Discurso durante a 182ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do Dia do Professor.

Autor
Heráclito Fortes (DEM - Democratas/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração do Dia do Professor.
Publicação
Publicação no DSF de 16/10/2009 - Página 51968
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, PROFESSOR, ELOGIO, TRABALHO, JOÃO CALMON, DARCY RIBEIRO, JARBAS PASSARINHO, EX SENADOR, ANISIO TEIXEIRA, PEDAGOGO, MELHORIA, EDUCAÇÃO, BRASIL.
  • HOMENAGEM, PROFESSOR, ESTADO DO PIAUI (PI), CONTRIBUIÇÃO, APRENDIZAGEM, ORADOR.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tive oportunidade de ouvir aqui pronunciamentos sobre esta data de hoje, a exaltação, das mais justas, a homens que fizeram a educação deste País. Não nos podemos esquecer, aqui mesmo, nesta Casa, cujo eco ainda ressoa, da luta de João Calmon por conquistas que hoje consagram recursos orçamentários para a educação brasileira. Não nos podemos esquecer de Darcy Ribeiro, de Anísio Teixeira, dos que passaram por esta Casa e também colaboraram, como Jarbas Passarinho. Mas eu queria ter a oportunidade de falar um pouco da educação em outra vertente, de uma época em que a educação ainda não era uma indústria sem chaminé, mas uma atividade feita exatamente por aqueles que tinham a vocação.

            Tenho nostalgia da professora primária, daquela que nos acompanhava numa sala onde se dividiam, num espaço limitado, alunos que iam da primeira à última série, à época do curso primário. A professora primária da minha época - e olhe, meu caro mestre Carlos Matias, que ainda sou novo - era bem diferente da professora de hoje. Naquela época, o tempo permitia a nostalgia. Não havia poluição nem o crime rondando as portas. Havia tempo para tudo e para todos. A professora primária era, portanto, na vida de cada um de nós, o andajá que servia para nos guiar pelo resto da vida. Era com a professora primária que aprendíamos não só as primeiras letras, o bê-á-bá, como disse Ataulfo Alves, numa canção definitiva.

            Era a professora primária que nos ensinava também o Hino Nacional, o Hino do Estado, músicas, sempre nos levando à conclamação cívica. Era a professora primária que nos dava a noção de limpeza e higiene, de civismo e, acima de tudo, de amor à família.

            Quero, já que falaram aqui dos grandes mestres, falar da professorinha primária, aquela que, tenho certeza, ensinou João Calmon, Anísio Teixeira, porque todos, no momento devido, passaram por suas mãos.

            E para falar de professora primária, Senador Mão Santa, tenho de falar da que foi minha. Tenho de falar das que ouvi e com as quais convivi em uma cidade como Teresina, àquela época de pouco mais de 200 mil habitantes, onde era possível conhecermos, sem sermos excessivamente curiosos, sabermos o que acontecia no quintal alheio.

            Na verdade, era um mundo sem quintal, sem barreiras e, acima de tudo, era o mundo da fraternidade. Era um período em que a escola primária era preparação para o exame de admissão, tão disputado àquela época que mais parecia um vestibular. Como era concorrido, meu caro Senador Mão Santa, o exame de admissão - e V. Exª se lembra muito bem.

            Mas eu quero, por um dever de justiça, homenagear nesta tarde minha professora primária Maria Dina Soares. Ao lado da sua filha Lígia Soares, na sua escola, na confluência da Aurelino de Abreu com Davi Caldas, eu tive o prazer, o privilégio, a oportunidade de, como se dizia àquela época, desarmar. Desarmar era aprender o “a,b,c”, a tabuada e as primeiras lições.

            Aliás, Teresina da minha época era conhecida por uma disputa ferrenha entre as grandes professoras; não pelo salário, não pela vaidade da estrutura arquitetônica das suas escolas, mas pela disputa de melhor ensinar e ver quem mais preparava alunos para a tarefa de enfrentar o exame de admissão. E, naquela época, havia uma disputa entre professoras que não esqueço. A minha, a que eu defendia era Maria Dina, mas tinha, concorrendo nessa faixa de disputa de vaidade pelo sucesso de resultados, Dona Eremita, Dona Donana Cordeiro, Diva Azevedo, Profª Elza Marques. Fantásticas! Todas senhoras da sociedade; umas, de origem humilde; outras, nem tanto, mas que tinham como objetivo e missão exatamente o ensino, o magistério.

            Mas, no Piauí, nós tivemos também figuras fantásticas da minha época, como o Padre Deusdete Craveiro, que dirigiu por algum tempo o Colégio Diocesano, e que faleceu na semana passada. Mestre extraordinário que, durante algum tempo, dirigiu o Colégio Diocesano que, logo depois, passou a ser administrado por padres jesuítas - esses já vindos da Itália -, mas teve à sua frente figuras extraordinárias e fabulosas, como o Padre Moisés Maria Fumagali; Ângelo Imperiali e muitos outros. Esses sacerdotes italianos que foram para Teresina mudaram a fisionomia do ensino na nossa capital, disputando esse mesmo espaço com figuras extraordinárias, como Moacy Madeira Campo, esse do Colégio Leão XIII; e os irmãos Domício e Melo Magalhães e um sobrinho seu, ainda hoje vivo, que é o professor Joaquim Magalhães, que V. Exª tão bem conhece, Mão Santa.

            Numa segunda geração, nós tivemos no Piauí, em Teresina, uma figura extraordinária o nosso Marcílio Rangel Faria, do Instituto Dom Barreto. Eu quero, meu caro Mão Santa, registrar nos Anais desta Casa, neste dia de hoje, a homenagem a esses que deixaram suas marcas, que deixaram a sua digital na história do ensino do Piauí. É evidente que, tenho certeza, por ser imperfeito, cometerei aqui neste discurso algumas injustiças, a pior delas, nesse caso, a da omissão. Mas quero dizer que a homenagem que faço é dirigida a todas aquelas pessoas - homens ou mulheres - que tiveram no passado a tarefa fantástica, fabulosa de ensinar principalmente em se tratando de Estado de adversidade, Estado pobre, Estado com dificuldade como é especificamente o caso do Estado do Piauí.

            Não posso deixar de citar o Prof. Manoel Paulo Nunes; de tão bom, de tão preparado, o Ministério da Educação o trouxe para Brasília e interrompeu o seu período de mestre nas terras piauienses.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quando saí do Piauí, tive uma passagem fantástica por Pernambuco. E convivi com a figura extraordinária do Prof. Antonio Souto Neto, Diretor do Ginásio Pernambucano, hoje Colégio Estadual de Pernambuco, situado às margens do Capibaribe, ao lado da Assembleia Legislativa, de cujo Grêmio Estudantil fui dirigente e amigo de todos eles.

            Mas quero citar também outra figura extraordinária que era Barreto Guimarães: político, professor, Prefeito de Olinda, Vice-Governador do Estado, Deputado Estadual, membro do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco.

            Quero prestar aqui a minha homenagem a todos eles, mas quero homenagear também, Senador Eduardo Suplicy, a V. Exª como professor. Senador Eduardo Suplicy.(Pausa.) Ele está encantado com o celular. Eu estou prestando uma homenagem a V. Exª pelo seu dia e de uma maneira especial aos seus alunos pela paciência e tolerância. (Risos.) Eu faço o registro a esse companheiro, a essa figura extraordinária que abandou a cátedra, não na totalidade mas em grande parte, para representar São Paulo aqui nesta Casa. Portanto, quero que esta homenagem chegue a V. Exª como professor, como educador, como economista e sinta-se também como homenageado entre os companheiros desta Casa.

            Mas eu quero, Senador Mão Santa, homenagear também uma professora. Já fiz isso uma vez e vou repetir agora. É uma pessoa por quem tenho a maior admiração, a Dona Clotilde Castro. Mulher do nosso velho amigo José de Castro. Eu tenho uma grande admiração por ela. Já disse aqui diversas vezes por ter educado uma quantidade enorme de filhos e hoje de netos; e todos eles lhe dão muito orgulho e dão muito orgulho ao Piauí. Saída de São João do Piauí, de São Raimundo Nonato, daquela região, a Dona Clotilde, mãe do nosso colega Marcelo Castro, é para mim um exemplo de bravura, de professora que fez do magistério, que fez do lar a cidadela de resistência para a educação de uma família que lhe dá muito orgulho e dá orgulho aos que a conhecem.

            Portanto, é prestando esta singela homenagem aos professores que foram importantes no começo de nossas vidas que me associo a todos neste momento em que se comemora o Dia do Professor no nosso País.

           Muito obrigado. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/10/2009 - Página 51968