Discurso durante a 182ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários de emails recebidos por S.Exa.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Comentários de emails recebidos por S.Exa.
Publicação
Publicação no DSF de 16/10/2009 - Página 52033
Assunto
Outros > ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • COMENTARIO, LEITURA, MENSAGEM (MSG), INTERNET, RECEBIMENTO, ORADOR, CRITICA, GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), AUSENCIA, CUMPRIMENTO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL, CONSTRUÇÃO, CONCLUSÃO, OBRA PUBLICA, RELEVANCIA, REGIÃO, ESPECIFICAÇÃO, USINA HIDROELETRICA, PORTO, AMPLIAÇÃO, AEROPORTO, RODOVIA, MELHORIA, ABASTECIMENTO DE AGUA, INSTALAÇÃO, AGUA, LUZ, HABITAÇÃO POPULAR.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, Parlamentares na Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado.

            Paulo Paim, hoje nós tivemos uma discussão entre o Senador do Piauí, Heráclito Fortes, e o nosso Suplicy. O Suplicy é aquela pessoa de boa índole e tal, mas ele se coloca agora como defensor do Governador do Estado do Piauí.

            Olha, é o seguinte: entrou nessa situação o Governador do Estado do Piauí e tem um Senador aqui, da Base aliada, que ajudou. Mas ele não vai defender o indefensável não, viu? Então, ainda está aquele imbróglio do aeroporto internacional. E manda carta...

            O Heráclito é um político municipalista de muito respeito no Piauí. Ele, Deputado Federal muitas vezes, prefeito de Teresina. Então, eu acho uma imprudência o Suplicy querer contestar. E porque não existe mesmo não, Paim. Não existe. Não existe.

            Agora, o menino pensou que as coisas fossem fáceis. Não é. Mentira não é bom. Eu agradeço ao meu pai. Eu apanhei muito, de cinturão. Eu não sei se você apanhou, Paim, porque qualquer mentirazinha...

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - SP) - De cinturão não, mas...

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Cinturão. Eu apanhei foi de cinturão.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Mas uma varinha de marmelo, de vez em quando, comia bem.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - E a maioria foi porque eu falhava a ida ao dentista porque doía muito, era uma broca com um pedal, era um suplício. Não tinha anestesia, não. E aí meu pai encontrava o dentista: cadê o Francisco? E ele: “Ih! Não foi lá, dois meses que não vai.” Eu mentia e... Mas agradeço ao meu pai.

            Eu acho que o Governador do Piauí devia ter apanhado, está vendo, Paim? E ele mente assim, pegou e pensava que era bom. Mas não é bom não. Não é bom Sou sofrido. Pode ter dado certo no passado, hoje não dá mais. Hoje, ser mentiroso é uma coragem doida. Antigamente, Hitler e Goebbels mentiam e o mundo aceitava as mentiras. Maior líder, supremacia, ia com três mil soldados e dizia que era com 30 mil e todo mundo se aterrorizava. Mas, hoje, com essa comunicação, essa terceira onda.. .

            Recebi um e-mail que diz assim: “Governo...” O nome é Wellington Dias, não é? Então, ele bota assim: “Governo: Dias de mentiras”. Olha aí, já caiu no ridículo. “Governo: Dias de mentiras”. O Governador disse que ia fazer cinco hidrelétricas, e eu vi, eu estava ali do lado de Marcelo Castro, que é da Base aliada do Governo, em São José dos Peixes. No começo, votei. Quando aí ele disse: “Vou fazer cinco hidrelétricas”. Nenhuma foi feita. Só tem a banda de uma hidrelétrica, porque falta eclusa, o que impede a navegabilidade. Cinco!

            Quer inaugurar o Porto de Luís Correia recentemente, em dezembro. Dezembro está chegando. Botei meu recurso, e praticamente não há nada. Dois aeroportos internacionais no Piauí. É a discussão aí do Suplicy. Não tem, Suplicy. Um é na minha cidade. Em Parnaíba, não tem mais nem teco-teco. Em São Raimundo Nonato, não tem mesmo. E ficam eles ainda hoje discutindo.

            Recebi uns e-mails. Como a gente chama hoje os portais, os blogs? “Governo: Dias de mentiras.” Alberto Silva foi vítima. Prometeram a Alberto Silva - que está até no céu, um homem trabalhador - que o ajudariam. Ele era engenheiro ferroviário e amou aquilo. Prometeram que recuperariam a estrada de ferro de Parnaíba - na minha cidade - para Luís Correia, 15 quilômetros, em 60 dias; depois, Parnaíba-Teresina em quatro meses. Alberto Silva já foi para o céu. Enganaram o Alberto. Quem está livre de ser enganado? Não colocaram nenhum dormente. Dormente é aquele pau que segura o trilho.

            Há aqui uma... Vou ler. Por isso, fiquei até o fim. É da Paróquia de São Francisco de Assis do Piauí. É uma cidade no sul. É longe. Quando governei o Piauí, botei energia elétrica lá. É longe, quase já lá dentro da Bahia. E naquele tempo tinha o que chamávamos PAPP, Programa de Apoio ao Pequeno Produtor. Hoje mudou de nome, é PCPR, Programa de Combate à Pobreza Rural. Eu sei que foram uns seis, cinco, quatro PAPP, porque um não dava não. Tem um limite para botar rede elétrica. Para chegar é longe.

            Mas tem uma carta aqui, muito boa, e São Francisco é o meu patrono e da cidade. Povo bom. Difícil. Todo mundo leu Os Sertões. Euclides da Cunha diz: “O sertanejo é antes de tudo um bravo.” E lá é nos sertões. O Piauí tem muito semi-árido. E é de lá. Eu conheço bem, porque no meu Governo eu consegui, com a ajuda de Deus e o povo, eletrificar aquela região.

            Então, aqui é uma carta que eu recebi, muito interessante. Esses e-mails são fabulosos. É de Severino Carvalho. É da rádio lá.

            Senador Mão Santa....

            Assunto foi notícia nos portais...

            Carta aberta. Eles fizeram uma carta aberta ao Governador. Mas é da paróquia. Está aqui escrito no fim. São Francisco de Assis do Piauí. A paróquia São Francisco de Assis e a fraternidade de São Francisco de Assis. Então, no começo, a carta é interessante, dos religiosos, citando o significado de São Francisco, que nós sabemos. E aqui a riqueza da família de Francisco. Ele deu para os pobres. E aquilo.

            É um intróito bonito mesmo aqui sobre pai dos pobres, aquele santo que levou a igreja para os pobres. Era dos ricos... Muito bonito! Mas o que nos interessa é que celebramos, o festejo foi no tempo, em outubro é Dia de São Francisco, de nossa pobreza e de nossa dignidade ferida. Eles mandam carta aberta ao Governador, ao “Governo: Dias de Mentiras. Diz o seguinte:

(...)Grande parte de nossa população vive, mais uma vez, a calamidade da água. O inverno passado deixou um terço do município sem água nas cisternas e nos açudes. Choveu menos da metade da média histórica. A força dos pequenos criadores com seus animais, agora no mês de outubro, já se esgotou. Tem deles que levantam às três horas da madrugada [olha como é difícil, Paim, a vida lá no semi-árido, nessa longínqua cidade de São Francisco de Assis] e dormem depois de 10 horas da noite [e acordam às três], só envolvidos nos caminhos de água. Os animais só conseguem puxar a carroça pelas ladeiras e bancos de areia com ajuda de duas ou três pessoas empurrando. Quando quebrou a barragem dos Algodões [essa foi no Norte], as lideranças da capital diziam: “Nós pensamos que tivesse chovido (...) [não ia mais chover].

            No nosso caso, certamente diz: nós pensamos que tivesse chovido. Quer dizer, o Governo fica mentindo, enganando. Aquele que arrombou, que foi um desastre com o carro, porque não deram assistência aos moradores. Nós pensávamos que não ia chover e lá para o sul ele diz: “Ora, eu pensei que já tinha chovido”. Quer dizer, só levando na mentira o povo. Então, o Governo “Dias de mentiras”.

Nós pensávamos que não ia mais chover”. [Ele diz lá para o norte, onde arrombou o açude. Agora, para sul, diz:] “No nosso caso certamente dizem: ‘Nós pensamos que tivesse chovido’. A mídia dos nossos tempos transmite notícias dentro de poucos minutos. Não acreditamos que a nossa situação tivesse ficado despercebida, nem tampouco acreditamos que os filhos da terra, que mais vivem na capital do que no seu município, tenham escondido esta realidade.

        O que sabemos, no entanto, que existe uma proposta do Governo do Estado que diz: ‘Vamos acabar com as pipas d’água’ no sentido de substituir estes transportes de água por um sistema de distribuição das águas da Pedra Redonda [foi um açude que, no meu Governo, construí lá, o açude da Pedra Redonda] por adutoras até os pontos principais do município. Em março de 2008, portanto 18 meses atrás, a direção do IDEPI nos telefonou, comunicando essa ordem de acabar com as pipas e nos convidando a participar dos planejamentos iniciais. Diziam que tinham 23 milhões de reais em caixa a serem gastos com pressa. Até agora só teve duas coisas: nada de pipa nem nada de adutora”.

         Quer dizer, é mentira, mentira, mentira. Tinham R$23 milhões e não deram nem adutora, nem os carros de pipa estão chegando.

        “Na posse dos novos prefeitos em janeiro próximo passado, o diretor da Defesa Civil anunciou nesta cidade que logo começaria este mesmo serviço, pois licitação já foi feita e o dinheiro estava em caixa. Depois destes nove meses a mesma coisa: nem pipa nem adutora.

            Mas, mentem. É o que estão dizendo: o Governo: “Dias de mentiras”.

        “Desta maneira vários assuntos são tratados neste município: o abastecimento de água da cidade, incompleto e insuficiente, de vez em quando é anunciado nos jornais de Teresina com dinheiro disponível e prazos marcados. Há anos estamos esperando. Uma série de casas populares foi levantada, inclusive já inaugurada, mas ainda sem rede de água e luz”.

        Esse é o Governo da mentira, Dias de mentiras, apelidaram de Dias de mentiras:

“Diversas ligações clandestinas de energia foram feitas a partir de um poste da paróquia que passa perto. Um “Telecentro Comunitário” foi devidamente inaugurado sem nunca ter funcionado. A instalação do telefone celular, há muitos meses anunciada, nunca aconteceu. Alguns dias atrás, a CLARO telefonou para a paróquia perguntando por qual estrada se viaja para São Francisco. Eles não tinham achado a nossa cidade no mapa. Não vamos falar do caos da energia elétrica que já causou tanto prejuízo para os nossos pobres.

         “Casa sem água e luz não cai, computador parado não explode, mas gente e bicho com sede morrem. O festejo de um santo que, como o “Pai dos pobres”, anuncia a dignidade desses pobres, não pode ignorar a situação calamitosa de um povo sem água. Na decoração da nossa matriz em festa, essa situação é lembrada por muitas fotografias da vida das nossas comunidades sem água.

Mas também recomeçamos, desde o mês de agosto, a distribuição de água. Instalamos cerca de 16 pontos [isso a paróquia, porque o Governo é Dias de mentiras. Só mentiras!] de distribuição nas áreas mais críticas do município. São grandes caixas de água e cisternas comunitárias onde as famílias circunvizinhas se abastecem. A água é da represa da Pedra Redonda, [um açude que eu construí quando Governador] foi analisada e liberada para o consumo humano. Essa água viaja com três tratores das nossas associações com reboques-pipa. Em alguns pontos, o consumo é tanto que têm que ser abastecidos quatro vezes por semana. [É a paróquia. O Governo ausente. O Governo, Dias de mentiras!]

As três pipas nos foram doadas por uma benfeitora, [uma benemérita] já falecida, na seca de 2007. Essa bondosa senhora do interior de São Paulo, que tinha uma paixão pelos pobres irmãos nordestinos, gastou as suas economias com os nossos pobres dizendo sempre que o caixão dela não teria gavetas, e que tinha pressa por causa da sua idade. A Dona Elhinis, como era o nome dela, com certeza agora se encontra no céu, na companhia do nosso Pai São Francisco.

        Com outras esmolas custeamos a manutenção deste sistema de abastecimento emergencial. Gastaremos até o último centavo para socorrer os nossos pobres, em nome do nosso padroeiro, o pobre Pai dos pobres. Por isso, a nossa festa de São Francisco nos deixa tão felizes e alegres. Não nos importamos com a ordem de acabar com as pipas. Mas damos os “vivas” a Dona Elhinis e suas pipas, e, com São Francisco, louvarmos a Deus pela “irmão água, mui útil e humilde, preciosa e casta.

Deus abençoe o nosso irmão Governador.

São Francisco de Assis do Piauí, 4 de outubro de 2009.

         A Paróquia de São Francisco de Assis e a Fraternidade de São Francisco de Assis.”

         Esta carta não é um abaixo-assinado. Ela é assinada pelo nosso Bispo, que nos visitou, pelo nosso pároco e por representantes das nossas comunidades. Ela é uma carta aberta que publicamos para o conhecimento do público piauiense.

         Essa é a lástima do Governo que temos. E o povo do Piauí diz: “Dias de mentira.” Entretanto, ele cita São Francisco, que é o meu patrono. Ele diz:

“Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.

Onde houver ódio, que eu leve o amor;

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;

Onde houver discórdia, que eu leve a união;

Onde houver dúvida, que eu leve a fé;

Onde houver erro, que eu leve a verdade;

Onde houver desespero, que eu leve a esperança;

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;

Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre,fazei que eu procure mais

Consolar, que ser consolado;

Compreender, que ser compreendido;

Amar, que ser amado.

Pois, é dando que se recebe,

é perdoando que se é perdoado,

e é morrendo que se vive para a vida eterna.

            Essa é a verdade em que vive o Piauí. Nós imploramos a Sua Excelência, o Presidente da República, que tenha sensibilidade para com o Piauí, que sempre votou no Presidente Luiz Inácio, que sempre aplaudiu o Presidente da República. Então, que volte a sua generosidade para o povo da cidade de São Francisco que nos enviou este e-mail.

            E é dando que se recebe.

            Então, Luiz Inácio, vamos dar o apoio para continuar a receber os aplausos do povo do Piauí. É desesperador o momento que eles vivem. Mas a maior estupidez é perder a esperança. Fica a esperança do povo piauiense na democracia que construímos, na alternância do poder.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/10/2009 - Página 52033