, mostrando o que está escrito, lendo também a história de acordo com o livro adequado, adequando as palavras para a idade, para o interesse da criança.

            Então, isto é fundamental: formar o leitor a partir de uma idade muito precoce, porque essa pessoa vai adquirir o hábito do prazer de ler, do gosto para ler, da importância da leitura, de escutar histórias, como iniciação, inclusive, para a leitura e para a escrita. As coisas estão no livro, estão escritas. “O que está escrito?” “Está escrito aqui. Isso está escrito.”

            Essa experiência... Só para dar um exemplo, eu vejo famílias indo para livrarias, e fazemos isto também: levamos as crianças para o setor infantil das livrarias, elas se sentam nas mesas para examinarem os livros que estão na livraria, nós adquirimos um livro que possam levar para casa e, depois, contamos as histórias para as crianças em casa.

            Na área da pessoa com deficiência, Sr. Presidente, é interessante, porque contar histórias, ler histórias é uma metodologia de ensino. É uma atividade prazerosa ler, contar a história, ler a história, representar a história, depois desenhar a história e contar a história dez, vinte vezes. A criança tem prazer em receber a mesma mensagem inúmeras vezes.

            Eu próprio mencionava na reunião, hoje cedo, no seminário, na comissão, que eu tive o meu professor de português, e tínhamos toda semana a aula de leitura: leitura do livro, discussão do livro, apresentação do livro, aula de redação em função do livro, aula de português em função do livro. Então, é uma metodologia. É isso que está sendo debatido.

            Inclusive, há pesquisas muito interessantes. O Senador Cristovam Buarque presidia aquela Mesa, e a profissional do Ipea, por exemplo, levantou a situação de que pode haver, hoje em dia, uma metodologia de pesquisa para dizer se a biblioteca é boa ou não é. É boa ou não é em função de quê? De infraestrutura. Para se comparar; existem parâmetros para comparação em termos de livros, de materiais. E pode haver, inclusive, um “ranqueamento”, se desejarmos, das bibliotecas. Isso é muito interessante.

            O desenvolvimento de bibliotecas comunitárias, a formação dos profissionais é algo essencial para se formar em bibliotecas. Inclusive, há exemplos muito bonitos de escolas que, não tendo o espaço para biblioteca, colocaram a biblioteca embaixo da escada, só para ter um local para os livros e os alunos poderem chegar lá, com uma senha, para retirar o livro a qualquer hora do dia - e vendo a utilização da biblioteca, verificando se ela está sendo bem utilizada ou não.

            Enfim, esse debate aconteceu, com muita qualidade, no dia de hoje - Ministério da Cultura, como eu já disse, Ministério da Educação, Programa Nacional do Livro, iniciativas comunitárias, sociais -, e vai continuar amanhã, com experiências comunitárias, inclusive uma delas em Curitiba. Em uma época atrás, eu me referi a uma favela de Curitiba, uma ex-favela, que está sendo urbanizada agora, cujo povo é muito batalhador e onde se organizou uma biblioteca comunitária com livros encontrados no lixo. Dois mil volumes. E, naquela comunidade, eles estão com restaurante popular, estão com essa biblioteca, estão também com outras iniciativas, como creches, cursos. Quer dizer, é a própria comunidade se mobilizando nessa direção. E sempre essa questão do livro atrelada à questão da educação.

            Por isso, Sr. Presidente, eu quero, até nesse sentido, aproveitar este final da minha fala para mencionar algo que mencionei no início. V. Exª me chamou de Professor Flávio, e, de fato, sou professor. Sou formado em Letras. Sou formado em Direito também. Mas fui professor do ensino fundamental, do ensino médio e sou professor do ensino superior. Quero parabenizar os professores e professoras, pelo Brasil inteiro, pelo Dia do Professor, que é celebrado, lembrado no dia de amanhã.

            E todos nós, nesta Comissão de Educação, Cultura e Esporte, queremos valorizar o professor, por meio de mais recursos na Educação, com o Piso Nacional de Salários, com a questão da carreira, com o princípio de haver o tempo disponível para o planejamento, mas, essencialmente, para mim, o mais importante para o professor, além de toda essa valorização...

(Interrupção do som.)

            O SR. FLÁVIO ARNS (PSDB - PR) - ...além de todos esses aspectos de valorização, é a valorização financeira, o salário. Salário de professor tem que ser justo, tem que ser bom, tem que permitir avanços e permitir aos professores e professoras uma vida digna, uma vida com conforto. Valorizar o professor da educação infantil, fundamental, do ensino médio, superior, da pós-graduação, da educação especial, da educação de jovens e adultos, da educação profissional, nas modalidades da educação, pelo salário. Esta tem que ser a luta dos Municípios, dos Estados, do Governo Federal: que, para valorização desse profissional essencial para o Brasil, o salário seja justo e seja digno.

            Quando escolhi a profissão, anos atrás, fazendo o curso de Letras, na PUC do Paraná - o curso de Direito eu fiz na Universidade Federal do Paraná -, era-me permitido, pelo exercício da profissão de professor, ter uma vida boa, digna e confortável.

            É o que temos de buscar hoje para os professores, que, em muitas situações, estão tão marginalizados pelo salário que percebem.

            Eu dou um aparte, se V. Exª permitir, ao Senador Cristovam Buarque.

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - É muito rápido, Senador Flávio Arns. É apenas para parabenizá-lo pelo debate de hoje na Comissão de Educação. Confesso que eu não imaginava que o senhor, a Comissão e os funcionários fossem conseguir manter um dia inteiro de debates. Conseguiram um dia inteiro e, amanhã, vamos retomar. Pena que eu não pude ficar todo o tempo, mas, na parte em que eu fiquei lá, na abertura e, depois, na Mesa que presidi, pude perceber como esse debate pode ser importante se o divulgarmos em todo o Brasil, se fizermos um DVD desses dois dias e o divulgarmos fora da televisão, enviando para cada escola, enviando para cada biblioteca, para que as pessoas tomem conhecimento de como o assunto leitura vem sendo levado a sério pelos técnicos que trabalham nessa área. Então, quero parabenizar o senhor e todos que trabalham na Comissão, porque, de fato, surpreendeu-me bastante o debate que tivemos hoje.

            O SR. FLÁVIO ARNS (PSDB - PR) - Muito bem. Concordo inteiramente. Quero, inclusive, parabenizar o grupo que trabalha na Comissão de Educação, Cultura e Esporte, que é um grupo de alta qualidade, de alta competência e muito dedicado aos objetivos da Comissão.

            Senadora Marina Silva.

            A Srª Marina Silva (PV - AC) - Muito rapidamente, Senador Flávio Arns, também para parabenizá-lo pelo seu pronunciamento. Infelizmente, não foi possível participar do seminário que tivemos, mas já tive informes aqui, com os comentários que o Senador Cristovam me fazia ainda há pouco, do altíssimo nível que foi esse seminário. Pelo discurso de V. Exª, eu sei que V. Exª não fez apenas a realização de um evento; foi algo que está dentro de V. Exª como educador, como professor e como avô, facilitador do acesso à leitura de sua neta, de sorte que a gente percebe quando as coisas são mais do que uma engenhosidade política, são um compromisso de vida. Eu também sou professora de ensino médio e acho que a valorização dos professores se dá pelo salário e se dá pela sua formação; que eles possam ter a dignidade da condição de vida digna por um salário justo, mas, também, pela sua formação, melhorando sua capacidade de desempenho na relação com os alunos, podendo aportar maior conhecimento, ter um repertório atualizado dentro da sala de aula e fora da sala de aula, o que faz com que os professores se sintam valorizados e respeitados. É um movimento duplo. Eu sei que V. Exª está contribuindo, com esse seminário, com o trabalho que faz, a exemplo do nosso Senador Cristovam, para que os professores e os alunos possam ter um processo virtuoso do ensino e da aprendizagem, onde os alunos se completam na relação com o professor, o professor se completa na relação com a comunidade, que favorece, que nutre esse professor do respeito, da credibilidade, de uma vida digna, para que ele possa ensinar e aprender dentro de um espaço de formulação do conhecimento, um espaço que, no meu entendimento...

(Interrupção do som.)

            A Srª Marina Silva (PV - AC) - ...vem sendo prejudicado em função da falta de condição. Parabéns a V. Exª pelo pronunciamento e pela iniciativa que teve à frente da Comissão.

            O SR. FLÁVIO ARNS (PSDB - PR) - Muito bem. Concordo inteiramente com o que foi colocado pelo Senador Cristovam Buarque e pela Senadora Marina Silva. Na área da educação, poderíamos apontar um conjunto de aspectos necessários para a construção tão desejada da qualidade: planos de carreira, dedicação exclusiva em escolas, tempo para planejamento, relação com a comunidade. Há a questão da violência nas escolas, que está atrelada, inclusive, ao planejamento, e a busca de apoio para as famílias também na relação da escola; a formação das pessoas, sem dúvida alguma, permanente e contínua e a reflexão sobre a prática pedagógica.

            Então, há um conjunto de variáveis fundamentais na construção da tão almejada qualidade na educação. Porém, se a gente fosse destacar, no meu ponto de vista, o aspecto mais importante de todos, eu não teria dúvida alguma em dizer: valorização salarial do professor. Temos de valorizar pelo salário a profissão do mestre, do professor. Assim, teremos também condições de melhorar muito a educação em nosso País.

            A todos os professores e professoras de todos os níveis e modalidades de ensino, quero colocar aqui, Sr. Presidente, se V. Exª permitir só mais um minuto...

(Interrupção do som.)

            O SR. FLÁVIO ARNS (PSDB - PR) - A todos os professores e professoras de todos os níveis e modalidades de ensino, quero colocar o meu respeito, a minha admiração, o compromisso, que tem que ser de todos nós, do Congresso, da sociedade, com a educação e o respeito que o professor e a professora devem receber de toda a sociedade. Que isso sirva de reflexão, de parada, de posicionamento para que o Senado Federal e, particularmente, a Comissão de Educação possa contribuir decisivamente para isso.

            Então, feliz dia dos professores, das professoras, e que esse dia realmente signifique as mudanças que pretendemos para a área da educação e, particularmente, na valorização do profissional professor e professora.

            Obrigado, Sr. Presidente.


Modelo1 5/18/2410:36



Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/10/2009 - Página 51829