Discurso durante a 184ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso hoje do Dia do Piauí.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Homenagem pelo transcurso hoje do Dia do Piauí.
Publicação
Publicação no DSF de 20/10/2009 - Página 52466
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, ESTADO DO PIAUI (PI), LEITURA, TRECHO, OBRA LITERARIA, ELOGIO, POPULAÇÃO, PERSONAGEM ILUSTRE, CONTRIBUIÇÃO, DEMOCRACIA, HISTORIA, BRASIL.
  • DEPOIMENTO, HISTORIA, DISCRIMINAÇÃO RACIAL, ITAMARATI (MRE), PROIBIÇÃO, POSSE, NEGRO, ESTADO DO PIAUI (PI), CANDIDATO APROVADO, DETALHAMENTO, BIOGRAFIA, CIDADÃO, CONTRIBUIÇÃO, POLITICA NACIONAL.
  • COBRANÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AGILIZAÇÃO, OBRAS, PORTO DE LUIS CORREA, ESTADO DO PIAUI (PI), ATENDIMENTO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL, RECUPERAÇÃO, CONFIANÇA, POPULAÇÃO, FAVORECIMENTO, ELEIÇÕES, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Jefferson Praia, que preside esta sessão de 19 de outubro de 2009; parlamentares na Casa, brasileiras e brasileiros aqui e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, pacientemente, eu esperava, porque o dia de hoje é muito importante para mim, para nós, piauienses. Hoje é o Dia do Piauí. E o nosso poeta Da Costa e Silva, disse:

Piauí, terra querida,

Filha do sol do Equador,

Pertencem-te a nossa vida,

Nosso sonho, nosso amor!

            Na luta, o teu filho é o primeiro que chega.

            Sr. Presidente Jefferson Praia, esse poeta traduz o sofrimento do povo do Piauí.

            Temos de entender as coisas. Eu sou médico. Em psicologia há a neurolinguística. Então, aí, tem um tal de “paradigma”: uma verdade que se aceita até que um fato a mude. Barão do Rio Branco, para mim, não é essas coisas não. Interessante. Eu estudei, admirei...E Deus me permitiu governar o Piauí. Certa feita, eu estava na Fundação Getúlio Vargas, em um almoço, pois eu fazia um convênio para supervisionar a Uespi, que criamos, que cresceu - eu criei 400 faculdades e 36 campi avançados. E convidaram uns piauienses para um almoço, para a assinatura do convênio com a Fundação Getúlio Vargas. Então, lá estava o filho do poeta, o ex-embaixador Alberto Costa e Silva. Aí, conversa vai, conversa vem... Esses do Itamaraty são muito conversadores, eles têm uma grande cultura; temos, aqui, o Arthur Virgílio, que é do Itamaraty. É o perfil deles: são homens de cultura. Eu, com aquele meu jeito, lá no almoço de confraternização pelo convênio - inclusive eu fiz um curso de gestão pública, lá no Piauí, que eles deram -, perguntei ao Alberto Costa e Silva: “Alberto, qual foi o seu ideal. Por que você foi para o Itamaraty?” Aí, ele me disse: “Governador, vingança”. “Vingança?” Aí, muito simpático, ele me disse: “Meu pai era moreno”. Moreno, assim, como Paulo Paim. E ele, dedicado ao estudo, culto, fez concurso para o Itamaraty, à época, o Ministro era o Barão do Rio Branco, e tirou em primeiro lugar. Nesse período ele morava em São Paulo. É muito comum o nordestino ir para lá. Ele tirou o primeiro lugar. Atentai bem! Por isso, o Barão do Rio Branco, comigo, não está com essa bola toda não. Já esteve. “O homem é o homem e suas circunstâncias, Ortega y Gasset. Aí ele se apresentou, foi para a entrevista. Não tem a entrevista no concurso? Eu fiz para ser médico residente no Hospital do Servidor Público do Estado. Ele chegou lá, e o Barão do Rio Branco disse para ele: “você passou, tem muita cultura, saber, tirou até o primeiro lugar, mas não vai entrar; você é preto, parece um macaco e não vamos mandar para o mundo uma pessoa preta, que parece um macaco”. Nasceu, então, uma frustração no piauiense, esse que nasceu em Amarante e que se fez poeta. Ele fez um poema sobre Amarante: Se há algum céu no mundo, esse céu é minha terra natal”. Deu aquela frustração. Então, por isso que ele disse: eu me vingo bem.

            O piauiense é assim, somos heróicos, somos a melhor gente do Brasil, não tem como nós. Não tem! Aqui em Brasília é bom, é bonito, porque há 300 mil piauienses. Nós somos a segunda colônia daqui. O Juscelino trouxe mais mineiros, mas somos 300 mil aqui; nós fizemos esta Brasília. Atentai bem para a pujança da gente!

            Mas aí ele disse: por vingança. Aí entrei e ele disse: a vingança foi maior. Eu saí, Governador Mão Santa, mas deixei dois filhos lá. Quer dizer, nós ganhamos do Barão do Rio Branco, dessa tradição besta-fera de discriminação, que hoje é ridícula, mas naquele tempo nós sofremos. Três a um. Ele foi e deixou dois filhos lá, no Itamaraty. Então, essa é a grandeza do Piauí.

            Mas o Piauí, eu quero dizer o seguinte: nós somos os mais inteligentes brasileiros. E eu não vou longe não, um quadro vale por dez mil palavras. O período difícil que nós vivemos foi a ditadura, o período militar. E só não foi mais amargo porque o Piauí estava presente. Se não fosse o Piauí, isso aqui estava igual àquele holocausto. Piauí, aqui, aqui, aqui, aqui.

            Petrônio Portella, eu estava do lado dele quando, na Presidência, ele fez uma reforma e deixou o Congresso votar uma reforma do Judiciário. E os militares não gostaram; mandaram fechar o Congresso, mas ele mandou votar. Aí os canhões - eu estava do lado do Petrônio -, aí a imprensa, esse que está tirando foto, esses que não estão aí, já foram descansar, e que não buscam a verdade, servem a quem está no poder... Eu vou já dar um ensinamento para eles, pelo Piauí. Eu estou aqui é para ensinar; nós somos pais da Pátria. Eu vi Petrônio, eu estava do lado dele, aí a imprensa chegou. E aí fechou o Congresso, os canhões... Ele só disse uma frase: “Este é dia mais triste da minha vida”.

            Aí eu vi que o poder é moral. O poder não é material; é moral. Aquela frase saiu daqui, foi lá para o Alvorada, e Geisel e seus militares se arrependeram e mandaram Petrônio reabrir o Congresso. Só esta frase: “Este é o dia mais triste da minha vida”.

         Então foi ele que incutiu a redemocratização; foi ele o ícone; foi ele que votou a anistia, por sete votos. No dia seguinte, eu estava com Petrônio, e sabe o que ele disse? “Eu faltaria com João e não faltaria com você?” E eu: “Que João?” “O João Figueiredo”. Era esse que os militares aceitaram para ser o primeiro civil que seria presidente. Mas Deus não quis, levou-o para o céu. Esse Tancredo havia aceitado ser vice de Petrônio. Era no Colégio Eleitoral; eu era Deputado, novinho. Eu tenho um retrato com ele, bem novinho. Ele me incutiu... Eu me lembro que a última vez que o vi foi com o dedo em riste... Está aí o Antonio Araújo de testemunha. O Marco Maciel, sabido, quando o Petrônio morreu, pegou o Antonio Araújo, que era o secretário particular dele. Eu brinco muito com o Antonio Araújo, está ouvindo Garibaldi? “Antonio Araújo, quando é que tu vai fazer um discurso pra mim? Tu fazia os do Petrônio e agora os do Marco”. Então, na última vez que eu o vi, ele disse assim. Eu estava lá com Adalgisa, no Palácio dele, Deputado Estadual, pedindo um credenciamento do hospital da minha cidade, Hospital Santa Edwiges, dos irmãos Lages Gonçalves, aí eu disse: “Olha, Petrônio, eu vim aqui importuná-lo. Você sabe, Deputado Estadual, eu só vou ficar no Buriti, em Picacuruca, que eu nunca vi. Aí eu trouxe Adalgisa para ela ver Brasília”. Então, ele disse: “Antônio Araújo, vá mostrar a Dona Adalgisa o Palácio. Ó Mão Santa, você vai ser tudo o que quiser no Piauí”. Aí ele morreu uma semana depois, e nós estamos aqui.

            Então, se não fosse o Petrônio Portella, não tinha havido a anistia, não tinha havido nada. O Tancredo havia aceitado ser o vice dele. Isso era colégio eleitoral. Ia ser PDS, juntava com o PP do Tancredo, comeria, com certeza, o MDB. Era o Colégio Eleitoral. Foi Petrônio que teve a sensibilidade, a competência, sem truculência, sem violência, para fazer essa transição democrática.

            E a imprensa? Ela só terá valor neste País quando estudar e seguir Carlos Castello Branco. Ô Flávio Torres, Carlos Castello Branco era o Castellinho, a Coluna do Castello. Hoje, é mole! Escrevem-se mentiras, inverdades, besteiras, não é? Mas, naquele tempo, para escrever a verdade só um piauiense, Carlos Castello Branco. A Coluna do Castello, que tinha a coragem, aqui cerceada... Garibaldi leu muito, não leu? Você o conheceu pessoalmente? Pois foi o Carlos Castello Branco o maior.

            Então, somos nós, os piauienses. Nós somos os melhores mesmo, não somos os segundos não.

            Ali está Rui Barbosa, o baiano, com seu valor, com sua história. Nós o reverenciamos. E eu coloco um piauiense do lado dele, nenhum milímetro abaixo, nenhum. Nascido lá no Delta, na Ilha Grande de Santa Isabel: Evandro Lins e Silva. Que esses da Justiça sejam felizes. Vocês não precisam buscar exemplo em outros lugares, não. Sejam homens, sejam decentes, façam justiça. Evandro Lins e Silva foi Presidente do Supremo Tribunal Federal. Ele me contou. Não tinha nada de prédio bonito. Ele disse: “Era uma banquinha, tudo muito simples, mas eu dava a este País o pão de que a humanidade precisa: a justiça!”

            Eu vi, Flávio Torres, Miguel Arrais. Ele traduziu aquele livro intitulado A Mistificação pela Propaganda Política, de Serge Tchakhotine. Você já leu? Foi reimpresso. Perguntei-lhe por que o traduziu. “Com medo de me suicidar. Tive vontade. Fiquei preso no quartel do Corpo de Bombeiros, levaram-me para a ilha. Já estava certo de que os tubarões iam me comer lá em Fernando de Noronha”. Aí chegou o habeas corpus, por Evandro Lins e Silva, para todos esses presos políticos. Depois, ele foi perseguido, tiraram ele, demitiram. Mas ele deu esse banho de coragem, de vergonha. Chuva de justiça no período mais difícil. Este País alcançou, no período revolucionário - e nós somos testemunhas -, um desenvolvimento extraordinário: telecomunicações, estradas, faculdades. Eles tiveram mérito. Está aí um professor universitário.

            Mas o farol, a luz desse desenvolvimento foi do Piauí. O maior Ministro de Planejamento da história deste País, que fez o primeiro e o segundo PND, Plano Nacional de Desenvolvimento. Filho de carteiro com costureira, com mania de primeiro lugar, abria, com nove anos de idade, a fábrica de meu avô. João Paulo dos Reis Velloso.

            Moema Santiago, que foi grande aí no renascer, eu estou com o livro do Sérgio Motta. E você está ali, disputando as secretarias do partido, não sei o quê. Mas eu quero lhe dizer: vinte anos de mando, sendo a luz e o farol para guiar os militares. Virgílio Távora, seu parente. Mas a luz era João Paulo dos Reis Velloso, do Piauí, filho de carteiro com costureira. Nove anos de idade, abria a fábrica do meu avô.

            E eu quero dizer o seguinte - e é muito oportuno relembrar: eu conheci. Esses aloprados têm muito que aprender com o Piauí, e hoje é seu dia.

            João Paulo dos Reis Velloso, em vinte anos de mando, nenhuma indignidade, nenhuma imoralidade e nenhuma corrupção. Ó aloprados, como se justifica essa sede de roubalheira, de fome de poder? João Paulo dos Reis Velloso é exaltado aqui. Esse que é o poder. Vocês só estão trazendo vergonha ao Brasil e ao chefe de vocês. Foi o chefe que os chamou de aloprados. Foi o procurador-geral do lado de vocês que os carimbou de corruptos. E estão aí. Essa é a verdade!

            Então, este é o Dia do Piauí. Nós somos diferentes. Nós somos mais preparados. Nós somos mais.

            Aquela que está ali, Moema Santiago, é um fruto do Piauí. Luís Correia, um jurista, irmão de meu avô, não quis se meter na política, que hoje eu represento, Garibaldi, como V. Exª. Fugiu da luta política. Veio a ditadura Vargas. Nós somos é bom de voto, está entendendo? Nós, minha família é boa de voto. Só chegamos ao poder por voto. Eu e os que me antecederam. Aí ele não quis. Foi para o Ceará para fugir da luta de que eu me orgulho. Olhem o destino. Ele foi para lá, grande jurista, um dos maiores juristas, ele e Clóvis Beviláqua. Luís Correia casou - é o amor -, e teve filhas extraordinárias. Duas fizeram dois governadores desse Ceará. Porque quem faz o homem é a mulher. Eu estou aqui porque é a Adalgisa que me dá forças. Virgílio sem Luiza, o baixinho não ia ficar ali de coronelzinho; Flávio Marcílio sem Nícia e Branca, sua mãe...

            Então, esses são filhos lá do Piauí. E que exemplo de grandeza foram Virgílio e Flávio Marcílio, por duas vezes Presidente deste Congresso, um homem com saber do Direito. Mas isso é gente do Piauí.

            Agora, imaginem vocês. “Não, mas a realidade não é isso”. É isso, é isso. A ignorância é audaciosa.

            Flávio Torres, tu sabes por onde começou o Piauí? Este Brasil começou com aquele negócio do Pedro Álvares Cabral. Aí, deram para os portugueses. Quem não prestava, eles mandavam para cá. Cometia um crime lá, vai para a capitania hereditária. Muitos vieram, muitos fugiram, muitos morreram afogados. Aí, viram que não dava certo, veio o sistema de unidade de comando e unidade de direção: os governadores gerais: Tome de Souza, Duarte da Costa, Mem de Sá. Mas isso surgiu mesmo quando D. João VI, com medo de Napoleão Bonaparte, veio para cá, trouxe a corte, os cérebros, um modelo administrativo - aquele era o ano de 1808.

            O Piauí não existia ainda. Então, ele foi nessa parafernália de modelos que o povo português impôs ao Brasil, de sesmarias, dando terras para muitos deles que tinham cometido crimes. Eram de uma elite, degredados e degradados, que vieram para cá. Eles davam terra. E o Piauí, então, foi capitania de Pernambuco. Depois, liberou-se de Pernambuco, mas fomos dominados pelo Maranhão. Olha aí! E nós nos libertamos em 1811. Somos novos, não temos duzentos anos.

            Teresina foi a primeira capital planejada deste País. Ô povo inteligente! Teresina é a mãe, tem 158 anos. É a primeira capital planejada deste País por um povo superior, como nós, os piauienses, somos. Olha o mapa: tudo está no meio do mar; a nossa está no coração da terra, no centro. De Teresina é que nasceu Goiânia, a inspiração; Belo Horizonte, planejada; Brasília, que vai fazer cinquenta anos - Teresina já tem 158 anos -; e Palmas, mesopotâmica, situada entre dois rios, uma cidade nova. Nós temos duzentos anos. Teresina tem 158 anos. Antes, houve outra capital: Oeiras. É preciso que todos saibam disso, e quem tem de ensinar somos nós, os piauienses. Quem tem de ensinar isso aos brasileiros somos nós. Esse é nosso dever.

            Dom João VI, com medo de Simón Bolívar, disse: “Filho, põe essa coroa antes que um aventureiro chegue aqui e a tome”. Esse aventureiro era Simón Bolívar, que andava por aí libertando e trazendo a República. E aí ele disse: “Filho, fica para o sul, que vou ficar para o norte. O norte vai ser o país Maranhão”. Pai não dá tudo para filho. Nem eu dei tudo ainda para os meus. Ele queria ficar com o norte, o país Maranhão, e mandou seu sobrinho e afilhado, herói militar, para garantir esse país de Portugal. O norte era o país Maranhão, com D. João VI. Ele foi para o Piauí.

            Por que hoje é o Dia do Piauí?

            Ô Garibaldi, V. Exª, que está ao telefone, está falando com quem? Preste atenção, porque V. Exª é que sabe das coisas do Nordeste! Garibaldi, V. Exª foi governador e sabe que esse povo briga por delegado. Flávio Torres, a toda hora, dizem: “Quero o delegado, quero botar o delegado”.

            Quando Fidié chegou a Oeiras, a primeira capital, para garantir o país Maranhão, ligado a Portugal - o Brasil só era o sul -, aí ele viu que minha cidade - a cidade de Evandro Lins e Silva, de João Paulo Reis Velloso, de Chagas Rodrigues, de Alberto Silva - comercializava charque com a Europa, era poderosa economicamente e ficava justamente entre São Luís e Fortaleza, na Parnaíba. O Livro de Deus diz que a virtude está no meio, está bem no meio. Então, Fidié, chegando lá, mandou demitir o delegado de Parnaíba, Joaquim Timóteo. A data de 5 de agosto não é antes de 7 de setembro, Flávio Torres?

            Havia um rico, Simplício. Há um livro Simplício, Simplição. Ele estudou em Porto. Era tão brincalhão, tinha tanto dinheiro, que todos os dias lá era carnaval. Ele teve de sair da Universidade do Porto, depois foi para a Espanha e conviveu com Simón Bolívar, com esse espírito do nascer francês da República. E voltou muito rico. A Matriz foi construída por ele. A cinquenta metros, há uma igreja para os pobres. E ele não aceitou o comandante português demitir o delegado. Aí houve confusão. Não aceitou um brasileiro ser trocado por um português. A tropa, então, veio e invadiu minha cidade. O Maranhão era aliado a Portugal; três navios do Maranhão invadiram. E ele, homem que estudou na Europa, que conviveu com Simón Bolívar, foi para o Ceará, para Granja e Viçosa. Ele tinha dinheiro e pagou àqueles que tinham experiência em guerras anteriores. E os portugueses invadiram minha cidade. Mas, quando voltaram - ele comandava os piauienses de Piracuruca e de Parnaíba, unido-se aos cearenses de Granja e de Viçosa -, deu-se a batalha do Jenipapo, a primeira batalha sangrenta. Nós, piauienses, perdemos a batalha. Morreu muita gente. Alberto Silva fez um movimento. Carlos Castello Branco, o Presidente cearense, reconheceu essa batalha como uma das mais dignas da história do Brasil. As mulheres vendiam as joias, e os homens compravam paus e espingardas e lutavam contra o Exército. Perdemos a batalha. Morreu muita gente.

            Mas acontece que Fidié teve de deixar a capital, Oeiras. E o povo de Oeiras, em 24 de janeiro, tomou o palácio. Lá, então, há essas datas. Em 19 de outubro, houve um ato da Câmara Municipal. O Presidente João Cândido da Silva; Leonardo Castello Branco; Simplício Dias da Silva e o pai dele, Domingos Dias da Silva; e o outro Raimundo consideraram o dia 18 de outubro como o marco da independência. E não chegava notícia. Ele veio sufocar isso, que surgiu por não aceitar a demissão do delegado Joaquim Timóteo, brasileiro, substituído por um português. E o dia 13 de março?

            Quando ele saiu de lá, o povo de Oeiras tomou o palácio. Então, ele venceu a batalha, mas acontece que ele soube da notícia e, então, foi para o Maranhão, que era aliado dele.

            Moema São Tiago, Fidié, um homem de vergonha e de dignidade, um grande militar português, veio numa missão, ganhou a guerra, não quis continuar com Pedro II. Foi professor, depois, do Colégio Militar e, na sua aposentadoria, Senador Flávio Torres, pediu que fossem excluídos os honorários, os soldos da vitória da batalha do Jenipapo. Ele voltou, não quis ficar.

            Então, é por isso que comemoramos hoje o Dia do Piauí. E isso foi feito em três datas conseqüentes. Estes são os dias desses três grandes acontecimentos: dia 19 de outubro de 1922; dia 24 de janeiro, que ensinei o Piauí a comemorar em Oeiras, quando era Governador em Teresina; e o dia 19 de outubro em Parnaíba. A independência não ocorreu em 7 de setembro. A independência tem muito a ver com Tiradentes, que veio muito antes. É uma história. Então, no Piauí, orgulhosamente, há essas três datas. José Auto de Abreu, um Deputado Federal, achou essa primeira mais significante, quando a Câmara Municipal tornou aquela região independente dos portugueses. Mas as três são grandiosas. Em 13 de março, o campomaiorense vibra mais, porque a batalha foi lá, e o cidadão de Oeiras resguarda essa memória histórica.

            Então, queremos pregar essa homenagem. O importante é que esse José Auto de Abreu tem um dos discursos mais bonitos. Que ele sirva para inspirar os dias de mentira que governam o Piauí! Num dos seus discursos aqui, no Congresso, José Auto de Abreu, que colocou o Dia do Piauí em 19 de outubro, ó Moema, disse que a morte era um naufrágio. Então, aceito isso. Se a morte for um naufrágio, peço que isso se dê lá nas praias do Piauí, nos verdes mares bravios, nos ventos que nos acariciam, sob o sol que nos tosta, nas dunas brancas, nos rios que nos abraçam. Eu faria um esforço, se a morte é um naufrágio: viria à tona, para ver as luzes do Porto de Luís Correia, porto que é uma homenagem - quis Deus - ao avô de Moema São Tiago.

            É isso, Luiz Inácio. Venho contar a história do mais bravo. Vossa Excelência já tomou banho de mar. Pense! E nada, nada, nada! É só conversa, Luiz Inácio!

            Então, em nome do Piauí, venho aqui - eu, que represento a bravura, a grandeza e a verdade do Estado do Piauí. Vamos atender pelo menos a Auto de Abreu, que colocou o nome: vamos concluir esse Porto de Luís Correia. Ele disse: “Se a morte é um naufrágio, que seja nas praias de Luís Correia, e farei o esforço de vir à tona, para ver as luzes do Porto de Luís Correia”.

            Luiz Inácio, só foram mentiras. Os aloprados do Piauí, Luiz Inácio, são uma porcaria. Quer a verdade, Luiz Inácio? Ela está aqui. É do Piauí, do homem. Faça uma pesquisa e veja a humilhação que a bravura do povo do Piauí está fazendo à sua candidata. Sua candidata não tem voto nenhum, sua candidata está avacalhada e desmoralizada no Piauí.

            Ô José Serra, você é amigo dele. Vi isso no retrato ali. Estou com o livro do Sérgio Motta. Dizer que ele tem mais da metade da intenção de votos no Piauí? Eu não sou do seu Partido, não. Eu sou é do Piauí! E o Ciro Gomes é um dos garotos do Piauí. O Ciro Gomes é dali de Sobral - em Sobral, é a mesma confusão, ele está ali ligado.

            Ele tem uma intimidade doida! Então, ele é o segundo colocado, e o Vice-Governador é do Partido dele. É muito bom, muito competente e muito firme, é maior líder do que todos os aloprados que estão representando a Ministra.

            Eu lhe digo o seguinte, Luiz Inácio: sabe como é que a gente recupera? Só há uma maneira: vamos acender as luzes do Porto de Luís Correia. Isso foi há mais de um século. Rapaz, isso começou com aquele que foi Presidente e que era da Paraíba. Ô Garibaldi, quem foi esse que foi Presidente e era da Paraíba, há mais de um século? (Pausa.)

            Então, com esse porto, essa seria uma maneira de o Piauí agradecer a Vossa Excelência. Nada do que foi prometido aconteceu. Então, em nome do Piauí, em nome de José Auto de Abreu, pedimos a Vossa Excelência, Presidente da República, que atenda a esse sonho.

            Lembrei: foi Epitácio Pessoa. Não era de lá o Epitácio Pessoa? Foi o Epitácio Pessoa quem começou isso, Moema. E isso vai fazer cem anos.

            Então, Luiz Inácio, faça isso em respeito à história do Piauí, à grandeza do Piauí, ao povo de lá, que sempre acreditou em Vossa Excelência. Lá Vossa Excelência sempre ganhou. Essa é a grandeza do povo do Piauí. Votamos em Rui Barbosa. Rui Barbosa perdia, mas Teresina votava nele. Isso dá grandeza. Luiz Inácio, a gratidão é a mãe de todas as virtudes. Vossa Excelência não fez uma obra estruturante, que dê grandeza ao Estado do Piauí, mas há tempo ainda.

            Vamos atender àquele sonho de José Auto de Abreu: vir à tona e ver as luzes do Porto de Luís Correia. Aí estarei aqui e agradecerei a Vossa Excelência, Presidente da República, em nome da bravura e da dignidade do melhor povo do Brasil, que é o povo piauiense, que saberá ser agradecido se Vossa Excelência merecer. Do contrário, vamos repudiar sua candidata, da forma como hoje ela está sendo repudiada; pode fazer a pesquisa agora!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/10/2009 - Página 52466